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Orientação Pedagógica Trabalho Infantil

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combate ao
trabalho infantil
caderno de orientação pedagógica
Ministério Público do Trabalho
Coordinfância
Coordenadoria Nacional de 
Combate à Exploração do Trabalho 
da Criança e do Adolescente
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2 mpt na escola
Apresentação 
O que é trabalho infantil
Mitos e verdades 
Por que a criança não deve trabalhar
Principais formas de trabalho infantil 
O sistema de garantia de direitos 
Casos da vida real 
Atividades para sala de aula 
Referências
diretor geral
peter milko
diretor administrativo
mauro de melo jucá 
COORDENADOR DE EDUCAÇÃO
ALLAN DE AMORIM
DIRETOR DE ARTE 
ROBERTO MORGAN
TEXTO E EDIÇÃO 
DENISE PELLEGRINI
ILUSTRAÇÃO
MARCOS AURÉLIO 
CONSULTORIA PEDAGÓGICA
SUELI FURLAN
MAURÍCIO CAETANO
REVISÃO 
SIDNEY CERCHIARO
3
4
6
10
13
16
20
24
31
Sumário
produção
www.edhorizonte.com.br
Coordinfância
Coordenadoria Nacional de 
Combate à Exploração do Trabalho 
da Criança e do Adolescente
PROJETO RESGATE A INFÂNCIA - EIXO EDUCAÇÃOMinistério Público do Trabalho
H
1
MP_trabalho_infantil_5.indd 2 21/11/2017 10:11:08
3combate ao trabalho infantil
Atualmente, são pelo menos 2,7 milhões de meninos e meninas, de 5 
a 17 anos, trabalhando irregularmente no Brasil. Isso é equivalente a 35 estádios 
do Maracanã lotados. 
As consequências do trabalho infantil prejudicam a saúde física e emocional 
de crianças e adolescentes e também geram atraso no país. São milhares 
de pessoas privadas de educação plena, de crescimento saudável e de uma 
vida profissional promissora.
O trabalho infantil precisa ser combatido, e os profissionais da área da educação 
são decisivos para que, de fato, seja possível erradicá-lo. O Estatuto da Criança e 
do Adolescente (ECA) concebe o sistema educacional como um espaço privilegiado 
de proteção aos direitos das crianças e dos adolescentes. Em razão disso, os 
profissionais da educação têm a incumbência específica de identificar e notificar 
qualquer tipo de exploração do trabalho infantil. Em casos como esse, devem, 
juntamente com os parceiros do sistema de garantia, buscar formas de solucioná-lo.
Os profissionais da educação têm proximidade e contato frequente com grande 
parte da população infantojuvenil que frequenta escolas públicas e privadas. Por isso, 
podem desenvolver ações para conhecer melhor o problema, participar da elaboração 
de diagnóstico e de campanhas de conscientização na comunidade escolar em que 
atuam, debater o tema em sala de aula e denunciar os casos identificados.
O caderno que agora você tem em mãos será de grande ajuda. Além dele, que traz 
informações valiosas sobre o assunto, fazem parte desse kit educacional gibis, 
pôsteres e jogos de tabuleiro para usar em sala. Conheça o material, planeje suas 
aulas de acordo com a faixa etária e o nível de seus alunos e bom trabalho! 
Caro(a) leitor(a),
Apresentação
Compõem o kit eduCaCional (recomendado para o 4º e 5º anos do Ensino Fundamental 1): 
Caderno de orientação pedagógica
Pôster
 Jogo de tabuleiro
Gibi
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4 mpt na escola
No Brasil, o trabalho é proibido para menores de 16 anos, exceto na 
condição de aprendiz, a partir dos 14, 
segundo a Constituição Federal.
Apesar da permissão para o traba-
lho a partir dos 16 anos, há algumas 
atividades que por serem consideradas 
insalubres, perigosas e penosas ou por 
ocorrerem em horário noturno só po-
dem ser realizadas depois dos 18 anos. 
A exploração do trabalho infantil é 
uma das piores formas de violação dos 
direitos humanos. Isso acontece quan-
do crianças e adolescentes substituem 
adultos em tarefas das mais diversas 
áreas produtivas ou até mesmo quando 
são explorados pelos pais ou respon-
sáveis dentro da própria casa. 
A proibição desses abusos é asse-
gurada pelo Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA), de 1990. Ele deta-
lha o artigo 227 da Constituição Federal 
e reflete o conteúdo da Convenção dos 
Direitos da Criança da Organização das 
Nações Unidas (ONU). Dessa forma, 
o ECA e a Constituição Federal torna-
ram-se a base jurídica da Doutrina da 
Proteção Integral e prioridade absoluta, 
universalizada na Convenção. 
carências x direitos
O Estatuto rechaçou a ideia de que 
a criança e o adolescente eram defi-
nidos por sua condição econômica e 
lhes assegurou direitos. Faz todo o 
sentido quando se pensa que nessa 
Dentro de casa, na 
cidade ou no campo, 
o trabalho infantil é 
proibido e deve ser 
combatido
O que é trabalho infantil
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5combate ao trabalho infantil
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etapa da vida são necessários cuidado 
e atendimento especiais. Crianças e 
adolescentes, como qualquer pessoa, 
têm direitos e deveres e não são meros 
objetos de intervenção.
Além de descrever direitos como 
saúde, liberdade, respeito e dignida-
de, educação e cultura, esporte e lazer, 
profissionalização e proteção no traba-
lho, convivência familar e comunitária, o 
ECA criou formas para que eles sejam 
assegurados por meio da articulação 
de políticas sociais para que as neces-
sidades de crianças e adolescentes 
sejam atendidas. 
Entram aí as entidades da rede de 
proteção, a exemplo dos Conselhos 
Tutelares. Elas são, por exemplo, os 
Conselhos Municipais de Direitos da 
Criança e do Adolescente – que formu-
lam e definem políticas públicas nessa 
área – e os Conselhos Tutelares.
Crianças e adolescentes 
de 5 a 13 anos em situação 
de trabalho infantil no Brasil
Quantos são os explorados
Estudo apresentado 
pelo Fórum Nacional de 
Prevenção e Erradicação 
do Trabalho Infantil 
(FNPETI-INPETI)
apontou que
175 mil
crianças e adolescentes, 
de 5 a 17 anos, trabalhm 
na casa de terceiros. 
Fonte: 1
0
300
600
900
1200
1500
1.229
993
920
561
506 554
2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), 2015
Se souber que alguma criança ou adolescente com idade inferior a 16 anos trabalha, você tem 
a obrigação de avisar a direção da escola. Ela, ou a Secretaria de Educação, acionará o sistema 
de garantia de direitos. A denúncia pode ser feita no Conselho Tutelar da sua cidade, no site do 
Ministério Público do Trabalho ou no Disque 100. O mesmo vale para os adolescentes de 16 a 
17 anos, se estiverem trabalhando de forma irregular ou abusiva.
704
412
Como denunciar
(em mil)
você sabia?
©1
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6 mpt na escola
O trabalho, ao longo de nossa história, era visto por muitas pessoas como algo positivo na vida de crianças e adolescentes de baixa 
renda, excluídos socialmente ou em situação de risco. Apesar de 
ideias como essa trazerem consequências danosas e contribuírem 
para perpetuar o ciclo de pobreza da família e o próprio trabalho 
infantil, ainda hoje elas embasam mitos. Conheça oito deles: 
MITO 
É melhor que a criança e o adolescente 
trabalhem do que roubem ou usem drogas.
VERDADE
Crianças e adolescentes têm o direito de 
não trabalhar e de ter acesso à educação 
pública de qualidade, de preferência integral, 
e à profissionalização. Crianças precisam de 
uma infância feliz e lúdica, com brincadeiras e 
atividades adequadas à sua faixa etária. Isso 
contribuirá para erradicar o círculo vicioso da 
pobreza e da baixa escolaridade.
MITO 
O trabalho é um bom 
substituto para a educação.
