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Sustentabilidade e Responsabilidade Social Professora Esp. Lucimari de Campos Monteiro EduFatecie E D I T O R A Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Prof.ª Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.unifatecie.edu.br/site/ As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock https://orcid.org/0000-0001-5409-4194 2021 by Editora EduFatecie Copyright do Texto © 2021 Os autores Copyright © Edição 2021 Editora EduFatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora EduFatecie. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. EQUIPE EXECUTIVA Editora-Chefe Prof.ª Dra. Denise Kloeckner Sbardeloto Editor-Adjunto Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Assessoria Jurídica Prof.ª Dra. Letícia Baptista Rosa Ficha Catalográfica Tatiane Viturino de Oliveira Zineide Pereira dos Santos Revisão Ortográ- fica e Gramatical Prof.ª Esp. Bruna Tavares Fernades Secretária Geovana Agostinho Daminelli Setor Técnico Fernando dos Santos Barbosa Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt www.unifatecie.edu.br/ editora-edufatecie edufatecie@fatecie.edu.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP M425s Mataruco, Sônia Maria Crivelli Sustentabilidade e responsabilidade social / Sônia Maria Crivelli Mataruco. Paranavaí: EduFatecie, 2021. 157 p. : il. Color. ISBN 978-65-87911-44-1 1. Desenvolvimento sustentável. 2. Proteção ambiental. 3. Responsabilidade social da empresa. I. Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná - UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD : 23 ed. 337.7 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 AUTORA Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco ● Mestre na área de Educação pela Unespar Campus de Paranavaí - 2015-2016. ● Graduação em Licenciatura em Matemática na Universidade Filadélfia de Lon- drina - Unifil - concluída em 2014; ● Graduação em Tecnologia em Gestão Ambiental pela Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná - Fatecie (2009). ● Graduada em bacharelado Administração pela Faculdade Estadual de Educa- ção Ciências e Letras de Paranavaí (1992); ● Pós- graduada em Marketing e Gestão de pessoas pela Faculdade Estadual de Educação Ciências e Letras de Paranavaí; ● Pós- graduada em Psicopedagogia institucional pela Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná - Fatecie; ● Pós- graduada em auditoria e certificação ambiental pela Faculdade de Tecno- logia e Ciências do Norte do Paraná - Fatecie; Atualmente é Gestora ambiental da Companhia de Saneamento do Paraná - Sa- nepar e professora e coordenadora de curso na Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná - Fatecie, atuando principalmente nos seguintes temas: gerenciamento ambiental, recursos hídricos e hidrologia, sustentabilidade ambiental, responsabilidade so- cioambiental, poluição e resíduos, gestão de águas, saneamento, agronegócio, Educação ambiental, gestão de negócios ambientais, fundamentos de marketing e administração de materiais e patrimônio. http://lattes.cnpq.br/0836891204233076 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Caro aluno (a) seja muito bem-vindo (a) a leitura do livro que utilizaremos na disci- plina Sustentabilidade e responsabilidade social. Este livro foi carinhosamente planejado para que você possa ter conhecimento geral dos principais assuntos sobre a gestão do meio ambiente. Este conteúdo servirá de base para compreensão dos temas abordados, com o objetivo de levá-lo a ter consciência dos problemas ambientais e perceber que antes de qualquer ação, é preciso pensar na sustentabilidade do nosso planeta para o futuro das gerações futuras. Para facilitar os estudos dividimos este material em quatro unidades de acordo com os temas e suas relações entre si. A disciplina “Sustentabilidade e Responsabilidade Social”, apresenta assuntos ligados ao meio ambiente, observando construções consideradas pela ONU como sustentáveis que utilizam recursos sofisticados e abundantes em suas regiões, e que possa servir de modelos para os profissionais engajados nesta área. Desta forma, na primeira unidade demonstraremos como os processos ecológicos são responsáveis pelo bom funcionamento dos ambientes naturais e como é alterado por ações antrópicas. Apresentaremos os conceitos vitais necessários para que o homem possa trabalhar respeitando a natureza e proporcione equilíbrio do ecossistema, sabendo que este depende das ações diárias realizadas pelo homem. Como o desmatamento e a revolução industrial contribuíram para a insustentabilidade do planeta e acentuação da poluição. Abordaremos a tão falada sustentabilidade e sua relação com o desenvolvimento. Enfatizaremos a diferença entre desenvolvimento e crescimento, conceituando-os e mos- trando o papel da sociedade, do governo e das empresas, na busca por um mundo mais sustentável em todas as suas dimensões: ambiental, social e econômico. Assim, finalizaremos a primeira unidade com o tema meio ambiente e sociedade, explanaremos os objetivos definidos pela ONU para o desenvolvimento sustentável, que trazem metas que deverão ser implementados por todos os países até 2030. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propõe diversos assuntos de elevada importância para a humanidade a fim de transformar a vida no planeta. Prosseguindo, na Unidade II, cujo título é: Responsabilidade Social, será discorrido sobre o tema Sustentabilidade Empresarial, nessa perspectiva será apresentado o signi- ficado de Sustentabilidade Empresarial e serão vistos outros conceitos relacionados ao desenvolvimento e sustentabilidade. A Unidade II ainda versará sobre a Gestão Ambiental Empresarial, nesta perspec- tiva, os tópicos que serão abordados serão: abordagens e modelos de Gestão Ambiental Empresarial; Responsabilidade social corporativa (contexto teórico para a sua compreen- são); e Histórico e abordagens sobre tecnologias de gestão socioambiental, as políticas ambientais e outros temas pertinentes. Na terceira unidade intitulada Ecologia urbana e rural, demonstraremos que a cons- trução de uma cidade depende dos diferentes agentes envolvidos. O seu planejamento deve ter como princípio norteador uma postura ética, comprometida a dar condições políticas e econômicas, priorizando a manutenção dos processos ecológicos. A melhoria do bem-estar dos habitantes está na correta gestão ambiental que tem como princípios a necessidade de garantir a atividade socioeconômica e a qualidade ambiental urbana, compartimentalizando o território produtivo e evitando os processos de degradação em áreas menos desprovidas de recursos no meio urbano. Demonstraremos algunsexemplos de como projetar uma edificação através do informe publicado pela ONU, onde relata as necessidades de se desenvolver infraestruturas sustentáveis nas cidades “inteligentes” e como estas trazem benefícios econômicos e ambientais. A quarta unidade retratará a utilização dos indicadores ambientais como instrumen- tos para a sociedade avaliar sua própria evolução. No contexto ambiental, indicadores são parâmetros representativos, que pode ser entendido como a representação de um conjunto de dados, informações e conhecimentos acerca de determinado fenômeno urbano/ambiental. Faremos breve relato da importância das certificações ambientais nas edificações e o papel da certificação ambiental na construção civil, fazendo uso das duas certificações ambientais mais utilizadas na construção civil brasileira, o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) e o Processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental). Enfatizaremos que construção sustentável é aquela projetada para respeitar o meio ambiente, seguindo os princípios da sustentabilidade e garantindo o bem-estar dos moradores. Necessita da utilização consciente de materiais, prezar pela economia de luz e energia, reciclagem de lixo e pela produção de alimentos orgânicos. Assim a partir dos estudos destes capítulos possamos cuidar do meio ambiente, utilizando mecanismos que permitam proteção ambiental assegurando a qualidade de vida das pessoas e principalmente a conservação dos recursos hídricos do solo e da biodiver- sidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da sociedade, entendendo que é da natureza que retiramos nossos alimentos e garantimos nossa sobrevivência. Mostrando que é possível desenvolver de forma sustentável. Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco Bom estudo e que a partir dessa leitura você possa ser um agente em defesa do meio ambiente. SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 4 Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade UNIDADE II ................................................................................................... 35 Responsabilidade Social UNIDADE III .................................................................................................. 65 Ecologia Urbana e Ecologia Rural UNIDADE IV .................................................................................................. 