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1 Nome dos acadêmicos 2 Nome do tutor externo Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (1069BIB) – Prática do Módulo III- __/__/21 LINGUAGENS DOCUMENTÁRIAS: LISTA DE CABEÇALH0 DE ASSUNTO E TESAURO ¹ ² RESUMO: O presente trabalho tem como temática os aspectos teóricos, metodológicos das linguagens documentárias e tipologia das linguagens documentárias e como objetivos compreender a função e a importância da linguagem documentária, diferenciar o uso e aplicação da lista de cabeçalho de assunto e tesauro, caracterizar a estrutura e funcionalidade das linguagens documentárias alfabéticas. Apresenta subsídios teóricos para análise do tema, definindo características, funções e representação documentária, lista de cabeçalho de assunto, tesauro suas funções e construção. Utiliza a pesquisa bibliográfica como metodologia, contrapondo diferentes visões existentes na literatura. Dentre as linguagens documentárias, com ênfase na representação da informação, é destacada, especificamente, a lista de cabeçalho de assunto e tesauro enfocando sua estrutura e funcionalidade. Palavras-chave: Linguagens documentárias. Lista de Cabeçalho de Assunto. Tesauro. Indexação. 1 INTRODUÇÃO A pesquisa tem por temática compreender os aspectos teóricos, metodológicos e tipologia das linguagens documentárias. Para contextualizar nosso problema de pesquisa no tema aspectos teóricos e metodológicos das linguagens documentárias e tipologia das linguagens documentárias é necessário o enfoque em três aspectos específicos: características, funções e representação documentária, lista de cabeçalho de assunto e tesauros: suas funções e a sua construção. As linguagens documentárias – LDs são ferramentas auxiliares aos bibliotecários que tendem a facilitar a identificação dos conceitos e dos conteúdos dos itens de um acervo, mesmo que estes conteúdos não seja sua área de especialidade. (SALES, 2019. p. 55). A utilização de Linguagens Documentárias para a recuperação da informação vem desde as décadas de 50 e 60, para representar conteúdos das diversas áreas do conhecimento. Essas linguagens são construídas para indexação, armazenamento e recuperação da informação que correspondem a sistemas de símbolos, destinados a “traduzir” os conteúdos dos documentos. (CINTRA et al. 2002, apud SALES, 2019, p. 58). 2 Os estudos desenvolvidos por autores como Cintra et al. (2002), Dodebei (2002), Tálamo (1997) entre outros na área da Ciência da Informação e Biblioteconomia, que engloba as linguagens documentária, ressaltam da sua importância na indexação , comunicação usuário e sistema. Nessa direção, faz-se necessário assinalar como a Linguagem Natural e as Linguagens Documentárias na concepção de Cintra et al.(2002, p. 34) “são sistemas simbólicos instituídos que visam facilitar a comunicação”. Dodebei (2002, p. 56) reafirma “linguagens de comunicação entre a informação documentária e o usuário que dela necessita”. Ambos ressaltam que a função das LDs é limitada a contextos documentários ou seja garanta ao usuário a recuperação da informação, sendo o mesmo o maior beneficiário. Nessa perspectiva, abordamos a função, características e representação documentária, para tanto, disserta-se sucintamente sobre os sistemas de classificação bibliográfica, dando maior ênfase nas linguagens documentárias alfabéticas, que são listas de cabeçalho de assunto e tesauro. A respeito da lista de cabeçalho de assunto de acordo com Dodebei (2002, p. 58), compreende-se como “linguagens documentárias que organizam uma rede de relações temáticas[...]”, na sua opinião apresenta improdutivo quando são deslocados a outros sistemas. Em relação os tesauros o mesmo autor ressalta que possibilita a facilidade da busca por intermédio dos termos relacionados e das referências cruzadas de maneira a permitir uma consistência melhor da indexação. Com base nas abordagens de autores que pesquisam essa temática, sobretudo aquelas que se voltam para os estudos da recuperação da informação é que se apresenta esta revisão da literatura. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A utilização de Linguagens Documentárias – LDs vem desde as décadas de 1950 e 1960, a partir da ampliação do conhecimento científico e tecnológico, apareceram às dificuldades para armazenar e recuperar informações, sendo assim necessária uma mudança de enfoque e da conceituação da recuperação da informação, buscando a construção de linguagens próprias. (CINTRA et al, 2002). Sales (2019) aponta que esse período é considerado histórico devido à criação de algumas tecnologias de comunicação e informação, sendo propício a produção e consumo de informações. Ressaltando que as décadas seguintes “abrem espaço para novas discussões sobre o armazenamento, o tratamento e a recuperação de informações”. O certo é que, nas décadas seguintes as linguagens documentárias começam a ser tratadas com mais atenção, era importante buscar formas de tornar as informações mais acessíveis para os usuários. 