VERDADE
Esse argumento surge nos casos de crianças 
e adolescentes com dificuldades, que não 
apresentam um bom desempenho escolar. 
Muitas famílias, sem saber como enfrentar esse 
problema, acabam acreditando, erroneamente, 
que é melhor encaminhar seus filhos ao 
trabalho. A solução para essa questão não está 
somente nas mãos dos pais mas também da 
equipe pedagógica. É ela que precisa buscar 
alternativas para que o aluno se desenvolva nos 
estudos. Sea função social da escola em uma 
sociedade democrática é permitir o acesso de 
todos os alunos ao conhecimento, cabe a ela 
repensar sua adequação a essa comunidade 
escolar mais necessitada.
Mitos e verdades
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7combate ao trabalho infantil
MITO 
O trabalho forma o caráter 
e desenvolve um valor ético e moral.
VERDADE
O trabalho infantil destrói fases importantíssimas 
do desenvolvimento saudável. As longas jornadas, 
a rotina desgastante, o uso de ferramentas 
e maquinários inadequados à idade causam sérios 
problemas de saúde às crianças e aos adolescentes. 
Isso ocorre porque o desenvolvimento físico 
e psicológico deles não está completo. 
O trabalho infantil deforma o caráter, ao colocar 
em risco o desenvolvimento biopsicossocial.
MITO 
Criança trabalhadora é disciplinada, séria 
e corajosa. A que vive “sem fazer nada” se 
torna preguiçosa, desonesta e desordeira.
VERDADE
Infância é tempo de formação física, 
psicológica, cognitiva e cultural, que deve ser 
destinado a brincar, estudar e aprender. O 
trabalho prejudica a formação física, psíquica 
e profissional de crianças e adolescentes. Eles 
ficam vulneráveis ao rigor excessivo de quem 
os explora, podendo sofrer abusos e agressões 
físicas e sexuais. Além disso, impede a 
frequência escolar e rouba da criança e do 
adolescente o tempo e a disposição de estudar. 
Disciplina e outros valores se aprendem no 
convívio familiar e na escola.
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Mitos e verdades
8 mpt na escola
MITO 
É necessário que a criança contribua 
com o orçamento doméstico, ajudando 
a família a sobreviver. Caso contrário, 
passará fome.
VERDADE
Garantir o sustento de pais e irmãos 
não é uma obrigação da criança 
ou do adolescente. Se a família 
tem dificuldades, cabe ao Estado apoiá-
la e assisti-la. O trabalho infantil, muito 
frequentemente, não resolve o problema 
financeiro da família. Além disso, acarreta 
danos físicos, intelectuais e emocionais 
à criança e ao adolescente.
MITO 
Criança que trabalha fica mais 
esperta, aprende a lutar pela 
vida e tem condição de vencer 
profissionalmente quando adulta.
VERDADE
A realidade global mostra que o trabalho 
precoce é árduo, cansativo e prejudicial 
e não funciona como um estágio 
necessário para uma vida bem-sucedida. 
Normalmente rotineiro e mecânico, não 
qualifica crianças e adolescentes e nunca 
os deixa mais espertos. Estatísticas 
indicam que crianças trabalhadoras 
ganham menos no mercado de trabalho 
quando atingem a vida adulta, pois não 
tiveram tempo de estudar e qualificar-se.
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9combate ao trabalho infantil
MITO 
Trabalhar é melhor que ficar 
na rua sem ter o que fazer.
VERDADE
A criança e o adolescente, quando 
não estão na escola, devem estar 
praticando esportes, realizando 
atividades recreativas, lúdicas ou 
culturais. Essa conduta faz parte da 
educação integral e pode se dar na 
própria escola ou em locais mantidos 
pela prefeitura, como bibliotecas e 
centros culturais, ou por organizações 
não governamentais. Neles, ocorrem, 
por exemplo, cursos de leitura, 
música, dança e esportes.
MITO 
Trabalho doméstico 
não prejudica a criança.
VERDADE
A criança deve e pode participar das 
atividades domésticas, como arrumar 
sua cama. O problema está quando 
alguém explora esse serviço e quando 
ele impede ou prejudica de alguma 
forma o desempenho escolar e outros 
direitos, como o lazer, a saúde e a 
convivência familiar e comunitária. Além 
disso, é perigoso, já que pode envolver 
substâncias químicas ou instrumentos 
cortantes que causam danos à saúde 
se não forem utilizados de forma correta.© IL
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Por que a criança não deve trabalhar
10 mpt na escola
Existem dezenas de motivos para cri an-ças e adolescentes não trabalharem. 
Conheça alguns deles: 
cÍrcULo Vicioso da PoBreZa 
O trabalho infantil impede que as 
crian ças empobrecidas tenham uma 
condição de vida melhor que a dos pais, 
por meio da educação. Dessa forma, o 
ciclo da miséria se mantém: a pobreza 
leva ao trabalho precoce, que causa a 
evasão ou má formação escolar. Sem 
acesso a uma educação de qualidade, a 
criança e depois o adolescente não vão 
se profissionalizar adequadamente. Isso 
leva ao desemprego ou ao subemprego 
e, consequentemente, à pobreza.
PreJUÍZo À escoLariZaÇÃo
Muitas vezes, crianças e adolescen-
tes frequentam a escola num período 
e trabalham em outro. Eles vão para a 
aula cansados, não conseguem prestar 
atenção nas explicações e atividades, 
dormem sentados e apresentam um 
desempenho abaixo das expectativas. 
São frequentes os que não têm tempo 
para realizar a lição de casa e estudar 
e os que faltam devido ao compromis-
so do trabalho, por estarem doentes ou 
por estafa. Assim, acabam reprovados 
e abandonam a escola.
danos À saÚde
O trabalho na infância prejudica o 
desenvolvimento físico de meninas e 
meninos. Isso ocorre porque nessa 
faixa etária eles não estão preparados 
para o trabalho, que afeta a saúde e o 
desenvolvimento físico. Assim, ficam 
expostos a riscos de deformidades físi-
cas, doenças e lesões. A lista de danos 
O trabalho infantil em 
carvoarias é altamente 
danoso à saúde
A entrada e a saída de 
ar dos pulmões são 
reduzidas nas crianças 
e nos adolescentes. Por 
terem maior frequência 
respiratória, acabam 
absorvendo mais 
substâncias tóxicas 
em determinados tipos 
de trabalho – como 
na pulverização de 
agrotóxicos e em 
carvoarias.
você sabia?
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11combate ao trabalho infantil
à saúde é extensa, variada e assustado-
ra. Alguns exemplos: os que atuam na 
extração e no corte de madeira podem 
sofrer esmagamentos, amputações e 
fraturas. Os que trabalham no proces-
so produtivo do fumo correm o risco 
de intoxicações e envenenamentos. Os 
que manuseiam agrotóxicos podem ter 
câncer, arritmia cardíaca, leucemia e 
episódios depressivos.
danos eMocionais
Crianças e adolescentes submetidos 
ao trabalho precoce podem apresentar, 
ao longo da vida, dificuldades para esta-
belecer vínculos afetivos. Isso ocorre em 
virtude das condições de exploração e 
maus-tratos a que foram submetidos no 
trabalho. Muitas vezes, a exploração está 
ligada a espancamentos e humilhações. 
O estresse e a privação do sono ainda 
De acordo com as leis brasileiras, crianças e adolescentes com menos 
de 16 anos não podem trabalhar. Os pais ou responsáveis têm de manter 
o sustento e o bem-estar deles. Vejam o que elas determinam:
artigo 227 da constituição federal
“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, 
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, 
à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, 
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão.”
artigo 4º do estatuto da criança 
e do adolescente (eca)
“É dever da família, da comunidade, da sociedade 
em geral e do poder público assegurar, com 
absoluta prioridade, a efetivação dos direitos 
referentes à vida, à saúde, à alimentação, 
à educação, ao esporte, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, 
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar 
e comunitária.”
