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aula 2 Técnicas Avançadas em Análise de Custos

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TÉCNICAS AVANÇADAS DE 
ANÁLISE DE CUSTOS 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Neide Borscheid Mayer 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá! Seja bem-vindo à aula 2 da disciplina de Técnicas Avançadas de 
Análise de Custos. 
Ao longo desta aula, você será apresentado a uma metodologia de 
controle gerencial dos custos das organizações chamada custo-padrão, que tem 
o propósito de servir como uma meta viável dos custos de produção como um 
todo. Além disso, essa metodologia tem foco na análise das variações 
identificadas em relação ao custo real e na responsabilização e correção 
daqueles pontos que não seguiram à meta pré-definida. 
Como você pode perceber, o objetivo desta disciplina é gerar em você 
habilidades e competências que permitam a sua formação como tomador de 
decisão e como analista das informações geradas por meio da contabilidade. 
 Bons estudos! 
CONTEXTUALIZANDO 
Na aula 1, vimos que a gestão e o controle de custos das organizações 
cumprem um papel essencial porque contribuem para o alcance de seus 
objetivos e resultados estratégicos. 
Ao longo da aula 2, estudaremos a metodologia chamada de Custo-
Padrão, que representa a informação do custo mais adequado que se espera 
atingir em determinado volume e nas condições de produção previamente 
definidos. 
Na literatura, você encontrará a menção a duas metodologias diferentes 
de custo-padrão, uma chamada Ideal, que podemos entender como uma 
metodologia em desuso, e a que chamamos de Corrente, sobre a qual 
refletiremos ao longo desta aula. 
O custo-padrão ideal não é recomendado, porque, segundo Martins 
(2010), trata-se de um custo que leva em consideração um cenário perfeito, no 
qual a empresa sempre trabalharia com 100% de sua capacidade, sem paradas 
não programadas, com a manutenção preventiva ocorrendo de maneira perfeita 
e com base em estudos precisos de tempos e movimentos, utilizando como 
referência, por exemplo, o funcionário mais eficiente do processo e o montante 
mínimo de perdas. A utilização desse custo-padrão ideal traria à organização a 
 
 
3 
sensação de uma meta inatingível e, por consequência, não seria respeitada 
pelos gestores responsáveis pelos processos. 
E do que se trata, então, esse custo-padrão corrente? Veremos esses e 
demais pontos nos próximos 5 temas da aula, esperamos que aproveite e 
consiga extrair o melhor deste conteúdo. 
TEMA 1 – CUSTO-PADRÃO: CONCEITOS DE CUSTO-PADRÃO, FINALIDADES 
E UTILIDADES DO CUSTO-PADRÃO 
O custo-padrão tem como objetivo principal auxiliar a gestão no processo 
de controle e planejamento de custos, porque se trata de um custo normativo, 
um custo objetivo, ou seja, um custo que se deseja alcançar (Padoveze, 2010). 
Por meio desse método, a empresa consegue compreender e fornecer um 
padrão de comportamento para os custos, bem como utilizar esse referencial 
para compará-lo aos custos reais incorridos no período. Não se trata de um 
método ou critério de contabilização de custos, como é o caso do de Absorção 
ou Variável, mas sim uma técnica auxiliar (Martins, 2010). 
Nesse contexto, os objetivos principais estão associados a (Padoveze, 
2010, p. 407): 
a. Determinação do custo devido, ou seja, o custo correto. 
b. Definição de responsabilidades e obtenção do comprometimento dos 
responsáveis por cada atividade padronizada. 
c. Avaliação de desempenho e eficácia operacional. 
Isso se deve pelo fato de que o controle somente será efetivo quando 
houver uma ação gerencial para correção das distorções identificadas e de 
medidas inibidoras de repetições de erros ou problemas incorridos. Quanto mais 
tempestivo e assertivo for esse processo, melhores serão os resultados 
alcançados pela organização (Bornia, 2010). 
 Considerando que o custo-padrão pode ser compreendido como uma 
meta a ser atingida, é importante garantir que se consiga um efeito psicológico 
positivo dos gestores envolvidos no processo, ou seja, que eles se sintam 
motivados e engajados a, de fato, trabalhar no sentido de alcançá-la. Martins 
(2010) entende que esse efeito somente será alcançado com uma construção 
adequada dessa meta, de forma que ela seja desafiadora, porém, que apresente 
um alvo possível de ser atingido. Essas metas normalmente são definidas para 
 
