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Análise Comunitária

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Curso de Psicologia 
 
 
 
Pamela do Couto 
 
 
 
 
Análise comunitária – Estágio Integrado I e II 
 
 
 
 
 
Santa Cruz do Sul 
2018 
 
 
 
Pamela do couto 
 
 
 
 
Análise comunitária – Estágio Integrado I e II 
 
 
 
Análise Comunitária realizada junto ao Curso de Psicologia da 
Universidade de Santa Cruz do Sul como tarefa integrante da 
disciplina de Estágio Integrado I e II. 
Orientadora: Prof. (a) Ana Luísa Teixeira de Menezes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Santa Cruz do Sul 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar 
uma alma humana, seja apenas outra alma humana. Carl Jung 
 
 
 
 
 
Sumário 
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 4 
2. JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 7 
3.METODOLOGIA ............................................................................................ 8 
4. REFERENCIAL DE APROXIMAÇÃO NA COMUNIDADE ................. 9 
4.1 Psicologia e comunidade ............................................................................. 10 
4.2 O Abrigo ...................................................................................................... 11 
4.3 Fenomenologia das vivências ..................................................................... 13 
4.4 O abuso sexual e suas consequências na vida dos indivíduos ................. 17 
4.5 Automutilação – o corpo na dor ................................................................ 20 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 25 
6. ANEXO – Vivências ..................................................................................... 27 
7. REFERENCIAS ........................................................................................... 29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Este texto pretende apresentar os resultados da análise comunitária que foi 
realizada no Abrigo Municipal Feminino Viver Melhor de Santa Cruz do Sul, vinculado 
ao Laboratório de Práticas Sociais – LAPS do curso de Psicologia ao longo do segundo 
semestre do estágio acadêmico. Seguindo os caminhos que a psicologia comunitária nos 
viabiliza, nos propomos a construções de trabalhos junto das meninas que vivem na 
instituição buscamos promover reflexões e construímos condições para melhor vivência 
entre as integrantes da comunidade onde estamos inseridos. 
O abuso sexual afeta a vida da criança em suas relações familiares, sociais e 
pessoais e provoca danos físicos, psicológicos e/ou psicossomáticos que 
podem aparecer a curto, médio e longo prazos; é “uma violação dos direitos 
da pessoa humana e da pessoa em processo de desenvolvimento; direitos à 
integridade física e psicológica, ao respeito, à dignidade, ao processo de 
desenvolvimento físico, psicológico, moral e sexual sadios” (Faleiros, 2000, 
p. 46). 
Nosso objetivo com essa análise foi dar uma maior compreensão para a visão do 
abuso sexual na infância e adolescência, problematizando o assunto e aprofundando 
com as meninas que residem na casa, sabendo que, praticamente quase todas elas 
possuem esse acontecimento em suas vidas. No entanto o abuso era pouco comentado 
ou muitas vezes nem citado por muitas delas, o abuso sexual que além de envolver 
abuso físico principalmente envolve o emocional, por seu caráter íntimo e relacional, é 
imensamente grave, afetando a vida da criança e do adolescente em suas relações 
sociais, familiares e pessoais, assim gerando danos físicos e psicológicos que podem 
aparecer imediatamente após a agressão sexual, ou a médio e longo prazo. 
É uma violação dos direitos humanos das crianças e dos adolescentes e da 
liberdade sexual do outro, como fica claro no artigo 5º do Estatuto da Criança e do 
Adolescente p. 12 “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de 
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na 
forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”. 
É nítido através do comportamento mais retraído que o emocional das meninas 
está muito afetado além da violação do seu íntimo e muitas vezes o próprio abandono 
familiar como é o caso de muitas delas que já estão institucionalizadas, é visível essas 
frustrações internalizadas, notamos que não era muito trabalhado esses aspectos, pois 
5 
 
poucas aderem a psicoterapia e não fazem uso do serviço oferecido que é disponível 
pelo CAPSia no município de Santa Cruz do Sul ou até mesmo pelo SIS que é 
disponibilizado pela Unisc por intermédio do Laps. Então decidimos investir nas 
escutas individuais e rodas de conversa, para que elas pudessem trazer suas vivências e 
demandas. 
Os aspectos de cada uma ao trabalhar o vínculo são bem diferenciados, enquanto 
umas têm uma facilidade maior para vincular comigo, expondo com mais facilidade os 
seus sentimentos outras já se mostram mais rígidas e com grandes dificuldades de 
expressar sobre sua vida pessoal muito menos sobre o passado, com respostas curtas 
quando questionadas sua história de vida. Com o passar do tempo o que era trazido no 
individual acabou sendo assunto nas rodas de conversa, através de temas começamos a 
instigar o assunto do abuso sexual entre outros, como o espancamento e o abandono. 
Existem casos de enurese noturna de algumas adolescentes, o forte uso da 
medicalização, isso tudo pode haver uma forte relação com esses abusos na infância e 
adolescência, por isso, era necessário abordar profundamente essa temática. Sinto que 
seria de suma importância para os cuidadores um conhecimento maior sobre o assunto, 
sobre a vivência das meninas e frustrações que permeia inconscientemente o dia a dia 
delas. Através das abordagens ouve melhoria perante a situação da enurese, contudo, 
ainda são necessários alguns cuidados como lembrar de ir ao banheiro antes de dormir, 
o uso do colchão plastificado pois casualmente ainda ocorre, mas o uso das fraldas para 
dormir foi suspenso. 
Pensando um pouco nos serviços que lhes é oferecido, é necessário que as 
meninas abrigadas usufruam melhor dos mesmos, importante para elas entenderem o 
quão positivo pode ser para a vida delas, falar sobre o que lhes causa sofrimento, o 
quanto a história de vida delas pode influenciar no cotidiano, e assim trabalhar sobre o 
assunto do abuso é necessário para uma superação, para que possam seguir aprendendo 
a conviver melhor com aspectos que envolvam as situações que irão remeter a esse 
conflito vivido. Não é muito fácil o entendimento delas diante desse contexto, com todo 
esse sofrimento vivido, através das atividades que disponibilizamos e do suporte de 
escuta, ainda não conseguem superar, usando a vitimização, a automutilação e a 
agressividade para lidar com todo esse sofrimento. 
6 
 
Através do vínculo criado e conversações, tentamos estabelecer da melhor 
maneira esse assunto, para que se sentissem confortáveis e pudessem falar abertamente 
sobre a questão, também nas abordagens individuais, obtendo sucesso, elaboramos 
rodas de conversa e atividades que inibiram a rigidez do assunto e a timidez de muitas 
delas, algumas trouxeram muito abertamente suas vivências e seus sentimentos outras 
se sentiram incomodadas preferindo dispersar para outros assuntos, no qual foi de suma 
importância para mexer com os sentimentos delas, assim fazendo com que uma delas 
revelasse um grandesegredo. 
Notando que mesmo disponibilizando as rodas de conversas, as atividades em 
grupos, as escutas entre tantas outras oportunidades de elas vincularem e poderem se 
expressar algumas não se aproximam e não participam das atividades propostas, ficando 
muito difícil poder colher algum sentimento algum relato da história que viveram e das 
dificuldades que enfrentam no dia a dia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
2. JUSTIFICATIVA 
 
