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Funcionamento do Sistema Estomatognático O sistema mastigatório tem três funções: (1) mastigação, (2) deglutição e (3) fala. Existem também funções secundárias que ajudam na respiração e na expressão de emoções. Mastigação: É definida como o ato de mastigar alimentos. Representa o estágio inicial da digestão, quando o alimento é quebrado em partículas menores para facilitar a deglutição. Utiliza os sentidos do paladar, olfato e tato. A mastigação pode ter efeito muscular relaxante pela diminuição do tônus muscula e da inquietação. É uma função complexa, que lança mão não só dos músculos, dentes e estruturas de suporte periodontal, mas também dos lábio, bochechas, língua, palato e glândulas salivares. A mastigação voluntário (o indivíduo sabe o que está fazendo) O ciclo mastigatório: É constituída por movimentos de separação e oclusão dos dentes da maxila e da mandíbula, de forma rítmica e bem controlada. Cada movimento de abertura e fechamento da mandíbula representa um ciclo mastigatório. Pode ser dividido em fase de abertura e fase de fechamento. O movimento de fechamento pode ser subdividido em fase de esmagamento e fase de trituração. A primeira fase de fechamento, que prende o alimento entre os dentes, é chamada de fase de esmagação. Os dentes estão posicionados de uma forma que as cúspides vestibulares dos dentes inferiores estão quase diretamente sobre as cúspides vestibulares dos dentes superiores, do lado para o qual a mandíbula foi deslocada. Com o fechamento da mandíbula o bolo alimentar é preso entre os dentes. Isto inicia a fase de trituração, nessa fase a superfície de oclusão dos dentes volta para a ´posição de intercuspidação, a cúspides dos dentes si cruzem, permitindo o corte e a trituração do bolo alimentar. Durante o corte a mandíbula de move para frente a uma distância razoável, dependendo do alinhamento e posicionamento dos incisivos opostos. Nos estágios finais da mastigação, os esmagamento do bolo alimentar é concentrado nos dentes posteriores e muito pouco movimento anterior ocorre; ainda assim, mesmo durante as últimas fases da mastigação, a fase de abertura é anterior à fase de fechamento. Quando o alimento é inicialmente introduzido na boca, a quantidade de movimento lateral é grande; diminui, então à medida que o alimento é quebrado. A quantidade de movimento lateral também varia de acordo com a consistência do alimento. Quanto mais duro o alimento, mais lateral é o movimento de fechamento. A dureza também tem efeito sobre o número de movimentos mastigatórios necessários antes que a deglutição seja iniciada. Apesar de a mastigação ocorrer bilateralmente, cerca de 78% dos indivíduos possuem um lado preferencial, onde a maioria da mastigação ocorre. Sendo este o lado com maior número de contato dentários durante o deslizamento lateral. Movimentos dentários: Dois tipos de contatos foram identificados: deslizamento, que ocorre quando as vertentes das cúspides se cruzam durante a fase de abertura e trituração da mastigação, e único/simples, que se dá na posição de máxima intercuspidação. Forças da Mastigação: A força aplicada aos dentes varia de indivíduo para indivíduo. Os homens podem morder com mais força que as mulheres. A mordida das mulheres varia entre 35,8kg a 44,9kg, enquanto a variação da carga de mordida dos homens é de 53,6kg a 64,4kg. A forma aplicada a uma molar é geralmente várias vezes maior que aquela que possa ser aplicada em um incisivo. Papel dos tecidos moles na mastigação: Quando o alimento é introduzido na boca, os lábios guiam e controlam a ingestão ao mentos tempo, selando a cavidade oral. Os lábios são de grande importância quando realiza a introdução de um liquido. A língua desempenha um papel importante não apenas no paladar (papilas gustativas), mas também no movimento do alimento dentro da cavidade oral para uma mastigação suficiente. A língua inicia o processo de rompimento, pressionando-o contra o palato duro. Em seguida, empurra o alimento para as superfícies oclusais dos dentes, onde