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1 Sanndy Emannuelly – 4° Período Tutorial 3 OBJETIVO 1: COMPREENDER A ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA DA DM TIPO 1 E 2. Clinica Médica – USP - O diabetes mellitus (DM) é uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da secreção deficiente de insulina e/ou da resistência à sua ação, isto é, incapacidade da insulina de exercer seus efeitos adequadamente. - Caracteriza-se por níveis de glicose plasmática elevados (hiperglicemia) e distúrbios do metabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas. Está relacionado a complicações agudas (como a cetoacidose diabética, em situações de extrema deficiência da ação insulínica) e complicações tardias, acometendo olhos, rins, nervos, coração e vasos sanguíneos, frequentemente incapacitantes para a vida ou causando invalidez. - O diabetes e suas complicações comprometem a produtividade, a qualidade de vida e a sobrevida dos indivíduos, e são ainda responsáveis por alta taxa de morbidade e mortalidade de neonatos de mães acometidas. O aumento da incidência mundial de diabetes, relacionado à crescente obesidade e ao sedentarismo, atribuídos à urbanização, tem forte impacto negativo na economia e na qualidade de vida das pessoas neste século. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA - O diabetes mellitus (DM) tipo 1 autoimune decorre de efeitos genéticos, ambientais e imunológicos, sinérgicos. A fase subclínica da doença caracteriza-se pela invasão linfocitária específica das células-beta das ilhotas de Langerhans, causando insulite linfocitária autoimune e produção de autoanticorpos contra várias proteínas das ilhotas. - Esse processo acarreta destruição gradual e progressiva das células-beta das ilhotas de Langerhans e posterior falência da secreção pancreática de insulina, determinando a dependência permanente de insulina exógena para a homeostase glicêmica. A história natural do DM tipo 1 depende de vários fatores: - O DM tipo 1 tem início quando ocorre um desequilíbrio nos mecanismos de tolerância aos antígenos próprios. As células T-CD4 ativadas (CD4+) agem no processo da insulite, determinando reações inflamatórias e secreção decitoquinas (especialmente interleucina 1 (IL-1), interferon-gama (IFN-gama) e fator de necrose tumoral-alfa (TNF-alfa) culminando com a morte das células-beta (imunidade celular). Também funcionam como células auxiliares ativadoras das células T-CD8 e linfócitos B produtores de anticorpos (imunidade humoral). - O período de autoimunidade ativa, conhecido como pré- diabético assintomático, precede o diabetes e pode ter duração de vários anos, sendo evidenciado pela presença de autoanticorpos contra antígenos das células-beta e pela perda progressiva da capacidade secretora de insulina. - Ao diagnóstico, restam apenas 10% das células-beta, e, com o passar do tempo, estas tornam-se virtualmente ausentes. As demais células das ilhotas pancreáticas não são atingidas e persistem produzindo glucagon (células alfa) e somatostatina (células delta). A secreção de glucagon aumenta pela perda do efeito supressor da insulina. A deficiência de insulina pode causar certa atrofia do pâncreas exócrino e redução das enzimas pancreáticas. FATORES DESENCADEANTES - Vários agentes etiológicos (vírus, toxinas e alimentos) têm sido apontados como desencadeantes da autoimunidade. - Estudos epidemiológicos evidenciaram risco duas vezes maior do desenvolvimento do DM tipo 1 condicionado à supressão do aleitamento materno antes de 3 a4meses de vida e sua substituição precoce pelo leite de vaca, sugerindo efeitos deletérios da exposição precoce às proteínas do leite de vaca. A ativação do sistema imune intestinal e a permeabilidade intestinal elevada parecem alterar a tolerância a certos antígenos (insulina bovina, proteínas do leite de vaca – lactoglobulina e albumina), favorecendo a produção de anticorpos que, por mecanismos vários, inclusive de mimetismo molecular, se voltam contra os antígenos