Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ELOISA DE ALMEIDA, TXX IMUNOLOGIA TOLERÂNCIA IMUNOLÓGICA E AUTOIMUNIDADE INTRODUÇÃO • Tolerância imunológica: como não vou ativar o meu sistema imune contra um antígeno autólogo. Se tiver quebra da tolerância imunológica, acontecerá o desenvolvimento de uma doença autoimune. • É antígeno-específica. - Se eu tiver 2 linfócitos, um que reconhece antígeno próprio e o outro antígeno estranho, eu não irei suprimir os dois, apenas o que reconhece o antígeno próprio. - A grande vantagem é que essa supressão não é total. Se fosse, eu seria imunodeprimida. • Os linf. T e B passam pela tolerância. • Se eu pudesse escolher grupo (TCD4, TCD8 ou linf. B) para ser tolerante, qual seria melhor? O linfócito TCD4, porque ele mandar em tudo. → Se o TCD4 for tolerado, ou seja, silenciado, ele: - Não dará o segundo sinal para TCD8. - Não dará segundo sinal para o linf. B. • Tópicos abordados: 1. Tolerância de linfócitos T (central e periférica); 2. Tolerância de linfócitos B (central e periférica); 3. Patogênese da autoimunidade. Onde acontece a tolerância central? TIMO (linf. T) e MEDULA ÓSSEA (linf. B). ➔ Locais que são órgãos linfoides centrais/primários, onde ocorre o desenvolvimento e maturação dos linfócitos. Onde acontece a tolerância periférica? GÂNGLIO e BAÇO. ➔ Locais que são chamados de órgãos linfoides periféricos/secundários. LINFÓCITOS T (TCD4+) TOLERÂNCIA CENTRAL • Sofrem tolerância no TIMO. • No timo só há antígeno próprio, não há antígeno estranho. • Todo reconhecimento no time será de antígeno próprio. • Seleção negativa: descarte dos linfócitos T autorreativos (quando reconhece). • IMPORTANTE: presença de citocina e afinidade. • Devo fazer com que só saia do timo os linfócitos que reconhecem antígenos estranhos, mas no timo não se tem todos os antígenos específicos (ex: insulina), apenas antígenos do timo. • Fator de transcrição: PROTEÍNA AIRE (regulador autoimune) → irá promover a transcrição de proteínas que são tecido-específicas. Exemplo de defeito na AIRE: DIABETES 1. Esse defeito faz com que não induzisse a transcrição da insulina no timo, não teve reconhecimento dos linfócitos que reconheceriam a insulina. Logo, o linfócito não reagirá com nada no timo e irá para a circulação sanguínea. Ao encontrar o antígeno insulina, entenderá como um antígeno estranho e começará a destruição das células β-pancreáticas, ocasionando a DM1. • Função da proteína AIRE: funciona como fator de transcrição para ↑ o repertório de proteínas tecido-específicas (de outras partes do corpo) no timo. - ↑ esse repertório, maiores são as chances de fazer seleção negativa para os linfócitos autorreativos. • Quando os linf. TCD4 reconhecem o antígeno, ocorre a seleção negativa → APOPTOSE. ELOISA DE ALMEIDA, TXX • Porém, pode haver outro caminho: ao invés de fazer seleção negativa e matar o linf. T, ela irá se transformar em LINF. T REGULADORA (TREG). • TREG: é uma célula que regula a nossa resposta imune contra um antígeno. Ela ajuda a não ter um ataque próprio. • O papel da TREG é na periferia, ela não fica presa no timo, então ela sai para a circulação. • Porque existe essas duas opções? - Se a afinidade do reconhecimento antigênico for alta (alta afinidade), é melhor fazer apoptose. Se for de baixa afinidade, deve-se transformar em TREG. - Segunda hipótese é a presença de citocinas. Se tiver citocina no momento, ao invés de fazer apoptose, faz TREG. Gerando uma TREG, como ela é antígeno- especifico, ela irá na periferia e regulará