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Legislação Penal Extravagante - Crimes Tributários e Contra o Consumidor

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Aula 06
PC-CE (Inspetor da Polícia) Legislação
Penal Extravagante - 2021 (Pós-Edital)
Autor:
Equipe Legislação Específica
Estratégia Concursos
Aula 06
7 de Julho de 2021
40695016300 - Márcio Lima Bezerra
 
 
 
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Sumário 
Considerações Iniciais ......................................................................................................................................... 4 
Crimes contra a Ordem Tributária (Lei n. 8.137/90) ......................................................................................... 4 
1. Dos crimes contra a ordem tributária ......................................................................................................... 4 
1.1. Dos crimes praticados por particulares ................................................................................................ 4 
1.2. Dos crimes praticados por funcionários públicos .................................................................................. 8 
1.3. Da extinção da punibilidade ............................................................................................................... 9 
1.4. Da pena de multa ................................................................................................................................ 9 
1.5. Da delação premiada ......................................................................................................................... 9 
2. Dos crimes contra a ordem econômica ...................................................................................................... 11 
3. Dos crimes contra as relações de consumo ................................................................................................ 13 
Crimes contra a economia popular (Lei nº 1.521/1951) ................................................................................. 15 
Crimes contra o Consumidor (Lei n. 8.078/90) ................................................................................................. 23 
1. Aspectos introdutórios ............................................................................................................................... 23 
2. Crimes em espécie .................................................................................................................................... 25 
3. Circunstâncias agravantes......................................................................................................................... 37 
4. Pena de multa ........................................................................................................................................... 38 
5. Penas restritivas de direitos ...................................................................................................................... 38 
Questões Comentadas ...................................................................................................................................... 42 
Lista de Questões .............................................................................................................................................. 63 
Gabarito ........................................................................................................................................................... 73 
Resumo .............................................................................................................................................................. 74 
Jurisprudência Pertinente .................................................................................................................................. 84 
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Olá, amigo concurseiro! 
Hoje estudaremos a Lei 8.137 de 1990, que trata dos Crimes contra a Ordem Tributária e ainda a Lei 1.521 
de 1951 e os crimes contra o consumidor previstos na Lei 8.078 de 1990. Vamos lá!? 
Mãos à obra! 
CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (LEI N. 8.137/90) 
1. Dos crimes contra a ordem tributária 
1.1. Dos crimes praticados por particulares 
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e 
qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: 
Este é um dos dispositivos mais cobrados em provas. O crime contra a ordem tributária consiste na supressão 
ou redução de tributo, mediante uma das condutas previstas nos arts. 1º e 2º. 
A redação do caput tornou-se tecnicamente imprecisa, pois menciona a supressão ou redução de tributo ou 
contribuição social, sendo que hoje é pacífico na Doutrina que as contribuições sociais são espécies do 
gênero tributo, que comporta ainda os impostos, taxas, contribuições de melhoria e empréstimos 
compulsórios. 
Vejamos agora às condutas típicas do art. 1º. 
I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; 
II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer 
natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; 
III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento 
relativo à operação tributável; 
IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou 
inexato; 
V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a 
venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com 
a legislação. 
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
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Perceba que essas condutas estão relacionadas ao descumprimento de obrigações estabelecidas pelas leis e 
regulamentos tributários. 
Em geral, as pessoas jurídicas têm o dever de manter livros contábeis, com registros detalhados de todas as 
transações realizadas. Além disso, há também documentos que precisam ser emitidos a cada compra, venda 
ou prestação de serviços: notas fiscais, duplicadas, cupons fiscais, notas de venda, etc. 
Caso o contribuinte não emita esses documentos ou não registre adequadamente as transações, incorrerá 
nas condutas previstas nos incisos II, III, IV e V. 
Muita atenção aqui, pois os crimes previstos nos incisos I a IV são considerados crimes materiais. Já no caso 
do inciso V estamos falando de um crime formal, não se exigindo o lançamento definitivo do tributo para 
que o crime esteja consumado, ok? 
O inciso I diz respeito à obrigação de o contribuinte prestar informações à autoridade fazendária. Essa 
obrigatoriedade se manifesta tanto nas declarações prestadas periodicamente aos órgãos fazendários, 
quanto às situações de fiscalização e auditoria, situação na qual o fiscal tributário pode requisitar 
informações ao contribuinte. 
Vejamos agora as condutas previstas no art. 2º. 
Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: 
I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, 
para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo; 
II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, 
na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos; 
III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a 
parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuiçãocomo incentivo fiscal; 
IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto 
liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento; 
V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da 
obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda 
Pública. 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
O inciso I trata especificamente das declarações de rendas, bens e fatos. O agente que falseia ou omite 
informações que deveriam constar nessas declarações comete crime contra a ordem tributária. O exemplo 
fica por conta da famosa Declaração do Imposto de Renda, por meio da qual o contribuinte declara à Receita 
Federal todos os valores que recebeu no ano anterior, bem como detalhes acerca de seu patrimônio. 
Há uma série de outras declarações que devem ser prestadas pelas pessoas jurídicas, como, por exemplo, a 
declaração de recolhimento do ICMS, por meio da qual o contribuinte declara as vendas de mercadorias 
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realizadas durante o ano e os valores recolhidos a título de tributo. Este é um exemplo de declaração de 
fatos. 
O simples não recolhimento de tributo no prazo legal também configura crime contra a ordem tributária. 
Aquele que exige, paga ou recebe percentagem do valor dedutível como incentivo fiscal também incorre 
em crime. Esta é a conduta praticada por aqueles negociam benefício fiscal. 
Durante algum tempo houve discussões no STJ quanto à prática de empresários que deixavam de recolher 
ICMS declarado e repassado aos clientes. Julgados anteriores apontavam a conduta como inadimplência, 
não como o crime tipificado no art. 2º, II da Lei 8.137/1990. Tal visão não foi compartilhada pela Terceira 
Turma do STJ na decisão sobre o HC 399.109-SC que você confere abaixo: 
OPERAÇÕES PRÓPRIAS. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. NÃO RECOLHIMENTO. APROPRIAÇÃO 
INDÉBITA TRIBUTÁRIA. 
A conduta de não recolher ICMS em operações próprias ou em substituição tributária enquadra-
se formalmente no tipo previsto no art. 2º, II, da Lei n. 8.137/1990 (apropriação indébita 
tributária), desde que comprovado o dolo. 
HC 399.109-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, por maioria, julgado em 22/08/2018, DJe 
31/08/2018. 
Ainda tratando de incentivos fiscais, aquele que obtém incentivo para aplicar em determinada atividade e 
não o faz também incorre em crime. 
Considero bastante interessante a tipificação da conduta daquele que desenvolve sistema de 
processamento de dados que permita ao contribuinte manter informação contábil diversa daquela que é 
informada à autoridade fiscal. Na prática, este seria um sistema para acompanhar o “caixa dois”. 