Pensando em danos psíquicos a predominância das representações negativas e 
desconstrutivas do humano sobre os potenciais positivos e construtivos, acreditamos 
que a representação interna que um indivíduo tem acerca do humano e dos 
relacionamentos determinará o modo como ele se comportará em suas relações 
interpessoais, de natureza social ou íntima. Se o significado construído sobre estas 
relações é marcado por aspectos e antecipações negativas e dolorosas sobre a qualidade 
destes relacionamentos, provavelmente esta representação trará ao indivíduo 
dificuldades de estabelecer um relacionamento interpessoal positivo e prazeroso. A 
reconstrução das relações interpessoais abaladas pelo abuso sexual deve ser um tópico 
importante a ser tratado na psicoterapia e atividades terapêuticas destas adolescentes. 
Observei que a não aderência ás atividades disponíveis pelo CAPSia é um sinal dessas 
relações negativas. A dificuldade em se vincular e expressar os sentimentos estavam 
cada vez mais enrijecidas, a necessidade de se trabalhar nesses aspectos era de suma 
importância assim disponibilizando uma melhor qualidade de vida para as meninas que 
residem na instituição. Salientar os aspectos intrapsíquicos do conflito, dando voz a 
essas adolescentes e escutá-la sobre suas experiências vividas e os sentidos construídos, 
e assim recuperando nelas a confiança em si mesmas e no adulto, com o intuito de 
auxiliá-las na elaboração desta experiência traumática, nesse método de avaliação 
comunitária, elas tiveram a oportunidade de externar suas angústias, raiva, medos, 
dificuldades, e de se expressar e de ressignificar a própria vida, possibilitando a 
evolução psicológica, afetiva e sexual saudável, que foram bruscamente interrompidas 
pela violência sofrida. 
 
 
 
 
 
8 
 
 
3. METODOLOGIA 
 
A metodologia da análise comunitária teve por objetivo viabilizar encontros 
dialógicos, reflexivos e vivênciais, em que as pessoas envolvidas na comunidade 
pudessem se reconhecer enquanto sujeitos ativos, ressignificando relações e repensando 
modos de vida. Enquanto metodologia vivêncial, visa a qualidade de vida, o 
desenvolvimento de potencialidades singulares e coletivas, o estabelecimento de 
vínculos afetivos e encantamento com a vida. 
Esta análise comunitária foi desenvolvida no âmbito institucional do Abrigo 
Feminino Viver Melhor, com as adolescentes que ali residem. O local da vivência da 
análise comunitária é a própria comunidade do abrigo, sendo assim, os encontros foram 
na própria instituição. 
A proposta dessa análise comunitária foi construir espaços de interação social, 
assim propondo lugares diferenciados de diálogo e vivência, articulando as construções 
de uma metodologia que se denomina dialógica e vivêncial, dando voz à essas 
adolescentes e escutando-as sobre suas experiências vividas e os sentidos construídos, 
recuperando nelas a confiança em si mesmas e no adulto, com o intuito de ir auxiliando 
nas elaboração desta experiência traumática, nesse método de avaliação comunitária, 
elas tiveram oportunidade de externar suas angústias, raiva, medos, dificuldades, e de se 
expressar e de ressignificar a própria vida, possibilitando a evolução psicológica, afetiva 
e sexual saudável, que foram bruscamente interrompidas pela violência sofrida. 
9 
 
4. REFERENCIAL DE APROXIMAÇÃO NA COMUNIDADE 
 
Com base na psicologia comunitária, desenvolvemos esse trabalho atentas ás 
respectivas psiques e individualidades, objetivando a melhoria das relações entre os 
sujeitos e entre estes e a natureza e instituição social ou o seu empoderamento. Nossa 
perspectiva está em todo o nosso esforço para a mobilização da comunidade em que 
buscamos melhores condições de vida. 
Para o processo da análise, utilizamos os métodos relacionados ao referencial da 
Psicologia Comunitária, tendo como orientação a conscientização, a atividade junto à 
comunidade realizando a aproximação e investigação com base nas ferramentas 
disponibilizadas nos livros Saúde Comunitária: pensar e fazer (2008) e Psicologia 
Comunitária: atividade e consciência (2005) de Cezar Wagner de Lima Góis. 
O contexto de Psicologia Comunitária inclui os estudos e práticas que vêm se 
realizando no Brasil a exemplo do Movimento de Saúde Mental Comunitário e do 
Movimento de Ação Comunitária na América Latina, e outras aplicações da psicologia 
social em problemas relacionados à comunidade. A sistematização teórica e prática da 
Psicologia Comunitária no Brasil têm se desenvolvido nos últimos anos em função de 
experiências de acordo com a singularidade das realidades estudadas (Lane, 1996), 
emergindo essencialmente a partir de experiências de campo. A cada percepção nessa 
realidade vem trazendo novas questões, novas problematizações, novos arranjos e 
enlaces teórico-metodológicos que possam afirmar seu compromisso com a 
conscientização e a mudança social. 
Conforme íamos tentando vincular com os indivíduos da casa, notamos que para 
um maior êxito, era necessário as vivências em grupo, através das atividades buscamos 
estabelecer vínculos afetivos e confiança para que eles se sentissem com mais liberdade 
de expressão, de acordo com os temas e atividades propostos fomos obtendo alguns 
resultados positivos, no entanto, os negativos também apareceram. 
As vivências individuais com algumas meninas também emergiram resultados, 
estes nos ajudaram a melhorar o grupo como um todo, buscando trazer as demandas 
trazidas na escuta individual de uma maneira mais abrangente e notando a sintonia entre 
todas elas, suas angústias eram geralmente as mesmas, as negligências cometidas a elas 
era algo que permeia o dia a dia de todas. 
10 
 
4.1 Psicologia e comunidade 
 
Góis (2005) considera que a comunidade representa a instância da vida de um 
povo que reflete uma dinâmica própria, sendo esta, um lugar de permanência duradoura 
e de interações diretas. Para este autor, a comunidade significa para o ser humano um 
espaço de crescimento, orientação e proteção da individualidade frente à natureza e à 
sociedade, representa as condições primordiais para o processo de hominização e 
humanização. 
É necessário entender toda essa compreensão comunitária, pois ela nos 
possibilitou observações que a partir disso foi possível identificar características nos 
mais diversos contextos que podem funcionar tanto como obstáculos como facilitadores 
dos processos de análise .A Psicologia Comunitária pode ser definida como uma área da 
Psicologia Social da Libertação (Góis, 2005), voltada para a compreensão da atividade 
comunitária como atividade social significativa e consciente e para a compreensão dos 
seus reflexos nas dimensões objetivas e subjetivas, inclusive, no modo de vida 
comunitário. Tem por objetivo principal, através de um esforço interdisciplinar, a 
construção do indivíduo como sujeito histórico e comunitário, no sentido da construção 
da sua consciência crítica, do seu valor e poder pessoal, da sua capacidade de lutar 
comunitariamente para uma nova realidade social do lugar onde vive (GÓIS, 1993). 
Desse modo, buscamos criar condições de humanização, autonomia e liberdade 
para os moradores dacomunidade, a partir das condições reais e concretas, de seus 
atuais potenciais, tanto da comunidade, quanto dos moradores. Ou seja, busca contribuir 
com a facilitação da atividade comunitária, compreendendo esta última como: 
Um sistema complexo de interações instrumentais e comunicativas que, ao 
mesmo tempo em que se encontra cada interação limitada a seus objetivos 
específicos, estão organizadas e orientadas pela integração entre o sistema 
necessidades-motivos-objetos-objetivos e o sistema de significados-sentidos 
sentimentos decorrentes da vida comunitária. (GÓIS, 2005, p. 87). 
Percebemos que a inspiração para a formação dessa área a necessidade de um 
contato mais vinculado com a demanda especifica da comunidade e um esforço para 
entender os processos da mesma com o objetivo de, conectados com sua 
responsabilidade política enquanto Psicólogos, promovendo mudanças positivas para 
aqueles que vivem e constroem sua comunidade. Por isso entendemos que por esta 
análise comunitária, podemos, no pouco tempo que frequentamos o abrigo, 
11 
 
