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Giovanna D. Cavalcante Alcântara POLYMERASE CHAIN REACTION (PCR) ♥ Conceito: reação de polimerização em cadeia (polymerase chain reaction - PCR) é a técnica que permite a amplificação do DNA in vitro, usando uma reação enzimática catalisada pela enzima polimerase cuja atividade depende de íons Mg 2+. ♥ Esse método imita in vitro o que ocorre in vivo (na fase S do ciclo celular, nossa célula consegue tirar uma cópia quase que fidedigna do nosso genoma em apenas 8 horas). ♥ Vantagens do PCR: rápido, eficiente, altamente específico e reprodutível, além do que qualquer sequência alvo de DNA pode ser amplificada por PCR. CONTEXTO HISTÓRICO ♥ Inventada em 1985 por Mullis. Ele conseguiu especificidade na cópia de apenas segmentos específicos, introduzindo o conceito de primer de PCR e na utilização de uma DNA polimerase termoestável. EM QUE CONSISTE A PCR? ♥ Técnica de amplificação de fragmentos específicos de DNA a partir de uma pequena porção. À medida que o processo avança, o DNA gerado é usado como base para a nova replicação. ♥ A replicação é feita em ciclos – cada ciclo dá origem a 2 novas cadeias de DNA. ♥ Inicia-se uma reação em cadeia na qual o DNA amplia-se exponencialmente. NO PROCESSO DE REPLICAÇÃO DO DNA ♥ Era preciso: DNA polimerase, helicase, ligase, primase e topoisomerase / as bases nitrogenadas (dATP’s -desoxinucleotídeos trifosfato) / o DNA molde / Magnésio (como cofator). Observação: a dificuldade de reproduzir in vitro algo que acontece in vivo é que faz-se necessário a presença de várias enzimas, e cada uma precisa ter suas respectivas temperatura e pH ideais. Logo, qualquer variação desses fatores ou desnatura essas enzimas ou elas não cumprem a sua função de forma correta. Desse modo, a proposta foi eliminar elas e tentar substituí-las por outros fatores, estratégias que fizessem elas cumprirem a sua função. COMO SUBSTITUIR AS ENZIMAS? ♥ HELICASE (separa a fita dupla de DNA): substituída pelo calor, pois as pontes de hidrogênio são fracas, facilmente rompidas. ♥ GIRASE OU TOPOISOMERASE (estabiliza o lado oposto do DNA que está sendo aberto): o DNA vai ser todo aberto pelo calor (não há forquilha), então não será necessária a presença dessa enzima para estabilizar. ♥ LIGASE (liga os fragmentos de okazaki): não será útil, pois o DNA será replicado de uma ponta a outra, ambas de forma contínua. Não terá uma fita contínua e uma descontínua. ♥ PRIMASE: forma os primers (sequência fita simples com função de fornecer à DNA polimerase a extremidade 3’OH): Esse primer é preciso, porém empresas podem fazer esses fragmentos, não precisa de uma enzima para isso. NO PROCESSO DE REPLICAÇÃO IN VITRO DO DNA ♥ Era preciso: DNA Polimerase / Bases nitrogenadas / DNA molde / Magnésio (cofator importante para a DNA Polimerase). Observação: A temperatura em média para abrir o DNA é de 94 Graus. Assim, essa temperatura não é ideal, pois a DNA polimerase só “resiste” a 37 graus Celsius. Giovanna D. Cavalcante Alcântara ♥ PCR em banho maria: 1. Aquecia o DNA a 94ºC em banho maria, abria o DNA. 2. Retirava os tubos com DNA do banho maria. 3. Adicionava a DNA Polimerase. 4. Colocava de novo em banho maria a 37°C para que a DNA Polimerase cumprisse a sua função. 5. Repetia o processo novamente. Observação: Essa técnica acontecia, mas não tinha reprodução. Posteriormente, Mullis- considerado inventor da PCR- identificou o gene que produz a DNA polimerase de arqueobactérias que sobrevivem a altas temperaturas e clonou esse gene em E. Coli assim, a E.Coli começou a produzir essas enzimas que aguentam a altas temperaturas (até 90°C, mas a ideal para ação é de 72°C) e não desnaturam, dando reprodutibilidade para a técnica PCR. Essa enzima é chamada de Taq DNA polimerase, pois o acrônimo dela vem de Thermus Aquaticus, que são essas arqueobactérias. CARACTERÍSTICAS DA DNA POLIMERASE ♥ A DNA polimerase que usamos em PCR é isolada de uma arqueobactéria e clonada em Escherichia coli, pois em cerca de 20 minutos são capazes de originar outra bactéria. Assim, ele patenteou a PCR e inventou os primers. ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DO MÉTODO ♥ A replicação é feita em ciclos, cada ciclo origina 2 novas cadeias de DNA, ou seja, inicia-se uma reação em cadeia, na qual o DNA é ampliado de forma exponencial. INSULINA HUMANA ♥ Produzida por Escherichia coli (grupo de bactérias), para isso foi preciso isolar o gene humano da insulina, porque ele está dentro de um cromossomo com vários outros genes. Assim, usa-se a PCR; ela retira o gene e faz cópias dele, depois pega essas cópias e coloca em um plasmídeo (Escherichia coli), então a bactéria começa a produzir a insulina humana. PRINCÍPIOS DA PCR ♥ Melting ou desnaturação (94 – 96 graus Celsius): consiste na separação da dupla fita do DNA a ser amplificado em 2 fitas simples. Após aberto, o DNA fita simples continua íntegro por causa das suas ligações covalentes. ♥ Annealing, anelamento ou hibridização (37 – 65 graus Celsius): ligação do iniciador ou “primer” ao DNA a ser amplificado nos sítios específicos da fita simples. ♥ Extension ou extensão: polimerização propriamente dita. DNA polimerase acrescenta os dNTPs à fita, de acordo com o pareamento de bases. Temperatura ideal: 72 °C. Observação: Quanto menos se aquece, melhor, porque apesar da taq polimerase ser termoestável esse ciclo se repetirá 30 vezes, e ela começará a se degradar. ♥ Os tubos são colocados no termociclador e aquecidos a 94°C, depois resfriados a 37°C. O processo é automatizado e realizado em 2 horas, em seguida o aparelho diminui a temperatura para 4°C para conservar a amostra. Devem ser adicionados a DNA polimerase, o par de primers, o cloreto de magnésio, as bases, o tampão (responsável por fornecer um PH ideal para a reação) e o DNA molde. Os primers garantem a especificidade da reação. Giovanna D. Cavalcante Alcântara O QUE MUDA DE UMA DETECÇÃO DE HPV E H1N1? ♥ Apenas os primers, porque o par é específico para o gene que se quer amplificar. ♥ O que é um primer? É um segmento de DNA ou RNA de 15 a 20 bases, baseado geralmente na sequência já conhecida do ácido nucleico, sintetizado quimicamente por instrumentos automáticos. Eles fornecem os grupos OH para o início da síntese, além de definir os limites do DNA a ser amplificado. ♥ Como funcionam os primers? E por que um par de primers? Para qualquer reação é sempre um par de primers, porque um primer vai pegar uma das fitas e o outro pega a outra fita. Um chamamos de sense e o outro de antisense, ou um foward e outro reverse. Resumindo: um 5’-3’ e o outro 3’-5’. Obviamente, o primer que é 5’-3’ vai hibridizar com a fita que tem a polaridade invertida que é 3’-5’ e vice-versa. ♥ Qual a função do primer? Ele vai identificar a região alvo. ♥ Como construir um primer específico? Por exemplo, quando se identifica o tipo de HPV utilizando um sequenciamento, ou seja pega-se uma amostra do HPV na paciente, faz um sequenciamento dele para saber qual o tipo. Se pegar uma sequência específica e dois primers com uma média de 20 bases, o programa fará isso comparando com todas as sequências já submetidas e fará também uma checagem se o mesmo será realmente específico para HIV, da mesma forma, analisando todas as informações do banco de dados com uma velocidade muito grande. ♥ O próprio NCBI te dá ferramentas para construção de primers, indo na opção “primer” e o próprio site pega a referência da sequência já utilizada, dando várias opções; como o tamanho do primer, a temperatura ideal e etc. Pois dependendo do tamanho do primer e da região, a temperatura se altera. Dando um par, eles vão ter 20 nucleotídeos de tamanho, com temperatura ideal de 60 graus e a maioria das regiões dadas tem em sua maioria guanina e citosina, devido a questão das pontes de hidrogênio e a força de ligação. Após isso, se pega o primer, copia a sequência e envia para uma empresa para que se possa ser feito, a mesma envia para sua casa e esse primer irá identificar HIV do tipo 1 especificamente. CICLO 1 1. Aos 94ºC, o DNA abre (Meltingou desnaturação). 