 
4 
um período de curto e médio prazos e sofrem revisões periódicas sempre que 
for identificada alguma distorção ou alteração do processo. 
Ainda nesse sentido, é essencial haver seriedade no tratamento e 
saneamento das distorções identificadas entre o Padrão e o Real, de modo que 
essa postura deve partir da alta administração e ser disseminada a todos os 
demais níveis das empresas. 
 Na sequência, veremos como deve ser realizada a fixação e apuração do 
custo-padrão. 
TEMA 2 – FIXAÇÃO DO PADRÃO 
A fixação do custo-padrão, com o detalhamento de informações que 
permita a identificação das origens das distorções, deve ser definida em 
quantidades (por exemplo, quilos) e em valores (por exemplo, preço por quilo e 
total), porque, por vezes, a variação pode ser originada de uma perda de material 
ou alteração na composição do produto em si (quantidade), por exemplo, e, em 
outras, por algum acréscimo de custo na aquisição de determinado material, seja 
por troca de fornecedor ou algum evento externo da organização. Nesse cenário, 
o custo real, que será utilizado para comparação com o custo-padrão, também 
deve seguir essa mesma estruturação. Isso se aplica a todo os tipos de custos, 
como mão de obra, horas-máquina, quilowatts etc., por isso, recomenda-se que 
essa definição ocorra em conjunto com as equipes técnicas, de engenharia e 
contabilidade (Martins, 2010). 
A construção do custo-padrão, de acordo com Padoveze (2010), é 
realizada por tipo de material, como detalharemos na sequência. 
2.1 Materiais diretos 
Os materais diretos são aqueles que fazem parte da composição do 
produto, como é o caso da matéria-prima e das embalagens. As quantidades e 
os tipos de materiais necessários para produzir cada um dos produtos são 
definidos no que chamamos de estrutura do produto, ou ficha técnica do produto. 
A estruruta do produto, ou ficha técnica, pode ser entendida como a 
“receita” para produção desse produto, com o detalhamento de tipo de material 
a ser utilizado com as suas respectivas quantidades. Essa estrutura é definida 
pela equipe de desenvolvimento do produto ou engenharia. 
 
 
5 
 Como no processo produtivo há, normalmente, uma quantidade inevitável 
de perda ou refugo de materais, dentro de condições técnicas ou científicas já 
conhecidas, esse montante também é considerado na ficha técnica para 
cômputo do material a ser consumido (Padoveze, 2010). 
Em relação ao preço padrão, deve-se sempre utilizar um preço livre de 
encargos, ou seja, negociado na condição de pagamento à vista e, de acordo 
com Padoveze (2010), aqueles obtidos em boas negociações de compra. A 
atualização periódica do referido valor pode levar em consideração a inflação 
interna da empresa. 
2.2 Mão de obra direta 
Mão de obra direta é aquela relacionada aos colaboradores que trabalham 
diretamente no processo de fabricação do produto. A apuração da quantidade 
de horas despendidas para cada fase do processo, assim como a quantidade de 
colaboradores necessários, dependerá do nível tecnológico e automatizado do 
processo produtivo. 
Há situações em que essas informações podem ser obtidas por meio de 
sistemas computadorizados e, em outras, é necessária a apuração de tempos e 
movimentos com base em estudos de cada processo envolvido (Padoveze, 
2010). 
O valor da hora de mão de obra direta leva em consideração a 
remuneração e os encargos dos trabalhadores, de forma genérica (Padoveze, 
2010), por exemplo, apurando-se o custo médio horário de cada processo ou 
atividade. 
2.3 Custos indiretos variáveis 
Os custos indiretos variáveis são aqueles utilizados diretamente na 
produção, porémnão fazem parte do produto em si. São classificados como 
variáveis, porque aumentam proporcionalmente ao volume de produção. 
Podemos citar como exemplo o consumo de energia elétrica. 
A apropriação desse tipo de custo se dá por meio de rateio e o critério de 
apropriação deve ser definido de acordo com a atividade desenvolvida. 
Padoveze (2010, p. 410) afirma que “a atividade a ser escolhida como base para 
construção das taxas pré determinadas de custos indiretos variáveis deve ter 
 