acompanhamos o cotidiano e a diversidade que se constrói na comunidade promovendo 
uma ação mais significativa e mais produtiva em possibilidades para aqueles que 
conseguimos abranger com o nosso trabalho. 
Diante dessa perspectiva, é que o método na Psicologia Comunitária vem se 
construindo historicamente marcado pelo diálogo e pela vivência, na busca de dar 
respostas mais aprofundadas e firmes para as problemáticas da população e para suas 
ações de transformação social. Além de termos proporcionado uma afloração no 
cotidiano das meninas que ali residem, através dos espaços de interação social, 
propondo espaços diferenciados de diálogo e vivência e articulando a construção de 
uma metodologia que se denomina dialógica e vivêncial. 
As atividades vivênciais como a biodança nos deram a liberdade de explorar 
mais os sentimentos das meninas, através das expressões corporais conseguimos 
analisar em alguns momentos que a vivência nos proporcionava, uma expressão livre e 
espontânea da subjetividade, assim expressada por elas, no próximo tópico vamos 
aprofundar mais essas vivências. Explicar como funcionava a atividade, estrutura, 
organização e o que é biodança. E qual o teu papel com essa atividade. 
Através do nosso foco em melhorias as relações entre os sujeitos e entre estes, 
tendo todo o cuidado ás suas respectivas psiques ou individualidades, o assunto sobre os 
abusos sexuais, psicológicos e agressões físicas ou emocionais sempre eram trabalhadas 
com muito acolhimento proporcionando segurança e conforto para que conseguissem 
manter a confiança, nesses momentos se colocava toda a perspectiva e esforço para 
mobilização desses indivíduos enquanto comunidade, buscando ali mostrar novos 
caminhos e condições de vida mais saudáveis. 
 
4.2 O Abrigo 
 
O abrigo, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é considerado como 
uma medida de proteção, provisória e excepcional, utilizável como forma de transição 
para posterior colocação das crianças e adolescentes em família substituta, não 
implicando privação de liberdade (art. 101, § único). Ainda, no artigo 92, o ECA 
determina quais são os princípios e critérios que devem orientar este programa: 
12 
 
preservação dos vínculos familiares; integração em família substituta, quando esgotados 
os recursos de manutenção na família de origem; atendimento personalizado e em 
pequenos grupos; desenvolvimento de atividades em regime de coeducação; não-
desmembramento de grupos de irmãos; evitar sempre que possível, a transferência para 
outras entidades de crianças e adolescentes abrigados; participação da vida na 
comunidade local; preparação gradativa para o desligamento; participação de pessoas da 
comunidade no processo educativo. 
A instituição é um lugar que oferece proteção, uma forma alternativa de moradia 
provisória dentro de um clima residencial, com atendimento personalizado, em 
pequenas unidades, para pequenos grupos de crianças e adolescentes. Este é um projeto 
que se caracteriza por oferecer às crianças e adolescentes, a oportunidade de participar 
na vida da comunidade através da utilização de recursos como escolas, áreas de lazer, 
centros médicos, quadras esportivas, etc. 
O Abrigo Municipal feminino de Santa Cruz do Sul usufrui de um espaço físico 
que é composto por uma sala, uma cozinha, três quartos com quatros camas cada sendo 
composto por beliches, um banheiro e uma varanda, no anexo que se localiza nos 
fundos possui uma sala para os monitores, um depósito, sala para os técnicos um 
banheiro para os funcionários e sala de jogos. Dentre os funcionários possuem oito 
monitores, uma cozinheira, uma assistente social, uma psicóloga, quatro vigilantes, uma 
técnica em enfermagem e um motorista quando necessário. 
Sem dúvidas a provisoriedade e a transitoriedade são circunstâncias vividas no 
abrigo, mas esta provisoriedade está inteiramente ligada à história singular de cada 
criança e ao projeto de vida que se puder construir com ela. Assim como existem 
crianças que terão uma permanência rápida, que pode durar horas ou dias, existem 
crianças e/ou adolescentes que terão uma permanência continuada, que poderá durar 
meses ou anos. Embora o retorno da criança à família de origem ou a colocação da 
criança numa família substituta seja uma prioridade, o abrigo deverá ter as condições 
para ficar o tempo que for necessário com as crianças que ainda não foram integradas a 
uma família, sendo assim um programa que faz parte de toda uma rede de atendimento, 
que visa atingir o máximo de eficácia utilizando os diversos serviços contidos no 
mesmo. 
13 
 
Dentre as atividades individuais e coletivas, para nós, a principal é a atividade 
em favor da vida comunitária [...] que denominamos de atividade comunitária, quer 
dizer, um sistema de interações humanas (instrumentais e comunicativas) engendrado 
no modo de vida do lugar/comunidade no sentido da construção dos moradores como 
sujeitos do seu mundo e da vida em comunidade (GÓIS, 2008, p. 151). 
Com a vivência nos interligamos emocional e sensivelmente com a comunidade, 
até mesmo nos identificando com eles para sentir seu cotidiano e seus desejos e 
esperanças. Esse método de análise e vivência se incluiu nos métodos de facilitação, 
fundamentais para o acompanhamento da comunidade. 
Tivemos um grande apoio de toda a equipe técnica, coordenadora, psicóloga, 
monitoras e técnica de enfermagem, sempre dispostas a nos ajudar, a disposição e a 
capacidade de entender nossos conceitos foram de grande proveito, quebrando um 
pouco da rigidez entre todos na comunidade. O sentimento de angustia enquanto 
estagiarias ainda aflora em nós, pois temos a convicção de que se tivéssemos mais 
tempo e disponibilidade poderíamos ter mais resultados positivos, é um caminho longo 
a ser percorrido que requer uma equipe forte e de grande empatia e reciprocidade para 
que as coisas funcionem. É um trabalho de tijolinho a tijolinho, cada um com sua 
participação especial. 
 