3 Assim, Cintra et al. (2002) explicam em consequência a essas mudanças, as atenções voltaram para os estudos de Linguística e de Estatística, que tinham com objetivo viabilizar a automação do tratamento da informação. Em relação à Estatística, as autoras colocam que “foi tomada como instrumento de apoio, tendo em vista determinar frequências de descritores, mapeamento de ocorrências e análise de citações” o que levou ao desenvolvimento da Bibliometria. No caso específico do estudo da Línguística, Cintia et al. (2002) apontam que esperava-se resolver problemas de vocabulário, a partir da construção de instrumentos mais apropriados. No domínio das linguagens documentárias o vocabulário deve ser compreendido como um conjunto de termos de indexação utilizáveis para representar o conteúdo temático dos documentos que provém de várias áreas, da terminologia (linguagem de especialidades) e das palavras utilizadas pelos usuários (linguagem natural). (CINTRA et al. 2002). As autoras assinalam que Linguagem Natural - LN e Linguagem Documentária - LDs são sistemas simbólicos instituídos que visam facilitar a comunicação. Reafirmando que a função comunicativa é restrita a contextos documentários, enquanto as LDs têm a função de tornar possível a comunicação entre usuário e sistema. Poderíamos afirmar que as linguagens documentárias vão além da simples tradução de conteúdos documentais, tendo a função de possibilitar que os diferentes segmentos sociais tenham adequado acesso aos estoques de conhecimento. “As linguagens documentárias se diferenciam da linguagem natural exatamente porque elas são construídas para fins técnicos”. (SALES. 2019, p, 57). Neste contexto, Sales (2019, p. 55), afirma que as linguagens documentárias “são ferramentas auxiliares aos bibliotecários que tendem a facilitar a identificação dos conceitos e dos conteúdos dos itens de um acervo, mesmo que estes conteúdos não sejam sua área de especialidade”. Nesta mesma linha Dodebei (2002, p. 56) afirma que linguagens documentárias são “linguagens de comunicação entre a informação documentária e o usuário que dela necessita”, indicando as três funções principais das linguagens documentárias: 1-organizar o campo conceitual da representação documentária, constituindo-se em referência para que se estabeleçam as articulações necessárias ao engendramento de significados; 2- servir de instrumento para a distribuição útil dos livros ou documentos fisicamente, função cumprida pelos sistemas de classificação bibliográfica como a CDD e a CDU, em que documentos são agrupados por classes de assuntos; 3- controlar as dispersões léxicas, sintáticas e simbólicas no processo de análise documentária, função cumprida pelos tesauros e listas de cabeçalhos de assuntos, que orientam a organização intelectual das áreas do conhecimento,complementando a função dos sistemas de classificação, que orientam a organização espacial dos documentos. Tálamo (1997) indica que, para realizar a mediação de constituir em fonte de sentido, não basta reunir as expressões retiradas dos documentos, a linguagem documentária não deve ser 4 isolada de determinados contextos. Uma linguagem documentária é “simultaneamente, um modo de organização e uma forma de comunicação da informação”. Para realizar a função do modo de organização e ao mesmo tempo cumprir o papel de instrumento de comunicação, a linguagem documentária deve: a) funcionar como um código inteligível e fonte para interpretação de sentido, b) caracterizar-se como uma metalinguagem, c) levar em conta o usuário como integrante de todo o processo. (LARA, 2004). As linguagens documentárias são instrumentos privilegiados de mediação usados pela Organização da Informação na recuperação de informação através de métodos e instrumentos, tendo como função representar o conhecimento e promover interação entre usuário e conteúdo. Um conjunto de termos dotados de regras sintáticas e semânticas que tem entre suas funções a normalização das representações documentárias como meio de viabilizar a comunicação. Segundo Campos (2004) construir uma linguagem documentária implica em criar um modelo de mundo, sendo necessário identificar a perspectiva adotada para se pensar determinada realidade. Segundo essa mesma autora a linguagem documentária se constitui um construto que deriva da linguagem natural, e seu processo de elaboração consiste na modelagem de um sistema de signos, cuja significação é determinada pela visão de mundo adotada, que se dá em virtude do contexto social e da comunidade usuária. Como afirma Cintra et al.