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Diabetes e sindrome metabólica

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1 Sanndy Emannuelly – 4° Período 
Tutorial 3 
OBJETIVO 1: COMPREENDER A ETIOLOGIA E 
FISIOPATOLOGIA DA DM TIPO 1 E 2. 
Clinica Médica – USP 
- O diabetes mellitus (DM) é uma síndrome de etiologia 
múltipla, decorrente da secreção deficiente de insulina e/ou 
da resistência à sua ação, isto é, incapacidade da insulina de 
exercer seus efeitos adequadamente. 
- Caracteriza-se por níveis de glicose plasmática elevados 
(hiperglicemia) e distúrbios do metabolismo de 
carboidratos, lipídeos e proteínas. Está relacionado a 
complicações agudas (como a cetoacidose diabética, em 
situações de extrema deficiência da ação insulínica) e 
complicações tardias, acometendo olhos, rins, nervos, 
coração e vasos sanguíneos, frequentemente incapacitantes 
para a vida ou causando invalidez. 
- O diabetes e suas complicações comprometem a 
produtividade, a qualidade de vida e a sobrevida dos 
indivíduos, e são ainda responsáveis por alta taxa de 
morbidade e mortalidade de neonatos de mães acometidas. 
O aumento da incidência mundial de diabetes, relacionado à 
crescente obesidade e ao sedentarismo, atribuídos à 
urbanização, tem forte impacto negativo na economia e na 
qualidade de vida das pessoas neste século. 
ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA 
- O diabetes mellitus (DM) tipo 1 autoimune decorre de 
efeitos genéticos, ambientais e imunológicos, sinérgicos. A 
fase subclínica da doença caracteriza-se pela invasão 
linfocitária específica das células-beta das ilhotas de 
Langerhans, causando insulite linfocitária autoimune e 
produção de autoanticorpos contra várias proteínas das 
ilhotas. 
- Esse processo acarreta destruição gradual e progressiva 
das células-beta das ilhotas de Langerhans e posterior 
falência da secreção pancreática de insulina, determinando 
a dependência permanente de insulina exógena para a 
homeostase glicêmica. A história natural do DM tipo 1 
depende de vários fatores: 
- O DM tipo 1 tem início quando ocorre um desequilíbrio nos 
mecanismos de tolerância aos antígenos próprios. As células 
T-CD4 ativadas (CD4+) agem no processo da insulite, 
determinando reações inflamatórias e secreção 
decitoquinas (especialmente interleucina 1 (IL-1), 
interferon-gama (IFN-gama) e fator de necrose tumoral-alfa 
(TNF-alfa) culminando com a morte das células-beta 
(imunidade celular). Também funcionam como células 
auxiliares ativadoras das células T-CD8 e linfócitos B 
produtores de anticorpos (imunidade humoral). 
- O período de autoimunidade ativa, conhecido como pré-
diabético assintomático, precede o diabetes e pode ter 
duração de vários anos, sendo evidenciado pela presença de 
autoanticorpos contra antígenos das células-beta e pela 
perda progressiva da capacidade secretora de insulina. 
- Ao diagnóstico, restam apenas 10% das células-beta, e, com 
o passar do tempo, estas tornam-se virtualmente ausentes. 
As demais células das ilhotas pancreáticas não são atingidas 
e persistem produzindo glucagon (células alfa) e 
somatostatina (células delta). A secreção de glucagon 
aumenta pela perda do efeito supressor da insulina. A 
deficiência de insulina pode causar certa atrofia do pâncreas 
exócrino e redução das enzimas pancreáticas. 
FATORES DESENCADEANTES 
- Vários agentes etiológicos (vírus, toxinas e alimentos) têm 
sido apontados como desencadeantes da autoimunidade. 
- Estudos epidemiológicos evidenciaram risco duas vezes 
maior do desenvolvimento do DM tipo 1 condicionado à 
supressão do aleitamento materno antes de 3 a4meses de 
vida e sua substituição precoce pelo leite de vaca, sugerindo 
efeitos deletérios da exposição precoce às proteínas do leite 
de vaca. A ativação do sistema imune intestinal e a 
permeabilidade intestinal elevada parecem alterar a 
tolerância a certos antígenos (insulina bovina, proteínas do 
leite de vaca – lactoglobulina e albumina), favorecendo a 
produção de anticorpos que, por mecanismos vários, 
inclusive de mimetismo molecular, se voltam contra os 
antígenos próprios. 