4.3 Fenomenologia das vivências 
 
A fenomenologia surgiu, como uma proposta de reflexão sobre os fenômenos da 
consciência. Fenomenologia é uma combinação das palavras gregas phainomenos, que 
significa “aquele que se mostra” e logos, que pode ser entendido como “pensamento ou 
capacidade de reflexão”. Assim, sua origem fenomenologia é a reflexão sobre um 
fenômeno ou sobre aquilo que se mostra. No entanto, na concepção husserliana, a 
fenomenologia é o estudo de tudo aquilo que se apresenta à consciência, ou seja, os 
fenômenos. 
Para Husserl, consciência e objeto não são entidades separadas, mas eles se 
definem a partir dessa relaçãodevido ao caráter intencional da consciência: a 
consciência é sempre “consciência de” e o objeto é sempre “um objeto para a 
14 
 
consciência”. Sem essa relação, não há nem consciência, nem objeto. Por isso, a 
consciência é a única fonte do conhecimento. Ao unificar a consciência e o objeto, a 
intencionalidade da consciência atribui um sentido ao fenômeno que se apresenta. Em 
outras palavras, nós não temos acesso direto aos objetos e às coisas do mundo; nós só 
temos acesso a eles sob a forma de fenômenos que se apresentam à consciência e 
dotados de um sentido. A consciência deixa de ser vista como uma caixa que contém as 
coisas do mundo, e passa a ser concebida como consciência dirigida ao mundo 
(HUSSERL, 2006). 
A perspectiva que me interessou nessa análise foi a investigação da vivência de 
adolescentes que moram em uma instituição de abrigo, uma comunidade descrita por 
nós. Para tanto, faz-se necessário um maior esclarecimento acercadesse conceito, do 
modo como considerado no presente trabalho, aprofundamos questões do passado delas 
que emergem comportamentos no presente, como o abuso sexual, psicológico, 
abandono e a medicalização. 
Etimologicamente, vivência deriva do grego viventia, que significa “o fato de ter 
vida”. Partindo de uma leitura fenomenológica desse conceito, conforme proposto por 
Husserl, entende a vivência como referindo-se a atos psíquicos pertencentes à estrutura 
própria de todo ser humano, tais como apercepção, a reflexão, a lembrança, a 
imaginação e a fantasia. Refere-se aos atos universais, com conteúdo absolutamente 
diversos, acompanhados pela consciência, os quais se remetem a três dimensões 
humanas: corpo, psique e espírito, entendemos o espírito enquanto produção do 
pensamento. A cada momento de nossa vida estamos ativando vivências. Como 
exemplo, podemos usar a percepção deum objeto que nos evoca a lembrança de uma 
situação anterior que nos permite apreendê-lo, desencadeia em nossa pessoa uma 
resposta emocional no instante em que nos deparamos com ele, podendo despertar 
também uma fantasia, e assim por diante. Desta forma, as vivências se dão de modo 
processual, estão sempre em movimento. Sua importância reside na constituição da 
subjetividade do homem em consequência, na sua relação consigo mesmo, com o outro 
e com o mundo, desta forma trata-se de um elemento fundamental do ser humano na sua 
estruturação de mundo. 
Assim, para que a vivência se realize, é fundamental que a comunicação do ser 
vivo com seu ambiente seja acompanhada do que Lersch (1971) chama de um “dar-se 
conta”. Este pressupõe que para que a pessoa vivencie algo, ela precisa estabelecer uma 
15 
 
comunicação ou uma conexão com seu mundo circundante, não apenas no sentido 
racional. Trata-se de um momento importante para guiar a pessoa no ambiente no qual 
está ligada através da comunicação, sendo, portanto, a vivência um processo produtor 
do desenvolvimento e da conservação do indivíduo em sua relação com o mundo, com o 
seu ambiente. 
Através desse “dar-se” conta que, obtivemos muito sucesso com uma das 
adolescentes, através das rodas de conversa, dos relatos de algumas meninas em questão 
a todos os abusos que passaram na infância e adolescência, acabou entrando nesse 
processo evocando suas lembranças dando a ela a necessidade de expor o que talvez 
inconscientemente lhe perturbava, após essa vivência, no dia seguinte, ela procurou a 
psicóloga da instituição e contou sobre o seu passado, que quando criança tinha lhe 
acontecido algumas coisas que deu-se conta através das conversações em grupo e 
associou como abuso, foi um grande passo pois não havia esse registro de negligência 
no histórico dela, ela não havia contado para ninguém. A partir disso, as medidas 
cabíveis foram tomadas para que a pessoa responsável pagasse pelo que fez, perante a 
ela temos uma nova visão, uma nova forma de conversação e intervenção para que ela 
possa entender melhor o porquê desses acontecimentos e que ela saiba trabalhar com 
essas questões que lhe causa tantas demandas psicológicas destrutivas, entre outras 
coisas. 
Podemos concluir que as atividades que tiveram mais positividade foram as 
rodas de conversa e a biodança, no decorrer do segundo semestre pondo em prática com 
mais intensidade, geralmente tínhamos participações com bons números, eram a partir 
desses momentos que nossas análises começavam a se fundir e associar com as 
referências propostas. Não era a todo momento que havia total conexão entre corpo e 
mente, mas os poucos instantes em que isso acontecia era nítido as expressões das 
meninas, tais como os sentimentos que afloravam e deixavam se guiar. 
Em muitas situações, algumas meninas chegavam deprimidas e ao final da aula 
saíam com expressões de leveza, felicidade, em outros casos, acontecia o inverso, 
algumas chegavam alegres prontas para dar início às atividades, no entanto, ao concluir 
a dança as expressões faciais e corporais eram de tristeza, desmotivada. Questionadas, 
algumas delas relataram que recordavam de alguns momentos do passado que as 
deixavam assim, sem motivos para continuar. 
16 
 
Na nossa sociedade, o corpo aparece cada vez mais como objeto de práticas 
sociais que autenticam sua adequação a um modelo ideal. Como objeto de reflexão, o 
corpo tem sido foco de inúmeros debates que apontam a relação entre experiências 
contemporâneas do corpo e os modos de subjetivação engendrados pela ordem social 
vigente. Na psicologia podemos analisar que o corpo tem se tornado grande mercadoria 
do alvo das mídias e práticas disciplinares, uma grande sintonia da nossa cultura 
individualista e narcísica. 
Frente a este panorama, a atividade proposta aos indivíduos da comunidade 
apresenta uma experiência alternativa do corpo, que se dá a partir de uma prática social 
transformadora. Biodança etimologicamente significa "a dança da vida" e é um sistema 
terapêutico criado na década de 1960 pelo psicólogo chileno Rolando Toro (1924-
2010), estando hoje difundida em diversos países da América, Europa, África e Ásia. A 
Biodança tem como objetivo a promoção dos potenciais saudáveis, a partir de uma 
metodologia que "consiste em induzir vivências integradoras por meio da música, do 
canto, do movimento e de situações de encontro em grupo" (TORO, 2002, p. 33). 
As vivências são exercícios específicos desenvolvidos por Toro (2002) e 
propostos pelo facilitador (o coordenador do grupo de Biodança), baseados no 
significado primordial da dança como movimento integrativo, que conecta o homem a si 
próprio, ao outro e à natureza. A vivência é definida como uma intensa experiência de 
viver o aqui e agora, uma "experiência original de nós mesmos, da nossa identidade, 
anterior a qualquer elaboração simbólica ou racional" (TORO, 2002, p. 30). A vivência 
é essencialmente uma experiência de unidade, pois nela "não há dissociação entre mente 
e corpo, há um corpo que por meio do movimento funda um saber original sobre a 
realidade e sobre si próprio" (REIS, 2009, p. 84). 
O nosso propósito era contribuir no movimento de superação do indivíduo 
perante uma a realidade, contribuindo, consequentemente, para que ele se tornasse 
agente da história e capaz de transformar a sociedade em que vive, tentamos encontrar 
na experiência do corpo na Biodança um caminho alternativo nessa direção. Um 
caminho sensível, a ser percorrido pelo corpo, pois é um caminho que implica os 
sujeitos perceberem outras possibilidades de ver e viver, de se mover e ser, 
comprometidos com uma estética da existência que apreende a realidade, também a si 
mesmo, não como um dado definitivo, mas como movimento de criação constante em 
que todos podemos participar.17 
 