podem ser esmagados durante o movimento de mastigação. Além disso, é eficaz na divisão de porções que estão prontas para serem engolidas e as que necessitam de mais mastigação. Ao final a língua ainda varre os dentes para remover qualquer resíduo de alimento aprisionado na cavidade oral. Deglutição: Constitui uma série de contrações musculares coordenadas que movimentam um bolo alimentar da cavidade oral, através do esôfago, para o estômago. Possui atividade muscular reflexa, voluntária e involuntária. A decisão de engolir depende de diversos fatores: o grau de consistência do alimento, a intensidade do saber e o grau de lubrificação do bolo. Durante a deglutição os lábios estão fechados, vedando a cavidade oral. Os dentes são levados para sua posição máxima de intercuspidação, assim estabilizando a mandíbula. A estabilização da mandíbula é uma parte importante da deglutição. Esta deve estar fixa para que a contração do supra-hióideo e infra- hióideo possa controlar adequadamente o movimento do osso hióide, necessário para a deglutição. No adulto, a deglutição normal que utiliza os dentes para estabilizar a mandíbula é chamada de deglutição somática. Quando os dentes não estão presentes, como na criança, a mandíbula deve ser fixada por outros meios. Na deglutição infantil, ou deglutição visceral, a mandíbula é apoiada pela colocação da língua para frente e entre as arcadas dentárias ou rodetes gengivais. Esse tipo de deglutição ocorre até a erupção dos dentes posteriores. Quando a deglutição infantil é prolongada pode resultar em vestibularização dos dentes anteriores devido ao potente músculo da língua. Isso pode se apresentar clinicamente como uma mordida aberta anterior. Primeiro estágio: Voluntário e começa com uma separação seletiva do alimento mastigado em uma massa ou bolo (realizada pela língua). O bolo é colocado na língua e pressionado contra o palato duro. A ponta da língua repousa no palato duro, logo atrás dos dentes incisivos. Os lábio são selados e os dentes se juntam. A presença do bolo na mucosa do palato inicia uma onde reflexa de contração na língua que pressiona o bolo para trás. À medida que o bolo atinge a parte posterior da língua, ele é transferido para a faringe. Segundo estágio: Uma vez que o bolo atinge a faringe, uma onda peristáltica causada pela contração dos músculos constritores da faringe o carrega até o esôfago. O pato mole sobre para tocar a parede posterior da faringe selando as passagens nasais. A epiglote bloqueia as vias respiratórias da faringe para a traqueia e mantém o alimento no esôfago. Estima-se que o primeiro e o segundo estágios, juntos, duram cerca de segundo. Terceiro estágio: Consiste na passagem do bolo através do comprimento do esôfago para dentro estômago. Ondas peristálticas levam de seis a sete segundo para transportar o bolo pelo esôfago. Na porção superior do esôfago, os músculos são principalmente voluntários e podem ser utilizados para retornar o alimento a baco, quando necessário para uma mais completa mastigação. Na porção inferior, os músculos são inteiramente involuntários. Fala: Uma vez que o tom é alcançado, a forma precisa assumida pela boca determina a ressonância e articulação exata do som. Articulação do som: Pela variação das relações entre os lábio e a língua no palato e dentes, pode-se produzir uma variedades de sons. Importantes sons formados pelos lábios são as letras “M”, “B” e “P”. Ao emitir esses sons, os lábios se juntam e se tocam. Os dentes são importantes para o som do “S”. As bordas incisais dos incisivos superiores e inferiores seaproximas, mas não se tocam. O ar é passado entre os dentes e o som de “S” é produzido. A língua e o palato são especialmente importantes na formação do som de “D”. A ponta da língua se eleva para tocar no palato diretamente atrás dos incisivos. Muitos sons são formados por meio de uma combinação dessas estruturas anatômicas. Por exemplo: a língua tocas os incisivos superiores para formar o som de “T”. O lábio inferior toca as bordas incisais dos dentes superiores para formar som de “F” e “V”. Para os sons como o “K” e o “G” a porção posterior da língua se eleva para tocar o palato mole. OS MÚSCULOS DA MASTIGAÇÃO: A musculatura da mastigação é composta por quatro pares: masseter, temporal, pterigoideo medial e pterigoideo lateral. Masseter: Músculo retangular que se origina do arco zigomático e se estende para baixo até o aspecto lateral da borda inferior do ramo da mandíbula. Sua inserção na mandíbula se estende da região do segundo molar, na borda inferior, posteriormente, até incluir o ângulo. É composto por duas porções: superficial consiste em fibras que correm para baixo e ligeiramente para trás; a porção profunda consiste em fibras que correm num direção predominantemente vertical. Quando as fibras do masseter se contraem, a mandíbula é elevada e os dente entra em contato. É um músculo que proporciona a força necessária para uma mastigação eficiente. Sua porção superficial também auxilia na protrusão da mandíbula. Quando a mandíbula é protruída e a força da mastigação é aplicada, as fibras da porção profunda estabilizam o côndilo contra a eminência articular. Temporal: É um músculo grande, em forma de leque, que se origina da fossa temporal e da superfície lateral do crânio. Ele pode ser dividido em três áreas distintas, de acordo com a direção das fibras e função primordial. A porção anterior consiste em fibras que correm obliquamente através do aspecto lateral do crânio (um pouco para frente, quando se dirigem para baixo). A porção posterior é composta fibras alinhadas quase horizontalmente, vindo para frente, sobre a orelha, para se juntarem as outras fibras temporais quando passam sob o arco zigomático. Quando se contrai, ele eleva a mandíbula e os dentes entram em contato. Se somente uma porção se contrair, a mandíbula se move com a direção das fibras que são ativadas. Quando a porção anterior se contrai, a mandíbula se eleva verticalmente. A contração da porção média irá elevar e retruir a mandíbula. O funcionamento da porção posterior é um tanto controverso. Apesar de parecer que a contração dessa porção irá retrair a mandíbula. Como a angulação de suas fibras varia, o temporal é capaz de coordenar os movimento de fechamento. Dessa forma, ele é um importante músculo posicionador da mandíbula. Pterigoideo medial: Se origina da fossa pterigoidea e se estende para baixo, para trás e para fora, para se inserir ao longo da superfície medial do ângulo mandibular. Ele forma juntamente como masseter, um suspensório muscular que suporta a mandíbula na altura do ângulo mandibular. Quando suas fibras se contraem, a mandíbula é elevada e os dente entram com contato. Também é ativo na protrusão mandibular. A contração unilateral produzirá um movimento mediotrusivo (lateralidade) da mandíbula. Pterigoideo Lateral: Possui duas porções ou ventres distintos: um inferior e outro superior. Apresentam funções diferentes. Pterigoideo lateral inferior: Se origina na superfície extrema da lâmina pterigoidea lateral e se estende para trás, para cima e para forma, até sua inserção primariamente no colo do côndilo (cabeça da mandíbula). Quando o esquerdo e o direito se contraem, os côndilos são puxados para frete e para baixo nas eminências articulares e mandíbula é protruída. A contração unilateral cria um movimento mediotrusivo dos côndilos e causa um movimento lateral da mandíbula para o lado oposto. No momento em que o pterigoideo lateral inferior atua juntamente com os depressores mandibulares, a mandíbula é abaixada e os côndilos deslizam para frente e para baixo nas eminências articulares. Pterigoideo lateral superior: É menor que o inferior e se origina na superfície infratemporal da asa maior do esfenoide, estendendo-se quase horizontalmente, para trás e para fora, para se inserir na cápsula articular, no disco e no colo do côndilo. Enquanto o lateral inferior fica ativo durante a abertura, o pterigoideo lateral superior permanece inativo, tornando-se ativo somente em conjunto com os músculos elevadores. Sendo ativo especialmente quando há forma de resistência e quando os