2. Ao baixar a temperatura, os primers acham a região complementar. Observa-se que o tamanho da sequência é maior que o primer, pois ele só vai identificar as pontas; e a DNA polimerase faz o resto da sequência (Anelamento). Observação: Por que a DNA polimerase ficou nesse lado, polimerizou para esse lado? Porque pela polaridade desse primer e pelo sentido da síntese da DNA polimerase, ela não adiciona nada nessa extremidade 5’ – 3’. Só terá uma molécula alvo solta a partir do terceiro ciclo. ♥ Muda-se a temperatura, subindo para 94 graus Celsius, acabando a fase de extensão. Assim, o DNA não apresenta região de forquilha, pois ele já foi aberto pelo calor. Agora há 2 DNAs moldes, 4 fitas. CICLO 2 ♥ Os primers vão entrar, no sentido 5’-3’. A fita vai estar só no fragmento alvo, porque a DNA polimerase vai fazer até onde tiver homologia, ou seja, até o final da sequência, ela não vai continuar, porque não tem nada. CICLO 3 ♥ Neste ciclo, tem-se as primeiras sequência alvos solta. Elas continuam servindo de molde e essas continuam servindo de molde” e os primers entrando e sendo consumidos pela reação, ficando na sequência. ♥ Porque ela usa ciclos? Porque ele vai fazendo cópias a cada ciclo e eles precisam ter a temperatura de desnaturar, de anelar e dar Taq, para depois voltar para a temperatura inicial. ♥ Por que 30 ciclos? Porque com 30 ciclos ela tem mais de 1 bilhão de cópias (1.073.741.824). ♥ Eu poderia fazer 60 ciclos? Poderia, mas com 1 bilhão já possível ver a olho nu. CINÉTICA DA PCR Giovanna D. Cavalcante Alcântara ♥ É baseada no número de fragmentos gerados, que recebem o nome de amplicons. O primer é menor que a sequência alvo então vai só para as pontas, e o resto da sequência quem vai fazer é a DNA polimerase. Exemplo: Vírus de HPV (DNA) com 9 mil bases no genoma, é utilizado um fragmento de 450 pares, ou seja, os primers reconhecem uma região de 450 pares, mas cada primer só tem 20 bases e cada um se conecta na ponta da sequência. ♥ Fases da PCR ♥ Screening: o número de amplicons é muito pequeno porque é a fase que os primers ainda estão procurando a região alvo. (no gráfico é o ciclo 0). ♥ Exponencial: o número de amplicons está aumentando porque o fragmento alvo já foi encontrado e está sendo replicado de forma exponencial. (no gráfico é do ciclo 0 ao 30). ♥ Platô: os reagentes já saturaram (DNA polimerase já foi degradada, acabaram os primers e as dNPTs). (no gráfico é a partir do ciclo 30). ♥ 30 ciclos é a quantidade suficiente para analisar e a concentração utilizada é baseada nessa quantidade. Poderiam ser feitos mais ciclos, porém não é necessário. OBS: Se você parar a máquina no ciclo 20 e observar que não tem nenhuma banda no gel, significa que a reação não ocorreu (por causa dos reagentes ou porque não tinha o dna alvo), então não adianta continuar pois nada vai acontecer. Para ver o resultado da PCR é necessário fazer uma eletroforese (correr o gel). VANTAGENS DA PCR ♥ É muito sensível (ela pode amplificar a partir de uma única cópia). ♥ Grande quantidade de DNA em pouco tempo. ♥ Baixo custo. ♥ A amostra não precisa estar altamente purificada (a parte do DNA a ser pesquisada estará misturada com a parte não desejada e isso não compromete a técnica de PCR). DESVANTAGENS DA PCR ♥ Requer técnicas específicas para conduzir o teste e avaliar o resultado; ♥ Muita atenção na hora de produzir amostras. Observação: como o procedimento exige um número muito grande de amostras, geralmente é feita uma mistura com os produtos (Mg2+, tampão, Taq, etc.) em um recipiente maior e depois é dividido para 50 amostras em tubos pequenos já com DNA contidos. Assim, o risco de algum erro para quem está preparando se torna muito menor. Giovanna D. Cavalcante Alcântara ELETROFORESE ♥ É uma técnica que usa duas características para separar os fragmentos de DNA: carga e peso molecular (tamanho do fragmento). Pode ser feito também para proteína e RNA. ♥ São utilizados dois eletrodos, um positivo e um negativo, e como o DNA tem carga negativa ele é colocado no eletrodo negativo. Ele vai migrar no gel até o positivo, e quando a amostra é muito grande o fragmento vai ficando retido no gel, e isso são bandas que se veem quando analisa o gel. Quanto menor o fragmento, mais perto ele fica do eletrodo positivo. ♥ Foram colocadas as três amostras ao mesmo tempo, na mesma voltagem (mesmo gel - polímero), e as mesmas ficaram em locais diferentes devido ao peso molecular ser diferente de acordo com a quantidade de bases (500, 300 e 100 bases). Como a de 100 bases é menor, migra mais rápido. Observação: a concentração do gel também influencia