Concluímos que no mês de novembro encerramos essa atividade assim como as 
rodas de conversa, pois a participação logo no início ia fluindo com leveza e 
positividade, nos dias de hoje não encontramos mais vias que possam absorver essa 
realidade através da arte da dança, enquanto novidade era bem recebido hoje já não 
desperta mais o interesse delas, assim como nas rodas de conversa, a instabilidade 
emocional em que se encontram não deixam mais fluir como antes. 
Através das escutas estamos tentando desmistificar essa demanda que é 
encontrada nelas, acredito que como se aproxima o término de contrato dos 
profissionais elas estão deixando aflorar esses sentimentos negativos de abandono, 
tristeza e muitas vezes raiva, difícil compreensão quando tentamos articular situações 
que se colocam diante delas. Ainda mantemos as atividades de brincadeiras, culinárias e 
passeios para que talvez possam voltar ao sentimento de acolhimento novamente com 
essas mudanças. 
 
4.4 O abuso sexual e suas consequências na vida dos indivíduos 
 
Segundo Ippolito (2003), as crianças avisam de diversas maneiras que estão 
sendo vítimas de abuso sexual, porém, na maioria das vezes estes avisos são não 
verbais, e exprimem-se, principalmente, através de alterações no comportamento. 
Por esta razão, mudanças gradativas ou repentinas de comportamento em 
crianças devem ser observadas e investigadas pelos seus responsáveis com muita 
atenção e sempre acompanhadas de diálogo, pois podem ser indício de que algo grave 
esteja acontecendo. As crianças vítimas de violência, incluindo-se a sexual, vivem um 
drama que afeta seu desenvolvimento tanto físico quanto emocional, o que pode gerar 
indivíduos com graves dificuldades de vinculação. Além disso, como consequência 
surgem sequelas imediatas ou tardias, físicas e emocionais, traduzidas em sintomas 
como dificuldades escolares, de relacionamento social, distúrbios psicossomáticos, até 
invalidez ou a morte por homicídio e suicídio (SILVA, 2002, p. 73-74). 
As consequências físicas servem como indicadores de que o abuso sexual está 
ocorrendo ou ocorreu com uma criança ou adolescente, Ippolito (2003) considera os 
sinais corporais como provas materiais da vitimização sexual. Algumas vítimas 
18 
 
expressam seu sofrimento através de diversos sintomas que interferem negativamente 
no seu desenvolvimento, enquanto outras conseguem elaborar a situação traumática, 
havendo pouco prejuízo no seu desenvolvimento e na sua integridade psíquica. 
As principais consequências físicas apontadas por Ippolito (2003) são as 
seguintes: lesões físicas gerais no corpo (quando há emprego de força física); lesões 
genitais e anais; gestação; doenças sexualmente transmissíveis (DST); infecções no trato 
urinário; enurese noturna; encoprese, distúrbios do sono; distúrbios da alimentação; 
enfermidades psicossomáticas de fundo psicológico e emocional (dor de cabeça, 
erupções na pele, vômitos e dificuldades digestivas), dificuldade de engolir (devido a 
inflamação causada por gonorreia na garganta), reflexo de engasgo hiperativo e vômitos 
(causados por sexo oral), dor, inchaço, lesões ou sangramento nas áreas genitais ou 
anais, canal da vagina alargado, hímen rompido, reto ou pênis com edemas, baixo 
controle dos esfíncteres, sangue ou sêmen na criança/adolescente ou na sua roupa, e 
ganho ou perda de peso com o objetivo de se tornar menos atraente para o agressor. 
Ippolito (2003) também ressalta que as crianças e adolescentes abusados podem reagir 
ou experiências o abuso sexual de várias formas, algumas fingem que não é com elas 
que isto está acontecendo, outras tentam entrar em estado alterado de consciência, para 
parecer que tudo não passou de um sonho, e outras podem dissociar o corpo da mente e 
dos sentimentos e até mesmo negar a existência da parte inferior do corpo. As 
consequências do abuso sexual em termos de seus efeitos podem ser a curto e a longo 
prazo. Ippolito (2003) indica como efeitos que podem surgir a longo prazo a dificuldade 
de ligação afetiva e amorosa, dificuldade em manter uma vida sexual saudável, 
tendência a supersexualizar os relacionamentos sociais; prostituição e uso de drogas 
lícitas e ilícitas. 
Percebe se que essas reações existem no cotidiano das meninas, a dificuldade de 
vincular, estabelecer relações afetivo/emocionais, há indícios da própria prostituição e 
uso de drogas ilícitas que já foram superadas em praticamente quase todos os casos, 
tínhamos dois casos de enurese noturna, umas das meninas já foi desacolhida 
retornando para os cuidados da família a outra se encontra na comunidade e progrediu 
não faz mais o uso de fraldas, sendo monitorada pelos cuidadores os horários para que 
ela acorde e possa ir ao banheiro, as dificuldades escolares, ainda procuramos dar um 
suporte emocional mais adequado a este segmento, pois ainda lutamos com a falta de 
interesse da parte das meninas. 
19 
 