- Os vírus parecem desempenhar importante papel no 
desencadeamento da doença. Vários agentes virais têm 
homologia funcional ou estrutural com antígenos da célula-
beta, induzindo autoimunidade por mecanismo de 
mimetismo molecular. Alguns vírus se inserem no genoma 
de células, favorecendo a expressão de suas proteínas na 
superfície celular, desencadeando a autoimunidade. 
FISIOPATOLOGIA DO DIABETES MELLITUS TIPO 2 
- O DM tipo 2 decorre da associação de dois distúrbios 
metabólicos: a resistência à insulina e a diminuição da 
secreção de insulina pelas células-beta do pâncreas. 
- Em condições normais, a concentração plasmática de 
glicose provém da absorção dos alimentos e da 
gliconeogênese e glicogenólise hepáticas, finamente 
reguladas pela insulina. No DM tipo 2, há um desequilíbrio 
desse sistema, aumento da produção hepática, redução da 
captação periférica e armazenagem da glicose, o que eleva 
as glicemias de jejum e pós-prandiais, respectivamente. 
- Por causa da resistência à insulina, a lipólise do tecido 
adiposo também aumenta, liberando os ácidos graxos livres 
para a circulação, os quais agravam a resistência à insulina. 
A resistência à insulina é, inicialmente, caracterizada pelo 
hiperinsulinismo compensatório. Muitos indivíduos, durante 
 
2 Sanndy Emannuelly – 4° Período 
a fase de hiperinsulinemia compensatória, desenvolvem a 
síndrome metabólica ou síndrome de resistência à insulina, 
compreendendo a hiperinsulinemia, a hipertensão arterial , 
a dislipidemia, a disglicemia, mas não o diabetes. 
- Ante a grande demanda de insulina, gradativamente a 
célula-beta entra em falência, manifestando-se a 
intolerância à glicose e, finalmente, o DM2. Familiares em 
primeiro grau de indivíduos com diabetes tipo 2 e alguns 
grupos étnicos com grande risco de desenvolverem diabetes 
já apresentam disfunção da célula-beta mesmo com 
tolerância à glicose normal. 
CLASSIFICAÇÃO DM 
- A classificação do diabetes, segundo os critérios da 
Associação Americana de Diabetes e da Sociedade Brasileira 
de Diabetes, baseia-se no processo patogênico2,3. Os 
diabetes tipos 1 e 2 são os mais frequentes e diferem em 
vários aspectos, com prevalência do tipo 2, que compreende 
cerca de 90% dos casos. O diabetes mellitus é classificado 
em: 
 Diabetes tipo 1. 
Diabetes tipo 2. 
Outros tipos de diabetes causados por: defeitos genéticos 
da função da célula-beta, defeitos genéticos na ação da 
insulina, doenças pancreáticas, doenças endócrinas, 
induzido por fármacos ou agentes químicos ou infecções, 
formas raras de diabetes autoimune e outras síndromes 
genéticas. 
Diabetes gestacional: A gestação consiste em condição 
diabetogênica, uma vez que a placenta produz hormônios 
hiperglicemiantes e enzimas placentárias que degradam a 
insulina, com consequente aumento compensatório na 
produção de insulina e na resistência à insulina, podendo 
evoluir com disfunção das células β. 
 Trata-se de uma intolerância a carboidratos de gravidade 
variável, que se iniciou durante a gestação atual, sem ter 
previamente preenchido os critérios diagnósticos de DM. O 
DMG traz riscos tanto para a mãe quanto para o feto e o 
neonato, sendo geralmente diagnosticado no segundo ou 
terceiro trimestres da gestação. Pode ser transitório ou 
persistir após o parto, caracterizando-se como importante 
fator de risco independente para desenvolvimento futuro de 
DM2. 
DIABETES MELLITUS TIPO 1 
- A destruição das células-beta pancreáticas causa 
deficiência absoluta de insulina e tendência a cetose, 
podendo ter causa autoimune (tipo 1A) ou idiopática (tipo 
1B). 