dentes são mantidos juntos. O termo força de resistência refere-se aos movimentos que envolvem o fechamento da mandíbula com resistência, como na mastigação ou ao se cerrarem os dente. Digástrico: Embora não seja considerado um músculo da mastigação, ele exerce uma importante influência na função da mandíbula. É divido em porções ou ventre. O ventre posterior se origina na incisura mastoidea, justamente medial ao processo mastoide; suas fibras correm para frente, para baixo e para dentro, até o tensão intermediário inserido no osso hioide. O ventre anterior se origina em uma fossa na superfície lingual da mandíbula, bem acima da borda inferior e próximo à linha média; suas fibras se estendem para baixo e para trás para se inserirem no mesmo tendão intermediário, como faz o ventre posterior. Quando os digástricos direito e esquerdo se contraem e o osso hioide é fixado pelos músculos supra-hioideos e infra-hioidees, a mandíbula é abaixada e puxada para trás e os dentes são desocluidos. Quando a mandíbula é estabilizada, os músculos digástricos, juntamente com os músculos supra-hioideos e infra-hioideos, elevam o osso hioide, o que é um procedimento necessário para a deglutição. É um musculo depressor da mandíbula e que elevam o osso hioide. ARTICULAÇÃO TEMPORAMANDIBULAR Área onde a mandíbula se articula com o osso temporal do crânio é chamado de ATM. Ela proporciona um movimento de dobradiça em um plano e, dessa forma, pode ser considerada uma articulação ginglimoidal. Ela pode proporcionar movimentos de deslizamento, o que a classifica como uma articulação artrodial. Portanto, tecnicamente, pode ser tida como uma articulação ginglimoartrodial. É formada pelo côndilo e pela fossa mandibular do osso temporal da articulação direta (fossa articular). ATM é classificada como uma articulação composta. Sendo esses, côndilo, fossa mandibular e disco articular (age como osso não calcificado, o que permite movimentos complexos da articulação). O disco articular é composto por tecido conjuntivo fibroso denso, na maior parte desprovido de vasos sanguíneos e fibras nervosas. A periferia extrema do disco, entretanto, é ligeiramente inervada. No plano sagital pode ser divido em três regiões, de acordo com sua espessura. A área central é mais fina e denominada zona intermediária. Vai se tornar mais espesso a partir da zona intermediária para anterior e posterior. A borda posterior é um pouco mais espessa que a borda anterior. Na articulação normal, a superfície articular do côndilo está localizada na zona intermediária, circundada pelas regiões anteriores e posteriores mais espessas. Durante os movimento, o disco é, de certa forma, flexível e pode se adaptar às demandas funcionais das superfícies articulares. O disco mantém a sua morfologia, a menos que forças destrutivas ou alterações estruturais ocorram na articulação. Casos ocorra alterações a morfologia do disco poderá ser irreversivelmente modificada, produzindo mudanças biomecâncias durante a função. O discoestá posteriormente inserido em uma região de tecido conjuntivo frouxo, altamente vascularizado e inervada. Esse tecido é conhecido como tecido retrodiscal ou ligamento posterior. Superiormente, ele é delimitado por uma lâmina de tecido conjuntivo que contém muitas fibras elásticas, a lâmina restrodical superior. A parte remanescente do tecido retrodiscal está ligada posteriormente a um grande plexo venoso, que se enche de sangue quando o côndilo se move para frente. O disco articular se insere no ligamento capsular não somente anteriormente e posteriormente, mas também medial e lateralmente. Isto devido a articulação entre as duas cavidades distintas. A cavidade de cima ou superior é delimitada pela fossa mandibular e pela superfície inferior do disco. As superfícies internas das cavidades estão rodeadas por células endoteliais especiais que forma o revestimento sinovial. ATM é referida como uma articulação sinovial. O liquido sinovial possui duas finalidades. Uma vez que as superfícies articulares não possuem vascularização, ele age como um meio para