É muito importante que você memorize essas condutas, por isso sistematizei a tabela a seguir, de forma a 
auxiliar a sua revisão. Perceba também que a pena cominada para os crimes do art. 2º é mais branda que a 
cominada pelo art. 1º. 
CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA 
Art. 1º Art. 2º 
Omitir informação, ou prestar declaração 
falsa às autoridades fazendárias; 
Fazer declaração falsa ou omitir declaração 
sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar 
outra fraude, para eximir-se, total ou 
parcialmente, de pagamento de tributo; 
Fraudar a fiscalização tributária, inserindo 
elementos inexatos, ou omitindo operação 
de qualquer natureza, em documento ou 
livro exigido pela lei fiscal; 
Deixar de recolher, no prazo legal, valor de 
tributo ou de contribuição social, descontado 
ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo 
de obrigação e que deveria recolher aos 
cofres públicos; 
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Falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, 
duplicata, nota de venda, ou qualquer outro 
documento relativo à operação tributável; 
Exigir, pagar ou receber, para si ou para o 
contribuinte beneficiário, qualquer 
percentagem sobre a parcela dedutível ou 
deduzida de imposto ou de contribuição 
como incentivo fiscal; 
Elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou 
utilizar documento que saiba ou deva saber 
falso ou inexato; 
Deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo 
com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas 
de imposto liberadas por órgão ou entidade 
de desenvolvimento; 
Negar ou deixar de fornecer, quando 
obrigatório, nota fiscal ou documento 
equivalente, relativa a venda de mercadoria 
ou prestação de serviço, efetivamente 
realizada, ou fornecê-la em desacordo com a 
legislação. 
Utilizar ou divulgar programa de 
processamento de dados que permita ao 
sujeito passivo da obrigação tributária 
possuir informação contábil diversa daquela 
que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública. 
Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, 
e multa. 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) 
anos, e multa. 
As seguintes circunstâncias agravantes, previstas pela Lei nº 8.137/1990, podem agravar as penas de um 
terço à metade: 
 Ocasionar grave dano à coletividade; 
 Ser o crime cometido por servidor público no exercício de suas funções  lembre-se de que essas 
circunstâncias agravantes apenas se aplicam aos crimes cometidos por particulares. Se estes crimes forem 
praticados por funcionário público, estará presente a circunstância agravante. Mais adiante veremos os 
crimes que somente podem ser praticados por funcionários públicos, e nesse caso a condição do agente já é 
elementar do crime e, portanto, não pode agravar a pena; 
 Ser o crime praticado em relação à prestação de serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida 
ou à saúde. 
Quero chamar sua atenção para as implicações nos crimes contra a ordem tributária trazidas pela Lei nº 
9.964/2000, que instituiu o Programa de Recuperação Fiscal (Refis). Esse programa tem por finalidade a 
regularização dos débitos das pessoas jurídicas com a União. 
A pretensão punitiva do Estado quanto aos crimes dos arts. 1º e 2º será suspensa quando a pessoa jurídica 
relacionada com o agente dos crimes estiver incluída no Refis. Essa suspensão, todavia, só pode ocorrer se o 
devedor tiver entrado no Refis antes do RECEBIMENTO da denúncia criminal. 
Importante ressaltar que outras normas posteriores, a exemplo da Lei 10.684/2003, que criaram novos 
programas de refinanciamento, falam em parcelamento a qualquer momento, não havendo esse limite 
previsto na Lei 9.964/2000, afinal o interesse da União é receber os valores. 
Se a pessoa jurídica incluída no Refis honrar o parcelamento e efetuar o pagamento integral dos débitos, 
haverá extinção da punibilidade. 
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Súmula Vinculante nº 24 do STF 
Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei 
nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo. 
Crimes materiais são aqueles que são consumados apenas com a ocorrência do resultado previsto pelo tipo 
penal. Não basta a ação ou omissão do agente, mas é necessário também que o resultado intentado seja 
alcançado. 
Caso o resultado não faça parte do tipo penal, estaremos diante de um crime formal, que pode se consumar 
apenas com a conduta do agente. 
Os crimes previstos no art. 1º, I a IV, são crimes materiais, e somente se aperfeiçoam com o lançamento 
definitivo do tributo, pois esse é o procedimento legítimo para atestar que houve supressão ou redução do 
tributo. Somente a partir do lançamento, que é ato privativo da autoridade fiscal, surgepara o Estado a 
pretensão de constranger o sujeito passivo ao pagamento. 
Por outro lado, os crimes previstos no art. 1º, V (negar ou deixar de fornecer nota fiscal ou documento 
equivalente) e no art. 2º são crimes formais. Isso significa dizer que a supressão ou redução do tributo não é 
essencial à sua consumação. Estes crimes, portanto, se consumam independentemente do lançamento 
definitivo do tributo. 
1.2. Dos crimes praticados por funcionários públicos 
Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, 
de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I): 
I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da 
função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato 
de tributo ou contribuição social; 
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função 
ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal 
vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, 
valendo-se da qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Os crimes cometidos por funcionário público são apenas esses três. Perceba que cada um deles tem um 
correspondente no Código Penal. 
O crime do inciso I lembra muito o de extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento (art. 314 
do CP). A diferença é que o crime previsto no inciso I adiciona um resultado como naturalístico: “acarretar 
pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social”. 
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Já o crime do inciso II tem relação com o crime de concussão (art. 316 do CP) e o de corrupção passiva (art. 
317 do CP). A diferença agora será a exigência de finalidade específica do agente: “para deixar de lançar ou 
cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente”. 
O inciso III, por sua vez, lembra bastante o crime de advocacia administrativa (art. 321 do CP), apenas 
substituindo a expressão administração pública por administração fazendária. 
Lembre-se dessas diferenças, ok? Não há crime funcional contra a ordem tributária que não mencione 
tributos ou a Administração Fazendária!  
1.3. Da extinção da punibilidade 
O art. 14 da Lei nº 8.137/1990 originalmente previa a extinção da punibilidade nos crimes contra a ordem 
tributária se o agente pagasse sua dívida com o Fisco antes do recebimento da denúncia. Esse dispositivo, 
entretanto, foi revogado pela Lei nº 8.383/1991. 
A Lei nº 9.249/1995 posteriormente reestabeleceu a regra de extinção da punibilidade antes do recebimento 
da denúncia. 
Por fim, depois de muito vai e vem, a lei 10.684/2003 estabeleceu que a punibilidade pode ser extinta com 
o pagamento integral mesmo após o TRÂNSITO EM JULGADO, tese aceita pelo STJ (HC 362478). 
1.4. Da pena de multa 
Acerca da pena multa, a Lei nº 8.137/1990 traz regras específicas para o cálculo. Chamo sua atenção especial 
para o art. 10, que confere ao juiz a faculdade de aumentar ou diminuir a multa em função do ganho obtido 
pelo réu com o crime da sua situação econômica. 
Art. 8° Nos crimes definidos nos arts. 1° a 3° desta lei, a pena de multa será fixada entre 10 (dez) e 360 
(trezentos e sessenta) dias-multa, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção 
do crime. 
Parágrafo único. O dia-multa será fixado pelo juiz em valor não inferior a 14 (quatorze) nem superior 
a 200 (duzentos) Bônus do Tesouro Nacional BTN. 
Art. 10 Caso o juiz, considerado o ganho ilícito e a situação econômica do réu, verifique a insuficiência 
ou excessiva onerosidade das penas pecuniárias previstas nesta lei, poderá diminuí-las até a décima 
parte ou elevá-las ao décuplo. 
1.5. Da delação premiada 
Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa do Ministério Público nos crimes descritos nesta 
lei, fornecendo-lhe por escrito informações sobre o fato e a autoria, bem como indicando o tempo, o 
lugar e os elementos de convicção. 
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Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou 
partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama 
delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. 
Qualquer pessoa pode trazer informações diretamente ao Ministério Público a respeito dos crimes contra a 
ordem tributária. Perceba que não é necessário que haja inquérito policial ou qualquer outra atuação da 
Polícia. 
O Ministério Público goza de poderes próprios de investigação e pode subsidiar o oferecimento da ação 
penal com informações obtidas por outros meios. 
O parágrafo único traz a nossa já conhecida delação premiada. A redução de pena aplicável neste caso é de 
um a dois terços, e deve ser concedida ao agente que espontaneamente relevar toda a trama delituosa. 
Os crimes contra a ordem tributária são de ação penal pública incondicionada, devendo a representação 
fiscal ser encaminhada pela autoridade fazendária ao Ministério Público quando houver a constituição 
definitiva do crédito tributário. 
Isso significa que, se o sujeito passivo de tributo questionar na esfera administrativa a exigência do tributo, 
a representação fiscal somente pode ser enviada ao Ministério Público após a decisão administrativa 
definitiva. 
 