- O DM1 é bem mais frequente na infância e na adolescência, 
mas pode ser diagnosticado em adultos, que podem 
desenvolver uma forma lentamente progressiva da doença, 
denominada latent autoimmune diabetes in adults (LADA). 
- O DM tipo 1A, caracterizado pela presença de 
autoanticorpos contra antígenospancreáticos, predomina 
nos caucasianos e é extremamente raro nos orientais. 
Ocorre em 10% dos diabéticos, preferencialmente crianças e 
adolescentes entre 5 e 14 anos de idade. Embora sua 
fisiopatologia não seja totalmente conhecida, envolve, além 
da predisposição genética, fatores ambientais que 
desencadeiam a resposta autoimune. Entre as principais 
exposições ambientais associadas ao DM1 estão infecções 
virais, componentes dietéticos e certas composições da 
microbiota intestinal. 
- O DM tipo 1B tem causa desconhecida e predomina em 
negros e asiáticos. Há hiperglicemia, deficiência temporária 
da secreção de insulina e ausência de autoanticorpos. No 
pâncreas, há sinais de pancreatite e não de insulite. A 
denominação 1B, ou idiopático, é atribuída aos casos de 
DM1 nos quais os autoanticorpos não são detectáveis na 
circulação. O diagnóstico apresenta limitações e pode ser 
confundido com outras formas de DM diante da 
negatividade dos autoanticorpos circulantes, de modo 
concomitante com a necessidade precoce de insulinoterapia 
plena. As recomendações terapêuticas são as mesmas do 
DM tipo 1A e não há evidências de riscos distintos para as 
complicações crônicas entre os subtipos. 
- Ao contrário do portador de diabetes tipo 2 que 
frequentemente é assintomático, no portador de diabetes 
tipo 1 há rápida e intensa perda da capacidade de secreção 
de insulina. Por isso, em geral, são comuns os sintomas: 
perda de peso, poliúria, polidipsia, polifagia, fadiga, 
indisposição geral, dificuldade visual, infecções de pele e 
mucosa, especialmente a genital, como ba lanopostite e 
vulvovaginite por fungos. Não é infrequente o diagnóstico 
ser feito em serviço de emergência, com o paciente em 
cetoacidose. 
DIABETES MELLITUS TIPO 2 (DM2) 
- Corresponde a 90 a 95% de todos os casos de DM. Possui 
etiologia complexa e multifatorial, envolvendo 
componentes genético e ambiental. 
- Geralmente, o DM2 acomete indivíduos a partir da quarta 
década de vida, embora se descreva, em alguns países, 
aumento na sua incidência em crianças e jovens. Trata-se de 
doença poligênica, com forte herança familiar, ainda não 
completamente esclarecida, cuja ocorrência tem 
contribuição significativa de fatores ambientais. Dentre eles, 
hábitos dietéticos e inatividade física, que contribuem para 
a obesidade, destacam-se como os principais fatores de 
risco. 
- Na maioria das vezes, a doença é assintomática ou 
oligossintomática por longo período, sendo o diagnóstico 
realizado por dosagens laboratoriais de rotina ou 
manifestações das complicações crônicas. Com menor 
 
3 Sanndy Emannuelly – 4° Período 
frequência, indivíduos com DM2 apresentam sintomas 
clássicos de hiperglicemia (poliúria, polidipsia, polifagia e 
emagrecimento inexplicado). Embora a cetoacidose 
diabética seja rara como manifestação inicial do DM2, tem-
se observado aumento no número desses casos na abertura 
do quadro. 
- Os consagrados fatores de risco para DM2 são: história 
familiar da doença, avançar da idade, obesidade, 
sedentarismo, diagnóstico prévio de pré-diabetes ou 
diabetes mellitus gestacional (DMG) e presença de 
componentes da síndrome metabólica, tais como 
hipertensão arterial e dislipidemia. 
- O componente genético no diabetes tipo 2 é muito atuante; 
o risco familiar chega a 40% quando os dois pais são 
diabéticos. A incidência de diabetes mellitus tipo 2 aumenta 
com a idade, sendo de 1,5% em adultos, entre 20 e 39 anos, 
e de 20% após os 75 anos. 