(2002, p. 42), “as LDs mais consistentes dispõem de um vocabulário que integra elementos, de um lado, da linguagem de especialidade e, de outro, LN, que é a linguagem dos usuários, como também a linguagem dos autores”. Em todo Sistema de Recuperação da Informação – SRI é necessário o controle de terminologia para assegurar a coincidência das perguntas e respostas, fazendo com que determinado assunto pesquisado seja recuperado. Este controle pode ser feito através de coordenação de conceitos no ato da indexação. As tipologias das linguagens documentárias podem ser classificadas (ou hierárquicas) e alfabéticas (de indexação ou combinatórias) no que se refere à forma de apresentação dos conceitos e, quanto ao princípio da coordenação, elas são chamadas de linguagens pré-coordenadas e pós- coordenadas. (GUIMARÃES, 1990). Continua Guimarães, dizendo que, as linguagens pré-coordenadas são aquelas que o indexador estabelece quais os assuntos no momento da indexação, com subjetividade estabelece uma prioridade, reunindo uma ordem a partir da importância que os conceitos representam para os usuários. São características das linguagens pré-coordenadas: autonomia do indexador, entradas múltiplas, fáceis de serem usadas. Como exemplos de linguagens pré-coordenadas, os sistemas de classificação bibliográfica que são de natureza enciclopédica ou universal e tem o objetivo de cobrir todos os aspectos do 5 conhecimento, como a Classificação Decimal de Dewey – CDD, a Classificação Decimal Universal – CDU e Library of Congress, LC (Cintra, 2002), imprimindo maior flexibilidade à representação temática. Lara (2002) apud Torres; Almeida (2015, p. 5) ao analisar os sistemas de classificação bibliográfica mais conhecidos, afirma que tanto a CDD, quanto a CDU, partem da convicção de que a representação do conteúdo de documentos deve ser realizada através de um parâmetro universal. A classificação é realizada a partir de pontos fixos de enunciação, produto de uma visão de mundo homogênea, estável e até certo ponto imutável, que não permite abranger a multiplicidade de pontos de vista possíveis para análise e uso da informação. Outro exemplo de linguagens pré-coordenadas são as listas de cabeçalho de assunto. São vocabulários controlados utilizados na representação do conteúdo temático de itens bibliográficos pertencentes ao acervo de bibliotecas. Do ponto de vista de Cesarino; Pinto (1978) apud Angelos (2013, p. 32) as linguagens de indexação são repartidas em dois sistemas, os alfabéticos e os classificados. Os sistemas alfabéticos “usam termos da própria linguagem natural e por isso determinam uma ordenação alfabética para os arquivos. [...] Talvez a forma mais antiga de sistema alfabético seja a de cabeçalhos de assuntos”. Até então, as bibliografias das obras eram organizadas por uma lista de autor e títulos. Porém, alguns fatores contribuíram para a necessidade do surgimento de uma listagem de assuntos, tais como a falta de especificidade do título, problemas na subdivisão de assuntos, obras com mais de um assunto ou com assuntos relacionados e obras que relacionavam assuntos a lugares e épocas diferentes (CESARINO; PINTO, 1978, p. 274 apud ANGELOS). Desta maneira, Cutter, um dos principais precursores pela busca da sistematização do funcionamento das bibliotecas, favorável à fixação de regras formais, elaborou em 1876 as primeiras regras para a construção de catálogos alfabéticos de assuntos baseado em três princípios fundamentais: 1º principio específico – os assuntos devem dar entrada pelo termo mais específico e não pela classe a que está subordinado. [...] 2º princípio de uso – para ele “os cabeçalhos serão aqueles sob os quais é provável que a maioria dos americanos educados irão procurar, com referências cruzadas para outras formas de cabeçalhos relacionados”. É o princípio da conveniência de acordo com a necessidade dos usuários. 3º princípio sindético – por se basearem no alfabeto dos cabeçalhos de assunto fazem aproximações absurdas de assuntos e ao mesmo tempo, separam assuntos relacionados.