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DELAÇÃO PREMIADA 
A pena do agente que espontaneamente relevar à autoridade policial ou judicial toda a 
trama delituosa será reduzida de um a dois terços. 
2. Dos crimes contra a ordem econômica 
Nestes crimes, o bem jurídico tutelado é a ordem econômica, que deve ser entendida como o sistema que 
contempla a produção e comercialização de bens materiais, que podem ser avaliados e negociados. 
A manutenção da boa ordem econômica é de interesse de toda a sociedade, pois todos possuem bens e 
direitos que, de uma forma ou de outra, circulam por meio das trocas econômicas. Segundo a Constituição 
de 1988, a ordem econômica tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça 
social. 
A Constituição determina, ainda, em seu art. 173, §4º, que “a lei reprimirá o abuso do poder econômico que 
vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros”. Daí as 
sanções severas que veremos mais adiante. 
Estes crimes, assim como os crimes contra a ordem tributária, são de ação penal pública incondicionada. 
Art. 4° Constitui crime contra a ordem econômica: 
I - abusar do poder econômico, dominando o mercado ou eliminando, total ou parcialmente, a 
concorrência mediante qualquer forma de ajuste ou acordo de empresas; 
II – formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando: 
a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou produzidas; 
b) ao controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo de empresas; 
c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou de fornecedores. 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa. 
 
