Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANESTÉSICOS LOCAIS INTRODUÇÃO • Descobertos com base no isolamento da molécula de Cocaína, em 1855, por Gaedicke • Uso clínico em cirurgias oftalmológicas por Karl Koller • Em 1884 assumiu papel importante na anestesiologia • Sua atividade principal é baseada no bloqueio reversível da transmissão do impulso nervoso para abolir a sensibilidade local. *Queremos tirar a dor e a sensibilidade, porém que isso seja reversível, e nem ocorra por um longo período CONCEITO E ESTRUTURA QUÍMICA • São bases fracas • Dois grupos: ésteres e amidas AMINOAMIDAS AMINOÉSTERES Bupivacaína Benzocaína Etidocaína Cocaína Lidocaína Clorprocaína Mepivacaína Procaína Prilocaína Tetracaína Ropivacaína *Provas: aminoamidas: sempre vai ter dois “i”, já nos aminoésteres tem apenas 1 “i” MECANISMO DE AÇÃO E FARMACODINÂMICA • Atuam bloqueando entrada de Na+ nos canais de sódio durante a despolarização • Canais de cálcio, potássio e proteína G • Anestésicos locais se dissociam no tecido perineural relativamente alcalino ph7,4 para base livre solúvel em lipídeos → quanto mais alcalino, mais anestésico na forma não ionizada vai ter, e mais potente vai ser nosso anestésico • Forma ionizada e não ionizada → forma não ionizada é lipossúvel (precisa estar nessa forma para atravessar a bicamada lipídica) • Bicamada lipídica *Cirurgias com abcessos, na qual o pH é alto, demora muito tempo para o anestésico surtir efeito Quando a célula está com potencial ativado, além de passar a bicamada lipídica, nos conseguimos que o anestésico penetre o próprio canal de Na, tendo ação muito mais rápido. Na prática, na urgência, um paciente amputado por exemplo, sentindo muita dor, o bloqueio se instala mais rápido, pois o paciente já está muito ativado FARMACOCEINÉTICA ÉSTERES: • São hidrolisados por pseudocolinesterases plamáticas (e outros ésteres). • Menor potencial para toxicidade sistêmica • Maior incidência de reações alérgicas (formação do ácido paraminobenzóico - PABA). *Não sofrem metabolização hepática nem renal, então não tem problema com aqueles pacientes cheios de comorbidades; O problema é o PABA, que tem alto potencial alergênico. Assim evitamos, dando preferencia aos aminoamidas AMIDAS: • São submetidas ao citocromo p450 hepático • Sofrem hidroxilação, N-dealquilação e metilação • Extração de primeira passagem através do tecido pulmonar ácido (principalmente a lidocaína) → isso diminui a quantidade de AL na corrente sanguínea, diminuindo também as intoxicações • Gestação/feto → feto possui pH mais ácido, então quando passa a barreira placentária, vai ser mais na forma ionizada, então ele não consegue atravessas a placenta de volta, causando intoxicação fetal (sempre realizar doses menores) *Sofrem metabolização hepática, para ser eliminado via sistema renal; CLASSIFICAÇÃO DOS AL • Quanto à estrutura química: aminoamidas e esteramidas • Quanto à potência → quanto mais lipossolúvel mais potente ele será (mais anestésico na forma não ionizada), mais anestésico penetra a bicamada lipídica, mais tempo ele age e mais tempo dura o bloqueio. No entanto, quanto mais lipossolúvel, mais demora para agir (a latência é maior também) PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS LIPOSSLUBILIDADE: • Penetração através da membrana lipídica • Diretamente relacionada a potência do AL • Quanto mais lipossolúvel mais potente o AL • Penetra canais deNa desde que eles estejam ativados também pKA: • É o valor de pH em que as formas ionizadas e não ionizadas de uma mesma molécula estão em