 A falta de empoderamento e de se sentir capaz nas atividades, a falta de vontade 
de participar das atividades também eram bem visíveis, aos poucos os pontos vão se 
ligando. O abandono familiar conta muito para esse estado emocional agravar ainda 
mais e as complicações aumentarem cada vez mais com o passar do tempo caso não 
haja um tratamento continuo, estamos muito contentes com a questão do 
empoderamento de algumas meninas, a participação em atividades, as saídas 
proporcionando envolvimento com a sociedade está sendo muito positivo, em um caso 
especial no qual uma delas não socializava, sendo que passava assistindo a maior parte 
do tempo televisão está muito ativa, participou do nosso passeio a uma festa típica do 
município de Santa Cruz do Sul, demonstrou muita felicidade, transbordando sorrisos e 
dançando discretamente em algumas das nossas observações. 
Percebemos também pelas medicações das adolescentes que a ansiedade, a 
depressão, alucinações, delírios, distúrbios do pensamento, hostilidade, desconfiança 
e/ou negativos (tais como embotamento afetivo, isolamento emocional e social, pobreza 
de discurso) são proeminentes nos casos de psicoses esquizofrênicas, ou seja, os danos 
causados por todo esse sofrimento de violação e perca da família acarreta em diversos 
problemas graves psicossomáticos. 
Torna-se essencial a presença do psicólogo nessa equipe tendo em vista que esse 
profissional tem um olhar voltado não somente para a violência em si, mas para sua 
complexidade, sua visão global. Diante disso, é importante ressaltar que o trabalho do 
psicólogo deve estar embasado de questões éticas. Segundo o Conselho Federal de 
Psicologia (2005), nos princípios fundamentais do Código de Ética do Psicólogo, vemos 
que nos dois primeiros pontos o psicólogo deve: ‘basear seu trabalho no respeito à 
dignidade e à integridade do ser humano; e trabalhar visando o bem-estar do indivíduo e 
da comunidade, bem como a descoberta de métodos e práticas que possibilitem a 
consecução desse objetivo. 
A vinculação e confiança foi adquirida com o tempo, ao longo de 8 meses. É 
necessária muita paciência para estabelecer um contato saudável, em que elas possam se 
sentir seguras e acolhidas, assim como em toda a relação é necessário empatia e total 
sigilo com os relatos escutados, trabalhar as dores internalizadas que em muitas vezes 
estão inconscientemente como forma de escudo para se proteger da situação. 
20 
 
Pensando em um ambiente muito revelador da psique do paciente é o seu próprio 
ambiente, que por si só revela e permite que aquele revele sua subjetividade e seus 
conflitos, assim rompendo essa barreira da psicoterapia e seu setting rígido terapêutico, 
propiciando uma construção rica de percepção dos movimentospsíquicos que versam 
sobre a subjetividade. Conflitos estes que conseguimos separar em positivos e 
negativos, sempre tendo muito cuidado com suas fronteiras. 
Diante disto, a psicologia desenvolve neste empreendimento social, um papel de 
extrema importância, porque visa a análise das variáveis psicológicas de personalidade e 
das suas relações com os entornos sociais que provocam o abuso sexual, e, de outro 
lado, não podemos esquecer que com seus instrumentos epistemológicos e 
metodológicos, a extensão e a profundidade do dano psíquico provocado nas vítimas, 
também ´podendo trabalhar assim sugerimos e construímos medidas de prevenção e 
ressignificação da experiência pelas vítimas que, associadas às outras ações de controle 
sociais, contribuem para restaurar não apenas a ordem, mas a ética familiar, as relações 
de gênero e as relações entre adultos e crianças. 
Para finalizar esse contexto teórico, gostaria de analisar referencialmente todas 
as demandas avaliadas e atividades exercidas positivamente, entre tantas dificuldades 
em que o estagiário se depara no caminho percorrido ainda encontra- nesses pequenos 
objetivos alcançados forças para continuar e passar para os demais profissionais que ali 
continuaram, todo o conhecimento passado a eles, que possam entender o porquê de 
todas as situações ou a grande maioria delas, é neste teórico que está a grande pulsão 
positiva para que haja continuidade não só do trabalho mas o mais importante do 
entendimento, o motivo deste trabalho. 
 
4.5 Automutilação – o corpo na dor 
 
Em diversas culturas, tais como primitivas, modernas e contemporâneas, o corpo 
é usado para a exposição de emoções e sentimentos, ou seja, para a comunicação. Além 
dos adereços, aplicações usadas no corpo com o objetivo de comunicar a identidade, 
status, fé etc., também compreendemos ao longo da história as marcas corporais 
provenientes de lesões auto infligidas. Costa (2014), em seu livro Tatuagem e marcas 
21 
 
corporais: atualizações do sagrado, analisa por que os homens começaram a tatuar-se, 
colocar piercing, cortar-se superficialmente e até mesmo mutilar-se. 
 Para a autora, essas situações que sociedades tribais usam para marcas corporais 
em rituais de passagem trazem-nos uma questão com grande significado. Esta diz que o 
ritual conduz a causa da passagem de um estado a outro, o que diz respeito à mudança 
diante de uma perda. Há rituais, em ocasião de nascimento, morte e também na 
passagem da infância para a adolescência. 
Assim, a automutilação não é uma prática nova, já que há muito tempo se 
apresenta na história. Neste trabalho, no entanto, não estamos nos referindo às 
automutilações praticadas em grupo ou como ritos de passagem, mas àquelas que são 
em geral praticadas solitariamente e que podem sinalizar sofrimento psíquico. 
Notando que as agressões contra elas mesmas eram muito frequentes, decidimos 
aprofundar este assunto, a automutilação está visível no corpo de muitas delas, em uma 
das meninas é tão forte e grande a cicatriz que ela fez uma tatuagem para camuflar os 
vestígios dos cortes. Procuramos dialogar muito no individual sobre essa questão, nas 
minhas escutas elas expressam vários significados como, “a dor do corte ameniza a dor 
do coração”, “eu gosto de sentir a dor do corte”, “se eu me cortar vou para o hospital lá 
lembro da minha mãe”, sempre questionamos essas frases mas na maioria das vezes o 
corte se repete, hoje no final do estágio evoluímos muito, os cortes diminuíram, 
conseguimos substituir pela escrita ou por algumas técnicas e combinações de coisas 
que elas se sentem bem ao fazer. 
Conceituando o sentido da automutilação, esta é uma questão clínica que tem se 
mostrado com frequência nos consultórios dos psicólogos, assim como nas escolas, 
instituições e especialmente entre os adolescentes. Uma forma de leitura dessa questão é 
que a automutilação se caracteriza como um sintoma de alguns transtornos mentais. Na 
leitura médica e psiquiátrica, o sintoma é algo que normalmente deve ser eliminado (ou 
tratado) para que o sujeito volte ao estado anterior de saúde. Outra leitura, adotada 
também pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), é que 
a automutilação, em si mesma, é um transtorno. Diante da inegável constatação da 
automutilação, qual será a razão que leva a tal comportamento autodestrutivo? 
Pensando em todos os relatos podemos dizer que, tais agressões visam, ainda 
que de modo extremamente precário, amenizar ou aplacar uma dor resultante de um 
22 
 
sofrimento interno, causada por um sentimento de frustração, raiva, angústia, culpa, ira, 
dentre outros, as negligências sofridas por elas explicam todo esse contexto, os abusos 
íntimos, psicológicos, verbais e o abandono é algo que internaliza muito sofrimento. 
Digamos que as automutilações são usadas como válvulas de escape, é através 
delas que elas “amenizam” suas dores, seus diferentes significados podem simbolizar a 
violência que se gostaria de desferir para com outra pessoa assim externalizando o 
sofrimento vivido por elas, a fuga dos sentimentos dolorosos, as dificuldades em 
expressar com palavras raiva ou oposição, isso nota se pela grande dificuldade de 
aceitação de regras e oposição, a manipulação dos que fazem parte do convívio (por não 
obter resposta de outras formas e vias), temos como exemplo, as manipulações do dia a 
dia, que elas executam em benefício do que querem, ou até mesmo o castigo por se 
sentir errado, inútil, ou inadequado, algumas delas se sentem culpadas pelos 
acontecimentos que ocorreram na infância e adolescência e ainda, uma súplica por 
ajuda, muitas vezes é a única maneira que acham de serem notadas, clamando a 
necessidade de uma maior atenção. 
Procuramos simbolizar esse sofrimento de uma forma saudável, nossos 
combinados eram escrever a situação que lhes causava sofrimento e conversar sobre o 
texto na próxima escuta, se isso não funcionasse ao invés de se auto agredir, usar o 
travesseiro colocando a raiva nele através de socos, as adolescentes não demonstrarão 
muito interesse nessas intervenções, usando algumas vezes a escrita e o travesseiro 
apenas uma vez, relatando que não havia passado o sentimento de raiva, se caso 
necessário entrar em contato com algum monitor, psicóloga ou nós estagiárias. Nossas 
relações de confiança aumentaram significativamente, encerramos com grande êxito as 
autoagressões. 
 