promover as necessidades metabólicas para esses tecidos. Além disso, atua como um lubrificante entre as superfícies articulares durante a função. Possibilitando a diminuição do atrito entre as estruturas. Essa lubrificação ocorre por meio de dois mecanismos. O primeiro é chamado de lubrificação divisória, que ocorre quando a articulação se move e o liquido sinovial é forçado de uma área da cavidade para outra. O líquido localizado nas regiões da margem é forçado contra a superfície articular, possibilitando, assim, a lubrificação. Ela evita fricção no movimento articular e é o principal mecanismo de lubrificação da articulação. O segundo mecanismo de lubrificação é conhecido como lubrificação exsudativa. Refere-se a capacidade de as superfícies articulares absorverem uma pequena quantidade de líquido sinovial. As forças da articulação empurram uma pequena quantidade de liquido sinovial para dentro e para fora dos tecidos articulares. TR: tecidos retrodiscais; LRS: lâmina retrodiscal superior (elástica); LRI: lâmina restrodiscal inferior (colagenosa); LCA: ligamento capsular anterior (colagenoso); PLS: músculo pterigoideo lateral superior; PLI: músculo pterigoideo lateral inferior; SA: superfície articular; CS: cavidade articular superior: CI: cavidade articular inferior. Inervação da articulação temporomandibular: Como toda articulação a ATM é inervada pelo mesmo nervo que fornece inervação motora e sensitiva aos que a controlam (nervo trigêmeo). Ramos do nervo mandibular fornecem a inervação aferente. Sendo a maior parte pelo nervo auriculotemporal, assim que ele deixa o nervo mandibular atrás da articulação e ascende lateral e superior, contornando a região posterior da articulação. Uma inervação adicional é propiciada pelos nervos temporais profundo e massetérico. Vascularização da ATM: Os vasos predominantes são a artéria temporal superficial para a porção posterior, a artéria meníngea média para porção anterior e a artéria maxilar interna para a porção inferior. Outras artérias importantes são a auricular profunda, a timpânica anterior e a faríngea ascendente. O côndilo recebe seu suprimento vascular, através de seus espaços medulares, por meio da artéria alveolar inferior e também por “vasos alimentadores”, que entram diretamente na cabeça do côndilo, tanto anterior quanto posteriormente, a parte de vasos mais largos. OS LIGAMENTOS: Papel de proteção das estruturas. São construídos por fibras colágenas de tecido conjuntivo. Eles não se esticam. No entanto, se forças exacerbadas forem aplicadas ao ligamento, ou inesperadamente, ou por um período de tempo prolongado, o ligamento pode ser alongado. Quando isso ocorre, a função do ligamento fica comprometida, alterando, desse modo, a função articular. Não atuam ativamente na função de articulação, mas, ao invés disso, agem passivamente como agente restringente para limitar ou restringir movimentos limítrofes. Três ligamentos funcionais sustentam a ATM: 1 – ligamentos colaterais, 2 – ligamento capsular e 3 – ligamento temporomandibular (LTM). Existem dois ligamentos acessórios: 4 – esfenomandibular e 5 – estilomandibular. Os ligamentos colaterais (discais): Eles prendem as bordas medial e lateral do disco articular aos polos do côndilo. São comumente chamados de ligamentos discais e existem dois deles. O ligamento discal medial prende a extremidade medial do disco ao polo medial do côndilo. Já o ligamento discal lateral prende a extremidade latera do disco ao polo lateral do côndilo. Esses ligamentos são responsáveis por dividir a articulação mediolateralmente em cavidades articulares superior e inferior. São ligamento verdadeiros, compostos por fibras de tecido conjuntivo colagenoso; portanto, eles não se esticam. Eles atuam restringindo o movimento do disco para fora do côndilo. Permitem que o disco se mova passivamente como o côndilo quando este desliza anterior ou posteriormente. As inserções dos ligamentos discais permitem que o disco seja rotacionado anterior e posteriormente sobre a superfície articular do côndilo. Dessa forma, estes