[...] (CESARINO; PINTO, 1978, p. 274, apud ANGELOS 2013, p. 32). A aplicação destes princípios, apareceram nos Estados Unidos, ano de 1876, as ‘Rules for a dictionary catalog de Cutter’ (1962), pré amostra das linguagens controladas, com caráter pré- coordenado, estrutura associativa e controle de vocabulário de aplicação específica. GONZALEZ (2011, p. 145), apud ANGELOS (2013). 6 Foi criada pela Biblioteca do Congresso Americano, a mais antiga lista de cabeçalho de assunto – Library of Congress Subject Headings, com início dos estudos em 1897 e sua primeira edição saiu em 1911. Atualmente a lista de cabeçalho de assunto pode ser definido como: 1-Palavra ou frase utilizada para indicar o conteúdo temático de um Documento; 2- Indicadores gerais do conteúdo dos documentos, utilizados para a indexação superficial, por oposição às combinações mais expressivas de descritores, utilizadas para a indexação em profundidade – Distinção empírica. (CUNHA; CAVALCANTI, 2008 apud ANGELOS, 2013, p. 32). Em uma linha muito similar, Dodebei (2002, p. 58) conceitua lista de cabeçalho de assunto como: linguagens documentárias que organizam uma rede de relações temáticas (modelo enciclopédia), de caráter conceitual pré-coordenado, uma vez que refletem não os conceitos principais de um domínio do conhecimento, mas os assuntos estruturados no sistema de classificação bibliográfica utilizado como representação do item bibliográfico. A maioria das listas de cabeçalho de assunto quando tem como base a experiência particular do sistema de informação, apresenta improdutivo quando são deslocados a outros sistemas. DODEBEI (2002) As linguagens pós-coordenadas são aquelas em que o usuário combina os assuntos no momento em que busca a informação. Desse modo ao indexar o documento, há a possibilidade que o usuário realiza múltiplas combinações no momento da busca, esse é o caso dos tesauros. A palavra thesaurus, em latim, oriundo da palavra grega thesauros, que significa “estoque de tesouros”(treasure store, em inglês), tendo sido usada durante muitos séculos, para designar léxico, ou "tesouro de palavras". A partir da década de 1940 a Ciência da Informação passou a utilizar o termo tesauro. Todavia foi no processo de recuperação da informação que os tesauros tiveram maior utilidade, funcionando como instrumento capaz de mudanças de conceitos e relações recíprocas, tangente na linguagem de documentos, língua regular, controle de sinônimos e estruturas sintáticas simplificadas. Os tesauros, construídos em função de campos semânticos, são instrumentos que reúnem conceitos de uma determinada área do conhecimento relacionados entre si. (DODEBEI, 2002) Além das já mencionadas, existe outra questão relevante a expor. Os tesauros colaboram no campo do conhecimento da Terminologia, da Línguística, da Filosofia, da Lógica, da Tradução, da Análise Sistêmica, na Normalização, dos Sistemas de Classificação, entre outros. Não podemos deixar de assinalar, dentro as principais funções de um tesauro, o controle de sinônimos e quase sinônimos, a distinção de homógrafos. Convém ressaltar que o tesauro possibilita ainda, a facilidade na condução da busca por intermédio dos termos relacionados e das referências cruzadas de maneira a permitir uma 7 consistência melhor da indexação e do transporte da linguagem de busca para a linguagem de indexação. Reduzindo o tempo e aumentando a eficiência nas atividades de indexação e recuperação da informação. (DODEBEI, 2002). Existem, certamente, opiniões diversas sobre a função do tesauro. Na compreensão de Gomes (1990), “a função do tesauro é representar os conteúdos dos documentos e as expressões das buscas realizadas em um sistema de recuperação da informação.” Para Sales (2019) “um valioso instrumento utilizado na organização da informação”. Sendo assim, a utilização dos tesauros não pode ser entendida como uma lista de termo, mas como termos listados dentro de um uma dada área do conhecimento e cada termo é atribuída a uma finalidade. Para a indexação cumpri a sua função de comunicação documentária, é importante que as unidades de informação ofereçam agilidade nos procedimentos que envolvam a recuperação de informação. Muito bem lembrado por Sales (2019), todos os campos do conhecimento corresponde a um conjunto de noções específicas, porque as áreas especializadas têm o seu universo nocional prontamente identificado, dentro de um ponto de vista, como a intenção de organizá-lo de forma sistemática e inter-relacionada. No processo de construção de um tesauro, alguns aspectos devem ser considerados a fim de obterem-se resultados que possam legitimá-lo perante