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O inciso I criminaliza a conduta de quem, de forma genérica, abusa do poder econômico. É muito difícil 
definir esse abuso, mas podemos dizer que ele ocorre quando o detentor do poder econômico de alguma 
forma o utiliza para prejudicar os consumidores e seus concorrentes, praticando conduta desleal, que atenta 
contra a competitividade. 
O dumping é uma prática lesiva à concorrência que consiste na operação de uma empresa abaixo das 
condições habituais de mercado, com a finalidade de eliminar. Seria o caso, por exemplo, de um grande 
fabricante de sapatos que decide começar a operar em uma nova localidade vendendo abaixo do preço de 
custo por um tempo, forçando os concorrentes menores a “quebrar”. 
A Lei nº 8.137/1990 punia o especificamente quem praticava dumping. Apesar de hoje não haver mais 
dispositivo específico sobre o assunto, em alguns casos pode ser possível enquadrar a conduta no inciso I do 
art. 4º. 
Já o inciso II criminaliza a conduta bastante conhecida por todos nós: a formação de cartel. Esta conduta 
antieconômica ocorre quando empresários se unem para “dividir entre si o mercado”, ajustando os preços 
a serem praticados, as quantidades de mercadorias que serão produzidas e comercializadas, o controle de 
redes de fornecedores ou o controle do mercado por regiões. 
Há cartel, por exemplo, quando empresas comerciais do mesmo ramo combinam que cada uma abrirá lojas 
em determinadas áreas da cidade, ou quando vários donos de postos de gasolina combinam um “preço de 
tabela” a ser praticado por todos. 
O cartel é crime de mera conduta. Não é necessário que o grupo efetivamente consiga o que pretende, mas 
somente que se reúna e faça o acordo. 
Atenção! O monopólio ocorre quando apenas uma pessoa é capaz de fornecer determinado bem ou serviço 
em certa localidade. A constituição de monopólio, por si só, não é crime. Cabe ao poder público, todavia, 
desenvolver mecanismos de forma a incentivar a concorrência ou, quando isso não for possível, limitar os 
preços praticados pelo monopolista. 
 
DUMPING  Já foi, no passado, criminalizado especificamente pela Lei nº 8.137/1990, mas 
hoje não é mais; 
CARTEL  É crime previsto no art. 4º, II; 
MONOPÓLIO  Não é crime. 
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3. Dos crimes contra as relações de consumo 
Esta parte da Lei n° 8.137/1990 aparece pouco em provas. Eu sempre costumo dizer que esse tipo de assunto 
pode ser o seu diferencial, pois se aparecer uma questão sobre este tema, muita gente vai errar. 
A defesa do consumidor é dever do Estado, assegurada pela Constituição de 1988 em seu art. 5°, XXXII. A lei 
em estudo, bem como o próprio Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/1990) surgem para garantir 
eficácia ao dispositivo constitucional, regulando as relações de consumo e criminalizando certas condutas 
lesivas aos interesses dos consumidores. 
As relações de consumo são protegidas enquanto bem jurídico imaterial, supra-individual e difuso. Os bens 
jurídicos relacionados a cada consumidor especificamente são secundários. 
As normas penais têm por objetivo proteger principalmente a integridade da relação de consumo e a 
adequação da informação dada pelo fornecedor ao consumidor. 
Art. 7° Constitui crime contra as relações de consumo: 
I - favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou freguês, ressalvados os sistemas de entrega 
ao consumo por intermédio de distribuidores ou revendedores; 
II - vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem, tipo, especificação, peso ou composição 
esteja em desacordo com as prescrições legais, ou que não corresponda à respectiva classificação 
oficial; 
III - misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, para vendê-los ou expô-los à venda como 
puros; misturar gêneros e mercadorias de qualidades desiguais para vendê-los ou expô-los à venda por 
preço estabelecido para os demais mais alto custo; 
IV - fraudar preços por meio de: 
a) alteração, sem modificação essencial ou de qualidade, de elementos tais como denominação, sinal 
externo, marca, embalagem, especificação técnica, descrição, volume, peso, pintura ou acabamento 
de bem ou serviço; 
b) divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente oferecido à venda em conjunto; 
c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à venda em separado; 
d) aviso de inclusão de insumo não empregado na produção do bem ou na prestação dos serviços; 
V - elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens ou serviços, mediante a exigência de comissão 
ou de taxa de juros ilegais; 
VI - sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-los a quem pretenda comprá-los nas condições 
publicamente ofertadas, ou retê-los para o fim de especulação; 
VII - induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou afirmação falsa ou enganosa sobre 
a natureza, qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio, inclusive a veiculação ou 
divulgação publicitária; 
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VIII - destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou mercadoria, com o fim de provocar alta de 
preço, em proveito próprio ou de terceiros; 
IX - vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-
prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo; 
Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa. 
Uma questão relacionada à Jurisprudência do STJ, e que já foi cobrada pelo Cespe, diz respeito ao crime 
previsto no inciso IX. O STJ entende que o crime de exposição à venda de mercadoria imprópria para 
consumo é crime formal, de perigo abstrato. Não se exige, portanto, que haja qualquer consequência 
naturalística para que esteja consumado o crime. 
Além disso, também é importante saber que o STJ entende que, para configuração do crime de expor à venda 
mercadorias impróprias para consumo, é necessária a realização de prova pericial. 
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO. ALIMENTOS IMPRÓPRIOS PARA O CONSUMO. 
PRAZO DE VALIDADE VENCIDO. PERÍCIA TÉCNICA PARA AFERIR O ELEMENTO NORMATIVO DO 
TIPO. NECESSIDADE. 
[…] 
"Da leitura do artigo 7º, inciso IX, da Lei 8.137/1990, percebe-se que se trata de delito contra as 
relações de consumo não transeunte, que deixa vestígios materiais, sendo indispensável, 
portanto, a realização de perícia para a sua comprovação, nos termos do artigo 158 do Código 
de Processo Penal" (RHC 49.221/SC, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, DJe 
28/4/2015). 
"Inexistente prova pericial, produzida diretamente sobre os produtos alimentícios apreendidos, 
falta justa causa para a persecução penal, sendo insuficiente concluir pela impropriedade para o 
consumo exclusivamente em virtude da ausência de informações obrigatórias na rotulagem do 
produto e/ou em decorrência do prazo de sua validade estar vencido" (RHC 69.692/SC, Rel. 
Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, DJe 13/6/2017). 
No caso em exame, verifica-se, conforme descrito na denúncia, que os ora pacientes "tinham em 
depósito para venda aditivos e matérias-primas para fabricação de linguiças com prazo de 
validade vencido". 
Na hipótese de delito em que deixa vestígios, revela-se indispensável a realização de exame 
pericial para atestar a impropriedade da mercadoria para o consumo, nos termos do art. 158 do 
Código de Processo Penal. Precedentes. 
[...] 
STJ, HC 4121180/SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, DJe 19.12.2017 
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Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e IX pune-se a modalidade culposa, reduzindo-se a 
pena e a detenção de 1/3 (um terço) ou a de multa à quinta parte. 
Por incrível que pareça, este disposto é o mais cobrado em provas até hoje no que tange aos crimes contra 
as relações de consumo. Atenção! É possível que os seguintes crimes sejam cometidos na modalidade 
culposa: 
CRIMES CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO 
ADMITEM MODALIDADE CULPOSA II - vender ou expor à venda mercadoria cuja 
embalagem, tipo, especificação, peso ou composição 
esteja em desacordo com as prescrições legais, ou que 
não corresponda à respectiva classificação oficial; 
III - misturar gêneros e mercadorias de espécies 
diferentes, para vendê-los ou expô-los à venda como 
puros; misturar gêneros e mercadorias de qualidades 
desiguais para vendê-los ou expô-los à venda por 
preço estabelecido para os demais mais alto custo; 
IX - vender, ter em depósito para vender ou expor à 
venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima 
ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo. 
 