O que diz a legislação
Estatísticas demonstram 
que crianças e 
adolescentes adoecem 
ou morrem no trabalho 
em proporção quase 
três vezes superior 
à dos adultos.
 
Fonte: 2
você sabia?
O serviço de engraxate é 
inaceitável paracrianças
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Por que a criança não deve trabalhar
12 mpt na escola
podem acarretar dificuldades de concen-
tração, irritabilidade e problemas psicoló-
gicos, como medo, tristeza e insegurança. 
FaLta de LaZer e descanso 
As horas de trabalho tiram de crianças 
e adolescentes momentos de descanso, 
de diversão com brincadeiras típicas da 
idade e de praticar esportes, prejudican-
do sua convivência familiar e comunitária.
diFicULdades de sociaLiZaÇÃo
O trabalho precoce afeta negativa-
mente o desenvolvimento social, pois 
meninos e meninas são obrigados a rea-
lizar tarefas que requerem maturidade, 
comportamento e convivência típicos do 
mundo adulto. Ao mesmo tempo, são pri-
vados da convivência e da diversão com 
gente da idade deles, o que é essencial 
para um crescimento sadio. O trabalho infantil nos lixões deve ser combatido: é insalubre e perigoso
150
100
50
0
NORTE NORDESTE SUDESTE SUL CENTRO-OESTE
51
131
16
50
Crianças e adolescentes 
de 5 a 13 anos em situação 
de trabalho infantil, segundo 
sexo e grandes regiões
Meninos e meninas no trabalho infantil por região
Total Brasil Meninos Meninas
412 294 118
mil mil mil
70
26 27
19
15
7
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2015
(em mil)
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Principais formas de trabalho infantil
Nas atividades em que ocorre o trabalho infantil, não há registro em carteira de trabalho, 13º salário, horas extras e direito a intervalos ou folgas, por exemplo. Segundo o Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística (IBGE), as principais formas de trabalho infantil são:
Em pequenos estabelecimentos
É o caso de lanchonetes, borracharias, oficinas 
mecânicas e lava-jatos. Essas empresas exploram 
crianças e adolescentes por representarem custos 
menores do que os de um adulto. Eles ficam sujeitos 
a riscos como ferimentos causados por pneus que 
estouram durante o conserto e intoxicações por produtos 
químicos usados na lavagem de carros e na lubrificação 
de peças, e ao contato com bebidas alcoólicas.
Nas ruas
Crianças e adolescentes, principalmente nos 
grandes centros urbanos, ocupam-se vendendo balas, 
doces e outros produtos nos cruzamentos 
de ruas movimentadas, catando lixo para reciclagem, 
engraxando sapatos ou carregando mercadorias em 
feiras livres. Também são comuns os que atuam como 
flanelinhas, guardando carros ou entregando panfletos. 
Em todos os casos, correm riscos físicos e psicológicos.
No campo
Ocorre, principalmente, 
em propriedades familiares 
e expõe crianças e 
adolescentes a sérios 
riscos à saúde pelo contato 
com agrotóxicos e fezes 
de animais e a lesões com 
instrumentos de trabalho, 
como enxadas e facões.
Dentro de casa
Crianças e adolescentes trabalham na própria 
casa e na de terceiros, substituem os deveres e as 
responsabilidades dos adultos e ficam expostos 
a diversos riscos. São exemplos as intoxicações, 
queimaduras, quedas e a violência sexual.
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14 mpt na escola
COMÉRCIO AMBULANTE
Ao perambular por ruas e feiras 
vendendo produtos como água, 
frutas, balas, chicletes 
e chocolates, crianças e 
adolescentes estão à mercê de 
adultos agenciadores e traficantes. 
Eles tornam-se suscetíveis a 
violência, drogas, atropelamentos 
e exploração sexual.
Consequências
Sem se alimentar adequadamente 
e expostos à radiação solar, chuva, 
frio e poluição, eles podem sofrer 
com queimaduras, câncer de pele, 
desidratação e doenças respiratórias. 
Além do comprometimento do 
desenvolvimento afetivo, são 
outros efeitos dessa ocupação a 
dependência química, doenças 
sexualmente transmissíveis, 
atividade sexual precoce 
e gravidez indesejada.
Principais formas de trabalho infantil
As piores formas de trabalho infantil estão relacionadas no Decreto nº 6.481 (www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/d6481.htm). 
Ele as descreve em 93 itens, divididos em dois tipos: trabalhos prejudiciais à 
saúde e à segurança e trabalhos prejudiciais à moralidade. Conheça algumas 
dessas situações degradantes e as consequências que trazem para a saúde e 
para o bem-estar de crianças e adolescentes.
COLETA, SELEÇÃO 
E BENEFICIAMENTO 
DE LIXO
Nas cidades onde há lixões, 
crianças e adolescentes recolhem 
garrafas, latas, plástico e papel 
para comercializar ou reciclar. Em 
ambientes insalubres, manuseiam 
materiais contaminados, em meio 
a sujeira e insetos. Também é 
comum encontrá-los coletando 
materiais recicláveis em ruas 
e logradouros públicos.
Consequências
Esforços físicos intensos, por 
carregar muito peso, podem gerar 
lesões e causar deformidades 
na coluna vertebral e afetar o 
crescimento. Exposição a poeiras 
tóxicas ocasionam infecções 
respiratórias e disfunções olfativas. 
Doenças de pele e alcoolismo 
também são efeitos dessa ocupação.
Além das ocupações relacionadas à indústria e ao comércio tradicionais, a 
lista das piores formas traz outras que são prejudiciais à moralidade. São, por 
exemplo, as realizadas em prostíbulos e boates, as relacionadas à produção 
de objetos sexuais e filmes pornográficos e à venda de bebidas alcoólicas.
Moralidade em questão
71,4%
das crianças e dos 
adolescentes de 
5 a 13 anos envolvidos 
em trabalho infantil 
são meninos.
Fonte: 2
você sabia?
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15
As vítimas do trabalho 
infantil doméstico são
94,2%
do sexo feminino,
73,4%
negras, têm entre
5 e 15 anos, vivem em 
condições de extrema 
pobreza e são oriundas 
de cidades do interior
ou de bairros periféricos.
Fonte: 3
A dúvida é grande e pertinente: até 
que ponto os filhos podem auxiliar 
os pais ou familiares nos afazeres 
do dia a dia sem que isso configure 
trabalho infantil? 
A resposta é simples: ajudar nessas 
tarefas não é considerado trabalho 
infantil desde que elas não impeçam 
a criança e o adolescente de ter 
acesso pleno e integral aos direitos 
fundamentais prioritários citados do 
artigo 227 da Constituição, como 
educação, lazer, saúde, liberdade e 
convivência familiar e comunitária.
Estando garantidas essas 
condições básicas, é importante, 
sim, que crianças e adolescentes 
colaborem com a dinâmica da 
casa. Isso faz parte da formação 
deles: todo mundo tem tarefas, 
horários e responsabilidades. Ao 
fazer algo junto dos mais velhos, 
eles aprendem. E isso é possível 
desde os 2 anos. Como? Ajudando 
a guardar os próprios brinquedos, 
como numa brincadeira. A mãe, 
o pai ou outro adulto podem ir 
ensinando os pequenos assim: 
“Primeiro, vamos colocar as 
peças maiores na caixa, depois 
as menores…”, como parte 
da diversão.
As incumbências devem ir se 
tornando mais complexas com o 
passar dos anos. O bom senso 
sempre deve prevalecer. A criança, 
além de ir à escola, precisa ter 
tempo de fazer a lição de casa, 
estudar e brincar, além de conviver 
com a família e a comunidade. 
E nunca deve ser dada a ela a 
obrigação de cuidar da casa ou 
dos irmãos, mesmo que os pais 
trabalhem. Se não há creches, a 
responsabilidade é do Estado, e as 
autoridades devem ser cobradas.
