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63 GESTAÇÃO PÓS-TERMO DEFINIÇÃO Gestação que ultrapassa 42 semanas ou 294 dias calculados a partir do primeiro dia da última menstruação. Está relacionado a maiores taxas de morbidade e mortalidade perinatal. Duração da gestação: Gestação a termo: (1) Termo precoce: 37 0/7 semanas até 38 6/7 semanas. (2) Termo completo: 39 0/7 semanas até 40 6/7 semanas. (3) Termo tardio: 41 0/7 semanas até 6/7 semanas. Gestação pós-termo: acima de 42 semanas. Gestação pré-termo: menor que 37 semanas. ESTABELECIMENTO DA IDADE GESTACIONAL DUM. Coletar história menstrual, uso de anovulatórios, correlação AU/IG, data do HCG, toque bimanual, percepção dos primeiros movimentos fetais (primigesta com 20 semanas, multíparas com 17-19 semanas). Regra de Nageale: soma-se 7 dias ao dia da DUM e subtra-se 3 do mês. USG precoce: CCN (comprimento cabeça-nádegas) entre 7-10 semanas e DBP (diâmetro biparietal) entre 18-22 semanas. FATORES DE RISCO E ETIOLOGIA Na maioria das vezes a causa é desconhecida. Maternos: (1) antecedente de gravidez pós-termo – aumenta 50% a probabilidade de repetir na gestação subsequente. (2) Nuliparidade. (3) Feto masculino. (4) Obesidade. (5) Idade materna avançada. (6) História pessoal materna do nascimento após o parto. (7) Mulheres brancas correm maior risco em comparação com outras raças e etnias. Fetais: (1) Situações que alterem a produção fetal de hormônios envolvidos no parto. (2) Anencefalia. (3) Hipoplasia de suprarrenais. MORBIDADE E MORTALIDADE Macrossomia fetal: devido à maior duração do crescimento intra-uterino, os fetos pós-termo tendem a ser maiores que os fetos a termo e têm maior incidência de macrossomia (≥ 4500 gramas: 2,5 a 10% pós-termo versus 0,8 a 1% a termo). A macrossomia aumenta os riscos de várias sequelas adversas, incluindo progressão anormal do trabalho de parto, parto cesáreo, parto vaginal assistido, distocia de ombro, lesão de nascimento materno/fetal/neonatal, hemorragia pós-parto e problemas metabólicos neonatais. Síndrome da dismaturidade fetal: está relacionada com disfunção placentária. É o crescimento fetal e placentário inadequado após 41 semanas. Ocorre alteração degenerativa placentária crescente com oxigenação fetal-placentária deficiente com incidência progressiva de líquido meconial, unidade fetal-placentária gradualmente lesada e índice aumentado de sofrimento fetal e mortes perinatais. Nesse caso, os órgãos protegidos são cérebro, coração e suprarrenal. Os mais susceptíveis a diminuição da perfusão são TGI, rins, pulmões e pele. Estágio 1: pele seca, quebradiça e descamada, unhas longas e cabelo em abundância, ausência de vérnix, aparência de desnutrido, fáscies alerta. Estágio 2: todas as características do estágio 1 + mecônio verde, sofrimento fetal ou anóxia. Estágio 3: todas as características do estágio 1 e 2 + mecônio amarelado e mortalidade perinatal. Mortalidade: a taxa de mortalidade perinatal ≥ 42 semanas de gestação é o dobro da taxa a termo, aumentando quatro vezes em 43 semanas e cinco a sete vezes em 44 semanas. Neonatos nascidos com ≥ 41 semanas de gestação apresentam um terço a mais de risco de mortalidade neonatal do que neonatos nascidos a termo com 38 a 40 semanas de gestação. No entanto, a taxa absoluta de morte fetal e neonatal é baixa. RISCOS DA GESTAÇÃO PÓS-TERMO Natimorto, anomalias, sofrimento fetal, aspiração de mecônio, instabilidade térmica, hipoglicemia, sequelas neurológicas. POR QUE NÃO INTERROMPER TODAS AS GESTAÇÕES COM SUSPEITA DE PÓS-TERMO? A IG não é precisa e o feto pode ser menos maduro do que se acredita. É difícil identificar quais fetos irão morrer ou ter morbidade elevada. A grande maioria dos fetos evolui bem. ÍNDICE DE BISHOP PONTOS 0 1 2 3 Dilatação 0 1-2 3-4 5-6 Apagamento 0-30 40-50 60-70 80 Altura apresentada -3 -2 -1/0 +1/+2 64 A indução do TP nem sempre tem sucesso. A cesárea eleva a morbimortalidade