Ainda tratando deste tema, quero chamar sua atenção para o disposto no parágrafo único do art. 11, que 
traz disposição acerca da situação em que o fabricante estabelece ou sugere o preço de venda a ser praticado 
pelo comerciante. 
Parágrafo único. Quando a venda ao consumidor for efetuada por sistema de entrega ao consumo ou 
por intermédio de outro em que o preço ao consumidor é estabelecido ou sugerido pelo fabricante ou 
concedente, o ato por este praticado não alcança o distribuidor ou revendedor. 
Não há, portanto, responsabilidade solidária ou subsidiária do revendedor ou distribuidor quando o 
fabricante praticar conduta tipificada como crime contra as relações de consumo. Atenção, pois este assunto 
foi cobrado recentemente em concursos. 
CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR (LEI Nº 1.521/1951) 
Os Crimes contra a Economia Popular basicamente estão relacionadas a atos que prejudicam a livre 
concorrência ou que estejam relacionados à formação de cartéis, oligopólios ou monopólios, à manipulação 
de preços e de tendências do mercado. 
Segundo definição de Nelson Hungria, o crime contra a economia popular é “todo o fato que represente 
um dano efetivo ou potencial ao patrimônio de um número indeterminado de pessoas”. 
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A Lei nº 1.521/1951 é curta e fácil de entender. Não se trata de uma das leis mais importantes, e muitos 
doutrinadores consideram que boa parte dela foi revogada por leis posteriores. 
Antes de aprendermos quais são os tipos penais apresentados pela lei, vamos estudar alguns aspectos 
processuais que também se apresentam, ok? 
Art. 7º. Os juízes recorrerão de ofício sempre que absolverem os acusados em processo por crime 
contra a economia popular ou contra a saúde pública, ou quando determinarem o arquivamento dos 
autos do respectivo inquérito policial. 
Esta é uma hipótese de recurso de ofício (ou reexame necessário), aplicável sempre que os acusados forem 
absolvidos, ou quando for determinado o arquivamento do inquérito policial. Basicamente significa que, 
independentemente da interposição de recurso, o Juiz deve enviar o processo para julgamento pela 
instância superior. 
É uma regra um pouco estranha tratando-se de Direito Processual Penal, mas foi cobrada em concursos 
recentemente. Portanto, fique atento! 
 
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Haverá recurso de ofício sempre que os acusados em processo por crime contra a economia 
popular ou contra a saúde pública forem absolvidos, ou quando for determinado o arquivamento 
dos autos do respectivo inquérito policial. 
Quanto ao procedimento, a lei determina a aplicação do rito sumário, mas traz prazos e parâmetros 
distintos do que hoje se segue nesse rito. Além disso, a lei determina que a retardação injustificada, pura e 
simples, dos prazos processuais importa em crime de prevaricação. 
Há ainda a previsão de julgamento por um júri composto por um Juiz e vinte cidadãos sorteados. Este júri, 
porém, foi extinto pelo Decreto-Lei nº 2/1966, e, posteriormente, a Emenda Constitucional nº 1/1969 
determinou a competência do tribunal do júri, que hoje julga apenas crimes dolosos contra a vida. 
Agora vamos conhecer os tipos penais, que estão na tabela abaixo, adicionados de alguns comentários. São 
diversos crimes, mas as questões de prova não costumam se aprofundar, e em geral cobram apenas o 
conhecimento sobre as condutas descritas. 
CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR 
Art. 2º. São crimes 
desta natureza: 
 
Pena - detenção, de 6 
(seis) meses a 2 (dois) 
anos, e multa, de dois 
mil a cinqüenta mil 
cruzeiros. 
 
I - recusar individualmente em 
estabelecimento comercial a 
prestação de serviços essenciais à 
subsistência; sonegar mercadoria ou 
recusar vendê-la a quem esteja em 
condições de comprar a pronto 
pagamento; 
Aqui há dois tipos penais. Na primeira 
parte temos a recusa de prestação de 
um serviço individual, que se pode 
entender, de acordo com o § Único do 
mesmo artigo, como sendo gêneros, 
artigos e mercadorias de primeira 
necessidade e indispensáveis à 
subsistência do indivíduo. A recusa 
deve ocorrer no interior do 
estabelecimento e de forma direta. 
Na segunda parte temos a modalidade 
de “sonegação de estoques”, mas esta 
foi revogada pelo art. 7.º, VI, da Lei 
8.137/1990, com redação ampliada de 
modo a não mais tratar apenas dos 
serviços essenciais. 
II - favorecer ou preferir comprador 
ou freguês em detrimento de outro, 
ressalvados os sistemas de entrega ao 
consumo por intermédio de 
distribuidores ou revendedores; 
Revogado pelo artigo 7.º, I, da Lei 
8.137/1990. 
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III - expor à venda ou vender 
mercadoria ou produto alimentício, 
cujo fabrico haja desatendido a 
determinações oficiais, quanto ao 
peso e composição; 
Revogado pelo artigo 7.º, II, da Lei 
8.137/1990. 
IV - negar ou deixar o fornecedor de 
serviços essenciais de entregar ao 
freguês a nota relativa à prestação de 
serviço, desde que a importância 
exceda de quinze cruzeiros, e com a 
indicação do preço, do nome e 
endereço do estabelecimento, do 
nome da firma ou responsável, da 
data e local da transação e do nome e 
residência do freguês; 
Revogado pelo artigo 1º, V, da Lei 
8.137/1990. 
V - misturar gêneros e mercadorias de 
espécies diferentes, expô-los à venda 
ou vendê-los, como puros; misturar 
gêneros e mercadorias de qualidades 
desiguais para expô-los à venda ou 
vendê-los por preço marcado para os 
de mais alto custo; 
Revogado pelo artigo 7º, III, da Lei 
8.137/1990. 
VI - transgredir tabelas oficiais de 
gêneros e mercadorias, ou de serviços 
essenciais, bem como expor à venda 
ou oferecer ao público ou vender tais 
gêneros, mercadorias ou serviços, por 
preço superior ao tabelado, assim 
como não manter afixadas, em lugar 
visível e de fácil leitura, as tabelas de 
preços aprovadas pelos órgãos 
competentes; 
Revogado pelo artigo 6º, da Lei 
8.137/1990. 
VII - negar ou deixar o vendedor de 
fornecer nota ou caderno de venda de 
gêneros de primeira necessidade, seja 
à vista ou a prazo, e cuja importância 
exceda de dez cruzeiros, ou de 
especificar na nota ou caderno - que 
serão isentos de selo - opreço da 
mercadoria vendida, o nome e o 
endereço do estabelecimento, a firma 
ou o responsável, a data e local da 
transação e o nome e residência do 
freguês; 
Revogado pelo artigo 1º, V, da Lei 
8.137/1990. 
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VIII - celebrar ajuste para impor 
determinado preço de revenda ou 
exigir do comprador que não compre 
de outro vendedor; 
Mais uma vez aqui há dois tipos penais. 
O primeiro é a imposição de preço, que 
normalmente ocorre quando há conluio 
de empresas do mesmo ramo, com a 
implantação de cartel. 
O segundo tipo penal trata da cláusula 
de exclusividade, proibindo o 
comprador de adquirir a mercadoria 
junto a outro fornecedor. 
IX - obter ou tentar obter ganhos 
ilícitos em detrimento do povo ou de 
número indeterminado de pessoas 
mediante especulações ou processos 
fraudulentos ("bola de neve", 
"cadeias", "pichardismo" e quaisquer 
outros equivalentes); 
Aqui estamos falando da exploração 
fraudulenta da credulidade pública. A 
principal diferença desse crime em 
relação ao estelionato é que ele é 
praticado contra um número 
indeterminado de pessoas. O crime 
estará consumado mesmo que o agente 
não consiga auferir qualquer ganho. 
O dispositivo traz exemplos de algumas 
práticas, mas trata-se de um rol 
exemplificativo, ok? 
A “bola de neve” é a compra um bem de 
maior valor pagando apenas uma 
parcela menor, conseguindo parceiros 
para solver as demais e, estes, por sua 
vez procederão da mesma forma. 
“Cadeias” ou “correntes da felicidade” 
ou ainda “pirâmides” são práticas que 
beneficiam apenas os primeiros 
organizadores, pois num determinado 
momento ela se rompe, trazendo 
prejuízos aos participantes. 
"Pichardismo" diz respeito ao autor do 
famoso golpe, o italiano Manuel Severo 
Pichardo, que consiste na promessa 
fraudulenta, ao comprador, do 
fornecimento de determinada 
mercadoria e, após algum tempo, 
restituir-lhe os valores pagos, em 
sistema de "corrente". 
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X - violar contrato de venda a 
prestações, fraudando sorteios ou 
deixando de entregar a coisa vendida, 
sem devolução das prestações pagas, 
ou descontar destas, nas vendas com 
reserva de domínio, quando o 
contrato for rescindido por culpa do 
comprador, quantia maior do que a 
correspondente à depreciação do 
objeto. 
Mais uma vez o que diferencia este tipo 
penal do estelionato ou da apropriação 
indébita é o grande número de vítimas. 
XI - fraudar pesos ou medidas 
padronizados em lei ou 
regulamentos; possuí-los ou detê-los, 
para efeitos de comércio, sabendo 
estarem fraudados. 
A primeira modalidade do crime trata 
da fraude no peso ou medida da 
mercadoria, normalmente por meio da 
alteração dos equipamentos de 
pesagem. A segunda está relacionada à 
posse ou detenção de bens fraudados. 
Art. 3º. São também 
crimes desta natureza: 
 