TAREFA DOMÉSTICA, O qUE É ACEITáVEL 
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16 mpt na escola
 COMO FORTALECER 
O fortalecimento da rede de proteção depende da realização 
de reuniões permanentes com a participação de representantes 
dessas instituições. Com a atuação integrada dos diversos agentes, 
a prevenção e aerradicação do trabalho infantil se intensificam.
Existe uma série de organizações, entidades e parceiros que se articulam e adotam as providências necessárias para garantir os direitos de crianças e adolescentes. 
Assim se forma uma rede de proteção que age para afastá-los do trabalho irregular, 
garantir a frequência na escola e incluí-los, junto com as famílias, em programas de 
transferência de renda ou outros programas sociais nas esferas federal, estadual ou 
municipal, quando necessário.
O sistema de garantia de direitos 
FAzEM pARTE DELA
CONSELhO TUTELAR Existe em quase todas as cidades.
SECRETARIAS DE SAúDE E DE EDUCAÇÃO Atendem crianças e adolescentes, 
cuidando do bem-estar e da inclusão no sistema de ensino.
CONSELhO MUNICIpAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Delibera 
políticas públicas para atender às necessidades das crianças e dos adolescentes.
SECRETARIA DE ASSISTêNCIA SOCIAL Busca a garantia da proteção social 
e da promoção da cidadania, com o fortalecimento dos vínculos familiares 
e comunitários e a inclusão das famílias em programas sociais como os de 
transferência de renda.
 ORgANIzAÇõES DA SOCIEDADE CIVIL Oferecem atividades esportivas, 
culturais e educacionais e profissionalizantes no contraturno da escola.
MINISTÉRIO púBLICO ESTADUAL Por meio do promotor de Justiça, trabalha 
para responsabilizar civil e criminalmente os familiares e outros adultos 
envolvidos na exploração do trabalho infantil. 
MINISTÉRIO púBLICO DO TRABALhO Por meio do procurador do Trabalho, 
visa coibir as formas abusivas e ilegais de trabalho. Busca a responsabilização 
trabalhista e civil das pessoas que exploram a criança e o adolescente, 
como o empregador. Também tem a atribuição de exigir 
do município a elaboração e implementação de políticas públicas.
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17combate ao trabalho infantil
o papel do conselho tutelar
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Zelar pelos direitos da criança e do adolescente, articulando o enfrentamento às violações deles, como o trabalho precoce, a negligência, a exploração 
sexual e a violência física e psicológica. Essa é a missão do Conselho Tutelar, 
órgão autônomo criado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Todo município deve ter pelo menos um Conselho Tutelar composto de cinco 
membros escolhidos pela comunidade local e com mandato de quatro anos. Ele 
não tem poder de polícia nem competência para aplicar medidas judiciais. Atua 
articulado com outros órgãos, como o Ministério Público Estadual e o Ministério 
Público do Trabalho. Hoje há 5.906 unidades, presentes em quase todos os 
municípios brasileiros, nos quais atuam cerca 30 mil conselheiros.
Entre as atribuições do Conselho Tutelar estão:
você sabia?
O trabalho infantil 
doméstico muitas 
vezes se dá pela forma 
de uma aparente 
acolhida da criança 
ou do adolescente 
empobrecido por uma 
família, que oferece 
moradia, alimentação e 
“permissão” para estudar. 
Esse suposto favor deve 
ser compensado ou 
retribuído por meio da 
prestação de serviços na 
própria residência, 
o que configura um 
flagrante abuso.
Atender e 
aconselhar pais 
ou responsáveis, 
fazendo o 
encaminhamento 
da família ao 
programa de 
proteção e 
exigindo matrícula, 
frequência e 
aproveitamento 
escolar dos 
filhos.
Notificar 
autoridades, 
como o promotor 
de Justiça, o 
procurador do 
Trabalho e o 
juíz da Infância, 
denunciando 
casos de violação 
de direitos, como 
o trabalho infantil, 
e solicitando 
as providências 
cabíveis a cada 
caso.
Afastar crianças e 
adolescentes do 
trabalho infantil, 
denunciar e reunir 
provas e elementos 
que possam 
determinar a 
responsabilização 
dos envolvidos
no caso.
Promover medidas 
educativas, 
como palestras e 
campanhas, que 
inibam a prática do 
trabalho
infantil.
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18 mpt na escola
Todos os educadores sabem que crian -ças e adolescentes devem ter garan tia 
de acesso à educação de qualidade, um 
direito fundamental de cidadania. Não 
basta, no entanto, estarem matriculados 
na rede de ensino local. O ideal é que 
sejam atendidos em todas as suas 
necessidades, inclusive com um currículo 
apropriado à realidade em que vivem.
O professor é uma figura-chave no 
combate ao trabalho infantil. Próximo aos 
estudantes, pode identificar aqueles que 
trabalham indevidamente e informá-los 
sobre seus direitos garantidos por lei. 
Pode ainda acionar o Conselho Tutelar 
para as providências cabíveis. Os indí-
cios de trabalho infantil podem ser sono-
lência, cansaço, ferimentos, não entrega 
de tarefas de casa e faltas.
o papel da escola
e do professor
Educadores têm como 
atuar diretamente na 
prevenção do trabalho 
infantil 
64,7%
é o porcentual de crianças 
e adolescentes de 5 a 13 
anos que trabalham em 
atividades agrícolas.
Fonte: 2
você sabia?
Um educador motivado e bem informa-
do é capaz de ajudar a mudar o compor-
tamento de um aluno e da família dele. 
Muito do que é falado em sala de aula é 
comentado em casa. Com frequência, a fa-
mília recorre ao trabalho precoce dos filhos 
por falta de informação e de alternativa.
Para conscientizar os estudantes, os 
familiares e a comunidade escolar so-
bre o tema, o professor precisa pesqui-
sar bem o problema na sua localidade 
e comparar com os índices nacionais. 
Precisa também se informar sobre as 
oportunidades de proteção de crianças 
e adolescentes em seu município. É im-
portante ainda que conheça as respos-
tas aos mitos sobre o assunto (leia na 
página 6) e os efeitos do trabalho na 
saúde de crianças e adolescentes (leia 
na página 14) – informações preciosas 
na conversa com os pais. 
Todos os profissionais da educação 
devem identificar e notificar os casos 
de que têm conhecimento envolvendo 
o trabalho de crianças e adolescentes. 
Quando são identificados acidentes de 
trabalho em que crianças e adolescen-
tes são vítimas, a situação é ainda mais 
grave. A notificação é compulsória e a 
omissão pode representar a responsa-
bilidade penal de quem não adotou as 
providências necessárias. 
A escola, além de se mostrar como 
uma das principais alternativas para 
frear o círculo vicioso da pobreza, pode 
promover mobilizações contra o trabalho 
infantil e planejar ações de prevenção. 
Palestras, oficinas, fóruns de discussão, 
passeatas e exposições são exemplos.
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O sistema de garantia de direitos 
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19combate ao trabalho infantil
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Erradicar a exploração do trabalho da crian-ça e proteger o trabalho do adolescen-
te. Esse é um dos objeti vos do Ministério 
Público do Trabalho (MPT). A fim de melhor 
desempenhar essa tarefa, o MPT criou a 
Coordenadoria Nacional de Combate à Explo-
ração do Trabalho da Criança e do Adoles-
cente (Coordinfância) e elegeu como uma de 
suas estratégias fazer parcerias com entida-
des públicas e privadas que têm o mesmo 
objetivo, como os Conselhos Tutelares. 
O MPT é instituição permanente, não vinculada a nenhum dos poderes do Estado (Executivo, 
Legislativo e Judiciário). Tem autonomia funcional e administrativa. Atua por meio dos 
procuradores do Trabalho com o objetivo de fazer cumprir os direitos sociais previstos nas leis 
e na Constituição Federal.
Já o Ministério do Trabalho é um órgão do Poder Executivo. Por meio dos auditores fiscais do trabalho 
realiza fiscalização, com imposição de multa, para que os direitos trabalhistas sejam cumpridos. 