99 Diretrizes Sobre Gestão Ambiental e a Série ISO 14000 4 Plano de Estudo: ● Conceitos Básicos da Ecologia e a importância das Inter-relações Ecológicas ● Degradação ambiental causada pelo desmatamento ● Industrialização e seus efeitos ● Conceito de desenvolvimento sustentável ● As dimensões do desenvolvimento sustentável ● Objetivos do desenvolvimento sustentável ● Controle da qualidade ambiental – solo, água e ar ● Educação ambiental Objetivos da Aprendizagem: ● Apresentar os conceitos vitais necessários para trabalhar respeitando a natureza de forma a proporcionar equilíbrio ao ecossistema, sabendo que este depende das ações diárias realizadas pelo homem. ● Compreender a diferença entre crescimento e desenvolvimento, e a importância do planeja- mento para desenvolver dentro dos quesitos econômicos, sociais e ambientais. ● Conhecer os objetivos definidos pela ONU para o desenvolvimento sustentável, que trazem metas que devem ser implementadas por todos os países até 2030. UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco 5UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade INTRODUÇÃO A natureza é sábia, é utilizada como fonte de matéria-prima para a extração dos recursos naturais. Infelizmente, para essa extração o homem muitas vezes utiliza-se de técnicas de manejo inadequadas, não preservando ou não promovendo meios para que haja reposição desses recursos de forma que possa suprir a atual e a futura geração. Desta forma nesta unidade falaremos sobre os campos de estudo da ecologia; faremos um breve histórico da ecologia e das relações ecológicas e os fatores que influenciaram a relação homem x natureza; compreender as três visões predominantes sobre a questão: desenvolvimento, pre- servação e conservação; conhecer os conceitos essenciais da questão: recursos renováveis e não-renováveis, desenvolvimento sustentável. Os objetivos e as metas desenvolvimento sustentável (ODS) e seus benefícios para nossa sociedade e pensar em alternativas para promover o desenvolvimento sustentável em situações do cotidiano. O entendimento desses conceitos, o conhecimento da forma como os organismos se relacionam entre si, que não vivem isolados, interagem uns com os outros e com o meio ambiente, são essenciais para que a sociedade possa analisar os problemas ambientais existentes e buscar conduzir suas ações de forma sustentável. Contribuindo, (SALES, 2013, p. 62) relata que os sistemas biológicos são ineren- temente sustentáveis, pois quando o equilíbrio entre os sistemas biológicos é perturbado esses se comportam de maneira a restaurá-lo. O Relatório Brundtland (1987) - intitulado Nosso Futuro Comum - destaca: “O de- senvolvimento sustentável só será alcançado quando as atividades humanas atenderem às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”. Num contexto geral a sustentabilidade deve ser concebida como a capacidade de manutenção e conservação da vida. Um processo de desenvolvimento em constante adaptação da sociedade na busca por qualidade de vida, incluindo a satisfação de suas necessidades básicas e a ampliação de suas liberdades e potencialidades. O conceito de desenvolvimento com sustentabilidade pressupõe o atendimento das necessidades não apenas atuais, mas também, das futuras gerações terem recursos naturais em quantidade e qualidade necessária. Satisfazer as necessidades da geração 6UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade atual e futura sem exaurir os recursos naturais não é tarefa fácil, porém imprescindível para a própria manutenção da espécie humana no planeta Terra. Para desenvolver de forma sustentável uma sociedade necessita exercer atividades com planejamento e o reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. Assim os Objetivos para o Desenvolvimento do Milênio, foram formulados no ano de 2015, com objetivo de conciliar economia, ecologia e direitos humanos. Esses objetivos foram propostos durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU, 2015), onde seus 193 Estados-membros aprovaram, por unanimi- dade, uma nova agenda global para os próximos quinze anos, baseada em 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), subdivididos em 169 metas concretas que serão monitoradas por 300 indicadores. Para aprovação desses objetivos a ONU contou também a colaboração de diversos stakeholders e consultas em mais de 100 países. A proposta da ONU, não é apenas combater a fome e proteger o meio ambiente, mas também incluem temas então ausentes como energia limpa, cidades sustentáveis, con- sumo e produção responsáveis, reduzir as diferenças entre homens e mulheres, igualdade de gênero e raça, entre outros. A Agenda 2030 deve ser amplamente discutida no meio acadêmico pelo fato de influenciar significativamente todos os segmentos empresariais, os tomadores de decisão, sejam eles formuladores de políticas públicas governamentais ou do setor privado. 7UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade 1. CONCEITOS BÁSICOS DA ECOLOGIA E A IMPORTÂNCIADAS INTER- RELAÇÕES ECOLÓGICAS A ecologia é uma ciência, que considera as interações entre todos os participantes de ecossistemas, incluindo seres humanos é de extrema importância para os seres humanos. A ecologia é a ciência que estuda as relações entre os seres vivos e os meios onde vivem. A palavra deriva do grego oikos, que significa lugar onde se vive, ou seja, meio ambiente. Metzger, (2001, p. 105) situa a ecologia como uma ciência emergente e que define os aspectos do ambiente que têm influência direta na saúde humana. O conceito de funções do ecossistema e serviços ajuda a descrever os pro- cessos globais que contribuem para o nosso bem-estar, ajudando a limpar o ar que respiramos, a água que bebemos e a comida que comemos. A degra- dação ambiental, muitas vezes, leva a alterações nestes aspectos, levando a vários estados de saúde. Temos também a ecologia de paisagens é uma nova área de conhecimento dentro da ecologia, marcada pela existência de duas principais abordagens: uma geográfica, que privilegia o estudo da influência do homem sobre a paisagem e a gestão do território; e outra ecológica, que enfatiza a importância do contexto espacial sobre os processos ecológicos, e a importância destas relações em termos de conservação biológica1 . Os organismos estabelecem relações mútuas entre si e com o ambiente físico, baseado nas interações que ocorrem no mundo natural. 1 Metzger, Jean Paul. O que é ecologia de paisagens ? Biota Neotropica v1 http://www.biotaneo- tropica.org.br/v1n12/pt/abstract?thematic-review+BN00701122001. Disponível em: http://www.google.com. br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=6&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwio8purj9ncAhUDx5AKHb- zyAQAQFjAFegQIBRAC&url=http%3A%2F%2Fwww.biotaneotropica.org.br%2Fv1n12%2Fpt%2Ffullpaper%- 3Fbn00701122001%2Bpt&usg=AOvVaw0vCBbxMwwiYpXbXAnkptGf Acesso 06 jan. 2021 8UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade O entendimento dos diferentes fenômenos que englobam essas relações e interações entre seres vivos (incluindo o homem) e os componentes abióticos é amplamente discutido à luz de teorias ecológicas. O ambiente é alterado, físico e químicamente, pela maneira como os indivíduos realizam suas ativida- des. Também as interações entre organismos, têm influência na vida de outros seres, da mesma espécie e de espécies diferentes. (BEGON, 2007, p. 223). Na natureza os seres vivos mantêm entre si vários tipos de interações ecológicas que podem ser consideradas como sendo harmônicas ou positivas e desarmônicas ou negativas. As interações harmônicas ou positivas são aquelas onde não há prejuízo para as espécies participantes e vantagem para, pelo menos, uma delas. As interações desarmônicas ou negativas são aquelas onde pelo menos uma das espécies participantes é prejudicada, podendo existir benefício para uma delas. Com a exploração de determinado conjunto de recursos, cada espécie define o seu nicho ecológico, também entendido como o papel desempenhado por esta espécie no ecossistema. Se não existissem competidores, predadores e parasitas em seu ambiente, uma espécie seria capaz de viver sob maior amplitude de condições ambientais (seu nicho fun- damental) do que faria na presença de outras espécies que a afetam negativamente (seu nicho realizado). Por outro lado, a presença de espécies benéficas pode aumentar a gama de condições em que uma espécie consegue sobreviver. Dentro de cada um dos tipos de interações mencionados acima, ainda podemos classificá-las em interações intraespecíficas e interespecíficas, conforme ocorre entre indi- víduos da mesma espécie ou entre espécies diferentes respectivamente, conforme tabela abaixo que mostra os principais tipos de interações ecológicas possíveis de ocorrer entre organismos de duas espécies. Para Lerípio (2001), ecossistema é o conjunto formado pelo meio ambiente, pelos seres que aí vivem e pela dependência recíproca. É a unidade fundamental da ecologia. 9UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade 2. DEGRADAÇÃO AMBIENTAL CAUSADA PELO DESMATAMENTO Por volta de 1966, o governo criou uma política de incentivos fiscais em nome do desenvolvimento econômico e os agricultores para terem direito de receber o incentivo financeiro para plantar e adquirir equipamentos necessitavam assumir compromisso de desmatar. Após anos de incentivos à produção e à ocupação de terras, os sinais de des- truição ficam mais claros. Em 1978, a área desmatada chegou a 14 milhões de hectares. Esse processo de desmatamento trouxe prejuízos ambientais e socioeconômicos muito significativos como: ● A ocorrência de desequilíbrios climáticos com diminuição das chuvas devido à alteração das áreas de mata e do clima, causando grandes períodos de estiagem, e redução da umidade relativa do ar, pois com a remoção das folhagens há uma queda da regulação da temperatura ambiental, deixando-a mais alta e instável; Perda de biodiversidade da fau- na e flora nativas e com isso, o equilíbrio ecológico pode tornar-se ameaçado; Degradação de mananciais ao remover a proteção das nascentes e prejudicar a impermeabilização do solo em torno da água; O esgotamento dos solos com a intensificação de processos de erosão e desertificação. Além dos problemas anteriormente citados, para a sociedade o desmatamento ainda traz diversos prejuízos como o enfraquecimento do ecoturismo, diminuição das pos- sibilidades de pesquisas para a área de fármaco, perda qualidade da água, aumento da 10UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade resistência a doenças e pragas na agricultura que provém muitas vezes do cruzamento entre espécies nativas próximas. Segundo Castro (2005), a exploração de madeiras no Brasil foi responsável pelo desaparecimento de espécies de árvores e animais que perderam seu habitat. Para Margulis (2003) a pecuária constitui a principal atividade responsável pela maior parte do desmatamento. A redução dos tamanhos das florestas naturais em todo o mundo tem ocorrido como resultado, principalmente, de incêndios, corte de árvores para propósitos comerciais, devastação de terras para utilização da agropecuária, ou até fenômenos naturais. O desmatamento pode causar diversos impactos para o meio ambiente, como: Degradação de habitat, erosão, perda da biodiversidade, modificação do clima, impactos sociais. A destruição desses ambientes afeta essas pessoas de tal modo, aumentando a sua pobreza e obrigando-as, muitas vezes, a mudarem-se para outras regiões, buscando uma forma de manter-se. Segundo Marcovitch, J.; Pinsky,V. (2020, p. 02) entre 2019 e 2020: O desmatamento na Amazônia e as queimadas elevaram-se a níveis expo- nenciais, prejudicando seriamente a imagem do Brasil no exterior. Chefes de Estado e destacados membros da comunidade científica, lideranças empresa- riais e dirigentes de organizações da sociedade civil manifestaram sua extre- ma preocupação com o aumento alarmante das taxas de desmatamento no grande bioma. Fundos de investimentos e coalizões empresariais criticaram veementemente a conduta institucional que facilitou os perigosos eventos. A Noruega e a Alemanha, principais doadores ao Fundo Amazônia, registraram sua insatisfação com a política ambiental do governo federal. Em síntese, am- pliou-se cada vez mais, no exterior e na cena interna, um clamor tão aceso quanto as labaredas que ameaçam a maior biodiversidade vegetal do mundo. Segundo Fonseca et al. (2020, p. 03) as florestas degradadas na Amazônia Legal somaram 283 quilômetros quadrados em julho de 2020, o que representa um aumento de 110% em relação a julho de 2019, quando a degradação detectada foi de 135 quilômetros quadrados. Emjulho de 2020 a degradação foi detectada no Mato Grosso (78%), Pará (10%), Amazonas (5%), Roraima (5%) e Acre (2%). 11UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade 3. INDUSTRIALIZAÇÃO E SEUS EFEITOS No Brasil somente no final do século XIX e começo do século XX que grandes fazendeiros de São Paulo que enriqueceram com o café, começaram a investir no setor industrial de forma significativa, havendo desta forma grande investimento no desenvolvi- mento industrial nas grandes cidades da região Sudeste. Além do capital interno investido pelos cafeicultores, houve a abertura da economia com incentivos fiscais para o capital internacional e muitas nações europeias investiram seu capital na produção agrícola, na urbanização e no extrativismo de riquezas naturais no Brasil. Diversas multinacionais, prin- cipalmente montadoras de veículos, construíram grandes fábricas em cidades como São Paulo, São Bernardo do Campo, Guarulhos, Santo André, Diadema,Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Segundo Silva (2013, p. 166) no século XX; No processo de industrialização e mecanização da agricultura fez com que muitos trabalhadores rurais migraram para as cidades atraídos em busca de trabalho nas fábricas e melhores salários, e o resultado disso foi o êxodo rural do Nordeste para o Sudeste do país. Os migrantes nordestinos fugitivos da seca do Nordeste e do desemprego foram em busca de trabalho e melhores condições de vida nas grandes cidades do Sudeste. Agregado à Revolução Industrial ocorreu também uma Revolução Agrícola. A utilização de novos métodos agrícolas, rotação de safras, sementes selecionadas e o surgimento de novos equipamentos agrícolas, produziram um extraordinário aumento na produção de alimentos. Grandes proprietários rurais passaram a investir na tecnologia de 12UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade produção agrícola, fato que levou a agricultura ter como fonte principal do progresso técnico a mecanização e o desenvolvimento de produtos químicos e biológicos, optando pela mo- nocultura, ou seja, uma área de cultivo muito grande com uma mesma espécie. Outro fato relacionado à migração interna ou ao êxodo rural ocorreu com a construção de Brasília, no final da década de 1950. Muitos migrantes do Norte e Nordeste do país foram em busca de empregos na região central do país, principalmente na construção civil. As cidades satélites de Brasília cresceram desordenadamente, causando vários problemas sociais, que persis- tem até os dias de hoje. Este processo estendeu-se com força durante as décadas de 70 e 80, entretanto como as cidades não ofereciam infraestrutura adequada aos migrantes, passam a residir em habitações sem boas condições como favelas e cortiços. Como os empregos não eram suficientes para todos, e como agravante a grande maioria dos imigrantes não possuíam qualificação necessária para o trabalho especificado, muitos deles partiam para o mercado de trabalho informal, e outros acabavam incorporando à grande massa dos mendigos. De acordo com dados da ONU, em 2050, 60% da população mundial residirá nas cidades, realidade muito diferente da década de 50, quando para cada 2 moradores da zona rural, existia aproximadamente 1 morador das cidades, conforme demonstra o gráfico abaixo. GRÁFICO 01: ÊXODO RURAL NO MUNDO, 1950 - 2030 Fonte: ONU, 2012 Entretanto, os efeitos da Revolução Industrial no Brasil foram positivos em muitos aspectos, pois ocorreu um enorme aumento da produtividade, em função da utilização dos equipamentos mecânicos, da energia a vapor e, posteriormente, da eletricidade, que passaram a substituir a força animal. 13UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade O processo de urbanização influiu positivamente em alguns indicadores na- cionais, no decorrer do século XX. Os principais exemplos foram a queda da mortalidade infantil (que passou da taxa de 150 mortes para cada mil nascidos vivos em 1940 para 29,6 em 2000), o aumento da expectativa de vida (40,7 anos de vida média em 1940 para 70,5 em 2000), a queda da taxa de fertilidade (6,16 filhos por mulher em idade fértil em 1940 para 2,38 em 2000) e o nível de escolaridade (55,9% de analfabetos em 1940 para 13,6% em 2000). Foi notável também a ampliação do saneamento e a ampliação da coleta de lixo domiciliar, mas apesar da melhora referida alguns desses indi- cadores ainda deixam muito a desejar. (MARICATO, 2005, p. 01) Relacionado à questão ambiental, um dos aspectos negativos é que a revolução industrial trouxe aumento da poluição do ar e dos rios, pois muitas indústrias passaram a jogar produtos químicos e lixo em rios e córregos. Uso de mão de obra infantil (na primeira etapa da industrialização). A industrialização trouxe um mundo de consumo, que convive com a miséria social, com o desprezo e a falta das condições mínimas, muitas vezes, de sobrevivência. O Brasil possui uma grande quantidade de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza. Assim, por representar um país subdesenvolvido emergente, a pobreza no Brasil apresenta elevados patamares. O gráfico abaixo mostra a evolução da desigualdade de renda no Brasil desde 1976. A medida adotada é o Coeficiente de GINI2 , tido como padrão internacional para mensurar a desigualdade de renda. Quanto menor o coeficiente de GINI, menor é a desigualdade de renda dentro de um país. Para que as pessoas melhorem de vida, e o abismo entre ricos e pobres diminua, a renda das famílias mais pobres precisam crescer. Mas nada disso é possível se um país não se desenvolver como um todo. GRÁFICO 02: EVOLUÇÃO DA DESIGUALDADE DE RENDA NO BRASIL DESDE 1976 Fonte: www.ipea.gov.br. IPEA (Instituto de Pesquisa e Estatística Aplicada). 2 Desenvolvido pelo matemático italiano Corrado Gini, o Coeficiente de Gini é um parâmetro internacional usado para medir a desigualdade de distribuição de renda entre os países. 14UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade 4. CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Ao longo da história o próprio conceito de desenvolvimento tem sofrido diversas alterações. Quando falávamos em crescimento econômico entendíamos que estávamos desen- volvendo, e nem se quer imaginávamos que uma simples palavra como desenvolvimento pudesse significar tanto para uma nação como para o meio ambiente. Dizer que uma nação cresceu, significa que ela realmente está progredindo, avan- çando, mas não necessariamente significa que está desenvolvendo, pois desenvolvimento engloba crescer além do aspecto geográfico, econômico, mas também social, dando condi- ções dignas para que a população possa ter moradia, alimentação, saúde, lazer, educação, etc. Importante ressaltar que o aspecto ambiental nem era comentado, neste conceito de desenvolvimento implantado. Entre os indicadores de mensuração do crescimento econômico, está o Produto Interno Bruto (PIB), que pode ser definido como “o valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos em um país em um dado período de tempo” (SALES, 2013, p. 62) nos setores de agropecuária, serviços e indústria. Dessa forma, quando comparado o PIB de um ano e este é superior ao anterior, houve crescimento do país, o oposto, recessão. (PASSOS, 2012). Já o conceito de Desen- volvimento Econômico está relacionado à melhoria do bem-estar da população. 15UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade Furtado (1983, p. 90) distingue os conceitos de crescimento e desenvolvimento da seguinte forma: Assim, o conceito de desenvolvimento compreende a ideia de crescimento, superando-a. Com efeito: ele se refere ao crescimentode um conjunto de es- trutura complexa. Essa complexidade estrutural não é uma questão de nível tecnológico. Na verdade, ela traduz a diversidade das formas sociais e eco- nômicas engendradas pela divisão do trabalho social. Porque deve satisfazer às múltiplas necessidades de uma coletividade é que o conjunto econômico nacional apresenta sua grande complexidade de estrutura. Esta sofre a ação permanente de uma multiplicidade de fatores sociais e institucionais que es- capam à análise econômica corrente [...] O conceito de crescimento deve ser reservado para exprimir a expansão da produção real no quadro de um sub- conjunto econômico. Esse crescimento não implica, necessariamente, modi- ficações nas funções de produção, isto é, na forma em que se combinam os fatores no setor produtivo em questão. Com a definição dada pelo autor constata-se que o crescimento econômico nem sempre garante o desenvolvimento, ou seja, mesmo que haja crescimento na geração de riqueza se esta não for distribuída de forma justa, não necessariamente trará melhorias na qualidade de vida da população em geral. Para Sachs (2004, p. 13): ... os objetivos do desenvolvimento vão bem além da mera multiplicação da riqueza material. O crescimento é uma condição necessária, mas de forma al- guma suficiente (muito menos é um objetivo em si mesmo), para se alcançar a meta de uma vida melhor, mais feliz e mais completa para todos. Para Sachs (2004, p. 13) o termo desenvolvimento sustentável abrange oito dimen- sões da sustentabilidade, pois somente se considera desenvolvimento sustentável quando há o atendimento de todas as dimensões: ambiental, econômica, social, cultural, espacial, psicológica, política nacional e internacional. Brasileiro (2006, p. 88) aponta que: “embora tenha ocorrido uma evolução sobre o conceito nas últimas décadas, a atual busca pelo desenvolvimento continua primando pelo crescimento econômico, em primeiro plano, continuando a negligenciar a distribuição desigual das riquezas; o agravamento da pobreza e exclusão social; a precarização das relações de trabalho; e o esgotamento dos recursos naturais’”. Como Sustentável é um adjetivo que qualifica o substantivo Desenvolvimento, se- gundo Bellia (1996), não é quantificável, pode-se admitir que cada um tem direito de emitir seu conceito próprio ou adaptá-lo conforme suas necessidades ou interesses. O conceito proposto pela ONU, pelos seus fóruns específicos, e mais tarde pela Conferência do Rio de Janeiro (Rio-92). É considerado um dos conceitos, mas não o único. 16UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade Assim, o termo “desenvolvimento sustentável” surgiu a partir de estudos da Organi- zação das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas. Nasceu com a intenção de dar uma resposta para a humanidade diante da crise social e ambiental pela qual o mundo passava. O Conceito de desenvolvimento sustentável, conforme o Relatório de Brundtland3 de 1991 pressupõe um modelo de desenvolvimento que “atenda às necessidades da atual geração, sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem às suas pró- prias necessidades”. Desenvolvimento sustentável traz melhoria na qualidade de vida de todos os habitantes do mundo sem aumentar o uso de recursos naturais além da capaci- dade da Terra. A construção do conceito de desenvolvimento sustentável continuou durante a Cú- pula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, da ONU, realizada em Joanesburgo, África do Sul, em 2002. 3 Relatório Brundtland é o documento intitulado Nosso Futuro Comum (Our Common Future), publicado em 1987. 17UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade 5. AS DIMENSÕES DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A Declaração de Joanesburgo estabelece que o desenvolvimento sustentável se baseia em três pilares: desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e proteção ambiental, conforme demonstrado abaixo na figura 01. FIGURA 01: DESENHO ESQUEMÁTICO RELACIONANDO PARÂMETROS PARA SE ALCANÇAR O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Fonte: Disponível em: Revista Visões 4ª Edição, Nº4, Volume 1 - Jan/Jun 2008. Acesso em: 18 jan. 2019. 18UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade Segundo Mikhailova (2004) os dados publicados em 2004 pela Revista Economia e Desenvolvimento, n° 16, relata que o desenvolvimento sustentável pode requerer ações distintas em cada região do mundo, os esforços para construir um modo de vida verdadei- ramente sustentável requer a integração entre: ● Crescimento e Eqüidade Econômica – Lançar os olhos para todas as nações de forma que possam estar integradas promovendo um crescimento responsável. ● Saber usar os recursos do planeta de forma eficiente, visando um mercado competitivo que busque a internacionalização de custos ambientais. Assim, a sustenta- bilidade seria alcançada pela racionalização econômica local, nacional e planetária. Para se implementar a sustentabilidade seria necessária a racionalização econômica local e nacional (RATTNER, 1999). ● Conservação de Recursos Naturais e do Meio Ambiente – buscar reduzir o con- sumo de recursos e diminuir a poluição e conservar os habitats naturais. ● Desenvolvimento Social – buscar a igualdade de condições, de acesso a bens, da boa qualidade dos serviços necessários para uma vida digna, onde as pessoas possam ter emprego, alimentação, educação, energia, serviço de saúde, água e saneamento, res- peito aos seus direitos trabalhistas e as suas diversidades culturais. Complementando Ignacy Sachs, citando (MONTIBELLER-FILHO, 2004) entende que para atingirmos a sustentabilidade do ecodesenvolvimento precisamos contemplar cinco dimen- sões: a) Sustentabilidade social: o processo deve se dar de maneira que reduza substan- cialmente as diferenças sociais. b) Sustentabilidade econômica: define-se por uma “alocação e gestão mais efi- cientes dos recursos e por um fluxo regular do investimento público e privado”. A eficiência econômica deve ser medida, sobretudo em termos de critérios macrossociais. c) Sustentabilidade ecológica: compreende o uso dos potenciais inerentes aos variados ecossistemas compatíveis com sua mínima deterioração. d) Sustentabilidade espacial/geográfica: pressupõe evitar a excessiva concentração geográfica de populações, de atividades e do poder. Busca uma relação mais equilibrada cidade/campo. e) Sustentabilidade cultural: significa traduzir o “conceito normativo de ecodesen- volvimento em uma pluralidade de soluções particulares, que respeitem as especificidades de cada ecossistema, de cada cultura e de cada local”. 19UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade Entretanto, Godefroid (2016) concorda com todas as dimensões anteriormente citadas e complementa que é necessário incorporar entre elas o fim da pobreza, da tirania, da carência de oportunidades econômicas e o fim da negligência dos serviços públicos, da intolerância ou interferência excessiva de Estados repressivos. E segundo o Relatório da Comissão Brundtland, uma série de medidas devem ser tomadas pelos países para promover o desenvolvimento sustentável. Entre elas: 1. Limitação do crescimento populacional; 2. garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) a longo prazo; 3. Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas; 4. Diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis; 5. Aumento da produção industrial nos países não-industrializados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas; 6. Controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades menores; 7. atendimento das necessidades básicas (saúde, escola, moradia).Já em âmbito internacional, as metas propostas pelo Relatório da Comissão Brundtland estabelecem: ● adoção da estratégia de desenvolvimento sustentável pelas organizações de desenvolvimento (órgãos e instituições internacionais de financiamento); ● Proteção dos ecossistemas supra-nacionais como a Antártica, oceanos, etc, pela comunidade internacional; ● Banimento das guerras; ● implantação de um programa de desenvolvimento sustentável pela Organização das Nações Unidas (ONU, 2015). Algumas outras medidas para a implantação de um programa minimamente adequado de desenvolvimento sustentável são: ● Uso de novos materiais na construção; ● Reestruturação da distribuição de zonas residenciais e industriais; ● Aproveitamento e consumo de fontes alternativas de energia, como a solar, a eólica e a geotérmica; ● Reciclagem de materiais reaproveitáveis; ● Consumo racional de água e de alimentos; ● Redução do uso de produtos químicos prejudiciais à saúde na produção de alimentos. 20UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade 6. OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Para a Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD, 1991) os objetivos que derivam do conceito de desenvolvimento sustentável estão relacionados com o processo de crescimento da cidade e objetiva a conservação do uso racional dos recursos naturais incorporados às atividades produtivas. Entre esses objetivos estão: ● Crescimento renovável; ● Mudança de qualidade do crescimento; ● Satisfação das necessidades essenciais por emprego, água, energia, alimento e saneamento básico; ● Garantia de um nível sustentável da população; ● Conservação e proteção da base de recursos; ● Reorientação da tecnologia e do gerenciamento de risco; De acordo com o Guia sobre Desenvolvimento Sustentável, no ano de 2016 entrou em vigor a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) intitulada “Transformar o nosso mundo: Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável”. Para Alves (2015, p 3), “a concepção dos cinco P ‘s é eloquente, pois estabelece cinco prioridades equidistantes, projetadas dentro de um círculo, cujo centro é um pentágo- no, representando o “desenvolvimento sustentável”. No topo do desenho estão colocadas as Pessoas (erradicação da pobreza), no nível intermediário estão o Planeta (recursos 21UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade naturais e clima) e a Prosperidade (bem-estar humano) e, na base do círculo, estão a Paz (sociedades pacíficas, justas e inclusivas) e as Parcerias (governança global sólida). Os cinco componentes por sua vez sustentam o acordo com o estabelecido nos 17 objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS). Os temas definidos como ODS são muitos, mas basicamente têm um ponto em comum: tornar o desenvolvimento humano mais seguro e garantir condições de vida ade- quadas sob o ponto de vista social, ambiental e econômico. No coração da agenda 2030 estão cinco Eixos de atuação para o Desenvolvimento Sustentável, (5Ps da sustentabilidade), sendo: pessoas, prosperidade, paz, parcerias e planeta, conforme demonstrado na figura 02: FIGURA 02: OS CINCO P’S DA AGENDA 2030 Fonte: Disponível - http://www.agenda2030.com.br/ . Acesso 18 jan.2021. Encontrar as interdependências entre os dezessete objetivos nos ajuda a encontrar as raízes dos problemas e criar soluções sustentáveis de longo prazo. O objetivo de uma agenda é sempre, em primeiro lugar, organizar os temas e faci- litar o entendimento das pessoas para, em seguida, mobilizar, engajar e convocar à ação. O desejo da Organização das Nações Unidas - ONU com estabelecimento dessa agenda é levar todos os países a aspirar o desenvolvimento, mas não a qualquer custo, em prejuízo de pessoas e do planeta. Para a ONU, é fundamental que a agenda seja “sustentável”, isto é, equilibre novas respostas e soluções econômicas, ambientais e sociais, algo que apenas será possível 22UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade se cada indivíduo, e cada uma das instituições (governos, empresas, organizações da sociedade civil) mudem atitudes e comportamentos na direção de um jeito melhor de viver no planeta no século 21”. Para melhor entendimento os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) significam. 1 - Erradicação da pobreza: “Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares”. 2 - Fome zero e agricultura sustentável: “Acabar com a fome, alcançar a segu- rança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável”. 3 - Saúde e bem estar: “Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”. 4 - Educação de qualidade: “Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qua- lidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”. 5 - Igualdade de gênero: “Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”. 6 - Água potável e saneamento: “Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos”. 7 - Energia acessível e limpa: “Assegurar o acesso confiável, sustentável, moder- no e a preço acessível à energia, para todos”. 8 - Trabalho decente e crescimento econômico: “Promover o crescimento eco- nômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todos. 9 - Indústria, inovação e infra-estrutura: “Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todos”. 10 - Redução das desigualdades: “Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles”. 11 - Cidades e comunidades sustentáveis: “Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles”. 12 - Consumo e produção responsáveis: “Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis”. 13 - Ação contra mudança global do clima: “Tomar medidas urgentes para com- bater a mudança do clima e seus impactos”. 23UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade 14 - Vida na água: “Conservar e usar sustentavelmente os oceanos, os mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável”. 15 - Vida terrestre: Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossis- temas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra, e deter a perda de biodiversidade. 16 - Paz, justiça e instituições eficazes: Promover sociedades pacíficas e inclu- sivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis. 17 - Parcerias e meios de implementação: Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável Para que todos esses objetivos se tornem realidade, é importante que haja relações de parceria e cooperação entre as nações. Por isso, uma das metas da Agenda 2030 é que os países em melhores condições financeiras ajudem os “países em desenvolvimento a alcançar a sustentabilidade da dívida de longo prazo, por meio de políticas coordenadas destinadas a promover o financiamento, a redução e a reestruturação da dívida, conforme apropriado, e tratar da dívida externa dos países pobres altamente endividados para reduzir o superendividamento. 24UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade 7. CONTROLE DA QUALIDADE AMBIENTAL – SOLO, ÁGUA E AR A Lei 6.938/81 foi a primeira norma brasileira a definir legalmente o meio ambiente. De acordo com o art. 3º, I da referida lei, meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interaçõesde ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Ademais, em seu art. 2º, I, temos o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo. Desta forma, considera-se, de maneira geral, que a qualidade do meio ambiente constitui fator determinante para o alcance de uma melhor qualidade de vida. Sewell (1978, p. 01) define controle ambiental como: o ato de influenciar as atividades humanas que afetem a qualidade do meio físico do homem, especialmente o ar, a água e características terrestres”. Nesse contexto, considera-se que controlar e manter um elevado padrão de qualidade ambiental constitui um grande desafio, tendo em vista as condições atuais de grande parte das cidades do mundo contemporâneo, principalmen- te àquelas dos países “subdesenvolvidos” como o Brasil que passaram por um processo de urbanização desenfreado e que continuam se expandindo de maneira caótica e desumana, expressando, respectivamente, desordem e injustiças sociais. Dentro do contexto de qualidade ambiental, Machado (1997, p. 16), relata que a importância da qualidade do solo na manutenção do ecossistema. Nesse sentido, Motta (2001) diz que a qualidade do solo está intimamente ligada a capacidade de exercer suas funções na natureza que são: funcionar como meio para o crescimento das plantas; regular e compartimentalizar o fluxo de água no ambiente; esto- 25UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade car e promover a ciclagem de elementos na biosfera; e servir como tampão ambiental na formação, atenuação e degradação de compostos prejudiciais ao ambiente. Para Machado (1997, p. 16), a qualidade do solo tem efeitos profundos na saúde e na produtividade de um determinado ecossistema e nos ambientes a ele relacionados. Diferentemente do ar e da água, para os quais existem padrões de qualidade, a definição e quantificação da qualidade do solo não é simples em decorrên- cia da complexidade dos fatores envolvidos e de não ser o solo consumido diretamente pelo homem e animais. A qualidade do solo é aceita, frequen- temente, como uma característica abstrata que depende, além de seus atri- butos intrínsecos, de fatores externos, como as práticas de uso e manejo, de interações com o ecossistema e das prioridades socioeconômicas e po- líticas. O conceito do que seja um solo com qualidade depende das priori- dades previamente estabelecidas. Contudo, deve levar em