o campo específico para o qual esteja sendo desenvolvido. Para Oliveira; Araújo (2012, p. 23) dentre eles, destaca-se, “além da garantia literária e da garantia estrutural, a garantia do usuário, tendo em vista que este deverá ser o maior beneficiário desta ferramenta de recuperação da informação”. Continuando com os autores, ao analisar a importância da temática da garantia do usuário, encontram-se, na literatura, termos similares, como “garantia de uso”, ou “endosso do usuário”. Na construção das linguagens documentárias, observa-se que esses termos vinculam-se fortemente às linguagens de indexação que se apresentam como instrumentos indispensáveis à recuperação da informação. Diante disso, pode-se conceber que indexação, no campo do tratamento da informação, apresenta dois sentidos: um mais amplo, quando se refere à atividade de criar índices, seja de autor, de título, de assunto, tanto de publicações (livros, periódicos), quanto de catálogos ou de banco de dados, em bibliotecas ou centros de informação. O outro sentido, mais restrito, refere-se à indexação, classificação ou catalogação de assuntos das informações contidas em documentos. (NAVES. 2004 apud OLIVEIRA; ARAÚJO, 2012, p. 23). Como se pode ver pelas explicações anteriores, a definição de análise documentária parte do princípio de que esta se apresenta como um conjunto de métodos efetuados com a finalidade de expressar o conteúdo de documentos, de forma a possibilitar a recuperação da informação. 8 Nessa linha de idéia, Cintra et al.(2002, p. 39) assinalam a “LDs são utilizadas para representar conteúdos dos textos, mas não os textos eles mesmos”. No que diz respeito a função de representação, as autoras completam como sendo de natureza referencial, devem ser utilizadas como índices referentes a assuntos tratados nos textos, não precisando que sejam substituídos. 3 MATERIAIS E MÉTODOS O presente trabalho iniciou-se com o levantamento de referências sobre o tema os aspectos teóricos e metodológicos das linguagens documentárias e tipologia das linguagens, com ênfase na utilização, função e características das linguagens documentárias, os tipos de listas alfabéticas de indexação, com o intuito de conceitualizar cada um deles, evidenciando semelhanças e diferenças. A pesquisa da literatura acadêmica foi através do Google Acadêmico possibilitando variedades de fontes, artigos, teses e dissertações, livros. Para o levantamento bibliográfico foi necessário uma leitura e reflexão critica a respeito dos assuntos analisados. Dando condições de pensar em uma perspectiva crítica. Nessa busca, verificamos aspectos históricos, conceituação, função e importância da Linguagem Documentária. Em relação às linguagens pré-coordenadas falamos um pouco sobre a classificação bibliográfica, dando uma ênfase maior na lista de cabeçalho de assunto e linguagens pós-coordenadas os tesauros. A partir da ilustração de Dodebei (2002), figura 01, foi possível visualizar a representação documentária por meio dos objetos, processos, produtos, instrumentos, usos e campos teórico- metodológicos. Figura 1 – Representação Documentária 9 Fonte: Dodebei (2002, p.43) apud Oliveira; Araújo (2012, p. 22) A figura 1 adotado por Dodebei (2002), expressa perfeitamente a idéia da Linguagem Documentária dentro da representação documentária. De maneira muito simplificada, mostra-se que em todo Sistema de Recuperação da Informação, é preciso o controle de terminologia para garantir que o assunto pesquisado seja recuperado. Esse controle pode ser elaborado através de coordenação de conceitos no momento da recuperação. São as chamadas linguagens pré e pós-coordenadas. RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir das discussões desenvolvidas, pode-se inferir que a utilização de Linguagens Documentárias vem desde décadas passadas, sendo sua ampliação a partir do conhecimento científico e tecnológico. Apontado por Sales (2019) como um período histórico devido à criação de algumas tecnologias de comunicação e informação, abrindo para as décadas seguintes espaço para novas discussões de como armazenar o tratamento e recuperação de informações. Em consequência a essas mudanças Cintia et al. (2002) colocam que as atenções voltaram para os estudos de Linguística e de Estatística que objetivavam a automação do tratamento da informação. Em relação a Estatística foi um ponto de apoio para o desenvolvimento da Bibliometria. Em relação a Linguagem Natural e Linguagem Documentária tratam-se de sistemas que objetivam facilitar a comunicação. Enquanto a função comuniticativa