 
6 
uma relação causal com os diversos custos indiretos variáveis”. Além disso, deve 
ser de fácil compreensão para posterior responsabilização, para fins de controle 
(por exemplo: horas máquinas trabalhadas, quantidade de produto final etc.). 
2.4 Custos indiretos fixos 
Custos indiretos fixos, da mesma forma, são gerados na produção, porém 
seu montante não varia em função do volume de produção, assim como não 
fazem parte diretamente do produto. Como exemplo, podemos citar a 
depreciação do prédio da fábrica. 
Assim como acontece com os custos indiretos variáveis, os custos 
indiretos fixos são alocados aos produtos por meio de rateio e os critérios são 
normalmente atribuídos, de acordo com Padoveze (2010), em função da 
capacidade produtiva e não em função de volumes realizados. 
2.5 Periodicidade de construção do custo-padrão 
A prática mais utilizada para elaboração do custo-padrão se dá a partir de 
uma data-base. “A elaboração do custo-padrão leva em consideração as metas 
projetadas dentro de um período de seis meses a um ano, por exemplo” 
(Padoveze, 2010, p. 412). 
Em função do nível de detalhamento e do grau de complexidade da 
informação, o custo-padrão não precisa necessariamente ser definido para a 
empresa como um todo no momento da sua implantação, mas ser iniciado nas 
áreas e nos processos mais relevantes e críticos. Gradualmente, o escopo pode 
ser ampliado junto com o amadurecimento no sistema de controle e gestão. 
Além disso, é importante que se realize uma revisão periódica sempre que 
houver alguma alteração significativa que possa afetar o custo de produção 
(aumento de matéria-prima, alteração no processo fabril etc.). 
TEMA 3 – CUSTO-PADRÃO: CUSTO-PADRÃO E ORÇAMENTO, INFLUÊNCIA 
DAS VARIAÇÕES DE PREÇO, CONTABILIZAÇÃO DO CUSTO-PADRÃO 
Quando se trata de controle, as organizações utilizam vários tipos de 
ferramentas como apoio. Uma das mais comuns e importantes é o Orçamento, 
em que as empresas estabelecem os custos que efetivamente devem incorrer, 
com base no volume de vendas e na produção do período. “Os custos orçados 
 
 
7 
têm por base antecipar os gastos que deverão ser consumidos e que afetarão o 
custeamento dos produtos” (Padoveze, 2010, p. 405). 
3.1 Mas qual a diferença para o custo-padrão? 
 O custo-padrão também pode ser entendido como um tipo de orçamento, 
“a diferença é que essa meta tende a forçar o desempenho da produção por ser 
normalmente fixado com base na suposição de melhoria contínua de 
aproveitamento dos fatores de produção” (Martins, 2010, p. 318). Em virtude 
disso, é necessário que se tenha em mente que o custo-padrão sempre é mais 
rigoroso do que de fato deve ser orçado. 
Por outro lado, a utilização do custo-padrão para elaboração do 
orçamento pode trazer um nível de assertividade maior nas projeções 
orçamentárias, porque fornece informações mais adequadas por se basear nos 
melhores parâmetros de eficiência e acaba gerando um atributo de 
confiabilidade das metas estabelecidas (Monzo; Pagnani, 2003). 
A utilização orçamentária pressupõe uma gestão tempestiva e assertiva 
das variações identificadas ao longo do ano, de forma a identificar as reais 
causas que as geraram. Nesse sentido, o custo-padrão deve servir como 
elemento facilitador para compreensão da origem do problema, viabilizando a 
tomada de decisão eficaz e rápida e que permitirá a empresa realinhar as 
operações aos seus objetivos estratégicos, quando for o caso, ou, até mesmo, 
rever as definições orçamentárias que podem não estar mais adequadas em 
função de uma alteração significativa dos custos e processos. 
3.2 Custo-padrão: influência das variações de preços 
O custo-padrão pode ser utilizado como elemento inicial para a formação 
de preços de venda, porque “ele traz os elementos necessários para 
parametrizar um preço de venda ideal” (Padoveze, 2010, p. 408), por mais que 
depois possa sofrer algum ajuste devido às exigências do mercado. Porém, o 
aspecto de que trataremos nesse tópico diz respeito à definição do preço de 
venda, que será considerado para fixação do padrão, e à análise da variação em 
relação ao real. 
Há um elemento importante que precisa ser considerado caso a empresa 
viva em um período de alta inflação: se o preço estabelecido para o custo-padrão 
 