para que que não tenha um ataque autoimune na periferia. TOLERÂNCIA PERIFÉRICA • É um mecanismo de controle, o que passou despercebido na tolerância central, poderá ser corrigido aqui. • Nessa tolerância, há a ausência do 2º sinal, e isso é o que irá induzir TUDO! • Possuirá 3 mecanismos: anergia, supressão e deleção. • Em uma pessoa que não tem doença autoimune, esses mecanismos funcionam da mesma forma. Recapitulando o básico da resposta imune! • Em uma resposta celular normal, precisamos do 1º e do 2º sinal. • Para o linf. TCD4+, também há o 3º sinal (não serve para ativação, apenas para polarização – TH1, TH2 ou TH17). • Para o linf. TCD4+ sair do estado naive para o efetor, obrigatoriamente, ele precisa ter os 2 sinais. • O primeiro sinal é apresentação do antígeno via MHC2 e receptor TCR. • O 2º sinal, o B7 estará mais expresso na célula dendrítica, já que os receptores de reconhecimento padrão na APC foram ativados e ↑ os níveis de B7. • O B7 se liga ao CTLA-4, mas sobra para se ligar ao CD28 (isso funciona como 2º sinal). • O que fará com TCD4+ não seja ativada? A ausência do 2º sinal. • O que vai acontecer caso ele não seja ativado? O linf. TCD4+ entrará em ANERGIA. • ANERGIA: é quando o linf. fica sem função e irá circular pelo corpo até morrer naturalmente (nunca mais será ativada). - Não é repouso, é a falta de ativação via PAMP. ELOISA DE ALMEIDA, TXX - O PRR desse linf. não está ativado, fazendo com que não tenha o ↑ de B7. - Como tem pouco B7, a APC conecta com a CTLA-4 fazendo com que a célula que foi inibida seja não responsiva → anérgica/afuncional. - Se tiver uma infecção, tem-se níveis adequados de B7 → quebra da tolerância → surgimento de uma doença autoimune. • SUPRESSÃO: é mediado por uma TREG. - É um bloqueio na ativação do linfócito. - TREG que surgiram no timo, são chamadas de células T reguladoras naturais (+ abundante). - FOXP3: fator de transcrição que é ligado na TREG → faz a TCD4 se diferenciar em TREG. • Atua em 2 frentes diferentes: 1. Inibição da ativação dos linf. T: atua nas APCs. - Citocinas: produz IL-10 e TGF-β → suprimem uma resposta autorreativa. - ↓ a habilidade da APC. - ↓ os níveis de MHC2 (sem 1º sinal, não ativa). - Pega os B7 da APC → TREG possui muito CTLA-4 (“engole”). 2. Inibição das funções dos linf. T efetores. - Tem muito CD25 na superfície → ↑ consumo de IL-2 (linfo proliferativa) → não forma uma população adequada a nível de gerar uma doença autoimune → ↓ drástica da expansão clonal. • TGF-β e IL-10 da TREG: - ↓ a produção de IL-12 e de IFN-gama → ↓ resposta pró-inflamatória. - ↓ polarização TH1. - ↓ polarização TH2. - ↑ polarização TH17. • DELEÇÃO: é como se fosse a seleção negativa, pois se tem apoptose. TOLERÂNCIA DE LINFÓCITO B TOLERÂNCIA CENTRAL • Pode ocorrer tolerância para antígenos não proteicos. • Ocorre na MEDULA ÓSSEA. • O que irá mudar é a avidez e a quantidade de antígeno na medula. • Na medula não pode ter 1º sinal, porque lá é onde tem-se o processo de tolerância, não tem reconhecimento de antígeno estranho. • Em geral: alta/baixa avidez está relacionada com a [ ] do antígeno. • IMPORTANTE: presença de afinidade e concentração. ELOISA DE ALMEIDA, TXX • Existem 2 formas: 1. Reconhecimento de autoantígeno com alta avidez: antígenos abundantes na medula óssea. - Edição de receptor: mudança na região FAB para que ele não reconheça mais aquele antígeno próprio, apenas os estranhos. - Se não der certo, ele deleta → apoptose. 