Buscar

Análise dos discursos AGONU 2018

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Análise dos discursos da Assembleia Geral da ONU
Laura Pinheiro Soldatelli
O presidente Donald Trump inicia seu discurso citando os grandes feitos de seu
governo até então. Sem nenhuma modéstia, ele considera a sua administração a que
realizou mais feitos na história dos EUA, e comentou sobre o crescimento da economia,
segurança, força militar, número de empregos e produção de energia. Disse que busca
atingir a paz e prosperidade com a cooperação entre os países, enfatizando diversas vezes
a importância da independência e da soberania. Mais uma vez engrandecendo seus
próprios feitos, Trump falou sobre o seu encontro com o líder norte coreano Kim Jong-un e o
elogiou pela atitude de aproximação, visto que agora os países se encontram em boas
relações diplomáticas.
Sobre o conflito na Síria, o presidente estadunidense criticou o governo de al-Assad
e pediu por uma solução política em defesa do povo sírio. Também criticou o Irã pelo seu
programa de armas nucleares e relembrou que os EUA aplicaram sanções ao Irã por causa
disso, pedindo o suporte de todas as demais nações para isolar o país enquanto ele
continuar a desenvolver seu programa nuclear. Trump declarou que irá renegociar acordos
comerciais que estão sendo desfavoráveis aos EUA devido ao déficit da balança comercial,
principalmente em relação à China, intensificando uma postura protecionista.
No que diz respeito à temática migratória, destacou os problemas da migração
ilegal tanto para os países quanto para os migrantes, e afirmou que isso deve ser regulado
por cada Estado, e não por um órgão internacional. Os EUA foram o único membro da ONU
que não assinou o pacto global para migração, firmado em julho deste ano, mais um sinal
da sua tendência contra o multilateralismo, além do seu velho problema com a imigração do
México, Oriente Médio, etc. Falou sobre as ameaças da migração descontrolada e logo em
seguida (não por acaso) começou a discorrer sobre a tragédia do regime socialista
repressivo de Nicolás Maduro. O presidente convidou todas as nações a resistir ao
socialismo e se unirem para recuperar a democracia na Venezuela, e anunciou a aplicação
de novas sanções ao país.
O discurso foi encerrado com a reiteração dos valores da liberdade, independência,
auto governança, soberania e amor e lealdade ao seu país, característicos do perfil de
Trump. Mais uma vez, os EUA parecem querer ditar as regras da dinâmica internacional e
interferir mesmo onde não têm relação direta. Utilizando de seu poder para aplicar sanções
econômicas e “chantagens”, como recentemente retirou recursos americanos que eram
investidos em hospitais palestinos, por exemplo.
Sergey Lavrov, o ministro das relações exteriores da Rússia, fez um discurso crítico
ao intervencionismo do ocidente e mais focado nos problemas da região do seu continente.
Falando de Oriente Médio, valorizou o papel da Rússia nas negociações de paz
diplomáticas com a Síria e defendeu a coexistência de dois Estados para Israel e Palestina.
Para mostrar a integração da Rússia com o Oriente Médio e o seu apoio à preservação da
paz na região, o diplomata citou a cooperação russa com a Liga dos Estados Árabes e a
Organização de Cooperação Islâmica.
Relembrando o aniversário do Acordo de Munique, Sergey reiterou o repúdio aos
grupos de apologia ao nazismo. Alertou para o crescimento do nacionalismo radical na
Ucrânia e a discriminação de minorias étnicas no país. Acusou os países do ocidente de
usarem o poder da OTAN para aumentar sua influência na região dos Bálcãs, e mais
especificamente sobre Kosovo declarando como uma “base militar americana” a presença
militar que foi autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU.
O diplomata declarou o apoio da Rússia à aproximação das Coreias, ao seu
desenvolvimento, paz e segurança e juntamente com a ONU defende a desnuclearização
da península. O que é contraditório pois não podemos esquecer que a Rússia (assim como
os EUA) é um dos 9 países que possuem armas nucleares. Defendeu a importância do
diálogo e das negociações pacíficas na resolução de controvérsias.
O ministro das relações exteriores exteriores chinês, Wang Yi, começa seu discurso
falando das mudanças pelas quais o mundo vem passando, sobre manter a política
multilateral ou isolacionista, a ordem mundial ou deixá-la ruir, e ele mesmo dá a resposta: a
China prefere o multilateralismo. Com sua integração ao sistema econômico global e
contribuição de mais de 30% para o crescimento do mesmo, ele pediu por uma cooperação
que seja benéfica para todas as partes. O ministro defendeu a união, justiça e igualdade
entre os países, e que a cooperação internacional seja regida por regras, leis e ordem para
que tenham credibilidade. Solicitou que os demais Estados paguem suas contribuições à
ONU.
Falando em paz e segurança global, Wang Yi declarou o apoio chinês à
aproximação das Coreias pedindo pela sua desnuclearização. Sobre o conflito entre
Palestina e Israel, disse que apoia uma resolução com dois Estados e contribui com
assistência humanitária para os esforços de pacificação da região. Reiterou a necessidade
de se ter um comércio internacional justo e que beneficie todas as partes, visto que o
protecionismo e unilateralismo (uma provável indireta para os EUA) são prejudiciais à
integração global. Afirmou que a China não vai recuar em relação às taxações norte
americanas, que são uma amostra do protecionismo de Trump criticado por Sergey.
Em favor do desenvolvimento sustentável, o discurso cobrou o cumprimento das
medidas do Tratado de Paris. Para encerrar, destaque ao crescimento chinês nos últimos 40
anos em saúde, infraestrutura, economia, etc. E o papel da China na cooperação
econômica global com a sua redução de tarifas para facilitar o comércio com outros países.
A Rússia critica o intervencionismo do ocidente principalmente em questões militares
da OTAN quando tocam na sua área de influência, a Eurásia. Sendo essa região um dos
seus principais focos de desenvolvimento cooperativo econômico com os demais países.
Nota-se no discurso desse país (e da China também) questões diferentes das abordadas
pelos EUA por exemplo, claramente pela diferença oriente-ocidente. Rússia e China
defendendo o multilateralismo se sentindo prejudicados pelo isolacionismo estadunidense.
EUA se afastando de instituições internacionais para poder aplicar suas próprias diretrizes
migratórias. Enquanto Rússia e China alegam defender soluções pacíficas para o conflito
Israel-Palestina, Trump declara Jerusalém capital de Israel, inflamando ainda mais a
controvérsia. Porém, os EUA vêm pressionando muito mais a Síria para solucionar a guerra
do que as outras duas potências em questão que têm interesses comerciais com a Síria. É
evidente que os interesses individuais pesam na hora de se posicionar sobre a política
mundial, e que não se trata apenas de “defender a paz global”.

Outros materiais