próprios. - Os vírus parecem desempenhar importante papel no desencadeamento da doença. Vários agentes virais têm homologia funcional ou estrutural com antígenos da célula- beta, induzindo autoimunidade por mecanismo de mimetismo molecular. Alguns vírus se inserem no genoma de células, favorecendo a expressão de suas proteínas na superfície celular, desencadeando a autoimunidade. FISIOPATOLOGIA DO DIABETES MELLITUS TIPO 2 - O DM tipo 2 decorre da associação de dois distúrbios metabólicos: a resistência à insulina e a diminuição da secreção de insulina pelas células-beta do pâncreas. - Em condições normais, a concentração plasmática de glicose provém da absorção dos alimentos e da gliconeogênese e glicogenólise hepáticas, finamente reguladas pela insulina. No DM tipo 2, há um desequilíbrio desse sistema, aumento da produção hepática, redução da captação periférica e armazenagem da glicose, o que eleva as glicemias de jejum e pós-prandiais, respectivamente. - Por causa da resistência à insulina, a lipólise do tecido adiposo também aumenta, liberando os ácidos graxos livres para a circulação, os quais agravam a resistência à insulina. A resistência à insulina é, inicialmente, caracterizada pelo hiperinsulinismo compensatório. Muitos indivíduos, durante 2 Sanndy Emannuelly – 4° Período a fase de hiperinsulinemia compensatória, desenvolvem a síndrome metabólica ou síndrome de resistência à insulina, compreendendo a hiperinsulinemia, a hipertensão arterial , a dislipidemia, a disglicemia, mas não o diabetes. - Ante a grande demanda de insulina, gradativamente a célula-beta entra em falência, manifestando-se a intolerância à glicose e, finalmente, o DM2. Familiares em primeiro grau de indivíduos com diabetes tipo 2 e alguns grupos étnicos com grande risco de desenvolverem diabetes já apresentam disfunção da célula-beta mesmo com tolerância à glicose normal. CLASSIFICAÇÃO DM - A classificação do diabetes, segundo os critérios da Associação Americana de Diabetes e da Sociedade Brasileira de Diabetes, baseia-se no processo patogênico2,3. Os diabetes tipos 1 e 2 são os mais frequentes e diferem em vários aspectos, com prevalência do tipo 2, que compreende cerca de 90% dos casos. O diabetes mellitus é classificado em: Diabetes tipo 1. Diabetes tipo 2. Outros tipos de diabetes causados por: defeitos genéticos da função da célula-beta, defeitos genéticos na ação da insulina, doenças pancreáticas, doenças endócrinas, induzido por fármacos ou agentes químicos ou infecções, formas raras de diabetes autoimune e outras síndromes genéticas. Diabetes gestacional: A gestação consiste em condição diabetogênica, uma vez que a placenta produz hormônios hiperglicemiantes e enzimas placentárias que degradam a insulina, com consequente aumento compensatório na produção de insulina e na resistência à insulina, podendo evoluir com disfunção das células β. Trata-se de uma intolerância a carboidratos de gravidade variável, que se iniciou durante a gestação atual, sem ter previamente preenchido os critérios diagnósticos de DM. O DMG traz riscos tanto para a mãe quanto para o feto e o neonato, sendo geralmente diagnosticado no segundo ou terceiro trimestres da gestação. Pode ser transitório ou persistir após o parto, caracterizando-se como importante fator de risco independente para desenvolvimento futuro de DM2. DIABETES MELLITUS TIPO 1 - A destruição das células-beta pancreáticas causa deficiência absoluta de insulina e tendência a cetose, podendo ter causa autoimune (tipo 1A) ou idiopática (tipo 1B). - O DM1 é bem mais frequente na infância e na adolescência, mas pode ser diagnosticado em adultos, que podem desenvolver uma forma lentamente progressiva da doença, denominada latent autoimmune diabetes in adults (LADA). - O DM tipo 1A, caracterizado pela presença de autoanticorpos contra antígenospancreáticos, predomina nos caucasianos e é extremamente raro nos orientais. Ocorre em 10% dos diabéticos, preferencialmente crianças e adolescentes entre 5 e 14 anos de