 
8 
partir de uma estimativa para o ano todo, possivelmente os valores considerados 
para os meses iniciais serão maiores do que os efetivamente praticados. Por 
outro lado, no segundo semestre, os valores serão menores que os preços 
praticados, de modo que “sempre existirá um erro na previsão dessa oscilação 
de preços, além da necessidade de se estudar o que provavelmente mudará no 
preço de cada fator de produção” (Martins, 2010, p.320). 
Para corrigir esses erros, a empresa pode utilizar, como forma de adoção 
dos preços, aquele fixado na data em que é elaborado (final do ano anterior, por 
exemplo) e ao realizar a comparação com o real, desconsiderar ou deduzir as 
variações ocorridas em função da inflação, com isso, as variações que restarão 
serão efetivamente aquelas a serem analisadas para correção (Martins, 2010). 
3.3 Contabilização do custo-padrão 
Como a utilização do custo-padrão ocorre numa esfera de contabilidade 
gerencial e controladoria, não há, necessariamente, a obrigatoriedade de sua 
contabilização (Martins, 2010). É possível trabalhar com as bases por meio de 
relatórios complementares ou especiais (utilizando o Excel, por exemplo) para 
confrontar o custo-padrão com o custo real. 
A sua gestão e seu tratamento podem seguir o mesmo método utilizado 
pela empresa para utilização do orçamento, porém, a forma adotada deve 
permitir o acompanhamento frente às contas contábeis utilizadas (Padoveze, 
2010). 
Por meio da padronização contábil às normas internacionais, é permitido 
o uso do custo-padrão como valoração contábil dos estoques, desde que o valor 
apurado seja próximo ao valor real dos custos. Essa definição foi realizada pelo 
Comitê de Pronunciamentos Contábeis, pelo Pronunciamento Técnico CPC 16, 
que estabelece: 
Outras formas para mensuração do custo de estoque, tais como o 
custo-padrão ou o método de varejo, podem ser usadas por 
conveniência se os resultados se aproximarem do custo. O custo-
padrão leva em consideração os níveis normais de utilização dos 
materiais e bens de consumo, da mão-de-obra e da eficiência na 
utilização da capacidade produtiva. Ele deve ser regularmente revisto 
à luz das condições correntes. As variações relevantes do custo-
padrão em relação ao custo devem ser alocadas nas contas e nos 
períodos adequados de forma a se ter os estoques de volta a seu custo. 
Nessa situação, a empresa deve realizar a contabilização completa de 
todos os valores do custo-padrão, já registrando, por exemplo, as compras e a 
 
 
9 
folha de pagamento com as diferenças identificadas registradas em contas 
especiais (Martins, 2010). Como já havíamos visto nos temas anteriores desta 
aula, para ser considerado custo para valoração dos estoques, o custo-padrão 
deve sofrer uma revisão periódica para, de fato, espelhar a realidade da 
produção frente aos níveis normais de eficiência de utilização dos insumos e da 
utilização da capacidade produtiva. 
Há, também, a possibilidade de a contabilização para valoração dos 
estoques ocorrer de forma mista. Martins (2010) traz como o exemplo a forma 
de contabilização de parte considerar ocusto real e outra o custo-padrão, em 
que os custos alocados à produção poderiam se dar a partir do real e àqueles 
considerados para os produtos acabados e em elaboração, serem valorados a 
custo-padrão. 
3.3.1 E o que fazer com as diferenças identificadas entre o custo real e o 
padrão? 
As diferenças identificadas e contabilizadas em contas especiais devem 
ser tratadas de forma que sejam eliminadas. Seguindo as premissas dos 
Princípios Contábeis Geralmente Aceitos, esses valores acabam sendo 
incorporados ao custo do estoque, para que ele de fato espelhe o custo real da 
empresa (Martins, 2010). 
 A melhor forma de registro e controle do custo-padrão dependerá da 
realidade de cada empresa frente ao nível de requinte do sistema de controle 
adotado. 
TEMA 4 – PADRÃO VERSUS CUSTO REAL 
Como vimos, o custo-padrão é o custo que se deseja alcançar, ou seja, 
uma meta. Então, para que de fato ele cumpra seu propósito, após a apuração 
do custo real é fundamental comparar esse real com o custo-padrão para 
verificar se houve variações e, caso isso seja confirmado, analisar as diferenças 
para adoção de medidas de correção. 
Quando tratamos de análises de materiais, elas normalmente se 
fundamentam na equação de custos, que é o resultado da multiplicação do preço 
unitário dos fatores de custo pelas quantidades utilizadas desses insumos 
industriais (Padoveze, 2010, p. 413). Ou seja: 
 