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO 
- Ante os elevados níveis glicêmicos, parte da glicose é 
eliminada na urina, carregando consigo muita água (diurese 
osmótica) – poliúria. A perda de líquidos é compensada pelo 
aumento da sede e da ingestão de água (polidipsia). A 
dificuldade na armazenagem dos nutrientes nos tecidos e a 
perda destes pela urina causam emagrecimento, fraqueza e 
fome (polifagia). A visão turva, por alterações osmóticas e 
metabólicas no corpo ciliar, pode ser sinal de hiperglicemia. 
- Esses sinais estão sempre presentes ao diagnóstico em 
crianças. Já no adulto, a doença costuma ter progressão 
lenta, sendo assintomática por vários anos. Nestes, a 
primeira manifestação clínica já pode ser uma complicação 
ocular, renal ou cardiovascular. 
- O diagnóstico é confirmado pela dosagem de glicemia de 
jejum maior que 126 mg/dL em jejum (em geral, em DM tipo 
1, os valores são claramente superiores no momento do 
diagnóstico) ou ocasionais, maiores que 200 mg/dL. 
- O diagnóstico etiológico pode ser determinado pela 
presença dos anticorpos antipancreáticos. Eventualmente a 
avaliação da capacidade secretória da ilhota pode ser feita 
pela medida dos valores de peptídeo C (peptídeo conector, 
secretado pela célula-beta em proporções equimolares à 
insulina). 
- Valores de peptídeo C em jejum menores que 0,7 ng/mL na 
vigência de glicemias entre 100 e 200 mg/dL sugerem grande 
deficiência de insulina, compatível com o diagnóstico de 
diabetes do tipo 1. 
- As categorias de tolerância à glicose têm sido definidas com 
base nos seguintes exames: 
 • Glicemia em jejum: deve ser coletada em sangue 
periférico após jejum calórico de no mínimo 8 horas; 
• TOTG: previamente à ingestão de 75 g de glicose dissolvida 
em água, coleta-se uma amostra de sangue em jejum para 
determinação da glicemia; coleta-se outra, então, após 2 
horas da sobrecarga oral. 
Importante reforçar que a dieta deve ser a habitual e sem 
restrição de carboidratos pelo menos nos 3 dias anteriores à 
realização do teste. Permite avaliação da glicemia após 
sobrecarga, que pode ser a única alteração detectável no 
início do DM, refletindo a perda de primeira fase da secreção 
de insulina; Durante o teste, o paciente deve ficar em 
repouso. Não pode estar doente, com infecções e não deve 
fumar, tomar café ou usar medicamentos antes ou durante 
o teste. 
• Hemoglobina glicada (HbA1c): oferece vantagens ao 
refletir níveis glicêmicos dos últimos 3 a 4 meses e ao sofrer 
menor variabilidade dia a dia e independer do estado de 
jejum para sua determinação. 
 Vale reforçar que se trata de medida indireta da glicemia, 
que sofre interferência de algumas situações, como 
anemias, hemoglobinopatias e uremia, nas quais é preferível 
diagnosticar o estado de tolerância à glicose com base na 
dosagem glicêmica direta. Outros fatores, como idade e 
etnia, também podem interferir no resultado da HbA1c. 
- Frutosamina: proteína glicada, principalmente albumina, 
que reflete o controle glicêmico dos últimos 714 dias. Útil em 
portadores de algumas hemoglobinopatias (que alteram a 
determinação de HbA1c) e na avaliação precoce dos efeitos 
das terapias. 
- Glicosúria: a presença de açúcar na urina (glicosúria) é 
sugestiva de diabetes e requer confirmação com dosagem 
sanguínea. Está geralmente presente nas glicemias elevadas, 
acima de 180 mg/dl, mas depende ainda do estado de 
hidratação do paciente e de patologias renais. 
- A hemoglobina glicada, a frutosamina, e a glicosúria não 
servem para diagnóstico de diabetes leve ou IGT. Têm maior 
indicação no controle da eficácia do tratamento do diabetes. 