ligamentos são responsáveis pelo movimento de dobradiça da ATM, que corre entre o côndilo e o disco articular. Possuem suprimento vascular e são inervados. A inervação proporciona informação sobre a posição e movimento da articulação. O esforço sobre esses ligamentos causa dor. Ligamento capsular: A ATM é circundada e envolvida pelo ligamento capsular. As fibras estão inseridas superiormente ao osso temporal, ao longo das bordas das superfícies articulares da fossa mandibular e eminência articular. Inferiormente, as fibras do ligamento capsular se inserem no colo do côndilo. Age para resistir a qualquer força medial, lateral ou inferior que tende a separar ou deslocar as superfícies articulares. Uma função significativa é envolver a articulação, retendo, assim o liquido sinovial. É bem inervado e proporciona estímulo proprioceptivo sobre a posição e o movimento a articulação. Ligamento temporomandibular: É composto por duas partes: uma porção externa oblíqua e uma porção interna horizontal. A porção externa se estende da superfície externa do tubérculo articular e do processo zigomático, posterior e inferiormente, até a superfície externa do colo do côndilo. Já a porção interna horizontal se estende da superfície externa do tubérculo articular e processo zigomático, posterior e horizontalmente, até o polo lateral do côndilo e parte posterior do disco articular. A sua porção obliqua impede a queda excessiva do côndilo, limitando, portanto, a extensão de abertura da boca. Essa porção influência o movimento de abertura normal da mandíbula. Durante a fase inicial de abertura, o côndilo pode girar ao redor de um ponto fixo até o ligamento se tornar rígido. Quando o ligamento está esticado, o colo do côndilo não pode mais girar. Caso o indivíduo tenda a abrir a boca mais que o necessário pode ocasionar estiramento do ligamento TM. A porção interna horizontal do ligamento TM limita o movimento posterior do côndilo e do disco. Quando uma força aplicada à mandíbula desloca o côndilo posteriormente, essa porção do ligamento torna-se rígida e impede o côndilo de se movimentar para dentro da região posterior da fossa mandibular. Por tanto, o ligamento TM protege os tecidos retrodiscais do trauma causado pelo deslocamento posterior do côndilo. A porção interna também protege o músculo pterigoideo lateral de estiramento ou distensão. A efetividade desse ligamento é demonstrada durante casos de traumaextremo à mandíbula. Nesses casos, o colo do côndilo sofrerá fratura antes que os tecidos retrodiscais sejam rompidos ou que o côndilo entre na fossa craniana média. Efeito da porção obliqua externa do ligamento TM. À medida que a boca se abre, os dentes pode ser separados cerca de 20 a 25 mm (de A para B) sem que os côndilos se desloquem a partir das fossas. Em B, os ligamentos TM ficam completamente estendidos. Quando a boca de abre ainda mais, eles forçam o côndilo a se mover para baixo e para frente, fora da fossa. Isto cria um segundo arco de abertura (de B para C). Ligamento esfenomandibular: É um dos ligamentos acessórios da ATM. Ele parte da espinha do osso esfenoide e estende-se para baixo, até uma pequena proeminência óssea na superfície medial do ramo da mandíbula, chamada de língula. Ele não tem qualquer efeito limitador significante no movimento mandibular. Ligamento estilomandibular: Ligamento acessório. Ele parte do processo estiloide e estend-se para baixo e para frente, até o ângulo e a borda posterior do ramo mandibular. Ele se torna rígido quando a mandíbula está protruída, mas fica relaxado quando a mandíbula é aberta. Esse ligamento portanto, limita o movimento de protrusão excessivo da mandíbula. BIOMECÂNICA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO: A ATM é uma articulação composta. Sua estrutura e função podem ser divididas em dois sistemas distintos. 