2. Reconhecimento de autoantígeno com baixa avidez: antígenos pouco abundantes na medula óssea. - Infra regulação do BCR: induzir célula B à anergia → não é ativado → apoptose naturalmente. TOLERÂNCIA PERIFÉRICA • Serve para tentar consertar uma falha que deu na tolerância central, ou para antígenos que não temos disponíveis em uma fase inicial da vida e depois passamos a ter contato. • Ocorre nos OLP. • Não tem 2º sinal. • Não há distinção de alta/baixa afinidade. • Existem 3 possibilidades: anergia, deleção e regulação através de receptores inibitórios. • ANERGIA: fica circulando anérgica → inativa. • DELEÇÃO/APOPTOSE: ocorreu o 1º sinal,como não ocorre o 2º, a célula morre. - Pode ocorrer por via extrínseca ou intrínseca, a partir da ativação de caspases, a célula B morrerá. • EXPRESSÃO DE REPTORES INIBITÓRIOS: eles ↑ o limiar de ativação do receptor BCR. - Para que o BCR seja ativado ele precisa de MUITO estímulo/carga, e essa carga não é oferecida pelo nosso corpo. - Não é qualquer antígeno que ativa ele. O que pode “quebrar” a tolerância imunológica?? Infecções, questão genética e lesões celulares. PATOGÊNESE DA AUTOIMUNIDADE • INFECÇÃO e LESÃO → fatores ambientais. INFECÇÃO • No OLP, o antígeno próprio é apresentado, só que a presença do patógeno faz com que os PRRs das APCs sejam ativados → ↑ de B7 na superfície da APC → sobra B7 para se conectar ao CD28 → linf. T se torna efetora → proliferação → autorreação. • ATIVAÇÃO ESPECTADORA: é quando ocorre esse mecanismo de infecção que colabora para a geração do 2º sinal e isso leva o desenvolvimento de uma doença autoimune. - Tava lá a APC com o linfócito autorreativo, e aí vem o espectador – infecção – e fez a célula produzir B7. - “Quando a infecção quebra a tolerância imunológica”. • MIMETISMO MOLECULAR: algo no patógeno é mimético a algo do meu corpo. - Após uma reação a um patógeno, tem-se a geração de células de memórias. - Célula de memória do patógeno X encontra um antígeno do nosso corpo e, ela se lembra do patógeno porque eles são muito parecidos, com isso ela começa a atacar a célula do meu corpo, gerando uma doença autoimune. FEBRE REUMÁTICA • Infecção por Streptococcus. • Depois de muito tempo, ele pode desenvolver uma insuficiência valvar → precisa trocar a valva. • Porque isso ocorre? Porque no miocárdio há uma proteína extremamente parecida com a proteína que há na bactéria. ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE • Ocorre a hemólise das hemácias. ELOISA DE ALMEIDA, TXX • Depois da infecção por um patógeno, o meu corpo encontra um peptídeo da hemácia parecido com o que havia no patógeno. • Começa um ataque autoimune das hemácias. ARTRITE REUMATÓIDE • Algumas bactérias entéricas possuem peptídeos muito parecidos com aqueles que existem nas articulações. LESÃO CELULAR • Ao romper uma Mb, há a exposição dos antígenos que pode ser reconhecido como algo estranho. • EXPANSÃO DE EPÍTOPO: cada vez mais eu vou “comendo” o meu tecido e expondo mais coisas, e dou chance de linf. autorreativos serem ativados. • Favorece o reconhecimento de autoantígenos que não foram tolerados. LUPUS • Um dos marcadores mais comuns que se investiga para descobrir se é Lupus ou não, é os anticorpos anti-DNA. • Radiação UV perfura e rompe a integridade a Mb e núcleo, expondo o DNA. DOENÇAS AUTOIMUNES são: CRÔNICAS: informação constante. PROGRESSIVAS: por causa da expansão do epítopo, que terá exposição de novos antígenos e formação de novos linf. autorreativos. AUTOPERPETUADORAS: o antígeno faz parte do nosso corpo, ele está lá e nunca vai embora → naturalmente estará lá.
Compartilhar