4.6 Reflexões emergidas na comunidade 
 
Refletindo sobre as responsabilidades legais dos abrigos, penso que, além de 
assistir os menores nas necessidades materiais, emocionais, educacionais, religiosas 
(respeitando a crença e o desejo de cada adolescente), de saúde etc., também oferecem a 
oportunidade de convivência com a comunidade e com a família (à exceção daqueles 
que devem ficar afastados dela por determinação do juiz) e apoiar essas famílias para 
23 
 
que possam receber os filhos de volta, além de relatar a situação de cada criança, 
semestralmente, ao juiz competente. Nota se o envolvimento da psicóloga e assistente 
social diante dessa situação de vínculo familiar, sempre acompanhando principalmente 
no Abrigo Masculino esse empenho, podendo notar as visitações frequentes da equipe 
as famílias e procurando reestabelecer e fortalecer o contato do adolescente com os 
familiares. 
Analisando toda a demanda que é recebida nos Abrigos Municipais, acredito que 
muitas vezes esses adolescentes não tem a necessidade de estar ali inseridos nessas 
instituições, não possuem um perfil para encontrar-se em um abrigo. Adolescentes que 
possuem família, com demandas de psicoativos devem estar inseridos na família com 
suporte do município, refletindoas políticas públicas e pensando no papel delas na vida 
do indivíduo, a falta da assistência é vivida nos próprios abrigos, a demora para prestar 
um suporte, a falta de envolvimento de muitos órgãos que seriam competentes, a 
circulação frequente de troca de funcionários, parece que tudo que se estabelece, não é 
pensado nesses adolescentes, não analisam a situação caótica quando anualmente é feita 
a troca de praticamente quase toda a equipe, adolescentes que já vem de uma 
vulnerabilidade de abandono, acaba se repetindo no local que seria de acolhimento e 
conforto. 
No decorrer deste estágio abordei inúmeros temas descritos nesta análise, muitas 
vezes me senti incapaz de fazer algo, incapaz de mudar a realidade ali vivida, no entanto 
era nos relatos das monitoras sociais e dos adolescentes que encontrei forças para 
continuar. Sempre reforçavam o quanto estávamos sendo importantes para o 
desenvolvimento enquanto instituição e individual das adolescentes. Sentimentos de 
carinho, afeto foi estabelecido, a vinculação foi ótima tanto com a equipe quanto com os 
adolescentes, aos poucos as histórias de vida delas eram sendo expostas a nós 
estagiários, a confiança se solidificou, hoje sentimos a dificuldade de deixar a 
comunidade, Maria (nome fictício) relatou: “não imagino a despedida de vocês, as 
lágrimas circulam nos nossos rostos”. 
Nesses nossos últimos encontros procuramos sempre trabalhar a nossa despedida 
assim como os dos demais profissionais que se aproxima, pensar que não é o tempo que 
passamos juntos que importa, mas sim os significados que vamos deixar, as lembranças, 
os ensinamentos e principalmente o carinho que conquistamos. Sentimos que nossa 
marca aqui foi deixada, as mudanças são gradativas, foram poucas, mas foram muito 
24 
 
significativas, notamos que duas meninas que antes eram muito inibidas hoje são mais 
extrovertidas, conversam mais, participam das atividades, socializam muito mais que no 
início da nossa chegada, hoje algumas delas refletem junto a nós e relatam que possuem 
mais autonomia, se vêem mais calmas. 
A possibilidade de podermos atuar livremente e trazer para o grupo os nossos 
pensamentos foi de suma importância, causamos algumas inquietações pois muitas 
vezes ao nosso olhar, diante de situações não era o mesmo das monitoras, pensamos que 
a estrutura dos profissionais desde a vigilante até os monitores deveria ser mais 
capacitada, gostaria de citar um exemplo, uma situação que ocorreu em diversos 
momentos e nos inquietou, algumas vezes quando chegávamos com doações, antes de 
mostrarmos para as meninas alguns profissionais olhavam primeiro o que havia nas 
sacolas, observando se tinha algo que interessava a eles, então enfatizávamos que as 
coisas eram para as adolescentes que necessitavam, correto? Para a nossa surpresa não, 
a resposta foi que: “as meninas ganhavam muita coisa e nem davam bola ou cuidavam 
do que tinham” (sic). 
É nesse sentido que pensamos em uma capacitação mais elaborada, pois empatia 
e reciprocidade seria o mínimo em praticamente todas as situações ali ocorridas, 
notando que isso não acontece com frequência, a falta de referencial sobre as demandas 
apresentadas pelos adolescentes, a falta do conhecimento teórico do que passaram e 
porque agem assim, tudo isso falta em quase todos os profissionais, atentamos que o 
cansaço, o estresse do dia a dia consome esses profissionais, fazendo com que se 
institucionalizem agindo de maneira automática. 
Refletindo sobre todos esses apontamentos, concluímos que a necessidade de 
trabalhar com a equipe técnica é quase maior em relação às adolescentes, uma equipe 
fragilizada, no qual a falta de comunicação e organização ainda existe entre eles, é 
necessário fortalecer e capacitar, é simbolizando um meio organizado, de ética, empatia 
e fortalecedor que irá emergir diante das meninas essa autovalorização do ser. 
 