idade. Embora sua fisiopatologia não seja totalmente conhecida, envolve, além da predisposição genética, fatores ambientais que desencadeiam a resposta autoimune. Entre as principais exposições ambientais associadas ao DM1 estão infecções virais, componentes dietéticos e certas composições da microbiota intestinal. - O DM tipo 1B tem causa desconhecida e predomina em negros e asiáticos. Há hiperglicemia, deficiência temporária da secreção de insulina e ausência de autoanticorpos. No pâncreas, há sinais de pancreatite e não de insulite. A denominação 1B, ou idiopático, é atribuída aos casos de DM1 nos quais os autoanticorpos não são detectáveis na circulação. O diagnóstico apresenta limitações e pode ser confundido com outras formas de DM diante da negatividade dos autoanticorpos circulantes, de modo concomitante com a necessidade precoce de insulinoterapia plena. As recomendações terapêuticas são as mesmas do DM tipo 1A e não há evidências de riscos distintos para as complicações crônicas entre os subtipos. - Ao contrário do portador de diabetes tipo 2 que frequentemente é assintomático, no portador de diabetes tipo 1 há rápida e intensa perda da capacidade de secreção de insulina. Por isso, em geral, são comuns os sintomas: perda de peso, poliúria, polidipsia, polifagia, fadiga, indisposição geral, dificuldade visual, infecções de pele e mucosa, especialmente a genital, como ba lanopostite e vulvovaginite por fungos. Não é infrequente o diagnóstico ser feito em serviço de emergência, com o paciente em cetoacidose. DIABETES MELLITUS TIPO 2 (DM2) - Corresponde a 90 a 95% de todos os casos de DM. Possui etiologia complexa e multifatorial, envolvendo componentes genético e ambiental. - Geralmente, o DM2 acomete indivíduos a partir da quarta década de vida, embora se descreva, em alguns países, aumento na sua incidência em crianças e jovens. Trata-se de doença poligênica, com forte herança familiar, ainda não completamente esclarecida, cuja ocorrência tem contribuição significativa de fatores ambientais. Dentre eles, hábitos dietéticos e inatividade física, que contribuem para a obesidade, destacam-se como os principais fatores de risco. - Na maioria das vezes, a doença é assintomática ou oligossintomática por longo período, sendo o diagnóstico realizado por dosagens laboratoriais de rotina ou manifestações das complicações crônicas. Com menor 3 Sanndy Emannuelly – 4° Período frequência, indivíduos com DM2 apresentam sintomas clássicos de hiperglicemia (poliúria, polidipsia, polifagia e emagrecimento inexplicado). Embora a cetoacidose diabética seja rara como manifestação inicial do DM2, tem- se observado aumento no número desses casos na abertura do quadro. - Os consagrados fatores de risco para DM2 são: história familiar da doença, avançar da idade, obesidade, sedentarismo, diagnóstico prévio de pré-diabetes ou diabetes mellitus gestacional (DMG) e presença de componentes da síndrome metabólica, tais como hipertensão arterial e dislipidemia. - O componente genético no diabetes tipo 2 é muito atuante; o risco familiar chega a 40% quando os dois pais são diabéticos. A incidência de diabetes mellitus tipo 2 aumenta com a idade, sendo de 1,5% em adultos, entre 20 e 39 anos, e de 20% após os 75 anos. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO - Ante os elevados níveis glicêmicos, parte da glicose é eliminada na urina, carregando consigo muita água (diurese osmótica) – poliúria. A perda de líquidos é compensada pelo aumento da sede e da ingestão de água (polidipsia). A dificuldade na armazenagem dos nutrientes nos tecidos e a perda destes pela urina causam emagrecimento, fraqueza e fome (polifagia). A visão turva, por alterações osmóticas e metabólicas no corpo ciliar, pode ser sinal de hiperglicemia. - Esses sinais estão sempre presentes ao diagnóstico em crianças. Já no adulto, a doença costuma ter progressão lenta, sendo assintomática por vários anos. Nestes, a primeira manifestação clínica já pode ser uma complicação ocular, renal