1 – o primeiro sistema articular compreende os tecidos que envolvem a cavidade sinovial inferior (o côndilo e o disco articular). Uma vez que o disco esteja firmemente ligado ao côndilo pelos ligamentos discais lateral e medial, o único movimento fisiológico que pode ocorrer entre essas superfícies será a rotação do disco na superfície articular do côndilo. O disco e sua ligação ao côndilo são chamadas complexo côndilo-disco; esse sistema articular é responsável pelo movimento de rotação na ATM. 2 – O segundo sistema é composto pelo complexo côndilo-disco que trabalha contra a superfície da fossa articular. Uma vez que o disco não está firmemente preso à fossa articular, o movimento de deslizamento livre é possível entre essas superfícies na cavidade superior. Esse movimento ocorre quando a mandíbula se move para frente chamado de translação. A translação ocorre na cavidade articular superior, entre a superfície superior do disco articular e fossa articular. Dessa forma, o disco articular age como um osso não calcificado, contribuindo para ambos os sistemas articulares; portanto, a função do disco justifica a classificação da ATM como uma articulação composta verdadeira. Não é correto chamar a o disco da ATM de menisco, mas sim de disco articular, pois age como uma verdadeira superfície articular. A estabilidade da articulação é mantida pela constante atividade dos músculos, principalmente os elevadores, que tracionam através da articulação. Mesmo no estado de repouso, esses músculos estão em um estado de contração moderada chamada de tônus. À medida que a atividade muscular aumenta, o côndilo é forçado com maior intensidade contra o disco e o disco contra a fossa, resultando em um aumento da pressão intra-articular. Na ausência de pressão intra-articular, as superfícies articulares vão se separar e a articulação irá, tecnicamente, se deslocar. A largura do espaço do disco articular varia com a pressão intra-articular. Quando a pressão é baixa, como na posição fechada de repouso, o espaço do disco de alarga. Quando a pressão é alta, como durante o apertamento dentário, o espaço do disco se estreita. À medida que aumenta a pressão intra-articular, o côndilo se instala na zona intermediária mais fina do disco. Quando a pressão é reduzida e os espaço é ampliado, uma porção mais espessa do disco é rotacionada para preencher esse espaço. Uma vez que as bordas anterior e posterior do disco são mais amplas que a zona intermediária, tecnicamente o disco poderia rotacionar tanto anterior quando posteriormente para cumprir essa função. A direção de rotação do disco é determinada pelas estruturas que se prendem às bordas anteriores e posteriores do disco. Na borda posterior do disco articular estão inseridos os tecidos retrodiscais, algumas vezes referidos como ligamento posterior. A lâmina retrodiscal superior é composta de uma quantidade variada de tecido conjuntivo elástico. Uma vez que esse tecido possui propriedades elásticas e já que ele se apresenta de algum modo dobrado sobre si mesmo na posição de boca fechada, o côndilo pode se mover facilmente para fora da fossa, sem danificar a lâmina retrodiscal superior. Quando a boca está fechada, a tração elástica no disco é mínima ou nenhuma. No entanto, durante a abertura da mandíbula, quando o côndilo é puxado para frente e para baixo da eminência articular, a lâmina restrodisca superior torna-se cada mais esticada, gerando forças mais intensas para retrair o disco. Quando a mandíbula se movimenta para uma posição totalmente para frente e durante o seu retorno, a força de retração da lâmina restrodiscal superior segura o disco em uma rotação tão posterior no côndilo quanto a largura do espaço do disco permitir. A lâmina superior é a única estrutura capaz de retrair o disco posteriormente no côndilo, embora essa força de retração esteja presente somente durante movimentos de grande abertura. Inserido na borda anterior do disco articular está o músculo PLS. Quando fica ativo, as fibras inseridas ao disco o tracionam anterior e medialmente. Por tanto, o PLS é tecnicamente um protrusor do disco. No entanto esse músculo também está ligado ao colo do côndilo. Esta inserção dual não permite que o músculo tracione o disco para o espaço distal. Quando o PLI está protruindo o côndilo