 
 
 
25 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Nosso conhecimento em Psicologia Comunitária nos deixou convictos da 
necessidade de realizarmos não somente um olhar complexo sobre a realidade, mas 
também ampliar novas práticas, que possibilitaram a construção de um conhecimento 
igualmente complexo, que respondeu minimamente a realidade que se apresentava. 
Encontramos algumas dificuldades de vincular com algumas adolescentes, no 
entanto no decorrer das vivências essa barreira foi sendo quebrada, hoje podendo 
observar que elas se sentem seguras e acolhidas. Ainda noto uma grande barreira no 
entendimento ao cumprimento de regras, empatia e reciprocidade em muitas delas e 
ainda a difícil vinculação aos outros serviços disponíveis. 
Sendo assim tentamos abordar sempre as causas dificultosas que permeavam o 
seu dia a dia, através da psicologia comunitária que busca, de acordo com Góis (2008), 
cabe ao psicólogo realizar um movimento contínuo de entrada-saída da comunidade de 
modo que possibilite uma compreensão empática do olhar dos moradores, sem, 
contudo, perder a percepção de agente externo. Sobre isso o autor fala: 
[...] é necessária a inserção tanto observacional e analítica como vivêncial, 
com profundidade e compromisso comunitário para, junto com os moradores, 
definir caminhos de pesquisa e de transformação social. A análise nos 
permite um distanciamento crítico da realidade e de nós mesmos, e a vivência 
nos faz entrar sensível e emocionalmente no lugar, identificar-nos com ele, 
levando-nos a sentir a realidade social profunda acontecendo na vida de cada 
morador. (GÓIS, 2008, p. 152) 
A continuidade desse trabalho é essencial para quebrarmos ainda muitas 
barreiras existentes, acreditamos que somente com o tempo, paciência e a insistência de 
sabedorias confiantes possamos avançar positivamente no comportamento e forma de 
pensar a si e ao outro. Ao longo desse período de estágio concluo que o tempo 
disponibilizado é muito pouco para tudo o que programamos para fazer, pois além da 
atividade é necessária toda uma vinculação e uma aceitação da tarefa por parte das 
meninas da comunidade, isso dificultou um pouco a análise, mas aos poucos fomos 
vencendo algumas barreiras e contornando outras para que fosse possível a realização 
do presente trabalho. Notando algumas evoluções entre elas mesmas na convivência em 
comunidade, hoje estabelecem um melhor convívio comparando com o tempo inicial do 
estágio. 
26 
 
Desta forma, participar significa dividir as responsabilidades na construção 
coletiva de um processo que objetiva fortalecer a sociedade civil para a construção de 
caminhos que apontem para uma nova realidade social, a experiência de trabalhar em 
uma comunidade com indivíduos de grande vulnerabilidade é importante para a 
formação e atuação profissional do psicólogo. Trata-se, sobretudo, de uma vivência 
complexa, repleta de desafios; porém (e talvez por isso mesmo), uma experiência 
extremamente rica. Problematizar alguns êxitos e insucessos nas ações do psicólogo 
comunitário aponta para a necessidade de levar em consideração os aspectos e os 
movimentos de um repensar constante sobre o trabalho e o exercício cotidiano da 
Psicologia Comunitária em sua dimensão profissional. 
Em conclusão, por meio da ação que construímos nessa comunidade que somos 
legitimados, ou não, a nos reconhecer e a sermos reconhecidos como estagiários de 
Psicologia Comunitária, não poderíamos, desta forma, nos definir e reconhecer 
profissionalmente sem que a comunidade participasse desse processo. Ao tomarmos 
como referência que a interação implica autoprodução, também o psicólogo se constrói 
a si próprio nas interações que propõe, sendo que o trabalho e o sujeito produzem-se 
simultaneamente. 
 A responsabilidade, que nosé concedida, funciona como um instrumento 
construído nas e pelas relações sociais que fazem parte do universo do psicólogo e, de 
imediato, perturba quem procura apenas ocupar um lugar já definido ou mesmo 
reproduzir uma prática já reconhecida, já que mobiliza o psicólogo a construir novos 
espaços de intervenção, novas conexões espaço-existenciais. De modo que os 
profissionais da psicologia e os demais que ali vivem enquanto comunidade não 
poderão ser uma ilha, onde as fronteiras geográficas aqui formuladas enquanto os 
conhecimentos, estratégias e ferramentas já conhecidas e autenticadas, delimitarão sua 
potencialidade de deslocamento e de autoria. Provavelmente também serão apresentados 
ao movimento e à aventura e cruzar as fronteiras e produzir outros territórios. Pautar e 
percorrer o itinerário da Psicologia é, antes de qualquer coisa, um processo contínuo, 
pelo qual se constrói não apenas um caminho, mas a si mesmo. 
Ou seja, adquira todo conhecimento possível, tente absorver o máximo que 
conseguir, tenha sabedoria, domínio, tenha flexibilidade, paciência, no entanto quando 
se referir ao ser humano seja apenas outro ser humano, a simbologia da alma, uma se 
colocando no lugar da outra pode fazer com que os resultados sejam extraordinários. 
27 
 
6. ANEXO – Vivências 
 
 
(Foto tirada em outubro de 2018 no Parque da OktoberFest Santa Cruz do Sul) 
 
(Aniversário de uma das meninas, membro da comunidade) 
28 
 
 
(Foto tirada na Unisc em agosto 2018, após uma aula de biodança, jogo de 
futebol) 
 
 
(Foto tirada na comunidade em setembro de 2018, atividades) 
29 
 
7. REFERENCIAS 
 
American PsychiatryAssociation (APA). Manual diagnóstico e estatístico de 
Transtornos mentais. 5ª ed. Porto Alegre. RS: Artmed.ano, 2014 
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente, Câmera dos Deputados, Lei no 8.069, 
de 13 de julho de 1990. DOU de 16/07/1990 – ECA. Brasília, DF. Disponível 
em:http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/camara/estatuto_crianca_adoles
cente_9ed.pdf. Acesso em 02 de jun. 2018. 
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução n° 010, de 21 de julho de2005. 
Aprova o Código de Ética Profissional do Psicólogo. Disponível em: 
https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo_etica.pdf. Acesso em 02 de 
jun. 2018. 
COSTA, A. Tatuagem e marcas corporais: atualizações do sagrado. 3ªed. São Paulo, 
SP: Casa do Psicólogo, 2014. 
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente, Câmera dos Deputados, Lei no 8.069, 
de 13 de julho de 1990. DOU de 16/07/1990 – ECA. Brasília, DF. Disponível em: 
http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1990/lei-8069-13-julho-1990-372211-
publicacaooriginal-1-pl.html.Acesso em: 01 de jun. de 2018. 
Faleiros, E. T. S. Repensando os conceitos de violência, abuso e exploração sexual de 
crianças e adolescentes. Brasília: Thesaurus, 2000. 
GÓIS, C. W. L. Noções de Psicologia Comunitária. Fortaleza: Edições UFC, 1993. 
GÓIS, C. W. L. Psicologia Comunitária: atividade e consciência. São Paulo: IPFEP, 
2005. 
GÓIS, C. W. L. Saúde Comunitária: pensar e fazer. São Paulo: Adealdo&Rothschild, 
2008. 
HUSSERL, Edmund. Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia 
fenomenológica: introdução geral à fenomenologia pura. Tradução de Márcio Suzuki. 
Aparecida: Ideias & Letras, 2006. 
30 
 
Ippolito, R. (Org.). Guia escolar: Métodos para identificação de sinais de abuso e a 
exploração sexual em crianças e adolescentes. Brasília: Presidência da República, 
Secretaria Especial dos Direitos Humanos e Ministério da Educação, 2003. 
Lane, S. T. M. Avanços da Psicologia Social na América Latina. Em: S. T. M. Lane& 
B. B. Sawaia (Orgs.), Novas veredas da Psicologia Social (pp. 67-81). São Paulo: 
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LERSCH, Philip. Estrutura da personalidade. Barcelona: Scientia, 1971 
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TORO, R. Biodanza. São Paulo: Olavobrás, 2002.

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