consideração a sua funcionalidade múltipla para não comprometer, no futuro, o desempenho de algumas de suas funções. Assim, um determinado tipo de solo pode ser considerado com boa qualidade quando apresentar a capacidade, dentro dos limites de um ecossistema natural ou manejado, de manter a produtividade e a biodiversidade vegetal e animal, melhorar a qualidade do ar e da água e contribuir para a habitação e a saúde humana. (MACHADO, 1997, p. 16). Entretanto, Machado (1997, p. 18), relata que os solos são de vital importância à manutenção da vida na Terra e possuem cinco papéis básicos ou funções no nosso ambiente: O solo sustenta o crescimento da flora, principalmente fornecendo a estrutura ne- cessária para a sua existência. As características dos solos determinam o destino da água na superfície da Terra, essencial para a sobrevivência. O solo desempenha um papel essencial na reciclagem de nutrientes e no destino que se dá aos corpos de animais (incluindo o homem) e restos de plantas que morrem na superfície da Terra. O solo é o habitat, a casa de muitos organismos. Os solos são capazes de fornecer material para construção de casas e edifícios, além de proporcionar a fundação para essas construções. Segundo a Embrapa (1997) a avaliação quantitativa da qualidade do solo é funda- mental na determinação da sustentabilidade dos sistemas de manejo utilizados. A determi- nação de indicadores de qualidade de solo se faz necessária para possibilitar a identificação de áreas problemas utilizadas na produção, fazer estimativas realistas de produtividade, monitorar mudanças na qualidade ambiental e auxiliar agências governamentais a formular e avaliar políticas agrícolas de uso da terra. Com relação à água seu controle tem relação com o uso que se faz dessa água. Por exemplo, uma água de qualidade adequada para uso industrial, navegação ou geração 26UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade hidrelétrica pode não ter qualidade adequada para o abastecimento humano, a recreação ou a preservação da vida aquática. Os padrões de qualidade são fixados por entidades públicas, com o objetivo de garantir que a água a ser utilizada para um determinado fim não contenha impurezas que venham a prejudicá-lo. Existe uma grande variedade de indicadores que expressam aspectos parciais da qualidade das águas. No entanto, não existe um indicador único que sintetize todas as variáveis de qualidade da água. Geralmente são usados indicadores para usos específicos, tais como o abastecimento doméstico, a preservação da vida aquática e a recreação de contato primário (balneabilidade). No tocante ao abastecimento público o controle da qualidade é feito no momento em que a água entra na estação, estendendo-se até as residências, onde existe um mo- nitoramento através de coletas nas residências, escolas, creche e hospitais, realizados semanalmente, sendo que a potabilidade da água tem de estar de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde). Uma forma de definir a qualidade das águas dos mananciais é enquadrá-los em classes, em função dos usos propostos para os mesmos, estabelecendo-se critérios ou condições a serem atendidos. De acordo com a RESOLUÇÃO CONAMA N° 357/ 2005, que dispõe sobre a classi- ficação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências, os corpos hídricos nacionais são classificados em nove classes, sendo as cinco primeiras classes de água doce (baixa quantidade de sais minerais), as duas seguintes de água salinas (média quantidade de sais minerais), e as duas últimas de águas salobras (alta quantidade de sais minerais), (BRASIL, 2005). Para cada classe citada acima existem restrições de uso e lançamento de efluentes, sendo que a classe que mais possui restrições de uso é a Classe Especial. No tocante ao controle de qualidade do ar, sua gestão envolve medidas mitigadoras que tenham como base a definição de limites permissíveis de concentração dos poluentes na atmosfera, restrição de emissões, bem como um melhor desempenho na aplicação dos instrumentos de comando e controle, entre eles o licenciamento e o monitoramento. Em nível federal, a primeira legislação mais efetiva de controle da poluição atmos- férica foi a Portaria do Ministério do Interior de nº 231, de 27 de abril de 1976, que visava 27UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade a estabelecer padrões nacionais de qualidade do ar para material particulado, dióxido de enxofre, monóxido de carbono e oxidantes fotoquímicos. Nesse contexto de demandas institucionais e normativas, o CONAMA, por meio da Resolução nº 05 de 15 de junho de 1989, criou o Programa Nacional de Controle de Qualidade do Ar - PRONAR, com o intuito de “permitir o desenvolvimento econômico e social do país de forma ambientalmente segura, pela limitação dos níveis de emissão de poluentes por fontes de poluição atmosférica, com vistas à melhora da qualidade do ar, ao atendimento dos padrões e estabelecidos e o não comprometimento da qualidade do ar nas áreas consideradas não degradadas”. Como medidas de curto prazo foram estabelecidas:a definição dos limites de emissão para fontes poluidoras prioritárias; a definição dos padrões de qualidade do ar; o enquadramento das áreas na classificação de usos pretendidos; o apoio à formulação dos Programas Estaduais de Controle de Poluição do Ar; a capacitação laboratorial e a capacitação de recursos humanos. Entretanto, os avanços observados foram limitados, tendo sido fixados tão somente limites de emissão para óleo e carvão. Maiores avanços deram-se quanto à definição dos padrões de qualidade do ar. 28UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade 8. EDUCAÇÃO AMBIENTAL As práticas educativas ambientais devem proporcionar mudanças de hábitos, ati- tudes e práticas sociais, sendo, portanto, a Educação Ambiental o caminho para que as pessoas adquiram consciência da importância de terem atitudes sustentáveis. É inegável que a educação ambiental contribui significativamente para a proteção do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida. Nesse sentido, Medina, (2001, p. 20) aponta que: Há de se promover urgente conscientização social sobre a problemática do meio ambiente visando à educação e ética ambientais, proporcionando, por consequência, uma vida mais saudável para a população mundial, que esbarra com as novas tecnologias e o crescimento demográfico, que estão ocorrendo sem o devido cuidado com o meio ambiente. Imprescindível, por- tanto, um esforço para a educação em questões ambientais dirigidas tanto às gerações jovens como aos adultos e que se preste a devida atenção ao setor da população menos privilegiado, para fundamentar as bases de uma opinião pública bem informada e de uma conduta dos indivíduos, das empresas e das coletividades inspirada por sua responsabilidade sobre a proteção e melhoria do meio ambiente em toda sua dimensão humana. Mudança de paradigmas implica discutir valores para construir uma sociedade mais justa, que satisfaça as necessidades das gerações atuais, sem comprometer a sobrevivên- cia das futuras gerações. Segundo Ministério do Meio Ambiente (2015) a atuação dos educadores ambientais nas políticas públicas de águas é portadora de um significativo potencial sinérgico capaz de incutir e sedimentar uma perspectiva realmente sistêmica, integradora e ambiental como 29UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade diferencial para qualificar a gestão dos recursos hídricos no país e promover a efetiva me- lhoria nas condições de vida das pessoas e do meio com o qual convivem. Para Medina (2001) dentre várias definições sobre o que é EA, destaca-se: a Educação Ambiental como processo [...] consiste em propiciar às pessoas uma compreensão crítica e global do ambiente, para elucidar valores e de- senvolver atitudes que lhes permitam adotar uma posição consciente e par- ticipativa a respeito das questões relacionadas com a conservação e a ade- quada utilização dos recursos naturais deve ter como objetivos a melhoria da qualidade de vida a eliminação da pobreza extrema e do consumismo desenfreado. (MEDINA, 2001, p. 17). Assim, a promoção de processos continuados e permanentes de desenvolvimento de capacidades e de Educação Ambiental para a Gestão de Águas constitui iniciativa es- tratégica fundamental para assegurar a sustentabilidade do crescimento da economia e a promoção do desenvolvimento sustentável. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2015). Entendendo que educação ambiental é um processo que deve partir do interno para o externo, levando a mudanças de hábitos e comportamentos como pequenas iniciativas no lar, escola, bairro, até alcançar uma abrangência mais ampla, que envolva uma região, estado, país, beneficiando todo o ecossistema e a humanidade, nesse processo, a família e a escola figuram como os principais responsáveis por disseminar a importância dos bons hábitos e da consciência ambiental. Os resultados obtidos são levados pelo resto da vida e disseminados, garantindo a eficácia e a construção de uma sociedade mais responsável ecologicamente. No Brasil, com a aprovação da Lei nº 9.795/1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, e dentre várias premissas, a lei afirma trata-se de um componente es- sencial e permanente da educação no Brasil, que deve estar presente de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal. A Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA (Lei 9.795/1999) estabelece, como um dos objetivos estratégicos da EA, o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania. De forma coerente com a política das águas, a construção de uma cultura da participação, qualificada com o diálogo, mostra-se como um dos eixos centrais da PNEA. Segundo o artigo 1º da Lei 9.795/1999, entende-se por educação ambiental: Os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem va- lores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essen- cial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL, PNEA, 1999). E complementa ainda no seu artigo 5º, também como um dos seus objetivos funda- mentais que a educação ambiental deve promover o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos. 30UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade SAIBA MAIS Com o desenvolvimento das atividades industriais vieram grandes impactos ambientais e isso não é nenhum segredo. O ritmo acelerado dessas atividades impede que o meio ambiente tenha tempo necessário para se recuperar do consumo dos seus recursos pelo homem e dos resíduos gerados por eles. Para tentar diminuir esse impacto, vários estudos e discussões vêm sendo realizados há mais de duas décadas pelos países, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento sustentável. Isso trouxe algumas melhorias ao longo dos anos, mas muito ainda tem que ser feito diante desse problema global visando atitudes mais sustentáveis. Desenvolvimento sustentável e sustentabi- lidade, esses dois termos muitas vezes se confundem, mas têm significados distintos. Fonte: desenvolvimento das atividades industriais. Adaptado. Disponível em: <http://www.teraambiental. com.br/blog-da-tera-ambiental/sustentabilidade-e-desenvolvimento-sustentavel-conheca-a-diferenca>. Acesso em: 20 jan.2021. REFLITA As plantas e os animais são essenciais para a manutenção da vida na Terra. As plantas fazem, entre outras coisas, a fotossíntese, absorvendo gás carbônico e liberando oxigê- nio. Os animais são agentes polinizadores, garantindo a germinação de novas árvores. Um beneficia o outro, e todos são beneficiados. Por isso é tão importante a proteção ambiental. Você consegue imaginar este planeta sem plantas e animais? Por que é importante cuidar dos animais e do meio ambiente? Talvez você nunca tenha pensado a respeito disso, no entanto os animais estão sempre presentes em nosso cotidiano e muitas vezes não damos conta de sua presença. Se estendermos essa pergunta ao uni- verso ecológico, vamos perceber que sem os animais habitando o planeta Terra a vida simplesmente iria se extinguir. Fonte: Por que é importante cuidar dos animais e do meio ambiente. Disponível em: https://www.lbv.org/ por-que-e-importante-cuidar-dos-animais-e-do-meio-ambiente. Adaptado. Acesso 22 jan.2021. 31UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade CONSIDERAÇÕESFINAIS Diante da intensa degradação da natureza, medidas urgentes devem ser tomadas por todos a benefício do homem e do próprio meio ambiente a fim de minimizar os impactos negativos que tem levado os recursos naturais e a escassez em nome da melhoria da qualidade de vida. Estamos cada vez mais questionando o atual modelo de desenvolvimento, por isso entendemos a necessidade de termos um olhar para o passado, compreender a natureza e aplicar este conhecimento a benefício do homem e da própria natureza. Segundo Lerípio (2001, p. 2), a relação meio ambiente e desenvolvimento deve deixar de ser conflitante para tornar-se uma relação de parceria. O ponto chave da questão passa a ser a necessidade de uma convivência pacífica entre a boa qualidade do meio ambiente e o desenvolvimento econômico. As florestas são imprescindíveis para a manutenção dos recursos hídricos para abastecimento das cidades, onde vive a maioria da população. O desmatamento incontro- lado e insano está causando a desertificação e levará fatalmente ao desabastecimento de água e à formação de solo improdutivo para a produção de alimentos. A natureza trabalha e produz na forma cíclica, mostrando o caminho para a atuação do homem. Todos os tipos de plantas, sejam as rasteiras, os arbustos, as árvores ou as flores, têm uma importância indispensável para a nossa qualidade de vida. As plantas nutrem os solos e ajudam a produzir alimentos e água. Suas folhas servem como adubos para a terra e tornam a natureza rica e viva. Ser sustentável não deve interferir nos ciclos naturais em que se baseia tudo o que a resiliência do planeta permite e, ao mesmo tempo, não devem empobrecer seu capital natural, que será transmitida às gerações futuras. (ALVES, 2015) 32UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade LEITURA COMPLEMENTAR Artigo 01: Olhando o passado e o futuro: revendo pressupostos sobre as inter-re- lações pessoa-ambiente Fonte: Rivlin, L. G.. Olhando o passado e o futuro: revendo pressupostos sobre as inter-relações pessoa-ambiente. Estud. psicol. (Natal). Vol.8 nº2. Natal. 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-294X2003000200003&script=sci_arttext. Acesso em: 31 jan 2021. RESUMO Este artigo examina alguns dos pressupostos que guiaram os primeiros trabalhos em Psicologia Ambiental e os revisa à luz de perspectivas contemporâneas. Muitos desses pressupostos continuam a ter relevância, mas são necessárias algumas modificações e acréscimos para dar conta do desenvolvimento em ideias e pesquisas ao longo dos anos. É preciso: ir além da pesquisa multidisciplinar, engajando-se no pensamento interdisciplinar e pesquisa em colaboração com pessoas de outras disciplinas; ampliar a atenção com as questões éticas; examinar o papel da tecnologia na vida das pessoas; e reconhecer a na- tureza holística das transações pessoa-ambiente levando em consideração a diversidade criada por idade, gênero, nível de capacidade/incapacidade, cultura e economia. Artigo 02: O conceito de “ecossistema” em teses e dissertações em educação ambiental no Brasil: construção de significados e sentidos Fonte: Danilo, S. K. , Kawasaki, C., Carvalho, L. M. de. O conceito de “ecossistema” em teses e dissertações em educação ambiental no Brasil: construção de significados e sentidos. VIII EPEA - Encontro Pesquisa em Educação Ambiental. Rio de Janeiro. 2015. Disponível em: http://epea.tmp.br/epea2015_anais/pdfs/plenary/29.pdf. Acesso: 25 jan 2021. RESUMO O presente trabalho constitui parte de uma tese, concluída em 2014, e que teve como objetivo investigar o conceito de “ecossistema” presente em teses e dissertações do campo da Educação Ambiental (EA), no período de 1980 a 2009 no Brasil. Além da caracterização dos aspectos da pesquisa em EA, analisa os significados e sentidos cons- 33UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade truídos e associados ao conceito de ecossistema nas referidas pesquisas. Este artigo foca na relação entre os núcleos de significação resultantes desta construção, e suas relações com o ensino de Ecologia e a EA. Os procedimentos metodológicos são descritos e estão fundamentados na perspectiva da análise dialógica do discurso e inseridos no contexto da pesquisa qualitativa em educação. A apresentação dos núcleos de significação construídos possibilitou a emergência de sentidos contraditórios e que são compreendidos a partir do conceito de ecossistema, mesmo que estes não sejam enunciados diretamente. Artigo 03: Efeito de vespas não-polinizadoras sobre o mutualismo Ficus – vespas de figos Fonte: Elias. L, G.; Fernado, H. A.; Pereira, R. A. S. Efeito de vespas não poliniza- doras sobre o mutualismo Ficus – vespas de figos Iheringia, Sér. Zool. vol.97 no.3 Porto Alegre Set. 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi- d=S0073-47212007000300006&lang=pt. Acesso: 08 jan. 2021. RESUMO Relações ecológicas interespecíficas, que resultam em benefício para todos os organismos participantes, são conhecidas como mutualismo. No entanto, tal cooperação abre espaço para o surgimento de estratégias oportunistas (ou de trapaça), representadas por indivíduos parasitas do mutualismo, que recebem o benefício de um dos parceiros sem oferecer nada em troca. A interação figueiras – vespas - de - figo é um sistema adequado para o estudo do mutualismo e de estratégias oportunistas (parasitas de mutualismos). Representantes do gênero Ficus (Moraceae) apresentam uma relação mutualística com pequenas vespas polinizadoras (Agaonidae) e são explorados por outras espécies de ves- pas não-polinizadoras. Esse trabalho teve como objetivo avaliar o impacto das vespas não- -polinizadoras sobre o mutualismo Ficus citrifolia e suas vespas polinizadoras, Pegoscapus tonduzi Grandi, 1919. Para tal, foi comparada a produção de aquênios (função feminina) e de fêmeas da espécie polinizadora (função masculina) entre amostras de sicônios altamen- te infestados e pouco infestados por vespas não-polinizadoras, coletadas nos municípios de Londrina (Paraná), Campinas e Ribeirão Preto (São Paulo), Brasil. Nossos resultados apontaram que as vespas não-polinizadoras exercem impacto negativo nos componentes feminino e masculino da planta, sendo maior no masculino. A produção de vespas poli- nizadoras foi cerca de sete vezes menor nos figos infestados, ao passo que a produção de aquênios foi 1,5 vez menor nesses mesmos figos. Hipóteses sobre a estabilidade do mutualismo na presença das espécies oportunistas são discutidas. 