para frente, o PLS está inativo e, por consequência, não carrega o disco para frente com o côndilo. O PLS é ativado somente em conjunto com a atividade dos músculo elevadores durante o fechamento mandibular ou durante um golpe de força. Os ligamentos não participam ativamente da função articular normal; eles apenas restringem passivamente movimentos limítrofes externos. O mecanismo pelo qual o disco é mantido com o côndilo durante a translação depene da morfologia do disco e da pressão intra-articular. Na presença de um disso articular com forma normal, a superfície articular do côndilo se mantém na zona intermediária, entre as duas porções mais grossas À medida que a pressão intra-articular é aumentada, o espaço do disco se estreita, o que intensifica o assentamento do côndilo na zona intermediária. Durante a translação, a combinação da morfologia do disco com a pressão intra- articular mantém o côndilo na zona intermediária e o disco é forçado a transladar para frente com o côndilo. Uma morfologia apropriada, somada à pressão intra-articular, resulta em um importante recurso de autoposicionamento do disco. Quando a morfologia do disco tiver sido muito alterada é que a inserção de ligamentos do disco irá afetar o funcionamento do conjunto. Quando isso corre, começa os sinais de disfunção. No repouso, com a boca fechada, o côndilo estará em posição de contato com as zonas intermediária e posterior do disco. Quando o côndilo se movimenta o suficiente para frente para causar um força de retração da lâmina retrodiscal superior maior que a força do tônus muscular do PLS, o disco é rotacionado posteriormente na extensão permitida pela largura do espaço do disco articular. Quando o côndilo voltar para a posição articular fechada em repouso, novamente o tônus do PLS irá se tornar a força predominante e o disco será reposicionado para frente, tanto quanto o espaço do disco permitir. Quando mordemosuma substância dura de um lado, as ATMs não recebem igualmente a mesma carga. Isto ocorre porque a força de fechamento não é aplicada sobre a articulação, mas sim sobre o alimento. A mandíbula é apoiada ao redor do alimento duro, o que leva a um aumento da pressão intra-articular na articulação ipsilateral do mesmo lado. Isso pode levar à separação das superfícies articulares, resultando num deslocamento da articulação ipsilateral. Para evitar tal deslocamento, o músculo PLS se torna ativo quando há força de resistência, rotacionando o disco para frente sobre o côndilo, de maneira que a borda posterior mais espessa do disco mantenha o contato articular. Dessa forma, a estabilidade articular é mantida durante o golpe de força da mastigação. A medida que os dentes atravessam o alimento e se aproximam da intercuspidação, a pressão intra-articular é aumentada. À medida que a pressão intra-articular aumenta, o espaço do disco diminui e este é mecanicamente rotacionado em sua posição posterior; assim, a zona intermediária mais fina preenche o espaço. Quando a força de fechamento é interrompida, a posição articular fechada em repouso é reassumida. O funcionamento biomecânico normal da ATM deve seguir os princípios ortopédicos apresentados. 1 – os ligamentos não participam ativamente do funcionamento normal da ATM. Eles agem como conectores-guia, restringindo certos movimentos articulares, enquanto permitem outros. Eles restringem os movimentos articulares tanto mecanicamente quanto pela atividade de reflexo neuromuscular. 2 – Os ligamentos não se esticam. Se for aplicada força de tração, eles poderão se alongar, aumentando, assim, a sua extensão. (A capacidade de esticar implica, por extensão, a capacidade de retornar ao tamanho original). Uma vez que os ligamentos tiverem sido alongados, a função articular normal ficará muitas vezes comprometida. 3 – As superfícies articulares das ATMs devem ser mantidas em contato constante. Esse contato é produzido pelos músculos que tracionam através das articulações (os elevadores: temporal, masseter e pterigoideo medial).
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