- A confirmação do diagnóstico de DM requer repetição dos 
exames alterados, idealmente o mesmo exame alterado em 
segunda amostra de sangue, na ausência de sintomas 
inequívocos de hiperglicemia. 
- Pacientes com sintomas clássicos de hiperglicemia, tais 
como poliúria, polidipsia, polifagia e emagrecimento, devem 
ser submetidos à dosagem de glicemia ao acaso e 
independente do jejum, não havendo necessidade de 
confirmação por meio de segunda dosagem caso se verifique 
glicemia aleatória ≥ 200 mg/dL. 
 
4 Sanndy Emannuelly – 4° Período 
 
TRATAMENTO DM1 
- A terapia do portador de diabetes tipo 1 baseia-se em 
quatro componentes principais: insulinoterapia, 
automonitorização glicêmica, orientação nutricional e 
exercício. 
- A educação do paciente éessencial para o sucesso da 
terapia, e o programa de tratamento deve ser 
suficientemente flexível para permitir mudanças no estilo de 
vida, sem sacrificar o cuidadoso controle metabólico. 
Utilizando a automonitorização glicêmica e esquemas de 
tratamento mais flexíveis, com doses de insulinas menores e 
mais vezes ao dia. 
- Insulinoterapia: O Diabetes Control an d Complications 
Trial (DCCT) demonstrou, indiscutivelmente, os benefícios 
do controle intensivo da glicemia, levando à redução no risco 
de desenvolvimento e progressão da retinopatia, nefropatia 
e neuropatia diabética e também reduz a morbidade e a 
mortalidade relacionadas à doença cardiovascular. 
- A insulinoterapia intensiva não significa um número 
enorme de doses de insulinas ao dia, mas aquela capaz de 
proporcionar níveis glicêmicos os mais normais possíveis, 
com 1 ou inúmeras doses de insulina ao dia. É necessária a 
participação do paciente nos ajustes da dose de insulina de 
ação rápida ou ultra-rápida, de acordo com o conteúdo de 
carboidratos da refeição e os níveis de glicemia, verificados 
pela automonitorização glicêmica. 
- Mais frequentemente, o controle glicêmico ideal é obtido 
com múltiplas aplicações ao dia de diferentes tipos de 
insulina. As insulinas em uso atualmente são as humanas, 
obtidas por técnica de DNA recombinante, e os análogos de 
insulina humana, obtidos por alterações na sua estrutura 
(aspart,lispro,glulisina, detemir e glargina). Elas podem ser 
classificadas de acordo com biodisponibilidade em: 
1) insulinas de ação curta e início de ação ultra-rápido 
(aspart, lispro e glulisina); 
2) insulinas de ação curta e início de ação rápido (regular); 
3) insulinas de ação intermediária (NPH); 
4)insulinas de ação prolongada e com picos de ação menos 
pronunciados (glargina e detemir) 
- A administração de insulina basal e bolus antes das 
refeições, complementada pela administração de insulina 
NPH antes de dormir, pode melhorar o controle glicêmico 
sem aumentar o risco de hipoglicemia. 
- A insulina usada como bolus corresponde à insulina de ação 
rápida ou ultra-rápida administrada previamente às 
refeições, para metabolização dos nutrientes ingeridos 
(bolus prandial), e à insulina administrada para correção de 
hiperglicemias (bolus de correção). A secreção de insulina 
prandial pode ser mais bem reproduzida com insulina 
regular administrada 30-60 minutos antes das refeições 
principais ou,com ultra-rápida,imediatamente antes das 
refeições. 
- A insulina basal corresponde a aproximadamente 50% da 
dose total diária de insulina e é administrada sob a forma de 
insulina NPH, detemir ou glargina. A NPH é administrada 2 a 
4 vezes ao dia, e o seu ajuste deverá ser feito de acordo com 
a glicemia antes da próxima refeição, de modo que não 
interfira muito sobre a glicemia pós-prandial, também da 
próxima refeição. 
- Recomenda-se que a última dose de NPH do dia seja 
administrada antes de dormir, aproximadamente 8 horas 
antes de o paciente acordar. A utilização de doses de NPH 
antes do jantar pode provocar hipoglicemias noturnas e 
concentrações reduzidas de insulina no período do 
amanhecer. 