Além disso, cuida de programas de geração de emprego e renda e política salarial, entre outros focos.
Diferença entre o MPT e o Ministério do Trabalho 
ajuizar ações para que a Justiça obrigue quem explora o trabalho infantil a cumprir a lei;
Entre as funções do MPT estão:
apurar denúncias registradas no Disque 100 e encaminhadas à rede de proteção;
atuar para que crianças e adolescentes sejam retirados do trabalho, inseridos em programassociais, cursos e atividades de lazer no contraturno da escola e assistidos, com a família;
atuar para que sejam respeitados os direitos trabalhistas e previdenciários dos adolescentes;
convocar o Conselho Tutelar e outros órgãos e entidades para que orientem as famílias no 
que se refere aos direitos de crianças e adolescentes;
fazer campanhas educativas que alertem as pessoas sobre os riscos do trabalho infantil; e
desenvolver ações de prevenção à exploração de crianças e adolescentes, promovendo fóruns, 
seminários, simpósios e palestras.
De acordo com o ECA, até 
os 12 anos incompletos 
a pessoa é considerada 
criança. Dos 12 anos 
completos aos 18 
incompletos, adolescente. 
você sabia?
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20 mpt na escola
Casos da vida real
TRABALhO INFANTIL DOMÉSTICO
Hoje professora na Escola Municipal Gonçalo Domingo de Ramos, 
em Várzea Grande, e na Escola Municipal Hilda Caetano de 
Oliveira Leite, em Cuiabá, Jucélia conta como sofreu na infância, 
tendo sido vítima de trabalho infantil em duas casas até fugir 
para ser cuidadora de crianças numa terceira residência.
 “‘Eu tinha tantos sonhos. Eu queria 
ter tido uma bicicleta e não tive. A única 
boneca que eu tive que eu me lembro 
foi uma de pano que a minha mãe de 
sangue fez. Eu fui ter uma calça jeans 
com 18 anos; as coisas que as adoles-
centes têm eu não tive’, conta.
Natural do Amazonas, se tornou víti-
ma do trabalho infantil doméstico aos 
5 anos, e a situação se prolongou até 
completar a maioridade. Foi entregue 
pelos pais a um viajante que prometeu 
matriculá-la em uma escola. De origem 
humilde, única mulher de oito irmãos, 
Jucélia começou a trabalhar em Acorizal 
na casa da família do aliciante.
Algum tempo depois, foi cedida à 
filha do casal, uma jovem recém-casada 
com um homem ‘muito mais velho’, e 
com ela ficou até os 14 anos fazendo 
‘todo o serviço da casa’. ‘Nesse interva-
lo eles tentaram arrumar um noivo para 
mim três vezes porque eles queriam 
garantir dinheiro para eles. Aí chegou a 
um ponto insustentável: o marido dela 
tentou me estuprar aos 14 anos e eu 
fugi dessa casa.’ 
Jucélia foi, então, morar na casa de 
uma amiga de escola e conseguiu um 
trabalho de babá. ‘Eu não tinha como 
recorrer a ninguém. Eu também não tive 
mais contato com a minha mãe, não sei 
se ela me procurou. Na época em que 
eu fui morar com a minha primeira mãe 
adotiva, eu fiquei sabendo que meu pai 
tinha morrido quatro meses depois.’”
Texto extraído de “Depoimentos de vítimas do trabalho infantil emocionam participantes de projeto”, publicado pela Folhamax em 
7/6/2016, disponível no endereço goo.gl/NAVdgq
você sabia?
O trabalho infantil
doméstico é proibido. 
Crianças e adolescentes
não podem cuidar
de filhos de outras
famílias. Essa ocupação só 
pode ser desempenhada 
por maiores de
18 anos
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21combate ao trabalho infantil
você sabia?
60%
dos adolescentes entre 
14 e 17 anos que 
trabalham desenvolvem 
atividades ilegais e 
perigosas em setores 
como agricultura, 
pecuária, comércio e 
prestação de serviços.
Fonte: 4
TRABALhO INFANTIL NAS RUAS
João trabalha na feira, na cidade de Salvador, transportando as 
compras dos fregueses nos fins de semana. Nos outros dias, 
cuida dos irmãos enquanto a mãe trabalha.
“– Quantos anos você tem?
– Eu tenho 14 anos.
– Pode falar a verdade, menino. Você é 
mais novo, não é não?
– Não, eu tenho 14 anos mesmo! Só 
não cresci muito ainda. 
Pois João, apesar de afirmar ter 14 
anos, aparenta ter, no máximo, 12. E 
é com a malandragem que se aprende 
na labuta da feira que ele, já sabedor 
das leis, afirma com pé firme ter a idade 
mínima estabelecida para que adoles-
centes ingressem, de forma regular, no 
mundo profissional.
João trabalha na Feira de São Joa-
quim, que fica em Salvador e é conside-
rada a maior da América Latina. E por 
ser assim, imensa, por lá se vê de tudo, 
inclusive crianças, meninos e meninas 
precocemente aprendendo a trabalhar 
e a sobreviver.
Nosso menino paga R$ 4,00 por dia 
pelo aluguel do carrinho de mão que 
usa para trabalhar. Ele se oferece para 
transportar as compras dos fregueses 
da feira e tira, por dia, cerca de R$ 
50,00, segundo ele, para ajudar a mãe. 
João apareceu no meio do centro de 
compras, com passo rápido, afinal não 
é fácil disputar a clientela com tantos 
homens mais velhos e também mais 
fortes. Apesar disso, ele aceitou parar 
um pouco para falar sobre sua vida, e 
foi assim que contou que tem mais dois 
irmãos e que ajuda a mãe de outras 
maneiras, além do trabalho na feira.
‘Eu moro na Capelinha de São Cae-
tano e só trabalho aqui dia de sábado. 
Chego às 4h30, 5 horas… Fico o dia 
todo e dou o dinheiro pra minha mãe. 
Ela cozinha em um restaurante de comi-
da italiana. Eu tenho mais dois irmãos. 
Um de 5 anos e outro de 4 meses. 
Durante a semana eu estudo e ajudo 
minha mãe a cuidar dos meus irmãos, 
levo e busco o mais velho na escola’, 
contou a criança que, sem perceber, ao 
cuidar dos irmãos, acaba sendo vítima 
também da exploração do trabalho do-
méstico infantil, o mais difícil de ser 
diagnosticado e combatido.”
Texto extraído de “Trabalho infantil: conheça a realidade de um menino que trabalha pelas vielas da Feira de São Joaquim”, 
publicado por Arauonline em 27/02/2015, disponível no endereço goo.gl/MCK1ep
As ruas podem ser ótimas 
para brincar, jamais para 
adolescentes trabalharem
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22 mpt na escola
O ESTUDO COMO SOLUÇÃO 
Há décadas, meninas são enviadas à capital do Pará para 
trabalhar como domésticas. É hora de acabar com essa triste 
e persistente realidade.
“(...) Iara tinha 14 anos quando dei-
xou a casa da família em Viseu (305 
quilômetros da capital). (...) O primeiro 
ensinamento foi sobre disciplina rígida. 
Iara não gosta de lembrar dos gritos que 
a humilhavam quando esquecia de lim-
par um canto da casa. (...)
Nas tardes em que Iara insistia em ir 
à escola, a patroa ralhava e cinicamente 
ameaçava chamar o conselho tutelar. 
‘Trabalho infantil é crime, tu quer preju-
dicar seus pais?’. A menina se calava. 
Como ela, que não tinha nem documen-
to de identidade, poderia argumentar 
sobre a interpretação das leis? E as-
Texto extraído de “ ‘Eu quero estudar’, diz Iara, empregada doméstica desde os 14 anos”, publicado 
pela Agência Pública em 1/10/2012, disponível no endereço goo.gl/4oa4j3
No ECA não se empregou 
o termo “menor”, usado 
para designar os menores 
de 18 anos de forma 
estigmatizada, já que se 
referia principalmente aos 
pobres, abandonados ou 
que realizavam delitos. 