equilíbrio. • Sendo bases fracas, costumam apresentar pKa acima do pH fisiológico. (predomínio de amina quaternária- ionizada) • Obs: ainda que fundamental para a latência do efeito, o pka não é mais importante do que a dose administrada. *Teremos sempre 50% não ionizado e 50% ionizado; porem em nós, predomina a ionizada, porque nosso pH é menor; *Amina quaternária: não atravessa bicamada lipídica ESTEREOISOMERIA: • Esse termo descreve a existência de moléculas isômeras (levógeras e dextrógeras). • Mesma fórmula molecular com diferente orientação do carbono assimétrico (quiral). • Bupivacaína (maior cardiotoxidade) e levobupivacaína (menor cardiotoxicidade). ANATOMOFISIOLOGIA DA FIBRA NERVOSA • Epineuro, perineuro e endoneuro • Fibra B só tem função autonômica → não serve para essa aula; Para a gente hoje, importa a tipo A (que tem mielina) e tipo C (que não tem mielina, e, portanto, são bloqueadas mais rapidamente). A-delta, embora tenha mielina, tem diâmetro menor (aplicamos o bloqueio diferencial, bloqueamos a fibra com mielina até antes que a fibra sem mielina, desde que seja com a mesma espessura); fibras com mielina conduzem mais rápido, e portanto, as sem mielinas são mais fáceis de bloquear os impulsos INCORPORAÇÃO DO AL À MEMBRANA PLASMÁTICA • ESPESSURA DA FIBRA NERVOSA: quanto mais espessa a fibra, maior a concentração necessária para seu bloqueio (e mais tempo vai demorar para bloquear) • PH: quanto maior o pH, mais al na forma não ionizada (quanto mais alcalino, mais forma não ionizada, mais conseguimos bloquear, e mais tempo vai durar o bloqueio) • HIPOCALEMIA/HIPERCALEMIA: relacionados com hiperpolarização da membrana--- estado de repouso → membrana em repouso (não conseguimos fazer os AL penetrar os canais de sódio, que tornam o bloqueio mais rápido) • FREQUÊNCIA DE ESTIMULAÇÃO: fibras de alta frequência mantém canais abertos, são mais facilmente bloqueadas (mesma coisa de cima, se o canal de sódio tiver aberto, entra tanto pelo canal quanto pela membrana, penetra mais rápido) • TEMPERATURA: aumento da temperatura eleva a potência e duração dos al. BLOQUEIO DIFERENCIAL • Inicialmente relacionado apenas às diferenças na espessura das fibras nervosas • Fibras A-delta e fibras C • Fibras mais espessas → demoram mais para ser bloqueadas e demandam mais anestésicos *Fibras de mesma espessura, porem uma com mielina e outra sem → as vezes a com mielina vai até ser bloqueada mais rápido (que é o bloqueio diferencial) INSTALAÇÃO DO BLOQUEIO Costuma obedecer a seguinte ordem: 1. Perda de sensibilidade à dor 2. Ao frio 3. Ao calor 4. Ao toque 5. À propiocepção 6. Atividade motora ABSORÇÃO • Deve ser administrado contiguamente à região em que se espera seu efeito • Perfusão sanguínea do local → quanto maior a circulação, mais absorção sistêmica teremos desse anestésico, mais rápido cai no sangue, e mais rápido perde seu efeito no local • Adição de vasoconstrictores → (quando adicionamos vasoconstrictores nós aumentamos a duração, diminuímos absorção sanguínea, e diminuímos a intoxicação também) • Ação bifásica → se injetamos maiores quantidades ele causa vasodilatação, se injetamos pouca quantidade, causa vasoconstrição *Nunca injetamos anestésico com vasoconstrictor em extremidades *Deve ser adm perto do local que nós queremos que haja; SÍTIO DE INJEÇÃO A concentração sérica dos AL é maior: 1. Intercostal 2. Peridural caudal 3. Peridural lombar 4. Plexo braquial 5. Plexo ciático e femoral 6. Tecido subcutâneo EXTRAÇÃO PULMONAR • Formas não ionizadas da lidocaína e bupivacaína • É de importância clínica