 
10 
 
Custo do Insumo = Preço do Insumo x Quantidade de Insumo Utilizada 
No entanto, para que possamos ser assertivos na análise e tomar as 
medidas corretivas adequadas, é importante saber se a diferença se originou no 
preço ou no volume consumido. Em função disso, Padoveze (2010, p.414) 
apresenta um esquema genérico de análise que apresentamos a seguir: 
Figura 1 – Esquema de análise 
 
Fonte: Padoveze, 2010. 
Sendo: 
A = Quantidade Real x Preço Real 
B = Quantidade Real x Preço-padrão 
C = Quantidade-padrão x Preço-padrão 
Para compreender melhor, vamos exemplificar: digamos que determinada 
empresa apurou os seguintes resultados no mês em relação ao desempenho de 
custos exclusivamente em relação aos materiais diretos de fabricação: 
Quadro 1 – Composição do custo-padrão para os materiais diretos 
 
Fonte: Padoveze, 2010. 
 
MATERIAIS DIRETOS
QUANTIDADE-
PADRÃO
PREÇO UNITÁRIO 
PADRÃO (R$)
CUSTO-
PADRÃO (R$)
Material A 4.250 101,00 429.250 
Material B 100.000 3,50 350.000 
CUSTO COM MATERIAIS DIRETOS 104.250 104,50 779.250 
 
 
11 
Quadro 2 – Composição do custo real para os materiais diretos 
 
Fonte: Padoveze, 2010. 
Nos quadros apresentados, a empresa já apurou os custos padrão e real, 
agora, basta confrontar os dois para apurar as variações: 
Quadro 3 – Composição das variações no confronto do custo-padrão com o 
custo real para os materiais diretos 
 
Fonte: Padoveze, 2010. 
Quadro 4 – Quantidade estimada para produção pelo custo-padrão e a 
quantidade efetivamente produzida no período 
 
Fonte: Padoveze, 2010. 
A partir das informações obtidas, vamos analisar a origem das variações, 
como demonstramos a seguir: 
Análise das variações – Material A: 
A = Quantidade Real x Preço Real 
A = 4.325 x R$ 102 
A = R$ 439.420 
B = Quantidade Real x Preço-Padrão 
B = 4.325 x R$ 101 
B = R$ 436.825 
MATERIAIS DIRETOS
QUANTIDADE 
REAL
PREÇO UNITÁRIO 
REAL (R$)
CUSTO REAL 
(R$)
Material A 4.325 101,60 439.420 
Material B 101.950 3,00 305.850 
CUSTO COM MATERIAIS DIRETOS 106.275 104,60 745.270 
 
 
12 
 
C = Quantidade-Padrão x Preço-Padrão 
C = 4.250 x R$ 101 
C = R$ 429.250 
 
Análise de Variação de preço do Material A: 
(A – B) = R$ 439.420 – R$ 436.825 
(A – B) = R$ 2.595 
 
Análise de Variação da quantidade do Material A: 
(B – C) = R$ 436.825 - R$ 429.250 
(A – B) = R$ 7.575 
 
Variação total desfavorável do Material A = 
R$ 2.595 + R$ 7.575 = R$ 10.170. 
 
Em nosso exemplo hipotético de análise do Material A, constatamos que 
o custo real foi maior do que havia sido previsto pelo custo-padrão, o que 
demonstra uma situação desfavorável. Essa variação originou-se tanto no 
consumo do volume de material quanto no preço previsto. Como temos a 
informação de que foi produzida uma quantidade maior de produtos acabados 
do que havia sido previsto, podemos concluir que foi por esse motivo que houve 
a diferença identificada no volume. A variação do preço, por sua vez, precisaria 
ser investigada e analisada junto ao setor responsável para que se possa tomar 
a decisão adequada no processo. Na sequência, apresentamos exemplos de 
situações que geram tais variações. 
Há situações em que as variações ocorrem tanto em relação ao preço 
quanto na quantidade consumida, o que Martins (2010) classifica como variação 
mista, por isso é importante identificar a variação de cada uma dessas variáveis 
de forma isolada, bem como a materialidade de cada uma delas, para, 
posteriormente, tomar as medidas corretivas quando necessário. O motivo dessa 
separação se deve à atribuição de responsabilidades, porque, como vimos em 
Martins (2010), quem responde pelas variações de quantidades consumidas 
refere-se a uma área diferente daquela que responderá pelas variações de 
 