Substituir “menor” por 
criança e adolescente 
representou um ato 
político e filosófico de 
não discriminação.
você sabia?
Casos da vida real
Garantir os direitos da criança é lei
sim recebia o segundo ensinamento: 
a submissão.
Lição que era reforçada no cotidiano, 
até nos ‘conselhos’ que recebia dos pa-
trões. Iara ganhava 100 reais mensais 
para trabalhar das 6 horas da manhã 
até a meia-noite, de segunda a domingo. 
Quando falava sobre o desejo de cursar 
uma faculdade, ouvia da patroa: ‘Para 
com isso, menina. Pobre tem que se 
conformar com o seu lugar’. (...)
Iara, apesar das proibições da pa-
troa, sempre esteve matriculada na es-
cola. Mesmo com mais faltas do que 
presenças, no contato com colegas e 
professores ela descobriu que poderia 
escolher uma profissão diferente da-
quela que a aprisionava.
Por isso tem planos para o futuro, 
por enquanto sonhos, que revelam como 
conseguiu subverter as lições da patroa: 
‘Vou cursar faculdade de direito. Que-
ro ser advogada para dar conforto aos 
meus pais, pagar a faculdade dos meus 
irmãos e defender as crianças que são 
exploradas por adultos, como eu fui’, diz.
Grades inVisÍVeis
A escola é um dos poucos espaços 
onde as meninas que trabalhamcomo 
empregadas domésticas se relacionam 
com pessoas fora do círculo dos empre-
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23combate ao trabalho infantil
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gadores. Mas, mesmo lá, há barreiras 
que as isolam do convívio social. Com 
receio do preconceito que ronda a profis-
são, além do estigma de ser do interior, 
muitas evitam contato com os colegas.
Nos primeiros anos em Belém, Iara 
ficava na sala durante o recreio. Não 
‘dava confiança’ a ninguém. Hoje, qua-
tro anos depois, ela só se abre com 
as colegas que vivem ou já viveram a 
mesma situação. ‘Eu não falo porque 
as pessoas não vão dar jeito nos meus 
problemas’, diz. (...)
Iara só fala com sua família uma vez 
por ano, quando os visita. Ou muito ra-
ramente, quando a mãe viaja à cidade 
mais próxima do lugar onde vivem. Por 
isso mesmo depois de ouvir a patroa 
desdenhar de seus sonhos, era a ela 
que recorria quando precisava de conse-
lhos. ‘Ela (a patroa) dizia que queria me 
ajudar, que falava aquilo porque gostava 
de mim. Eu acreditava’, lembra. (...)
Hoje, trabalhando em outra casa, Iara 
tem condições de compreender melhor 
o que passou. ‘Ela (a patroa) não queria 
que eu saísse dali. Eu me sentia sufo-
cada, presa, não podia conversar com 
ninguém. Era só trabalho, muito traba-
lho. Mas eu achava que ia mudar.’ Além 
de cuidar da casa, a menina tinha que 
limpar a loja de roupas da família e, no 
fim do dia, dobrar e guardar as peças 
reviradas pelas clientes.
Iara diz que na nova casa o serviço 
diminuiu e que ela é estimulada a fre-
quentar a escola. Mesmo assim, há noi-
tes em que chega à aula exausta. Uma 
de suas colegas, que também trabalhou 
como doméstica e hoje está no caixa de 
uma papelaria, percebe as olheiras da 
amiga e lhe dá conselhos para buscar 
outro emprego. Mas Iara não se sente 
confiante. ‘Primeiro tenho que terminar 
a escola, fazer cursos, quem vai querer 
me contratar assim?’. (...)
Hoje Iara trabalha das 6 horas da ma-
nhã até as 7 da noite, hora de ir para a 
aula. Ela entra na sala tão cansada que 
senta num canto e não levanta ‘nem para 
tomar água’. No intervalo, faz a lição de 
casa. (...) Até o ano passado, estudava à 
tarde no ensino regular. Ao concluir a 5a 
série com 17 anos, foi transferida para 
uma turma de jovens e adultos à noite. 
Ela teve que refazer a 5a série no começo 
do ano e agora está cursando a 6a série 
no segundo semestre. (...)”
Garotas submetidas ao 
trabalho infantil doméstico 
chegam à escola cansadas 
e têm aproveitamento ruim
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24 mpt na escola
ATIVIDADE 1 - O quE é TrAbAlhO INFANTIl
Atividades para sala de aula
Sugestão de ciclo: 4º e 5º anos. — Aulas previstas: 8. 
Disciplinas: Língua Portuguesa e Geografia.
Objetivos: compreender o que é trabalho infantil e identificar casos na comunidade.
Conteúdos: produção de texto informativo, texto de entrevista, modo de vida e conceito de trabalho.
Materiais necessários: caderno e caneta.
Para começar a conversa
Além de informar aos alunos quantas crianças e quantos adolescentes são afetados pelo trabalho infantil, 
mostre que essa prática é ilegal e pode ocorrer na própria comunidade. Você pode adaptar esta atividade, 
por exemplo, trabalhando apenas com o questionário ou com a produção do texto, na terceira etapa. 
1a ETApA (2 AULAS)
Aula expositiva
Para que os estudantes compreendam 
a questão, mostrar imagens de crianças 
trabalhando e contar a eles quantas 
são as vítimas de trabalho infantil ile-
gal: 412 mil, dos 5 aos 13 anos. Ques-
tionamentos deste tipo podem ajudar 
a turma a entender os efeitos dessa 
exploração: “Já imaginou carregar um 
peso incompatível com o seu tama-
nho?”; “Usar ferramentas perigosas 
para quem não é adulto e treinado?”; 
e “Levar broncas e ser cobrado como 
se fosse gente grande?”.
2a ETApA (2 AULAS)
Roda de conversa
Depois de fazer esclarecimentos ini-
ciais, convidar a turma para uma roda 
de conversa sobre o tema. Perguntar: 
“Alguém de vocês conhece um adoles-
cente ou uma criança que trabalha?”; 
“Que tipo de atividade realiza?”; “Ele 
ou ela vai à escola?”; e “Mora com a 
família?”. É interessante explicar que 
muitos pais fazem os filhos trabalhar 
por falta de informação ou opção. Or-
ganizar coletivamente, no quadro, um 
registro sobre o que os alunos pensam 
sobre o trabalho infantil.
3a ETApA (4 AULAS)
Entrevista com os pais
Elaborar, com as crianças, um questio-
nário sobre o assunto a ser feito para 
os pais. Sugestões de perguntas: “Você 
conhece alguém que trabalhou na in-
fância?”; “Onde foi isso?”; “Quando?”; 
e “O que aconteceu com essa pessoa 
ao longo da vida?”. De volta à sala, so-
licitar que cada um conte o que desco-
briu na entrevista e promover uma nova 
discussão com base nas informações 
coletadas. Organizar um texto informa-
tivo sobre o assunto para ser publicado 
num mural da escola.
0 50 100 150 200 250 300 350
Crianças e 
adolescentes 
de 5 a 13 anos 
em situação de 
trabalho infantil, 
segundo a faixa 
etária
Situação de trabalho infantil por idade
(em mil)
79
333
De 5 a 9 anos
De 10 a 13 anos
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2015
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25combate ao trabalho infantil
ATIVIDADE 2 - uM DIA bEM DIFErENTE!
Sugestão de ciclo: 4º ano. — Aulas previstas: 5. 
Disciplinas: Geografia, Matemática e Língua Portuguesa.
Objetivo: compreender os efeitos do trabalho infantil na vida das pessoas.
Conteúdos: produção de texto expositivo e informativo, leitura de gráficos e imagens e modo de 
vida, leitura e registro de horas.
Materiais necessários: pôster “Um dia com e sem trabalho infantil”, cartolina, lápis e lápis de cor.