por diminuir o volume de distribuição do AL • Propranolol → ocupa os mesmos receptores da lidocaína no pulmão, assim, paciente que faz uso dele, vai ter absorção menor LIGAÇÃO PROTEICA • Maior afinidade à alfa-1-glicoproteína ácida • Albumina • Quanto mais lipossolúvel maior o grau de ligação proteica *Pacientes desnutridos, hepatopatas → pesar a mão (fazer a mão) METABOLISMO E EXCREÇÃO • AMINOAMIDAS: hepática/renal (lembrando que 2- 3% sai de forma inalterada) • AMINOÉSTERES: são hidrolisados pela pseudocolinesterase plasmática (só vai ter acumulo de anestésico se o pacientetiver deficiência nessa enzima, o que é raro) OUTROS EFEITOS SISTÊMICOS DOS AL TRATAMENTO DA DOR NEUROPÁTICA: • Mostrou-se tão eficaz quanto tratamentos mais tradicionais, a exemplo dos opióides, da gabapentina e de antidepressivos tricíclicos. • Canais de na+ e NMDA • Lidocaína → principal droga de estudo, era feita endovenosa (sempre sem vasoconstrictor quando endovenosa) EFEITO ANTIARRÍTMICO: • Utilizada para tratamento de distúrbios do ritmo de origem ventricular. • Classe Ib por diminuir a excitabilidade miocárdica e reduzir a velocidade de condução *Aquele paciente com FVTV, que fez adrenalina, está na massagem, o ideal é fazer amiodarona (caso não tenha, pode fazer lidocaína) INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS As possíveis interações medicamentosas relativas ao uso de anestésicos locais são basicamente restritas à adição de epinefrina à solução utilizada BETABLOQUEADORES: Betabloqueadores não seletivos podem apresentar estimulação alfa-adrenérgica exacerbada podendo desenvolver hipertensão e bradicardia reflexa. *Principalmente os não seletivos; paciente faz uso de bb, vai para a cirurgia, e por conta própria ele para de tomar (porém nosso organismo por conta própria, cria mais receptor), assim qualquer resposta b-adrenérgica vai ser muito exacerbada, assim não recomendamos suspender ALFABLOQUEADORES: O bloqueio pós sináptico de receptores alfa1 do músculo liso acarreta up-regulation de receptores adrenérgicos, com resposta exacerbada aos vasoconstrictores *Vasos sanguíneos tem o alfa 1 (vasocontrai), e o alfa 2 (vasodilata) ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS: • Por inibirem a recaptação de noradrenalina e serotonina, pacientes em uso dessa medicação podem apresentar exarcebação da resposta hipertensiva com o uso da adrenalina *Como inibem a recaptação de nora, vai ter muita nora livre, que junto com a adrenalina livre, vai potencializar FENOTIAZINAS: • Fármacos como a clorpromazina e a risperidona suprimem parcialmente a atividade vasoconstrictora da adrenalina, por isso, podem potencializar a ação vasodilatadora intrínseca de alguns anestésicos locais, ocasionando hipotensão. PASSAGEM PLACENTÁRIA • Passagem por difusão passivas dos al. • Placenta funciona como uma membrana lipídica • Mais relevante para aminoamidas • Aminoésteres sofrem rápida degradação plasmática • Iontrapping: acidose fetal → AL forma ionizada → risco etoxicidade fetal *Feto tem pH mais alto, anestésico fica represado, maior chance de intoxicação; o feto não tem um fígado nem um sistema renal legal para conseguir eliminar direito TOXICIDADE DOS ANESTÉSICOS LOCAIS TOXICIDADE SISTÊMICA: Conforme aumenta a concentração plasmática dos al, os efeitos sistêmicos indesejáveis vão surgindo. *Quanto maior dose e a concentração, maior a chance dos efeitos adversos; levar em conta as peculiaridades de cada paciente SNC • Fácil transposição da membrana lipídica hematoencefálica • São precoces as alterações centrais • Podemos observar quando não sedamos o paciente *A BHC é uma membrana lipídica; as alterações no SNC são mais precoces do que as alterações cardíacas *Se queixam muito de gosto metálico na boca CARDIOVASCULAR: • A dose necessária para haver um distúrbio cardiovascular é maior do que no SNC. • Bloqueia os canais rápidos de sódio (diminuindo a taxa de despolarização) → ocorre alteração na contração ventricular, podendo culminar em parada cardíaca (começa alongando QT e vai piorando) • Bupivacaína é o mais cardiotóxico → sempre cai em prova, porém temos a Levobupivacaina que tem menor efeito cardiotóxico, e demãos preferencia para a LEVO quando vamos ter que adm grandes quantidades) EFEITOS VASCULARES PERIFÉRICOS: • Ação bifásica: o Baixas doses causa vasoconstricção o Altas doses causas vasodilatação *Em bloqueio de plexo, 10-15min as veias ficam mais túrgidas, mais quente; • Cocaína (exceção) → único que faz vasoconstrição independente da dose, além de fazer hipertensão pulmonar severa PREVENÇÃO DA TOXICIDADE SISTÊMICA: • Evitar que ela aconteça!!!!!!!! • Respeitar dose máxima • Dose teste → principalmente para ver se não estamos injetando direto na corrente sanguínea, sempre aspiramos para ver se volta sangue • Aspirar seringa • Doses fracionadas TRATAMENTO DA TOXICIDADE DOS AL: • Basicamente de suporte • Interromper a administração de anestésico • Prevenir hipoxemia, hipercapnia e acidose ↓ IONTRAPPING *Diminui o2, aumenta co2, gera acidose, se tem acidose, fica mais na forma iônica, assim fica represado e o anestésico local não consegue sair de lá, para ser eliminado, assim sempre temos que evitar *Propofol: anestésico venoso; *A dose não precisa saber nesse momento ADJUVANTES ADRENALINA: • É o mais comum • Diminui a absorção vascular → faz vasoconstrição local, então cai menos anestésico na corrente sanguínea • Diminui risco de toxicidade sistêmica • Maior duração (lidocaína) BICARBONATO DE SÓDIO • A carbonatação acelera o início de ação → faz o pH ficar mais alcalino, portanto, na sua forma não ionizada, assim penetra mais na bicamada lipídica • Diminui a quantidade de anestésico • Aumento de formas não ionizadas que penetram mais facilmente no nervo • Não altera a toxicidade sistêmica *Professor disse que na prática nunca fez e nunca viu ninguém fazendo OPIÓIDES: o Morfina o Fentanil *Mais comum nos bloqueios de neuroeixo CLONIDINA • Fica restrito aos bloqueios de neuroeixo MISTURA DE ANESTÉSICOS LOCAIS: • Utilizados em anestesia regional, objetivam a soma das qualidades de baixa latência de uns com a longa duração de outros (AÇÃO MAIS RÁPIDA E MAIS LONGA) → faz muito na prática clínica, porém: • resultados controversos: o Aumento do risco de toxicidade sistêmica o Mistura imprevisível AL NA PRÁTICA ANESTÉSICO-CIRÚRGICA *Usados para retirada de um dente, para realizar suturas, usada para bloqueios (com uso do USG, usa-se muito menos anestésico local, pois conseguimos ver o nervo e fugir do vaso sanguíneo) *Contração do spray é muito maior que a endovenosa; pomadas (usamos muito para passar a sonda na uretra); pomadas proctológicas também tem lidocaína *Na lipoaspiração os cirurgiões usam a técnica tumescente, que consiste em injetar essa solução na área da lipo, aí eles entram com uma agulha para quebrar a gordura e vão aplicando TÉCNICA TUMESCENTE • SF0,9% OU RL 1000ML • LIDOCAÍNA 1000mg • BICARBONATO DE SÓDIO 8,4% 10ML • DRENALINA 1mg *DOSE DE LIDOCAÍNA (45- 55 mg/Kg) → é uma dose muito maior do que a usada para bloqueios, pois segundo eles, a absorção sistêmica é muito pequena
Compartilhar