 
13 
preço. Normalmente, a primeira deve ser respondida pela equipe de produção e, 
a segunda, pela de compras ou suprimentos. 
Nem sempre é fácil identificar a causa que gerou a variação, que é o fator-
chave a ser descoberto. Podemos elencar alguns exemplos que podem vir a 
ocorrer. 
Quando se trata de variação no volume de materiais consumidos, isso 
pode ocorrer, por exemplo, pelos seguintes motivos (Martins, 2010): 
 A máquina utilizada para produção não estar calibrada e estar gerando 
uma perda superior a aceitável. 
 Baixa qualidade do material utilizado, o que gera um consumo maior do 
que o previsto. 
 Mão de obra não qualificada, o que levou a um aumento no consumo de 
materiais. 
Já quando se trata de variações de preços, Martins (2010) elenca alguns 
exemplos, que demonstramos a seguir: 
 Inclusão de novo fornecedor para que a empresa não fique na 
dependência dos atuais. 
 Compra mal realizada por ineficiência da equipe responsável pelas 
compras. 
 Compra emergencial para atender à demanda e impedir a parada de linha 
de produção. 
 Nas variações identificadas no consumo de materiais, para algumas 
situações serão viáveis medidas de correção e regularização de processo, para 
outras, pode ser necessária a realização de adequação do custo-padrão para o 
exercício seguinte. 
TEMA 5 – TRATAMENTO CONTÁBIL DAS VARIAÇÕES, INFLAÇÃO E CUSTO-
PADRÃO 
Como vimos, a incorporação do custo-padrão à contabilidade não é 
obrigatória, porém, possível, como estabelece o CPC 16. Há diferentes formas 
para realizar tais registros, detalharemos uma dessas possibilidades na 
sequência. 
 
 
14 
No formato que detalharemos, todos os custos incorridos, sejam diretos, 
indiretos, fixos e variáveis, são alocados ao custo de produção em processo, 
derivados das aquisições de materiais e utilização de mão de obra, entre outros, 
e à medida que os produtos acabados são transferidos ao estoque ou aos 
clientes, em caso de produção por encomenda, baixados pelo custo-padrão. 
(Martins, 2010). 
Dessa forma, as variações originadas pela diferença entre o custo real e 
o custo-padrão são mantidas na conta de produção em processo até a data da 
realização do fechamento do balanço patrimonial, momento em que sofrem os 
ajustes contábeis necessários de acordo com os padrões e princípios contábeis. 
Em função da grande quantidade de itens a serem analisados, a análise dessas 
variações é realizada em controleparalelo, fora da contabilidade. 
A conta de Produtos Acabados permanece com o valor do produto 
avaliado de acordo com o custo-padrão e, em virtude disso, o CPV também é 
registrado de acordo com o padrão, até a data do balanço Patrimonial. 
Como fiscalmente o custo-padrão não é aceito para apuração do imposto 
de renda e contribuição social pelo regime de Lucro Real, é importante lembrar 
que o valor do CPV, nesses casos, deve ser ajustado no Livro de Apuração do 
Lucro Real de acordo com a legislação vigente, nos períodos necessários. 
Para ficar mais claro esse modelo de contabilização, exemplificaremos a 
partir de dados hipotéticos. 
Quadro 5 – Detalhamento da apuração do custo real e do custo-padrão de 
determinado período 
 
Fonte: Padoveze (2010). 
Para simplificar a explicação e facilitar o entendimento, partimos do 
princípio de que todo o estoque adquirido no período foi consumido na produção 
do período em análise. Além disso, consideraremos que, das 800 unidades 
 