ou cardiovascular. - O diagnóstico é confirmado pela dosagem de glicemia de jejum maior que 126 mg/dL em jejum (em geral, em DM tipo 1, os valores são claramente superiores no momento do diagnóstico) ou ocasionais, maiores que 200 mg/dL. - O diagnóstico etiológico pode ser determinado pela presença dos anticorpos antipancreáticos. Eventualmente a avaliação da capacidade secretória da ilhota pode ser feita pela medida dos valores de peptídeo C (peptídeo conector, secretado pela célula-beta em proporções equimolares à insulina). - Valores de peptídeo C em jejum menores que 0,7 ng/mL na vigência de glicemias entre 100 e 200 mg/dL sugerem grande deficiência de insulina, compatível com o diagnóstico de diabetes do tipo 1. - As categorias de tolerância à glicose têm sido definidas com base nos seguintes exames: • Glicemia em jejum: deve ser coletada em sangue periférico após jejum calórico de no mínimo 8 horas; • TOTG: previamente à ingestão de 75 g de glicose dissolvida em água, coleta-se uma amostra de sangue em jejum para determinação da glicemia; coleta-se outra, então, após 2 horas da sobrecarga oral. Importante reforçar que a dieta deve ser a habitual e sem restrição de carboidratos pelo menos nos 3 dias anteriores à realização do teste. Permite avaliação da glicemia após sobrecarga, que pode ser a única alteração detectável no início do DM, refletindo a perda de primeira fase da secreção de insulina; Durante o teste, o paciente deve ficar em repouso. Não pode estar doente, com infecções e não deve fumar, tomar café ou usar medicamentos antes ou durante o teste. • Hemoglobina glicada (HbA1c): oferece vantagens ao refletir níveis glicêmicos dos últimos 3 a 4 meses e ao sofrer menor variabilidade dia a dia e independer do estado de jejum para sua determinação. Vale reforçar que se trata de medida indireta da glicemia, que sofre interferência de algumas situações, como anemias, hemoglobinopatias e uremia, nas quais é preferível diagnosticar o estado de tolerância à glicose com base na dosagem glicêmica direta. Outros fatores, como idade e etnia, também podem interferir no resultado da HbA1c. - Frutosamina: proteína glicada, principalmente albumina, que reflete o controle glicêmico dos últimos 714 dias. Útil em portadores de algumas hemoglobinopatias (que alteram a determinação de HbA1c) e na avaliação precoce dos efeitos das terapias. - Glicosúria: a presença de açúcar na urina (glicosúria) é sugestiva de diabetes e requer confirmação com dosagem sanguínea. Está geralmente presente nas glicemias elevadas, acima de 180 mg/dl, mas depende ainda do estado de hidratação do paciente e de patologias renais. - A hemoglobina glicada, a frutosamina, e a glicosúria não servem para diagnóstico de diabetes leve ou IGT. Têm maior indicação no controle da eficácia do tratamento do diabetes. - A confirmação do diagnóstico de DM requer repetição dos exames alterados, idealmente o mesmo exame alterado em segunda amostra de sangue, na ausência de sintomas inequívocos de hiperglicemia. - Pacientes com sintomas clássicos de hiperglicemia, tais como poliúria, polidipsia, polifagia e emagrecimento, devem ser submetidos à dosagem de glicemia ao acaso e independente do jejum, não havendo necessidade de confirmação por meio de segunda dosagem caso se verifique glicemia aleatória ≥ 200 mg/dL. 4 Sanndy Emannuelly – 4° Período TRATAMENTO DM1 - A terapia do portador de diabetes tipo 1 baseia-se em quatro componentes principais: insulinoterapia, automonitorização glicêmica, orientação nutricional e exercício. - A educação do paciente éessencial para o sucesso da terapia, e o programa de tratamento deve ser suficientemente flexível para permitir mudanças no estilo de vida, sem sacrificar o cuidadoso controle metabólico. Utilizando a automonitorização glicêmica e esquemas de tratamento mais flexíveis, com doses de insulinas menores e mais vezes ao dia. - Insulinoterapia: O Diabetes Control an d Complications Trial (DCCT) demonstrou, indiscutivelmente, os benefícios