Para começar a conversa
O trabalho infantil traz consequências desastrosas para a vida da criança e do adolescente. Ele impede 
que aproveitem de maneira plena etapas importantes do desenvolvimento físico, social e cognitivo. O 
pôster ajudará a turma a refletir sobre isso.
1a ETApA (1 AULA)
Análise do pôster em grupo
Formar grupos e distribuir os pôsteres 
entre eles. Pedir que todos observem o 
material e conversem sobre ele, acom-
panhando a rotina dos personagens. 
Conforme a turma solicitar, durante 
a leitura das imagens, questionar: “O 
que os garotos vivem de forma seme-
lhante?”; “Em que o dia a dia deles se 
diferencia?”; Quem tem mais atividades 
durante o dia?”; “Os dois aproveitam a 
escola da mesma forma?”; “E as ativi-
dades de lazer?”; e “Quem tem mais 
riscos de ter problemas de saúde?”.
2a ETApA (2 AULAS)
Quadro da minha vida
Pedir que cada aluno monte um qua-
dro mostrando um dia da sua vida, 
como no pôster: um desenho para 
cada atividade, ilustrando a hora em 
que ela ocorre. Dizer que a colagem é 
outro recurso a ser usado. Eles podem 
contar se têm atividades no contra-
turno e se, eventualmente, trabalham. 
Mas é preciso ser cuidadoso para não 
constranger a criança que eventual-
mente trabalhe. Terminada a tarefa, 
socializar os trabalhos produzidos.
3a ETApA (2 AULAS)
Debate sobre a vida da 
criança que trabalha
Promover um debate sobre as dife-
renças no cotidiano de crianças que 
trabalham e não trabalham. Pedir que 
todos indiquem o que mudar na vida de 
quem é explorado. Anotar as sugestões 
em um cartaz e socializar. Se achar que 
há espaço, organizar uma campanha 
na escola sobre o combate ao trabalho 
infantil, sem, contudo, expor quem é 
explorado. Outra opção: pedir que os 
alunos façam as sugestões em forma 
de desenho ou colagem e expô-los. 
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ATIVIDADE 3 - CONTOS SObrE O TrAbAlhO INFANTIl
Atividades para sala de aula
Para começar a conversa
O tema trabalhoinfantil é riquíssimo e pode render excelentes criações. Que tal desafiar os alunos a 
escrever um conto sobre o problema na região em que vivem? 
1a ETApA (1 AULA)
Análise de trabalhos
O prêmio MPT na Escola, promovido 
pelo Ministério Público do Trabalho, 
selecionou bons trabalhos feitos por 
estudantes sobre trabalho infantil. Ler 
para a sala um dos textos premiados, 
que reproduzimos à direita, vai ser um 
bom começo para a atividade.
2a ETApA (3 AULAS)
Hora da criação
Dizer para as crianças que, agora, são 
elas que vão criar textos no gênero con-
to. O tema gira em torno dos diferentes 
aspectos do trabalho infantil, como cau-
sas, consequências, formas, cenários, 
políticas públicas, programas, projetos 
e ações de prevenção. 
3a ETApA (1 AULA)
Exposição dos trabalhos
Após analisar os trabalhos, faça as re-
visões necessárias para ampliar e con-
solidar o conhecimento sobre o gênero 
conto e promova uma exposição para 
a comunidade escolar ou uma leitura 
pública nos espaços da escola.
Sugestão de ciclo: 4º e 5º anos. — Aulas previstas: 5.
Disciplinas: Língua Portuguesa e Arte.
Objetivo: realizar um conto sobre o trabalho infantil.
Conteúdos: produção de texto do gênero conto.
Materiais necessários: caderno, lápis, borracha e computador com acesso à internet.
Observação: para trabalhar esse 
gênero textual é necessário retomar 
as características dele.
Você pode escolher outros trabalhos 
premiados para mostrar à garotada 
ou pesquisar junto com ela no site 
http://premiomptnaescola.blogspot.
com.br.
Depois de exibir os exemplos e 
analisá-los com os alunos, tire as 
dúvidas deles e marque um dia para 
a entrega da atividade.
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27combate ao trabalho infantil
A história de João
Era uma vez um menino chamado João. Ele tinha 9 anos de idade 
e morava em um pequeno sítio junto com seus pais. João tinha uma vida 
muito triste, porque seu pai não permitia que ele estudasse ou, muito menos, 
brincasse como os outros meninos do sítio vizinho. Sua função era ajudar 
seus pais na lida do campo.
O trabalho de João era muito pesado e cansativo para um menino de sua 
idade, pois ele tinha que cuidar dos animais do chiqueiro, galinheiro, ordenhar 
as vacas e, à tarde, ajudar na lavoura de milho e feijão capinando. Seu pai dizia 
que um homem devia aprender a trabalhar cedo. Que a família dependia disso, 
pois eram muito pobres, e que pobre nasce para trabalhar!
Mas João sonhava com um futuro melhor... Nas poucas vezes em que 
ia até a cidade observava várias pessoas em seus empregos. Ele queria ser 
um gerente de banco. Achava interessante como aquele homem se vestia 
e seu trabalho no computador. Coitado do João! Mal sabia ele que era preciso 
muito estudo para ele chegar àquele cargo.
Apenas trabalhando... trabalhando... João ficou mais velho. Os anos para 
João passavam sempre da mesma forma: só trabalho! Ele não podia contrariar 
o pai porque era menor de idade. Não havia uma só alma que o defendesse.
Aquela criança indefesa chegou à idade de 18 anos. Então ele decidiu 
ir para cidade realizar seu sonho: ser gerente de banco. Mas, ao chegar 
a uma entrevista para seu primeiro emprego, viu tudo aquilo desmoronar, 
percebeu que sem estudo não conseguiria nada. Percebeu que para qualquer 
lugar que fosse seria da mesma forma. Teve sentimento de perda. Perda 
de um passado sem estudo. De um passado roubado.
Mas João, lutador que era, resolveu voltar a estudar. Foi até a escola mais 
próxima de onde estava morando e matriculou-se. Ao mesmo tempo, conseguiu 
um serviço de auxiliar de pedreiro. Trabalhava de dia e estudava à noite.
A vida continuava dura para João. Porém ele não se importava, já estava 
acostumado a sofrer. Perseverante, João hoje se tornou mais que um gerente 
de banco... um procurador do trabalho. Ele atualmente luta em defesa 
de crianças e adolescentes.
Conto do Município de Caarapó-MS
4º lugar no Prêmio MPT na Escola
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28 mpt na escola
Atividades para sala de aula
ATIVIDADE 4 - O TrAbAlhO INFANTIl EM NOSSA rEGIãO 
Para começar a conversa
O trabalho infantil está espalhado pelo país, mas cada região tem suas particularidades. Conhecê-las, 
por meio de pesquisas e entrevistas com um membro do Ministério Público do Trabalho, um conselheiro 
tutelar ou outro profissional da área vai ajudar a turma a entender melhor o assunto.
1a ETApA (2 AULAS)
Coleta de informações 
Nesta atividade, uma das opções é convidar um membro do 
Conselho Tutelar ou do Conselho Municipal dos Direitos da 
Criança e do Adolescente (CMDCA) para participar de uma 
roda de conversa com a comunidade. A iniciativa será mais 
efetiva se a direção e a coordenação pedagógica fizerem o 
convite em nome da escola. O encontro servirá para professo-
res, funcionários e familiares conhecerem os principais tipos 
de trabalho infantil na região e as formas de combatê-los. 
Se toda a comunidade escolar trabalhar em conjunto numa 
campanha para identificar possíveis casos e denunciá-los, os 
resultados serão mais promissores. Se o evento não for possível, 
procurar as informações referentes à exploração de crianças 
e adolescentes no Ministério Público do Trabalho no estado 
ou em órgãos do município que reúnam dados sobre o tema.
Com base nas informações coletadas na roda de conversa 
ou na pesquisa, apresentar um panorama do problema aos 
alunos e discutir as formas de combate à exploração infantil.