no deslocamento. ♥ Os marcadores são as referências, ou seja, já possuem tamanhos determinados para utilizar como comparativo. O controle positivo é uma amostra positiva para o que está testando. Participa de todas as reações novas. Nela sempre aparecerá a banda (se não aparecer – o teste não é confiável). O controle negativo apresenta todos os reagentes menos o DNA – para que não amplifique. Se ele amplificar, na hora da manipulação houve contaminação. Observação: Às vezes você olha no gel e encontra uma banda bem mais forte que a outra. Ambas são positivas, mas a que está mais forte tem mais fragmentos. Quando uma banda está bem mais grossa e brilhosa do que a outra é porque contém mais fragmentos. Isso mostra que a carga viral inicial é maior. VARIAÇÕES DA PCR NESTED PCR (PCR DA PCR) ♥ Quando se quer amplificar um fragmento muito pequeno, primeiro amplifica-se o fragmento maior no qual o pequeno está contido. Fazendo isso, aumenta-se a chance de encontrar o menor. ♥ Aumenta a quantidade de produto final e a sensibilidade da técnica. RT-PCR (REVERSE TRANSCRIPTASE CHAIN REACTION) Giovanna D. Cavalcante Alcântara ♥ É a PCR de transcriptase reversa. ♥ Faz-se o cDNA (DNA complementar). Além de todos os reagentes que são usados na PCR convencional, na RT-PCR é usada a enzima de transcriptase reversa. ♥ Compra-se o kit e a reação de conversão RNA-DNA é automática quando a enzima é colocada para reagir. Ex.: Ferramenta útil em estudos de HIV. CUIDADO! Alguns autores consideram a sigla da RT-PCR como a Real Time PCR, e não como Reverse Transcriptase PCR. CLONAGEM ♥ Isolamento do gene a ser clonado. ♥ Amplificação do gene por PCR. ♥ Inserção dos genes em plasmídeos. ♥ Introdução do plasmídeo no organismo e expressão do gene. PCR REAL TIME ♥ Técnica desenvolvida devido a algumas limitações da PCR convencional, que no caso seria que a avaliação do resultado só é possível após o gel está pronto, o que demanda muito TEMPO. ♥ O acompanhamento do processo se dá em tempo real. Com isso, durante as fases da cinética (screening, exponencial e platô) o pesquisador analisa os dados pelo computador. ♥ Existem variações da PCR realtime. Exemplo: qPCR ( PCR realtime quantitativa) – o próprio termo quantitativa já restringe à realtime. ♥ Existem várias técnicas utilizadas na PCR real time ♥ TECNEN - Utiliza um primer a mais do que a convencional, esse primer com auxílio de uma sonda será colocado no meio da sequência alvo. Quando há o encontro do primer convencional com esse novo primer, este último é ejetado e libera substâncias fluorescentes que são detectadas pelo laser do computador. Isso permite identificar a região por onde passou o primer convencional e quantificá-los. Essa técnica mostra a cinética da PCR, então você liga e espera alguns minutos iniciais, por que os fragmentos não vão aparecer, pois ainda está na fase de screening. ♥ Se chegar à exponencial e a linha continuar reta é por que o resultado é negativo. Dessa forma, pode-se desligar a máquina e dá o resultado. Se a linha começar a subir: é sinal de que o resultado é positivo. Porém, precisa esperar até o final para máquina contar a carga viral. ♥ Desde a coleta do material, extração do DNA, usando a técnica em real time, em 1h: 30 min já é possível ter o resultado com diagnóstico preciso. QUESTÃO DO PROFESSOR Giovanna D. CavalcanteAlcântara ♥ 30.000 bases: é o tamanho do genoma dele (o nosso tem 3,2 bilhões de bases). ♥ ... O que pôde ser feito por RT-PCR... Se não tivesse sido escrito isso, vocês saberiam que é transcriptase reversa porque é um vírus de RNA. . ♥ Então, aqui ele está mostrando a região alvo do RNA do vírus e ele pede para que você ache os primers. Nesse caso ele só colocou as extremidades porque é onde o primer vai ser ligado. ♥ Com isso, ele pede para achar qual seria o primer. ♥ Tem duas dicas para essa questão: ♥ Como é um vírus de RNA, a primeira coisa a ser feita é a transcrição reversa. Então, a partir desse RNA, deveria ser feito um DNA complementar e aí construir um primer para esse DNA. ♥ Se você olhar as setinhas, onde ele coloca iniciador I e iniciador II, ele mostra onde o primer vai iniciar. Resposta correta: Letra A.
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