Pena - detenção, de 2 
(dois) anos a 10 (dez) 
anos, e multa, de vinte 
mil a cem mil cruzeiros. 
 
I - destruir ou inutilizar, 
intencionalmente e sem autorização 
legal, com o fim de determinar alta de 
preços, em proveito próprio ou de 
terceiro, matérias-primas ou 
produtos necessários ao consumo do 
povo; 
 
II - abandonar ou fazer abandonar 
lavoura ou plantações, suspender ou 
fazer suspender a atividade de 
fábricas, usinas ou quaisquer 
estabelecimentos de produção, ou 
meios de transporte, mediante 
indenização paga pela desistência da 
competição; 
Aqui o agente paga para que o que 
outro desista da competição. Os dois, 
portanto, tiram vantagem da situação, 
em detrimento dos outros 
concorrentes. 
III - promover ou participar de 
consórcio, convênio, ajuste, aliança 
ou fusão de capitais, com o fim de 
impedir ou dificultar, para o efeito de 
aumento arbitrário de lucros, a 
concorrência em matéria de 
produção, transportes ou comércio; 
 
IV - reter ou açambarcar matérias-
primas, meios de produção ou 
produtos necessários ao consumo do 
povo, com o fim de dominar o 
mercado em qualquer ponto do País e 
provocar a alta dos preços; 
Revogado pelo artigo 4.º, IV, da Lei 
8.137/1990. 
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V - vender mercadorias abaixo do 
preço de custo com o fim de impedir 
a concorrência. 
Revogado pelo artigo 4.º, VI, da Lei 
8.137/1990. 
VI - provocar a alta ou baixa de preços 
de mercadorias, títulos públicos, 
valores ou salários por meio de 
notícias falsas, operações fictícias ou 
qualquer outro artifício; 
Esta é uma das principais condutas 
capazes de abalar a economia popular. 
Para que o crime esteja consumado, 
não é necessário que ocorra efetiva 
alteração dos preços, bastando a 
utilização dos artifícios para atingir tal 
fim. 
VII - dar indicações ou fazer 
afirmações falsas em prospectos ou 
anúncios, para fim de substituição, 
compra ou venda de títulos, ações ou 
quotas; 
Revogado pelo art. 67 da Lei 
8.078/1990 (Código de Defesa do 
Consumidor). 
VIII - exercer funções de direção, 
administração ou gerência de mais de 
uma empresa ou sociedade do 
mesmo ramo de indústria ou 
comércio com o fim de impedir ou 
dificultar a concorrência; 
O sujeito ativo deve ser pessoa 
qualificada para exercer mais de uma 
função de direção, administração ou 
gerência. O delito ocorre com o 
exercício de chefia em mais de uma 
empresa do mesmo ramo e exige o dolo 
específico de impedir a concorrência. 
IX - gerir fraudulenta ou 
temerariamente bancos ou 
estabelecimentos bancários, ou de 
capitalização; sociedades de seguros, 
pecúlios ou pensões vitalícias; 
sociedades para empréstimos ou 
financiamento de construções e de 
vendas e imóveis a prestações, com 
ou sem sorteio ou preferência por 
meio de pontos ou quotas; caixas 
econômicas; caixas Raiffeisen; caixas 
mútuas, de beneficência, socorros ou 
empréstimos; caixas de pecúlios, 
pensão e aposentadoria; caixas 
construtoras; cooperativas; 
sociedades de economia coletiva, 
levando-as à falência ou à insolvência, 
ou não cumprindo qualquer das 
cláusulas contratuais com prejuízo 
dos interessados; 
Este tipo penal foi parcialmente 
revogado pelo art. 4.º da Lei 
7.492/1986, que passou a prever o 
crime de gestão fraudulenta de 
instituições financeiras. 
Entretanto, o crime continua existindo 
quando a conduta envolver empresas 
não financeiras. 
O legislador procurou coibir o mau 
administrador dos recursos de 
terceiros. 
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 X - fraudar de qualquer modo 
escriturações, lançamentos, registros, 
relatórios, pareceres e outras 
informações devidas a sócios de 
sociedades civis ou comerciais, em 
que o capital seja fracionado em 
ações ou quotas de valor nominativo 
igual ou inferior a um mil cruzeiros 
com o fim de sonegar lucros, 
dividendos, percentagens, rateios ou 
bonificações, ou de desfalcar ou de 
desviar fundos de reserva ou reservas 
técnicas. 
Este crime é uma espécie de falsidade, 
que lesa os sócios ou acionistas da 
empresa. 
Art. 4º. Constitui 
crime da mesma 
natureza a usura 
pecuniária ou real, 
assim se 
considerando: 
 