esta relacionada a contextos documentários, a linguagem documentária tem a função de possibilitar a comunicação entre usuário e sistema. Nesse sentido, as LDs se diferenciam das LNs por serem construídas para fins técnicos. Sendo ferramentas auxiliares para os bibliotecários, facilitando a identificação dos conceitos e dos conteúdos dos itens de um acervo. Sendo assim, a função das LDs vai além da “tradução” de conteúdos documentários, como: substituir a grande variedade de expressões da linguagem natural por uma linguagem formal, aproximar a linguagem do autor, do indexador e do usuário, entreoutras. São as características da linguagem documentária que faz dela um instrumento de comunicação: um teor de fácil compreensão e fonte segura levando em conta o usuário como parte de todo o processo. Em todo SRI, é necessário o domínio da terminologia permitindo maior coerência entre as perguntas e respostas, favorecendo a recuperação do assunto pesquisado. Este tipo de controle pode ser feito no momento da recuperação, são as chamadas linguagens pré e pós-coordenadas. 10 As linguagens pré-coordenadas são aquelas que o indexador determina quais os assuntos de um documento, deliberando a ordem do cabeçalho no momento da indexação para facilitar a busca pelo usuário. Como exemplo tem a lista de cabeçalho de assunto, que na opinião de Dodebei (2002, p.58) têm um caráter pré-coordenado “uma vez que refletem não os conceitos principais de um domínio do conhecimento, mas os assuntos estruturados no sistema de classificação bibliográfica utilizado como representação do item bibliográfico”. No que diz respeito as linguagens pós-coordenadas adotam conceitos simples usados na indexação, que são combinados pelo usuário no momento da busca, como exemplo temos os tesauros. Existem várias opiniões sobre a função do tesauro. Na percepção de Dodebei (2002) reduzi o tempo e aumenta a eficiência nas atividades de indexação e recuperação da informação; para Gomes (1990) representar os conteúdos dos documentos e as expressões das buscas realizadas SRI e Sales (2019) um valioso instrumento utilizado na organização da informação. Ressaltamos que a escolha de uma determinada linguagem de indexação para um SRI é uma tarefa complexa, portanto o entendimento da área do conhecimento em que o sistema está inserido, objetivos claros e os interesses dos usuários da informação são importantes no momento da escolha. 5 CONCLUSÃO A utilização das linguagens documentárias nos parece, ainda indispensável para a organização e o acesso ao conhecimento público. Sendo uma ferramenta que auxilia aos bibliotecários na identificação dos conceitos e conteúdos de um acervo, independente da sua área de especialidade. Todavia para ser um instrumento de comunicação será necessário que funcione como um código inteligível e fonte para interpretação de sentido, caracterizar-se como uma metalinguagem e levar em conta o usuário como integrante de todo o processo. Sendo assim, podemos afirmar que linguagens documentárias são instrumentos privilegiados de mediação usados pela Organização da Informação na recuperação de informação através de métodos e instrumentos, tendo como função representar o conhecimento e promover interação entre usuário e conteúdo. Por último, devemos destacar que são várias opiniões sobre a linguagem pré-coordenada e a linguagem pós-coordenada. As listas de cabeçalho de assunto continuam sendo usada em bibliotecas, apesar de diversas falhas serem identificadas em seu desempenho na recuperação de 11 informação. Enquanto ao tesauro representa um avanço em relação às listas de cabeçalhos de assunto, devido sua estrutura semântica representar uma rede de relacionamentos, onde nenhum descritor exista sem conexão com outro. Assim, as listas de cabeçalho de assunto e o tesauro apresentam diferentes níveis e complexidade na organização podendo existir em um sistema de recuperação de informação, acrescentando alguma coisa as deficiências do outro. Cabe ao indexador escolher, adaptar a linguagem documentária que melhor atenda a comunidade e as necessidades do usuário. 12 REFERÊNCIAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023. Informação e documentação – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, 2002. ANGELOS, Larissa Ferreira dos. Evolução das linguagens documentárias até os sistemas de organização do conhecimento. Brasília: Universidade de Brasília. 2013. BAZZANELLA, André. Metodologia científica. Indaial: UNIASSELVI, 2013. CAMPOS, Maria Luiza de Almeida. 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