do controle intensivo da glicemia, levando à redução no risco de desenvolvimento e progressão da retinopatia, nefropatia e neuropatia diabética e também reduz a morbidade e a mortalidade relacionadas à doença cardiovascular. - A insulinoterapia intensiva não significa um número enorme de doses de insulinas ao dia, mas aquela capaz de proporcionar níveis glicêmicos os mais normais possíveis, com 1 ou inúmeras doses de insulina ao dia. É necessária a participação do paciente nos ajustes da dose de insulina de ação rápida ou ultra-rápida, de acordo com o conteúdo de carboidratos da refeição e os níveis de glicemia, verificados pela automonitorização glicêmica. - Mais frequentemente, o controle glicêmico ideal é obtido com múltiplas aplicações ao dia de diferentes tipos de insulina. As insulinas em uso atualmente são as humanas, obtidas por técnica de DNA recombinante, e os análogos de insulina humana, obtidos por alterações na sua estrutura (aspart,lispro,glulisina, detemir e glargina). Elas podem ser classificadas de acordo com biodisponibilidade em: 1) insulinas de ação curta e início de ação ultra-rápido (aspart, lispro e glulisina); 2) insulinas de ação curta e início de ação rápido (regular); 3) insulinas de ação intermediária (NPH); 4)insulinas de ação prolongada e com picos de ação menos pronunciados (glargina e detemir) - A administração de insulina basal e bolus antes das refeições, complementada pela administração de insulina NPH antes de dormir, pode melhorar o controle glicêmico sem aumentar o risco de hipoglicemia. - A insulina usada como bolus corresponde à insulina de ação rápida ou ultra-rápida administrada previamente às refeições, para metabolização dos nutrientes ingeridos (bolus prandial), e à insulina administrada para correção de hiperglicemias (bolus de correção). A secreção de insulina prandial pode ser mais bem reproduzida com insulina regular administrada 30-60 minutos antes das refeições principais ou,com ultra-rápida,imediatamente antes das refeições. - A insulina basal corresponde a aproximadamente 50% da dose total diária de insulina e é administrada sob a forma de insulina NPH, detemir ou glargina. A NPH é administrada 2 a 4 vezes ao dia, e o seu ajuste deverá ser feito de acordo com a glicemia antes da próxima refeição, de modo que não interfira muito sobre a glicemia pós-prandial, também da próxima refeição. - Recomenda-se que a última dose de NPH do dia seja administrada antes de dormir, aproximadamente 8 horas antes de o paciente acordar. A utilização de doses de NPH antes do jantar pode provocar hipoglicemias noturnas e concentrações reduzidas de insulina no período do amanhecer. - A insulina detemir pode ser utilizada 1 ou 2 vezes ao dia. Caso sejam utilizadas 2 doses da insulina detemir, a primeira pode ser administrada antes do desjejum e a segunda antes do jantar ou ao dormir. A insulina de ação rápida inclui as insulinas lispro, asparte e glulisina. Esses tipos de insulina são os mais rápidos que existem, e atingem o pico da atividade no prazo de aproximadamente uma hora e continuam a atuar por três a cinco horas. As insulinas de ação rápida são injetadas no início de uma refeição. A insulina de ação curta, como a insulina regular, começa a atuar com mais lentidão e dura mais tempo que a insulina de ação rápida. A insulina regular alcança sua atividade máxima no período de 2 a 4 horas e seu efeito dura de 6 a 8 horas. Ela é injetada 30 minutos antes da refeição. A insulina de ação intermediária, como a insulina protamina neutra Hagedorn (NPH) ou insulina U-500, começa a atuar no prazo de 0,5 a duas horas, atinge o pico da atividade no prazo de quatro a 12 horas e tem efeito por 13 a 26 horas, dependendo de qual insulina de ação intermediária é utilizada. Esse tipo de insulina pode ser usado pela manhã, para fornecer cobertura na primeira parte do dia, ou ao entardecer, para fornecer a cobertura necessária durante a noite. 