- A insulina detemir pode ser utilizada 1 ou 2 vezes ao dia. 
Caso sejam utilizadas 2 doses da insulina detemir, a primeira 
pode ser administrada antes do desjejum e a segunda antes 
do jantar ou ao dormir. 
 A insulina de ação rápida inclui as insulinas lispro, 
asparte e glulisina. Esses tipos de insulina são os 
mais rápidos que existem, e atingem o pico da 
atividade no prazo de aproximadamente uma hora 
e continuam a atuar por três a cinco horas. As 
insulinas de ação rápida são injetadas no início de 
uma refeição. 
 A insulina de ação curta, como a insulina regular, 
começa a atuar com mais lentidão e dura mais 
tempo que a insulina de ação rápida. 
A insulina regular alcança sua atividade máxima no 
período de 2 a 4 horas e seu efeito dura de 6 a 8 
horas. Ela é injetada 30 minutos antes da refeição. 
 A insulina de ação intermediária, como a 
insulina protamina neutra Hagedorn (NPH) ou 
insulina U-500, começa a atuar no prazo de 0,5 a 
duas horas, atinge o pico da atividade no prazo de 
quatro a 12 horas e tem efeito por 13 a 26 horas, 
dependendo de qual insulina de ação intermediária 
é utilizada. Esse tipo de insulina pode ser usado 
pela manhã, para fornecer cobertura na primeira 
parte do dia, ou ao entardecer, para fornecer a 
cobertura necessária durante a noite. 
 
5 Sanndy Emannuelly – 4° Período 
 A insulina de ação prolongada, como 
a insulina glargina, a insulina detemir, a insulina 
glargina U-300 ou a insulina degludec, tem muito 
pouco efeito durante as primeiras horas, mas 
oferece cobertura por 20 a 40 horas, dependendo 
de qual desses tipos é usado. 
- Tanto a insulina de ação rápida como a insulina de ação 
curta costumam ser utilizadas por pessoas que tomam várias 
injeções diárias e precisam de insulina adicional para as 
refeições. 
Orientação nutricional 
- A maior parte dos portadores de diabetes tipo 1 necessita 
de esquemas dietéticos para manutenção do peso corporal, 
com 30-35 kcal/kg de peso, divididas em 50% de 
carboidratos, 10% de fibras dietéticas, 20% de proteínas e 
20% de lipídeos (10% de gorduras saturadas e 10% de 
poliinsaturadas). 
- Os portadores de diabetes tipo 1 devem ser treinados para 
realizar a adequação da dose de insulina prandial, de acordo 
com a quantidade de carboidratos da refeição, e receber 
uma relação carboidrato/insulina, para que possam realizar 
o cálculo da insulina prandial. 
TRATAMENTO DM2 
- Educação e cuidados gerais: Deve-se instruir 
detalhadamente o paciente sobre a doença e suas 
consequências, e estabelecer metas a serem cumpridas 
quanto às mudanças no estilo de vida e controle metabólico. 
Deve-se evitar o fumo, cuidar da higiene e tratar 
precocemente as lesões de pele. O paciente deverá usar 
sapatos especiais (na presença de calosidades ou 
deformidades) e cremes hidratantes ao profissional atuar 
nos problemas psicossociais, como depressão, desordens 
alimentares e alterações cognitivas que interfiram no 
tratamento, e prover suporte psicológico quando indicado. 
- Dieta: A dieta é fundamental no controle do diabetes. O 
acesso a uma lista de equivalentes alimentares quanto à 
composição e ao valor calórico dos alimentos confere 
flexibilidade à dieta e maior adesão ao tratamento. 
A dieta deve ser fracionada em três refeições principais e, se 
necessário, três intermediárias, além do plano alimentar, 
que deve ser individualizado. Como cerca de 80% da 
população diabética é obesa, a dieta é geralmente 
hipocalórica (20 kcal/kg de peso ideal/dia). 
A redução da ingestão calórica diminui substancialmente a 
glicemia de jejum e melhora a resistência à insulina, antes 
mesmo da redução do peso. 