Pena - detenção, de 6 
(seis) meses a 2 (dois) 
anos, e multa, de cinco 
mil a vinte mil cruzeiros. 
a) cobrar juros, comissões ou 
descontos percentuais, sobre 
dívidas em dinheiro superiores à 
taxa permitida por lei; cobrar ágiosuperior à taxa oficial de câmbio, 
sobre quantia permutada por 
moeda estrangeira; ou, ainda, 
emprestar sob penhor que seja 
privativo de instituição oficial de 
crédito; 
A alínea “a” trata da usura pecuniária, 
que é a obtenção de lucros exagerados, 
através de juros cobrados por 
empréstimos, ou por meio de contratos 
que tenham por objetivo negócios 
pecuniários. 
O tipo penal prevê três condutas 
diferentes, duas na forma de cobrar e 
uma na de emprestar. A primeira 
tipifica-se por cobrar juros superiores 
ao permitido por lei. A segunda 
compreende a cobrança de ágio 
superior à taxa de câmbio, sobre a 
compra ou venda de moeda 
estrangeira. E a terceira se refere ao 
empréstimo mediante penhor. 
b) obter, ou estipular, em qualquer 
contrato, abusando da premente 
necessidade, inexperiência ou 
leviandade de outra parte, lucro 
patrimonial que exceda o quinto 
do valor corrente ou justo da 
prestação feita ou prometida. 
§ 1º. Nas mesmas penas incorrerão os 
procuradores, mandatários ou 
mediadores que intervierem na 
operação usuária, bem como os 
cessionários de crédito usurário que, 
cientes de sua natureza ilícita, o 
A alínea “b” aborda a usura real, que 
consiste numa vantagem em bens de 
qualquer natureza, inclusive imóveis, 
inserida em contratos. Na usura real há 
uma grande desproporção entre o 
preço justo e o lucro a ser auferido. São 
contratos desequilibrados, em geral 
fruto do desespero de uma das partes. 
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fizerem valer em sucessiva 
transmissão ou execução judicial. 
§ 2º. São circunstâncias agravantes do 
crime de usura: 
I - ser cometido em época de grave 
crise econômica; 
II - ocasionar grave dano individual; 
III - dissimular-se a natureza usurária 
do contrato; 
IV - quando cometido: 
a) por militar, funcionário público, 
ministro de culto religioso; por pessoa 
cuja condição econômico-social seja 
manifestamente superior à da vítima; 
b) em detrimento de operário ou de 
agricultor; de menor de 18 (dezoito) 
anos ou de deficiente mental, 
interditado ou não. 
CRIMES CONTRA O CONSUMIDOR (LEI N. 8.078/90) 
1. Aspectos introdutórios 
A Constituição Federal de 1988 prevê a defesa do consumidor como uma de suas cláusulas pétreas, 
decorrentes dos direitos e garantias fundamentais por ela assegurados. A legislação específica para defesa 
do consumidor encontra amparo no art. 5o, XXXII, que dispõe que o Estado promoverá, na forma da lei, a 
defesa do consumidor. 
Dada a necessidade de regulamentação do assunto,em 1990 foi promulgado o Código de Defesa do 
Consumidor, que regula as relações de consumo e garante a busca pela tutela jurisdicional com maior peso 
e força. 
O CDC é uma lei bastante abrangente, que trata de vários aspectos atinentes às relações de consumo. Há 
disposições acerca da responsabilidade civil do fornecedor, além de disposições administrativas e penais. 
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Claro que o conteúdo que nos interessa é o penal, que conta inclusive com a tipificação de crimes, que 
estudaremos a partir de agora. Para que possamos compreender os tipos penais, porém, é necessário 
conhecer algumas definições básicas trazidas pelo CDC. A seguir apresento essas informações no formato de 
uma tabela, para facilitar sua memorização. 
DIREITO DO CONSUMIDOR – DEFINIÇÕES BÁSICAS 
Relação de consumo É a que se estabelece entre fornecedor e consumidor, tendo como 
objeto produtos e serviços. 
Consumidor É toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final (art. 2o do CDC). Equipara-se 
também a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que 
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo 
(art. 2o, parágrafo único). 
Fornecedor É toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou 
estrangeira, bem como entes despersonalizados, que 
desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, 
construção, transformação, importação, exportação, distribuição 
ou comercialização de produtos ou prestação de serviços (art. 3o). 
Produto Qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial (art. 3o, 
§1o). 
Serviço Qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante 
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de 
créditos e securitária, salvo as decorrentes de relações de caráter 
trabalhista (art. 3o, §2o). 
Ainda na Constituição Federal, temos, em seu art. 173, §5o, a previsão de uma lei que estabeleça a 
responsabilidade do dirigente da pessoa jurídica que incorrer em irregularidades. 
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica 
pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante 
interesse coletivo, conforme definidos em lei. 
[...] 
§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a 
responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados 
contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. 
Os crimes descritos na Lei n. 8.078/1990 não são crimes contra a economia popular, e por isso a 
responsabilização de penal de pessoas jurídicas nesses casos não é possível. Além disso, o CDC não prevê 
a responsabilização da pessoa jurídica, e, portanto, mesmo que esta seja fornecedora ou prestadora de 
serviço, a punição somente pode recair sobre seu titular ou, em alguns casos, um funcionário. 
Como exemplo, podemos citar o crime do art. 74, que tipifica a conduta de não entregar ao consumidor o 
termo de garantia adequadamente preenchido. Neste caso é preciso investigar se o titular do 
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estabelecimento determinou que seus empregados adotassem a conduta, e, se tal fato for comprovado, 
deverá ser ele punido. 
A questão da responsabilização dos dirigentes é detalhada pelo art. 75 do CDC. 
Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes referidos neste código, incide as penas a 
esses cominadas na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, administrador ou gerente da 
pessoa jurídica que promover, permitir ou por qualquer modo aprovar o fornecimento, oferta, 
exposição à venda ou manutenção em depósito de produtos ou a oferta e prestação de serviços nas 
condições por ele proibidas. 
Numa primeira leitura você até poderia ter essa impressão, mas o art. 75 NÃO cria uma hipótese de 
responsabilidade objetiva. Na realidade, o dispositivo determina que só serão punidos aqueles que 
concorrerem para o crime. Além disso, os diretores, administradores e gerentes somente poderão ser 
responsabilizados criminalmente por fatos que tenham chegado ao seu conhecimento, e cujo resultado 
poderiam ter evitado, dentro de sua esfera de atuação na empresa. 
Na maior parte dos crimes contra as relações de consumo não há dificuldade na identificação dos 
responsáveis, já que a conduta típica somente pode ser praticada por determinada pessoa. Fica claro, 
portanto, que a situação é bem diferente da esfera cível, na qual a empresa poderá responsabilizada em 
relação à obrigação de indenizar. 
Em termos de objetividade jurídica, podemos dizer que os crimes que estudaremos a partir de agora tutelam 
as relações de consumo. Em alguns casos a vítima é apenas um consumidor, mas em outros a infração penal 
atinge a universidade dos consumidores. Independentemente da possibilidadede individualização do sujeito 
passivo, a finalidade dos dispositivos é a proteção dos consumidores de maneira geral. 
2. Crimes em espécie 
Antes de estudarmos os tipos penais um a um, você deve saber que os crimes contra as relações de consumo 
não estão presentes apenas no Código de Defesa do Consumidor. Outras leis também tratam do tema, além 
do próprio Código Penal, mas na aula de hoje nosso objeto de estudo será a Lei n. 8.078/1990. 
Devemos ainda lembrar que há alguns princípios que guiam especificamente o Direito do Consumidor, entre 
eles a proteção ao consumidor, que surge em decorrência de sua situação de hipossuficiência econômica, 
quando diante dos grandes conglomerados da indústria e do comércio. 
Art. 61. Constituem crimes contra as relações de consumo previstas neste código, sem prejuízo do 
disposto no Código Penal e leis especiais, as condutas tipificadas nos artigos seguintes. 
Em geral, os crimes contra as relações de consumo são crimes de perigo abstrato, ou seja, a conduta do 
agente é capaz de colocar em risco o bem jurídico tutelado pelo tipo penal. 
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O dolo de perigo é considerado elemento subjetivo do ilícito. Existe, portanto, uma presunção absoluta de 
perigo. Isso significa que não é necessária a comprovação de que a conduta do agente efetivamente colocou 
em risco o bem jurídico tutelado. 
Passaremos agora ao estudo dos tipos penais, um a um. 
Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos, nas 
embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade: 
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa. 
§ 1° Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante recomendações escritas ostensivas, 
sobre a periculosidade do serviço a ser prestado. 
§ 2° Se o crime é culposo: 
Pena- Detenção de um a seis meses ou multa. 
Os doutrinadores dizem que este tipo penal tem o condão de reforçar o que o CDC determina em seu art. 
9º, pois ratifica a obrigação que o fornecedor tem de informar nos rótulos dos produtos e nas mensagens 
publicitárias acerca dos aspectos de nocividade e periculosidade do produto ou serviço. Vamos ver o que 
dizem os arts. 8o e 9º? 
Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou 
segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua 
natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações 
necessárias e adequadas a seu respeito. 
[...] 
Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança 
deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, 
sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto. 
Além deste, o art. 31 do CDC também determina que a “oferta e apresentação dos produtos devem assegurar 
informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa” acerca dos riscos que apresentam 
à saúde e segurança dos consumidores. 
A nocividade e a periculosidade do produto ou serviço são elementos normativos do tipo penal, pois se o 
produto ou serviço não for nocivo ou perigoso, não pode haver crime. 
A nocividade está relacionada à certeza de dano, enquanto a periculosidade diz respeito ao seu potencial. 
No que diz respeito ao §1º, estendeu-se a abrangência da norma penal aos prestadores de serviços perigosos 
e ou nocivos à vida ou segurança dos consumidores. 
O crime conta ainda com uma modalidade culposa, para a qual a pena será mais branda. 
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Por fim, o crime do art. 63 é omissivo próprio e, por isso, não é possível punir a tentativa. A consumação do 
crime se dá quando o produto é lançado no mercado sem os necessários dizeres ou quando há lançamento 
publicitário sem o alerta. Na hipótese do §1o o agente poderá alertar o consumidor até o momento da 
prestação do serviço, e por isso o crime só consuma quando a prestação do serviço se inicia. 
Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores a nocividade ou 
periculosidade de produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colocação no mercado: 
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa. 
Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de retirar do mercado, imediatamente 
quando determinado pela autoridade competente, os produtos nocivos ou perigosos, na forma deste 
artigo. 
A conduta tipificada pelo dispositivo é a omissão de informações sobre riscos conhecidos posteriormente à 
introdução no mercado do produto ou serviço. É o caso do comerciante que começa a vender a mercadoria 
e só então descobre que ela é nociva ou perigosa. 
Perceba que o tipo penal trata tanto da comunicação às autoridades quanto da informação aos 
consumidores. A doutrina diverge sobre o assunto, mas para fins de prova é suficiente que você lembre que 
se a comunicação é feita a um dos dois, não haverá crime. A interpretação deixa o leitor um pouco 
desconfortável, mas o tipo penal utiliza a conjunção “e”, e, como estamos falando de uma norma 
incriminadora, não podemos dar interpretação mais rigorosa. 
Esse tipo penal reforça o direito assegurado ao consumidor pelo art. 6º, I do CDC: 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de 
produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; 
Será ainda apenado por esse crime quem deixar de retirar do mercado os produtos nocivos ou perigosos, 
quando determinado pela autoridade competente, conforme o parágrafo único do dispositivo em estudo. 
O tipo penal é omissivo próprio, e a conduta só será punida quando for dolosa. Quando à consumação, 
precisamos apenas considerar a necessidade de ter decorrido tempo suficiente para que o fornecedor 
informe o mercado e as autoridades acerca da nocividade ou periculosidade do produto descoberta após o 
seu lançamento. 
Art. 65. Executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determinação de autoridade 
competente: 
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa. 
§ 1º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à lesão corporal e à 
morte. 
§ 2º A prática do disposto no inciso XIV do art. 39 desta Lei também caracteriza o crime previsto no 
caput deste artigo. 
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Como regra geral, quem contraria determinação de autoridade competente incorre no crime de 
desobediência, tipificado no art. 330 do Código Penal. O CDC, porém, prevê infração mais grave para o 
fornecedor que, ao desobedecer a determinação da autoridade, realiza serviço de alto grau de 
periculosidade. 
Em decorrência da imprecisão da expressão “alto grau de periculosidade”, o crime em estudo é considerado 
norma penal em branco. Alguns doutrinadores trazem como exemplo o serviço prestado em brinquedos de 
parques de diversões de forma contrária à determinação das autoridades. 
Trata-se de um delito de mera conduta, comissivo e doloso. É admissível a tentativa, pois trata-sede crime 
comissivo e plurissubsistente. Apesar dessa possibilidade, ao menos teórica, a caracterização da interrupção 
do serviço não é uma tarefa muito fácil. 
O objeto jurídico tutelado é o direito do consumidor de ter sua vida, saúde e segurança protegidas. O sujeito 
ativoé qualquer prestador de serviço que contrariar determinação de autoridade competente na execução 
do serviço perigoso. Os sujeitos passivos por sua vez são a coletividade, os consumidores difusamente 
considerados e o exposto diretamente ao serviço perigoso prestado. 
Quanto ao §1o, peço licença para reproduzir as palavras de Eliana Passarelli: “Em síntese, o fornecedor que 
deixa de observar a determinação da autoridade competente acerca da execução de um serviço entendendo 
como de alto grau de periculosidade, e em decorrência vem a matar uma pessoa, atenta contra dois objetos 
jurídicos diversos (as relações de consumo e a vida humana), devendo ser punido pela violação de ambos”. 
A Lei n. 13.245/2017 incluiu ainda o §2o, que enquadra no crime do art. 65 a prática prevista no inciso XIV do 
art. 39. 
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: 
[...] 
XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de serviços de um número maior de 
consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como máximo. 
Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, 
característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de 
produtos ou serviços: 
Pena - Detenção de três meses a um ano e multa. 
§ 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta. 
§ 2º Se o crime é culposo; 
Pena- Detenção de um a seis meses ou multa. 
Aqui, a finalidade do legislador foi de proteger o direito do consumidor à informação clara e não 
contraditória, assegurado pelo art. 30 e seguintes do CDC. Luc Bihl diz que “só um consumidor 
completamente informado pode contratar, em pleno conhecimento de causa, com os fornecedores e 
desempenhar o papel que deve ser o seu, o de parceiro econômico”. 
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A responsabilidade criminal aqui pode atingir inclusive o responsável pela entidade que veicula a informação, 
posto que o CDC, no seu art. 75, dispõe que quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes nele 
referidos, incide nas penas a esses cominadas na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, 
administrador ou gerente da pessoa jurídica que promover, permitir ou por qualquer modo aprovar o 
fornecimento, oferta, exposição à venda ou manutenção em depósito de produtos ou oferta e prestação de 
serviços nas condições legalmente proibidas. 
O crime conta com uma modalidade comissiva (fazer afirmação falsa ou enganosa) e outra omissiva (omitir 
informação relevante). Somente na modalidade comissiva é possível a tentativa. 
 
Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva: 
Pena - Detenção de três meses a um ano e multa. 
Numa primeira olhada, este tipo penal parece ser próprio dos profissionais que criam e produzem 
publicidade, além dos responsáveis por sua veiculação, mas muitos doutrinadores entendem que quem 
contrata os serviços desses profissionais, ou seja, o fornecedor, também pode ser sujeito ativo do crime. 
Nesse sentido, as palavras de Antonio Herman Benjamin (grifos nossos): 
"O ato de publicidade tem três sujeitos: o anunciante, a agência e o veículo, este último também 
chamado de meio de suporte. O responsável principal, embora não exclusivo, é o anunciante, já 
que a aprovação final do anúncio é sua. O direito cria, em relação ao anunciante, uma obrigação 
de vigilância, cabendo-lhe controlar, antes de sua difusão, todo o conteúdo da publicidade, na 
medida em que é ele o melhor posicionado para fazê-lo." 
Omissão de informação 
relevante sobre...
natureza
característica
qualidade
garantia
quantidade
segurança
desempenho
durabilidade
preço
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O crime conta ainda com uma modalidade de dolo direto (sabe) e uma de dolo eventual (deveria saber). 
Alguns autores enxergam nessa última possibilidade uma modalidade culposa, mas a Doutrina majoritária 
entende pela existência de dolo eventual, pois o crime culposo deve sempre ser previsto expressamente. A 
tentativa é admissível. 
O próprio CDC, em seu art. 37, proíbe a publicidade enganosa e abusiva e faz as definições apropriadas. 
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. 
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira 
ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o 
consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, 
preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. 
§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à 
violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da 
criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de 
forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. 
Alguns doutrinadores, ao analisar o crime do art. 67, fazem menção ao art. 27 do Código Brasileiro de 
Autorregulamentação Publicitária, do CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), que 
traz as regras que devem ser seguidas nas campanhas publicitárias, e cujo desrespeito pode configurar o 
crime que estamos estudando. O dispositivo é um pouco longo, mas a leitura vale a pena. 
Artigo 27 
O anúncio deve conter uma apresentação verdadeira do produto oferecido, conforme disposto nos 
artigos seguintes desta Seção, onde estão enumerados alguns aspectos que merecem especial atenção. 
§ 1º - Descrições 
No anúncio, todas as descrições, alegações e comparações que se relacionem com fatos ou dados 
objetivos devem ser comprobatórias, cabendo aos Anunciantes e Agências fornecer as comprovações, 
quando solicitadas. 
§ 2º - Alegações 
O anúncio não deverá conter informação de texto ou apresentação visual que direta ou indiretamente, 
por implicação, omissão, exagero ou ambigüidade, leve o Consumidor a engano quanto ao produto 
anunciado, quanto ao Anunciante ou seus concorrentes, nem tampouco quanto à: 
a. natureza do produto (natural ou artificial); 
b. procedência (nacional ou estrangeira); 
c. composição; 
d. finalidade. 
§ 3º - Valor, Preço, Condições 
O anúncio deverá ser claro quanto a: 
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a. valor ou preço total a ser pago pelo produto, evitando comparações irrealistas ou exageradas com 
outros produtos ou outros preços: alegada a sua redução, o Anunciante deverá poder comprová-la 
mediante anúncio ou documento que evidencie o preço anterior; 
b. entrada, prestações, peculiaridades do crédito, taxas ou despesas previstas nas operações a prazo; 
c. condições de entrega, troca ou eventual reposição do produto; 
d. condições e limitações da garantia oferecida. 
§ 4º - Uso da Palavra "Grátis" 
a. O uso da palavra "grátis" ou expressão de idêntico significado só será admitido no anúncio quando 
não houver realmente nenhum custo para o Consumidor com relação ao prometido gratuitamente; 
b. nos casos que envolverem pagamento de qualquer quantia ou despesas postais, de frete ou de 
entrega ou, ainda, algum imposto, é indispensável que o Consumidor seja esclarecido. 
§ 5º - Uso de Expressões Vendedoras 
O uso de expressões como "direto do fabricante", "preço de atacado", "sem entrada" e outras de igual 
teor não devem levar o consumidor a engano e sóserão admitidas quando o Anunciante ou a Agência 
puderem comprovar a alegação. 
§ 6º - Nomenclatura, Linguagem, "Clima" 
a. O anúncio adotará o vernáculo gramaticalmente correto, limitando o uso de gíria e de palavras e 
expressões estrangeiras, salvo quando absolutamente necessárias para transmitir a informação ou o 
"clima" pretendido. Todavia, esta recomendação não invalida certos conceitos universalmente 
adotados na criação dos anúncios e campanhas. O primeiro deles é que a publicidade não se faz apenas 
com fatos e idéias, mas também com palavras e imagens; logo, as liberdades semânticas da criação 
publicitária são fundamentais. O segundo é que a publicidade, para se comunicar com o público, tem 
que fazer uso daquela linguagem que o poeta já qualificou como " Língua errada do povo / Língua certa 
do povo / Porque ele é que fala gostoso / O português no Brasil"; 
b. na publicidade veiculada pelo Rádio e pela Televisão, devem os Anunciantes, Agências e Veículos 
zelar pela boa pronúncia da língua portuguesa, evitando agravar os vícios de prosódia que tanto já 
estão contribuindo para desfigurar o legado que recebemos de nossos antepassados; 
c. todo anúncio deve ser criado em função do contexto sociocultural brasileiro, limitando-se o mais 
possível a utilização ou transposição de contextos culturais estrangeiros; 
d. o anúncio não utilizará o calão; e. nas descrições técnicas do produto, o anúncio adotará a 
nomenclatura oficial do setor respectivo e, sempre que possível, seguirá os preceitos e as diretrizes da 
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT e do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização 
e Qualidade Industrial - INMETRO. 
§ 7º - Pesquisas e Estatísticas 
a. o anúncio não se referirá a pesquisa ou estatística que não tenha fonte identificável e responsável; 
b. o uso de dados parciais de pesquisa ou estatística não deve levar a conclusões distorcidas ou opostas 
àquelas a que se chegaria pelo exame do total da referência. 
§ 8º - Informação Científica 
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O anúncio só utilizará informação científica pertinente e defensável, expressa de forma clara até para 
leigos. 
§ 9º - Testemunhais 
a. O anúncio abrigará apenas depoimentos personalizados e genuínos, ligados à experiência passada 
ou presente de quem presta o depoimento, ou daquele a quem o depoente personificar; 
b. o testemunho utilizado deve ser sempre comprovável; 
c. quando se usam modelos sem personalização, permite-se o depoimento como "licença publicitária" 
que, em nenhuma hipótese, se procurará confundir com um testemunhal; 
d. o uso de modelos trajados com uniformes, fardas ou vestimentas características de uma profissão 
não deverá induzir o Consumidor a erro e será sempre limitado pelas normas éticas da profissão 
retratada; 
e. o uso de sósias depende de autorização da pessoa retratada ou imitada e não deverá induzir a 
confusão. 
Para a punição do crime do art. 67 do CDC, é preciso que o agente saiba que a publicidade é falsa ou abusiva 
ou que deva saber disso. Tradicionalmente a doutrina penalista indica que a expressão “deve saber” indica 
dolo eventual. Na prática, porém, devemos entender que podem também ser punidos aqueles quem, diante 
da situação concreta, não tinham como deixar de perceber que a publicidade era falsa ou abusiva. 
Por fim, podemos dizer que a infração penal do art. 67 é um crime formal, consumando-se no momento em 
que a publicidade é veiculada, independentemente de qualquer resultado. Além disso, trata-se de um crime 
de perigo abstrato, considerando que uma universalidade indeterminada de consumidores é exposta às 
práticas de desleais de anúncio de produtos e serviços. 
Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o consumidor a 
se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança: 
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa. 
Este crime normalmente é chamado de publicidade abusiva. Como se trata de um delito que cuida 
diretamente da vida e segurança do consumidor, o legislador cominou uma pena que é duas vezes maior 
que a do crime anterior. 
Neste delito, o legislador tratou de uma modalidade específica de publicidade abusiva: “aquela capaz de 
induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança”. Podemos 
concluir, portanto, que só haverá crime quando a propaganda induzir o comportamento do consumidor de 
tal maneira que coloque em risco a sua saúde ou segurança. 
Se esse risco não for observado, e houver publicidade abusiva ou enganosa, o crime praticado será o 
tipificado pelo art. 67. Ainda assim, a maior parte dos doutrinadores identifica aqui um crime de perigo 
abstrato. Por fim, o crime tem como elemento subjetivo o dolo, sendo possível a tentativa. 
Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à publicidade: 
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Pena- Detenção de um a seis meses ou multa. 
É crime próprio, pois o sujeito ativo é só o fornecedor, uma vez que a ele se impõe o dever de arquivar os 
dados, nos termos do art. 36, parágrafo único, do CDC: 
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a 
identifique como tal. 
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, 
para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão 
sustentação à mensagem. 
Antes da veiculação da publicidade, o empresário deverá obter dados que embasem a sua campanha, sob 
pena de incorrer neste crime. Se a mensagem diz que 90% dos consumidores de determinado produto estão 
satisfeitos, essa informação deverá ser resultado de pesquisa tecnicamente apurada e adequadamente 
documentada. 
O fornecedor deverá ainda manter esses dados arquivados para consulta de eventuais interessados 
(consumidores, órgãos de defesa do consumidor, Ministério Público, Poder Judiciário e outras autoridades) 
por pelo menos 3 anos contados da veiculação da campanha publicitária. 
Trata-se de crime omissivo próprio, caracterizado pelo núcleo do tipo “deixar”. Como elemento subjetivo 
do tipo, temos o dolo. A consumação ocorre quando a publicidade é veiculada. Se o agente não organiza os 
dados, mas a publicidade não chega a ser veiculada, o fato é atípico. 
Art. 70. Empregar na reparação de produtos, peça ou componentes de reposição usados, sem 
autorização do consumidor: 
Pena - Detenção de três meses a um ano e multa. 
Esse artigo protege expressamente o direito conferido pelo art. 21 do CDC: 
Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer produto 
considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes de reposição originais 
adequados e novos, ou que mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes 
últimos, autorização em contrário do consumidor. 
Se o consumidor procura empresa de assistência técnica de produto que se encontra em garantia e o 
empresário troca a peça com problemas por outra usada se a autorização do consumidor, responderá pelo 
crime do art. 70. 
Por outro lado, se o consumidor for induzido a erro e pagar o preço de uma peça nova, estará configurado 
outro tipo penal, mais severo (fraude no comércio, tipificado pelo art. 175, II, do Código Penal). O mesmo 
ocorre se o empresário utiliza uma peça não original. 
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