materna. MANEJO DA GESTAÇÃO PÓS-TERMO A recomendação mais utilizada é a interrupção da gestação com 41 semanas. O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas recomenda a indução do parto após 42 semanas, mas considera a indução em 41+0 a 42+0 semanas razoável. Interrupção com 41 semanas: colo favorável (índice de Bishop > 9), induzir com ocitocina. Se o colo é desfavorável (índice de Bishop < 4), prepara-lo com misoprostol e após induzir com ocitocina. O misoprostol é um análogo da PgE1 que provoca dissolução das fibras de colágeno e aumenta a água na submucosa do colo. Conduta expectante: deve-se iniciar a partir de 41 semanas. Avaliar o bem-estar fetal 2 vezes por semana até o parto, alteração dos exames ou até IG pré-definida (42 semanas). Avaliar: (1) Perfil biofísico fetal. (2) Volume de índice de líquido amniótico. (3) Movimentos fetais pela gestante (critérios de Neldhan). Perfil Biofísico Fetal (PBF): exame realizado a partir do USG. Define o risco de óbito no curso natural. Volume do líquido amniótico: (1) ILA (índice de líquido amniótico): somatório dos maiores bolsões verticais distribuídos nos quatro quadrantes uterinos. ILA normal é de 8-18cm. (2) Medida do maior bolsão de líquido amniótico. Contagem dos movimentos fetais: menos de 3 movimentos fetais em 1 hora de observação. Se alterado, realizar PBF e ILA. TABELA: COMPONENTES E SEUS SCORES DO PBF VARIÁVEL SCOR E 2 SCORE 0 Movimentos Respiratórios fetais Presença de pelo menos 30 segundos de movimento respiratório fetal sustentado em 30 minutos de observação. Menos de 30 segundos de movimentos respiratórios fetais em 30 minutos de observação. Movimentos fetais Três ou mais movimentos fetais em 30 minutos de observação; movimentos de membros e tronco simultaneamente. Dois ou menos movimentos em 30 minutos de observação. Tônus fetal Pelo menos um episódio de movimentação de um membro fletido para estendido e rápido retorno a flexão. Feto na posição semi/total extensão com nenhum retorno ou retorno lento; ausência de movimento fetal contado como ausência de tônus. Reatividade fetal Coração acelerado duas vezes ou mais pelo menos 15 bpm e durando pelo menos 15 segundos e associado com movimento fetal em 20 minutos. Nenhuma aceleração ou menos de duas acelerações do coração do feto em 20 minutos de observação. Volume do líquido amniótico Bolsa de líquido amniótico que mede pelo menos 1 cm em dois planos perpendiculares. A maior medida da bolsa de líquido amniótico mede menos de 1 cm em dos planos perpendiculares. Consistência Duro Médio Amolecido x Posição do colo Posterior Médio Anterior x 65 TABELA: SCORE DO PBF MODIFICADO. INTERPRETAÇÃO E MANEJO DA GRAVIDEZ. PBF INTERPRETAÇÃO MANEJO RECOMENDADO 10 Bebê não-asfixiado Nenhuma indicação de intervenção fetal. Reavaliar semanalmente, exceto se for paciente com DMG. Nesses casos, reavaliar 2x/semana. 8/10 com líquido normal 8/8 Bebê não-asfixiado Nenhuma indicação de intervenção fetal. Reavaliar de acordo com o protocolo para determinada IG. 8/10 com diminuição do líquido amniótico Suspeitar de asfixia crônica no bebê. Parto. 6 Provável asfixia fetal - Se o líquido amniótico estivar normal parto. - Se líquido normal > 36 semanas com colo favorável Parto. - Se < 36 semanas ou lecitina-esfingomielina, repetir o teste em 24 horas. Se o teste estiver com o mesmo resultado Parto. Se repetir o teste por > 6 Observar e repetir o protocolo. 4 Provável Asfixia fetal Repetir o teste no mesmo dia. Se PBF ≤ 6 Parto. 0-2 Asfixia fetal muito provável. Parto. AVALIAÇÃO INTRAPARTO NO PÓS-DATISMO CTG: cardiotocografia: exame que serve para monitorar a FC fetal e as contrações uterinas. É um exame simples e não- invasivo e está indicado para gestantes de risco habitual a partir das 41 semanas para avaliação da possibilidade de indução de parto. Amniotomia: ruptura artificial do saco amniótico.
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