Sugestão de ciclo: 5º ano. — Aulas previstas: 5. 
Disciplinas: Língua Portuguesa, Arte, Matemática e Geografia.
Objetivos: conhecer as peculiaridades do trabalho infantil na região e o trabalho desenvolvido 
pela rede de proteção local por meio da análise de gráficos sobre as principais formas de 
trabalho infantil
Conteúdos: leitura de texto informativo, leitura de texto legal, modo de vida, trabalho, leitura 
de imagem, experimentação de diferentes formas de expressão artística e elaboração de 
gráficos simples.
Materiais necessários: papel sulfite ou cartolina, lápis, borracha, lápis de cor ou tintas 
diversas e pincéis.
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29combate ao trabalho infantil
2a ETApA (2 AULAS)
Produção de listas e desenhos
Montar listas e analisá-las com a turma é uma boa estraté-
gia. A sugestão é perguntar aos alunos quais modalidades 
de trabalho infantil eles conhecem na região, e complemen-
tar com pesquisa na internet, criando uma lista e indicando 
quais são as mais frequentes. Depois de abordar esse 
aspecto, tratar dos malefícios trazidos por elas. Explicar 
que cada tipo de trabalho traz danos específicos para a 
saúde de crianças e adolescentes. Depois, pedir que os 
alunos produzam desenhos com o título “Combate ao tra-
balho infantil”. Para a realização da tarefa, formar duplas. 
Apresentar à sala algumas referências. No site Peteca, no 
endereço goo.gl/iez5RU, estão os vencedores do prêmio MPT 
na Escola. As técnicas utilizadas vão depender do conteúdo 
a ser trabalhado nas aulas de Arte.
3a ETApA (1 AULA)
Socalização das informações
Exposição dos gráficos e dos desenhos 
produzidos durante a realização da ativi-
dade. Se houve a participação de mem-
bros da rede de proteção, é interessante 
convidá-los para verem o resultado do 
trabalho realizado pelos alunos.
A luz da educação
Aluno: Diogo Francisco Ferreira
Professoras-orientadoras: Rejane Clarice 
Cornelius e Carla Gouveia
E. M.Profa. Anita Mirô Vernalha, do Município 
Pontal do Paraná-PA
(Um dos vencedores do Premio MPT na Escola)
Trabalho doméstico infantil
Exploração sexual comercial
Trabalho em:
- lixões
- ruas e logradouros públicos
- fábrica de farinha
- cerâmica
- oficina mecânica
- posto de lavagem
 - corte de madeira
- casa de jogo de azar
Fonte 5
PRINCIPAIS TIPOS DE TRABALHO
INFANTIL NA SUA REGIÃO
Exemplo dos mais denunciados no Piauí
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30 mpt na escola
Atividades para sala de aula
ATIVIDADE 5 - A ClASSE VAI PrODuzIr uM GIbI COlETIVO 
Sugestão de ciclo: 4º e 5º anos. — Aulas previstas: 6.
Disciplina: Língua Portuguesa e Arte.
Objetivo: produzir uma tirinha para um gibi coletivo.
Conteúdos: leitura, escrita, linguagem de história em quadrinhos.
Materiais necessários: gibis e tirinhas publicadas em jornais, lápis, borracha, lápis de cor, 
papel sulfite ou cartolina, revistas diversas, cola e tesoura.
Para começar a conversa
As histórias em quadrinhos (HQ) são uma forma de expressão riquíssima e muito apreciada por essa 
faixa etária. Vamos apresentá-las às crianças e sugerir que criem suas próprias tirinhas? O tema, é 
claro, será o combate ao trabalho infantil.
1a ETApA (2 AULAS)
Aproximação com o material
Convidar as crianças a ler as três histó-
rias que fazem parte do gibi e também 
tirinhas diversas, para que a turma 
veja as diferenças entre elas. Duran-
te a leitura, elas devem compreender 
que a HQ é formada por personagens; 
conta uma história; usa o balão como 
recurso gráfico; e utiliza um tipo de 
linguagem que combina desenho com 
diálogos. Pedir que os alunos identi-
fiquem os tipos de balão para fala 
comum, cochicho, pensamento e fala 
em voz alta ou grito, além do quadrado 
que traz uma narração. 
2a ETApA (2 AULAS)
Criação das tiras
Solicitar que os alunos criem uma ti-
rinha. A atividade pode ser feita em 
conjunto com o professor de Arte. Para 
isso, os estudantes deverão: escolher 
se irão tratar de trabalho infantil ur-
bano, rural ou doméstico; criar per-
sonagens e dar um nome a cada um 
deles; fazer o roteiro, com a sequência 
de fatos; criar as cenas e escrever os 
diálogos e desenhar ou produzir as 
imagens com recortes e colagens.
3a ETApA (2 AULAS)
Montagem do 
gibi e lançamento
Terminadas as tiras, compilar as histó-
rias, formando o gibi da turma. Depois, 
planejar o lançamento da publicação, 
convidando a comunidade escolar.
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blá!
blá!
blá!
blá!
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31combate ao trabalho infantil
livros 
Criança e trabalho: da exploração à educação | Andréa 
Saint Pastous Nocchi; Marcos Neves Fava e Lelio Bentes 
Correa (organizadores). Editora LTR
infância roubada: a exploração do trabalho infantil | 
Júlio Emílio Braz e Telma Guimarães. Editora FTD
trabalho de criança não é brincadeira, não! | Rossana 
Ramos. Editora Cortez
trabalho infantil doméstico no Brasil | André Viana 
Custódio e Josiane Rose Petry Veronese. Editora Saraiva
Sites
Campanha Chega de trabalho infantil: 
www.chegadetrabalhoinfantil.com.br
Fórum nacional de prevenção e erradicação do 
trabalho infantil (Fnpeti): www.fnpeti.org.br
mpt em quadrinhos: www.mptemquadrinhos.com.br
ATIVIDADE 6 - MúSICA 
Referências 
ministério público do trabalho: http://portal.mpt.mp.br
Rede peteca – Chega de trabalho infantil:
www.chegadetrabalhoinfantil.org.br
Filmes
meia infância – o trabalho infantil no Brasil hoje: 
https://youtu.be/_oeYCEYpaRo
Resgate a infância: https://youtu.be/xYKCzm26Tkg
Fontes
1. Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do 
Trabalho Infanil (FNPETI-INPETI)
2. Pesq. Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2015
3. Marcos Gabriel da Silva www.folhamax.com.br/cidades
/depoimentos-de-vitimas...trabalho-infantil.../88411
4. Vídeo Resgate a infância
5. MPT/PI e Portal O Dia
Música é um recurso riquíssimo em sala de aula, você bem 
sabe. Por isso, sugerimos a realização de uma atividade 
para concluir a discussão do tema Trabalho Infantil com a 
turma. Providencie um aparelho de TV ou um computador 
com acesso à internet para exibir à classe um rap sobre 
o tema relacionado a esse conteúdo. Ele está disponível 
no link https://youtu.be/17Vw-ol9fwQ. A composição foi 
a primeira colocada no Prêmio MPT na Escola. Os autores 
são da cidade de Redenção, no Ceará. 
Depois de os estudantes ouvirem a música, reproduzir o 
vídeo novamente para que compreendam melhor a letra. 
Em seguida, desafiar todos a compor também. Formar du-
plas ou trios e informar que eles podem escolher o ritmo 
que preferirem. Dizer que todas as informações aprendidas 
sobre o assunto podem ser usadas na letra. Acompanhar a 
produção das duplas e oferecer ajuda se necessário. Quando 
todos terminarem as composições, pedir que socializem 
na sala. A próxima etapa será a apresentação para toda a 
comunidade escolar.
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Música do município de redenção - CE - vencedor do prêmio 
MPT na escola
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Ministério Público do Trabalho
Coordinfância
Coordenadoria Nacional de 
Combate à Exploração do Trabalho 
da Criança e do Adolescentewww.mpt.mp.br
REALIzAÇÃO
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