5 Sanndy Emannuelly – 4° Período A insulina de ação prolongada, como a insulina glargina, a insulina detemir, a insulina glargina U-300 ou a insulina degludec, tem muito pouco efeito durante as primeiras horas, mas oferece cobertura por 20 a 40 horas, dependendo de qual desses tipos é usado. - Tanto a insulina de ação rápida como a insulina de ação curta costumam ser utilizadas por pessoas que tomam várias injeções diárias e precisam de insulina adicional para as refeições. Orientação nutricional - A maior parte dos portadores de diabetes tipo 1 necessita de esquemas dietéticos para manutenção do peso corporal, com 30-35 kcal/kg de peso, divididas em 50% de carboidratos, 10% de fibras dietéticas, 20% de proteínas e 20% de lipídeos (10% de gorduras saturadas e 10% de poliinsaturadas). - Os portadores de diabetes tipo 1 devem ser treinados para realizar a adequação da dose de insulina prandial, de acordo com a quantidade de carboidratos da refeição, e receber uma relação carboidrato/insulina, para que possam realizar o cálculo da insulina prandial. TRATAMENTO DM2 - Educação e cuidados gerais: Deve-se instruir detalhadamente o paciente sobre a doença e suas consequências, e estabelecer metas a serem cumpridas quanto às mudanças no estilo de vida e controle metabólico. Deve-se evitar o fumo, cuidar da higiene e tratar precocemente as lesões de pele. O paciente deverá usar sapatos especiais (na presença de calosidades ou deformidades) e cremes hidratantes ao profissional atuar nos problemas psicossociais, como depressão, desordens alimentares e alterações cognitivas que interfiram no tratamento, e prover suporte psicológico quando indicado. - Dieta: A dieta é fundamental no controle do diabetes. O acesso a uma lista de equivalentes alimentares quanto à composição e ao valor calórico dos alimentos confere flexibilidade à dieta e maior adesão ao tratamento. A dieta deve ser fracionada em três refeições principais e, se necessário, três intermediárias, além do plano alimentar, que deve ser individualizado. Como cerca de 80% da população diabética é obesa, a dieta é geralmente hipocalórica (20 kcal/kg de peso ideal/dia). A redução da ingestão calórica diminui substancialmente a glicemia de jejum e melhora a resistência à insulina, antes mesmo da redução do peso. - Exercícios: A atividade física é tópico importante no tratamento de diabéticos tipo 2. Após uma única sessão de exercício, há diminuição dos níveis glicêmicos e melhora da sensibilidade à insulina por até 48 horas. Já o treinamento físico potencializa os efeitos agudos do exercício, reduz o risco de doença cardiovascular e melhora a qualidade de vida. - Recomenda-se a prática de pelo menos 30 minutos/5 vezes por semana de exercício aeróbio de moderada intensidade ou 30 minutos/3 vezes por semana de exercício aeróbio de alta intensidade, e não mais que dois dias consecutivos sem atividade física. - A sessão deve ser subdividida em um período de aquecimento de 5 a 10 minutos, seguido por um período de exercício, e um período de relaxamento de 5 a 10 minutos. Os diabéticos devem usar sapatos e equipamentos adequados, evitar esforços em temperaturas extremas, examinar os pés antes e após a atividade, hidratar-se adequadamente durante e após exercícios prolongados e evitar atividade em períodos de controle glicêmico inadequado e cetose.- Exercícios vigorosos ou de impacto são contraindicados em portadores de retinopatia proliferativa e neuropatia periférica ou autonômica graves, pelo risco de descolamento de retina e hemorragia vítrea, hipotensão ortostática, arritmias e lesões ortopédicas. Tratamento medicamentoso da hiperglicemia - Sulfoniluréias: As sulfoniluréias aumentam a secreção de insulina. São relativamente baratas e raramente causam hipoglicemia. Atuam em receptor específico de membrana celular (SUR1), que é uma subunidade do canal de K sensível a ATP na membrana plasmática da célula-beta, fechando os canais de potássio ATP-dependentes e inibindo o efluxo de potássio. A consequente despolarização da membrana favorece o influxo de cálcio que estimula a