 
15 
produzidas, 650 unidades foram vendidas durante o mês, e as demais 
permaneceram em estoque. 
A partir dos dados apresentados no quadro, a contabilização seria 
realizada da seguinte forma: 
1º Lançamento para alocação à conta contábil de Produção em 
Processo utilizando o valor do custo real: 
 D – Produção em Processo R$ 305.000 
 C – Estoque materiais diretos R$ 185.000 
 C – Estoque materiais indiretos R$ 26.000 
 C – Mão de obra R$ 94.000 
2º Transferência do custo dos produtos acabados pelo valor do 
custo-padrão: 
 D – Produtos Acabados R$ 290.000 
 C – Produção em Processo R$ 290.000 
A partir desses lançamentos, as contas contábeis de Produção em 
Processo e Produtos Acabados ficam com os seguintes saldos: 
Quadro 6 – Saldo 
 
Fonte: Padoveze (2010). 
Como você pode observar, na conta contábil Produção em Processo, 
manteve-se um saldo equivalente a R$ 15.000, que se originou da variação 
desfavorável entre o custo real em relação ao custo-padrão. 
Como o custo-padrão total dos produtos acabados foi de R$ 290.000 e a 
quantidade produzida foi de 800 unidades, sabemos que o custo por unidade é 
de R$ 362,50 (R$ 290.00 / 800 = R$ 362,50). Com essa informação, já podemos 
calcular o valor do Custo dos Produtos Vendidos (CPV), que será apropriado ao 
resultado nesse período, ou seja, à quantidade vendida (650 unidades) 
 
 
16 
multiplicada pelo custo-padrão unitário (R$ 362,50), então o valor do CPV a ser 
contabilizado é de R$ 235.625: 
D – Custo dos Produtos Vendidos R$ 235.625 
C – Produtos Acabados R$ 235.625 
Quadro 7 – Custo dos produtos vendidos 
 
Fonte: Padoveze (2010). 
Agora, você deve estar se perguntando qual é o tratamento que daremos 
às variações que permaneceram registradas na conta de Produção em 
Processo. Ao final do período contábil, momento em que é realizado o Balanço 
Patrimonial da empresa, essa diferença deve ser direcionada às contas 
adequadas. Nesse sentido, seguindo as definições dos princípios contábeis, em 
nosso exemplo hipotético, parte dessa diferença deve ser direcionada à conta 
de Produtos Acabados, proporcionalmente aos produtos que permanecem em 
estoque, o restante deve ser alocado à conta de Custo dos Produtos Vendidos. 
 
D – Produtos Acabados R$ 2.813 
D – Custo dos Produtos Acabados R$ 12.187 
C – Produção em Processo R$ 15.000 
Quadro 8 – Custo dos produtos vendidos 
 
Fonte: Padoveze (2010). 
 
 
17 
Utilizando esse formato de contabilização, o Custo dos Produtos Vendidos 
permanece avaliado pelo custo-padrão ao longo do exercício, que pode ser um 
ano ou um trimestre, por exemplo, e ajustado ao custo real para fins de 
elaboração do balanço patrimonial (Martins, 2010). 
5.1 Inflação e custo-padrão 
 A inflação representa o índice de aumento geral de preços do país. Em 
função disso, em períodos de inflação muito alta, a análise da performance de 
custos das organizações, a partir do custo-padrão, pode ser prejudicada, caso 
não se realize uma atualização constante, o que pode gerar um esforço muito 
grande, ou acionar mecanismos para que se isole o efeito da inflação na variação 
identificada em relação ao custo real. 
Outro aspecto que precisa ser ressaltado é que o índice de inflação 
divulgado para cada país leva em consideração todos os segmentos e as 
regiões, ou seja, pode ser que a inflação real da organização seja diferente do 
índice geral. 
 Em função disso, para que a empresa mantenha esse controle e, de fato, 
possam considerar o custo-padrão como uma meta que não seja prejudicada em 
função das flutuações de preço, a atualização utilizando os indicadores de 
inflação interna, estudada na aula 1, pode ser uma opção interessante 
(Padoveze, 2010). 
 De acordo com esse Padoveze, com isso, mantém-se um controle 
adequado dos preços, diferenciando o aumento decorrente da inflação interna e 
o aumento desproporcional a esse fator. 
TROCANDO IDEIAS 
 Como vimos ao longo dessa aula, o custo-padrão é uma excelente 
ferramenta de controle gerencial, uma vez que estabelece um objetivo a ser 
alcançado em termos de consumo e utilização de recursos no setor produtivo da 
empresa. Além disso, identifica e trata de forma tempestiva as variações 
identificadas ao longo dos períodos. 
Saiba mais 
Mecca et al. (2015), realizaram um estudo em uma empresa no setor de 
injeção de plástico, verificando a importância da utilização do custo-padrão na 
 