34UNIDADE I Ecologia e Sustentabilidade Ambiental, Desenvolvimento e Sustentabilidade - Meio Ambiente e Sociedade MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Educação Ambiental: Princípios e práticas Autor: Genebaldo Freire Dias Editora: Editora Gaia; Edição: 9 Sinopse: O desenvolvimento e a prática da Educação Ambiental no Brasil sempre esbarrou em graves problemas socioeconômi- cos, acrescidos da falta de materiais educativos adequados sobre Educação Ambiental (EA). Este livro reúne as informações básicas conceituais sobre a EA, faz um histórico de suas atividades pelo mundo, sugere mais de cem atividades para sua prática, fornece subsídios para a ampliação dos conhecimentos sobre EA e expõe as diferentes formas legais de ação individual e comunitária que possibilitam um exercício de cidadania, visando uma melhor qua- lidade de vida. Trata-se de uma obra inovadora pelo seu pioneiris- mo como documento para estudiosos e leigos, posicionando a EA como instrumento de busca da harmonia racional e responsável entre o homem e o seu meio ambiente. FILME/VÍDEO Título: Relações ecológicas Ano: 2016 Sinopse: A vida na terra, seja ao nível de uma pequena poça ou ao nível de um ecossistemaque abrange um continente, se resume em interações. Além de interagirem com o meio físico, os organismos interagem com indivíduos da sua espécie e com outras espécies, estabelecendo o que chamamos de Relações Ecológicas. Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=SZbMnJ99q3U 35 Plano de Estudo: ● O significado de sustentabilidade empresarial ● Avaliação do ciclo de vida ● Cadeia de suprimentos verde ● Logística reversa ● Produção + limpa e produção enxuta ● Abordagens e Modelos de Gestão Ambiental Empresarial. ● Responsabilidade social corporativa (RSC) ● Tecnologias de gestão socioambiental e as políticas ambientais. ● A criação de visão voltada à sustentabilidade ● Sistemas de diagnóstico e gestão ● Códigos de conduta ● Políticas ambientais no Brasil Objetivos da Aprendizagem: ● Discorrer sobre as Abordagens e Modelos de Gestão Ambiental Empresarial. ● Analisar conceitos sobre Responsabilidade social corporativa (RSC) e o contexto teórico para a sua compreensão e prática. ● Abordar Tecnologias de gestão socioambiental e as políticas ambientais. ● Proporcionar uma visão voltada à sustentabilidade. ● Entender os sistemas de diagnóstico e gestão. ● Conhecer o Códigos de conduta. ● Entender as Políticas ambientais no Brasil. UNIDADE II Responsabilidade Social Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco 36UNIDADE II Responsabilidade Social INTRODUÇÃO Este capítulo tratará sobre responsabilidade social como a função social das em- presas, o compromisso social e a gestão empresarial. Falaremos sobre sustentabilidade empresarial, e serão vistos outros conceitos relacionados à gestão ambiental empresarial, nesta perspectiva, os tópicos que serão abordados serão: abordagens e modelos de gestão ambiental empresarial; responsabili- dade social corporativa (contexto teórico para a sua compreensão); e abordagens sobre tecnologias de gestão socioambiental e as políticas ambientais. Falaremos que a sustentabilidade empresarial ocasiona uma mudança na filosofia empresarial, bem como nos processos organizacionais. Que a responsabilidade social tornou-se abrangente, envolvendo uma dimensão de responsabilidade para com toda a cadeia produtiva da empresa: clientes, funcionários, fornecedores, além da comunidade, ambiente e sociedade como um todo. No entanto, considera-se que a atuação empresarial pode ser abrangente e preocupante. Pode ser preocupante por dois motivos diferentes. A primeira preocupação deve-se ao fato de não contar com algumas empresas cumprindo com seu papel social e, então, dificultando ainda mais um desenvolvimento social sustentável e mais humano. As empresas são grandes centros de poder econômico e político, interferindo dire- tamente na dinâmica social. Assim, assumindo causas sociais, as empresas devolveriam à sociedade parte dos recursos humanos, naturais e financeiros que consumiram para a alavancagem do lucro de sua atividade. Esta situação tem levado diversos atores sociais a legitimarem a responsabilidade social corporativa. A segunda preocupação, porém, lança um desafio maior, pois envolve uma reflexão sobre qual sociedade é mais apropriada não somente ao desenvolvimento econômico, mas ao desenvolvimento humano. Esta discussão pode se tornar incômoda, pois, existe uma crença, que parece estar no inconsciente coletivo, de que o desenvolvimento econômico é o próprio desenvolvimento da capacidade humana e garantidor do bem comum, transfor- mando-se no denominado paradigma econômico. O avanço do poder das empresas na sociedade abarca além de suas responsabili- dades tradicionais, como fornecedora de bens e serviços, outra responsabilidade bem mais 37UNIDADE II Responsabilidade Social ampla, a do bem estar social do homem, afirmando-se como propagadora e garantidora do bem comum. A necessidade de adotar práticas de consumo sustentáveis recaiu sobre a popu- lação civil, as grandes corporações e as instituições públicas. Nesta perspectiva, emergiu o conceito de Sustentabilidade Empresarial, o qual se refere às práticas realizadas pelas organizações ou empresas no âmbito econômico, social, ambiental, cultural, entre outros, ou seja, no âmbito da Sustentabilidade. 38UNIDADE II Responsabilidade Social 1. O SIGNIFICADO DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL Conforme Philippi Junior, Sampaio e Fernandes (2017) são exemplos de conceitos (ou práticas) relacionados à Sustentabilidade Empresarial: ● Avaliação do Ciclo de Vida. ● Cadeia de Suprimentos Verde. ● Logística Reversa. ● Produção + limpa e produção enxuta. 1.1 Avaliação do Ciclo de Vida A Avaliação do Ciclo de Vida é uma técnica empregada para avaliar o desempenho ambiental de um produto no seu ciclo de fabricação (“do nascimento a morte”). Inclui a identificação e mensuração da energia, matéria-prima, água, solo e ar, os quais são aplica- dos na (i) produção, (ii) a utilização e (iii) disposição final (QUEIROZ; GARCIA, 2010). Ressalta-se que a Avaliação do Ciclo de Vida também tem o intuito de avaliar o impacto ambiental associado ao uso dos recursos naturais (energia e materiais) e emissões de poluentes. A aplicação dessa ferramenta propicia a identificação de oportunidades para melhorar o sistema de forma a aperfeiçoar o desempenho ambiental do produto (QUEIROZ; GARCIA, 2010). 39UNIDADE II Responsabilidade Social No âmbito brasileiro, a Associação Brasileira de Normas Técnicas [ABNT] (online 1), emitiu 2 normas específicas para guiar as organizações na avaliação do ciclo de vida dos produtos, são elas: ● NBR ISO 14040:2009 – Esta norma foi lançada em 2009, e foi atualizada no ano de 2014. Tem o objetivo de descrever os princípios e a estrutura de uma avaliação de ciclo de vida (ACV). ● NBR ISO 14044:2009 – Esta norma foi lançada em 2009, e foi atualizada no ano de 2014. Complementa a norma 14040. Um detalhe é que essa norma tem acesso gratuito. O foco dessa norma é a mensuração dos impactos identificados na avaliação do ciclo de vida. Na Figura 1, consta um modelo de avaliação de ciclo de vida, o qual foi retirado da norma NBR ISO 14040:2009 (atualizada em 2014) (ABNT, online): FIGURA 01 : FASES DA AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA Fonte: ISO 14040 (ABNT, 2009). Perceba, na Figura 1, que a Análise do Ciclo de Vida pode ser aplicada para os produtos, mas, também pode colaborar para o desenvolvimento do planejamento da organização, políticas públicas, gestão de projetos, etc. 40UNIDADE II Responsabilidade Social 1.2 Cadeia de Suprimentos Verde A Cadeia de Suprimentos Verde pode ser entendida como um conjunto de, no mínimo, três entidades envolvidas nos fluxos ascendentes e descendentes de produtos. Abarca desde o projeto do produto, a origem da matéria-prima até a entrega do produto ao consumidor, inclusive a disposição pós-uso do produto (ALVES; NASCIMENTO, 2014). A cadeia de suprimentos verde, ou Green Supply Chain, pode ser entendida como a integração das atividades relacionadas ao fluxo e à transformação de bens, desde a extração de suas matérias-primas até o usuário final. Trata-se de uma forma de exigir que todos os agentes envolvidos na cadeia produtiva se adequarem às questões de Sustenta- bilidade (ALVES; NASCIMENTO, 2014). Por exemplo, imagine uma multinacional que opera no setor de processamento de alimentos, e obtenha sua matéria-prima de pequenos fornecedores locais de matéria prima. Caso a multinacional exija adequações socioambientais como pré-requisito para adquirir matéria-prima, provavelmente, estes pequenos fornecedores incorporarão práticas socioambientais e contribuirão para o Desenvolvimento Sustentável. A multinacional pode exigir também dos fornecedores certificação socioambiental para continuar se relacionando com os mesmos. 1.3 Logística Reversa A Logística Reversa é uma das especializações da Logística Empresarial que planeja, opera e controla o fluxo, e as informações
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