secreção de insulina. As sulfoniluréias diferem basicamente quanto à sua meia-vida, mas,na dose plena, têm eficácia semelhante. Os principais efeitos colaterais são ganho de peso (3-5 kg) e hipoglicemia. - Meglitinidas: secretagogos de insulina de ação rápida As meglitinidas (glinidas) ligam-se a receptor específico de membrana celular (SUR1) da célula-beta, à semelhança das sulfoniluréias, mas por tempo inferior, resultando em pico de secreção de insulina mais precoce e intenso e de menor duração (< 3 horas). Estimulam a secreção aguda e rápida de insulina,e melhoram o pico de insulinemia pós-prandial (geralmente ausente no DM tipo 2), controlando os picos hiperglicêmicos pós-prandiais. Têm pouco efeito na glicemia de jejum. Esse efeito de curta duração (< 3 horas) reduz o risco de hipoglicemia entre as refeições ou ganho de peso. As meglitinidas não interferem na pressão arterial ou no pré- condicionamento isquêmico. São particularmente seguras em idosos ou portadores de hepatopatia ou nefropatia leve a moderada. - Biguanidas 6 Sanndy Emannuelly – 4° Período Somente a metformina está disponível. Sua principal ação parece depender da redução da resistência hepática à insulina, diminuindo a gliconeogênese (produção hepática de glicose), e da supressão da oxidação de lípides, embora também possa diminuir a absorção intestinal de glicose e o apetite, e aumentar a captação de glicose no músculo e tecido adiposo. A metformina não eleva os níveis plasmáticos de insulina e auxilia na redução do peso corpóreo. É a droga mais indicada nos diabéticos obesos. A hipoglicemia é rara; somente na presença de outras drogas ou excesso de álcool. Diminui os níveis do inibidor do ativador do plasminogênio (PAI-1), melhora a reatividade vascular e a função endotelial, além de atuar favoravelmente na redução pressórica e no perfil lipídico (diminui os níveis de LDL-colesterol e triglicérides e aumenta HDL-colesterol), reduzindo o risco cardiovascular. Efeitos colaterais como diarréia, anorexia, náusea e desconforto abdominal ocorrem em 30% dos casos e tendem a desaparecer (iniciar a metformina sempre com doses baixas). A formulação de liberação prolongada minimiza tais efeitos. Reduz a absorção de vitamina B12 em 10-30%,corrigida com a suplementação com cálcio oral. - Inibidores das alfa-glicosidases São pseudo-oligossacarídeos e inibidores competitivos das alfa-glicosidases das vilosidades intestinais, enzimas essenciais na quebra de amido, dextrinas, maltose e sacarose, em monossacarídeos absorvíveis. Ao retardarem a liberação da glicose dos carboidratos complexos e dissacarídeos, reduzem os níveis pós-prandiais de glicose e a necessidade de insulina. Melhoram a função das células- beta e a resistência à insulina, e reduzem a progressão de intolerantes à glicose para DM tipo 2. Pouco alteram lípides. Não causam hipoglicemia, exceto quando associados a secretagogos de insulina. Devem ser administrados antes das refeições. Não agem em jejum. Os efeitos colaterais são: diarréia, flatulência, cólica, desconforto, distensão abdominal. - Tiazolidinedionas Promovem adipogênese e aumentam o tecido adiposo subcutâneo,mais sensível à insulina que o visceral, aumentam os níveis de adiponectina e reduzem a liberação pelo tecido adiposo de ácidos graxos livres, leptina, fator de necrose tumoral (TNF-alfa) e resistina. Ao diminuírem esses fatores, melhoram a sensibilidade à insulina nos músculos e no fígado, favorecem a captação e utilização de glicose e a síntese de glicogênio, e reduzem a produção hepática de glicose. Os obesos têm melhora mais acentuada da glicemia que os magros. As tiazolidinedionas não elevam a insulinemia Reduzem ainda a pressão arterial, a microalbuminúria, a adesividade plaquetária. - A terapêutica do DM tipo 2 deve ser iniciada com mudanças no estilo de vida e uso da metformina, sensibilizadoras da ação da insulina. Se não for satisfatória após 2-3 meses ou na presença de sinais e sintomas de hiperglicemia sem cetose, deve-se associar outros