 
18 
tomada de decisão da referida organização. Esse artigo científico, intitulado 
“Utilização do custo-padrão como ferramenta de auxílio aos gestores na tomada 
de decisão”, encontra-se disponível em: 
<https://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/article/view/4031/4032>. 
Leia o artigo dos autores citados anteriormente e discuta com seus 
colegas os pontos fortes e fracos percebidos na implantação e gestão do custo-
padrão nas organizações. 
NA PRÁTICA 
 Para reforçar o entendimento do conteúdo, que tal apurar as variações do 
Material B do exemplo desenvolvido no tema 4 desta aula e, posteriormente, 
proceder com a contabilização dessas movimentações? 
Lembrando, somente, que não será possível contabilizar o CPV desse 
material em função de não termos a informação do custo total e da quantidade 
vendida no período. 
 As informações necessárias para a resolução são as apresentadas a 
seguir: 
Quadro 9 – Composição do custo-padrão para os materiais diretos 
 
Quadro 10 – Composição do custo real para os materiais diretos 
 
 
MATERIAIS DIRETOS
QUANTIDADE-
PADRÃO
PREÇO UNITÁRIO 
PADRÃO (R$)
CUSTO-
PADRÃO (R$)
Material A 4.250 101,00 429.250 
Material B 100.000 3,50 350.000 
CUSTO COM MATERIAIS DIRETOS 104.250 104,50 779.250 
MATERIAIS DIRETOS
QUANTIDADE 
REAL
PREÇO UNITÁRIO 
REAL (R$)
CUSTO REAL 
(R$)
Material A 4.325 101,60 439.420 
Material B 101.950 3,00 305.850 
CUSTO COM MATERIAIS DIRETOS 106.275 104,60 745.270 
 
 
19 
Quadro 11 – Composição das variações no confronto do custo-padrão com o 
custo real para os materiais diretos 
 
Quadro 12 – Quantidade estimada para produção pelo custo-padrão e a 
quantidade efetivamente produzida no período 
 
FINALIZANDO 
 Ao longo desta aula, fomos apresentados à metodologia de controle 
gerencial de custos, chamado custo-padrão, e compreendemos a importância de 
as organizações fixarem metas exequíveis, porém desafiadoras, para engajar 
todos os níveis hierárquicos ao atingimento dos objetivos estratégicos propostos. 
 Além disso, descobrimos o modo como esse custo-padrão deve ser 
elaborado e que é essencial que se proceda a análise daquilo que foi estimado 
ao custo realmente incorrido na produçãode cada período. Dessa forma, é 
possível identificar a real causa da variação, que pode ser favorável ou 
desfavorável, levando à tomada de decisão. 
 Vimos, ainda, que os normativos contábeis permitem a utilização desse 
custo, desde que montante seja próximo ao real, e conhecemos uma das formas 
possíveis para efetivar os registros contábeis. 
 
 
 
 
20 
REFERÊNCIAS 
BORNIA, A. C. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas 
modernas. 3. ed. São Paulo: Altas, 2010. 
FRANCISCHETTI, C. E.; PADOVEZE, C. L.; FARAH, O. E. Porque e como 
calcular a inflação interna da empresa. Disponível em: 
<http://www.redalyc.org/html/2737/273720539003/>. Acesso em: 13 nov. 2017. 
MARTINS, E. Contabilidade de custos. 10. ed. São Paulo: Altas, 2010. 
MECCA, M. S.; FRANZOI, T. de F. M. et al. Utilização do custo padrão como 
ferramenta de auxílio aos gestores na tomada de decisão. Disponível em: 
<https://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/article/view/4031/4032>. Acesso em: 
5 fev. 2018. 
O QUE são custos diretos e indiretos de produção? Indústria Hoje, 16 nov. 
2014. Disponível em: <https://www.industriahoje.com.br/o-que-sao-custos-
diretos-e-indiretos-de-producao>. Acesso em: 20 nov. 2017. 
PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de 
informação contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 
PEREZ JUNIOR, J. H.; OLIVEIRA, L. M. de; COSTA, R. G. Gestão estratégica 
de custos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008. 
SCHIER, C. U. da C. Gestão de custos. 2 ed. Curitiba: Ibpex, 2011. 
 
 
 
http://www.redalyc.org/html/2737/273720539003/

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