medicamentos. A preferência é para a associação de drogas de mecanismos de ação diferentes. Inicialmente, deve-se proceder à associação das drogas sensibilizadoras (metformina ou glitazona, que também podem ser associadas entre si, pois têm efeito sinérgico) com um secretagogo de insulina (nateglinida, repaglinida,sulfoniluréia) ou a própria insulina. OBJETIVO 2: DEFINIR O QUADRO CLINICO DA SÍNDROME PLURIMETABÓLICA. Síndrome Metabólica: o risco cardiovascular é maior que o risco dos seus componentes isoladamente? Camillo de Léllis Carneiro Junqueira 2011 I DIRETRIZ BRASILEIRA DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA SÍNDROME METABÓLICA 2005 - Síndrome Metabólica corresponde a um conjunto de doenças cuja base é a resistência insulínica. Pela dificuldade de ação da insulina, decorrem as manifestações que podem fazer parte da síndrome. - Segundo os critérios brasileiros, a Síndrome Metabólica ocorre quando estão presentes três dos cinco critérios abaixo: Obesidade central - circunferência da cintura superior a 88 cm na mulher e 102 cm no homem; Hipertensão Arterial - pressão arterial sistólica 130 e/ou pressão arterial diastólica 85 mmHg; Glicemia alterada (glicemia 110 mg/dl) ou diagnóstico de Diabetes; Triglicerídeos 150 mg/dl; HDL colesterol menor 40 mg/dl em homens e 50 mg/dl em mulheres - Ter três ou mais dos fatores acima é um sinal da presença da resistência insulínica. Esta resistência significa que mais insulina do que a quantidade normal está sendo necessária para manter o organismo funcionando e a glicose em níveis normais. - A Síndrome Metabólica (SM) é um transtorno complexo representado por um conjunto de fatores de risco cardiovascular usualmente relacionados à deposição central de gordura e à resistência à insulina. É importante destacar a associação da SM com a doença cardiovascular, 7 Sanndy Emannuelly – 4° Período aumentando a mortalidade geral em cerca de 1,5 vezes e a cardiovascular em cerca de 2,5 vezes. - A síndrome metabólica (SM) é caracterizada pela agregação de vários fatores de risco para as doenças cardiovasculares (DCV): obesidade central (OC), hipertrigliceridemia, dislipidemia (HDL baixo e triglicerídeos elevados) e hipertensão arterial sistêmica (HAS). A prevalência da SM geralmente varia, dependendo dos critérios diagnósticos e das diversas definições diferentes que, inevitavelmente, levam a uma confusão considerável e ausência de comparabilidade entre os estudos. - Os componentes da SM variam de acordo com: etnia, sexo, hábitos alimentares, estilos de vida, fenótipos e localização geográfica, tornando difícil estabelecer uma classificação universal. - É bem documentado que a idade contribui para o aparecimento da SM. Um estudo17 avaliando 3601 indivíduos verificou associação entre SM e faixa etária, na qual se observou aumento na frequência da SM conforme o avanço da idade. Em outro estudo18, verificou-se que o significado do prognóstico, interdependência e hierarquia de fatoresde risco cardiovascular poderia evoluir com o avanço da idade. - Apesar de não fazerem parte dos critérios diagnósticos da síndrome metabólica, várias condições clínicas e fisiopatológicas estão frequentemente a ela associadas, tais como: síndrome de ovários policísticos, acanthosis nigricans, doença hepática gordurosa não-alcoólica, microalbuminúria, estados pró-trombóticos, estados pró- inflamatórios e de disfunção endotelial e hiperuricemia. - De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os fatores de risco mais importantes para a morbimortalidade relacionada às doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) são: hipertensão arterial sistêmica, hipercolesterolemia, ingestão insuficiente de frutas, hortaliças e leguminosas, sobrepeso ou obesidade, inatividade física e tabagismo23. Cinco desses fatores de risco estão relacionados à alimentação e à atividade física e três deles têm grande impacto no aparecimento da Síndrome Metabólica (SM).
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