- Exercícios: A atividade física é tópico importante no 
tratamento de diabéticos tipo 2. Após uma única sessão de 
exercício, há diminuição dos níveis glicêmicos e melhora da 
sensibilidade à insulina por até 48 horas. Já o treinamento 
físico potencializa os efeitos agudos do exercício, reduz o 
risco de doença cardiovascular e melhora a qualidade de 
vida. 
- Recomenda-se a prática de pelo menos 30 minutos/5 vezes 
por semana de exercício aeróbio de moderada intensidade 
ou 30 minutos/3 vezes por semana de exercício aeróbio de 
alta intensidade, e não mais que dois dias consecutivos sem 
atividade física. 
- A sessão deve ser subdividida em um período de 
aquecimento de 5 a 10 minutos, seguido por um período de 
exercício, e um período de relaxamento de 5 a 10 minutos. 
Os diabéticos devem usar sapatos e equipamentos 
adequados, evitar esforços em temperaturas extremas, 
examinar os pés antes e após a atividade, hidratar-se 
adequadamente durante e após exercícios prolongados e 
evitar atividade em períodos de controle glicêmico 
inadequado e cetose.- Exercícios vigorosos ou de impacto são contraindicados em 
portadores de retinopatia proliferativa e neuropatia 
periférica ou autonômica graves, pelo risco de descolamento 
de retina e hemorragia vítrea, hipotensão ortostática, 
arritmias e lesões ortopédicas. 
Tratamento medicamentoso da hiperglicemia 
- Sulfoniluréias: As sulfoniluréias aumentam a secreção de 
insulina. São relativamente baratas e raramente causam 
hipoglicemia. Atuam em receptor específico de membrana 
celular (SUR1), que é uma subunidade do canal de K sensível 
a ATP na membrana plasmática da célula-beta, fechando os 
canais de potássio ATP-dependentes e inibindo o efluxo de 
potássio. A consequente despolarização da membrana 
favorece o influxo de cálcio que estimula a secreção de 
insulina. As sulfoniluréias diferem basicamente quanto à sua 
meia-vida, mas,na dose plena, têm eficácia semelhante. Os 
principais efeitos colaterais são ganho de peso (3-5 kg) e 
hipoglicemia. 
- Meglitinidas: secretagogos de insulina de ação rápida 
As meglitinidas (glinidas) ligam-se a receptor específico de 
membrana celular (SUR1) da célula-beta, à semelhança das 
sulfoniluréias, mas por tempo inferior, resultando em pico 
de secreção de insulina mais precoce e intenso e de menor 
duração (< 3 horas). Estimulam a secreção aguda e rápida de 
insulina,e melhoram o pico de insulinemia pós-prandial 
(geralmente ausente no DM tipo 2), controlando os picos 
hiperglicêmicos pós-prandiais. Têm pouco efeito na glicemia 
de jejum. 
Esse efeito de curta duração (< 3 horas) reduz o risco de 
hipoglicemia entre as refeições ou ganho de peso. As 
meglitinidas não interferem na pressão arterial ou no pré-
condicionamento isquêmico. São particularmente seguras 
em idosos ou portadores de hepatopatia ou nefropatia leve 
a moderada. 
- Biguanidas 
 
6 Sanndy Emannuelly – 4° Período 
Somente a metformina está disponível. Sua principal ação 
parece depender da redução da resistência hepática à 
insulina, diminuindo a gliconeogênese (produção hepática 
de glicose), e da supressão da oxidação de lípides, embora 
também possa diminuir a absorção intestinal de glicose e o 
apetite, e aumentar a captação de glicose no músculo e 
tecido adiposo. 
A metformina não eleva os níveis plasmáticos de insulina e 
auxilia na redução do peso corpóreo. É a droga mais indicada 
nos diabéticos obesos. A hipoglicemia é rara; somente na 
presença de outras drogas ou excesso de álcool. 
Diminui os níveis do inibidor do ativador do plasminogênio 
(PAI-1), melhora a reatividade vascular e a função endotelial, 
além de atuar favoravelmente na redução pressórica e no 
perfil lipídico (diminui os níveis de LDL-colesterol e 
triglicérides e aumenta HDL-colesterol), reduzindo o risco 
cardiovascular. 
 Efeitos colaterais como diarréia, anorexia, náusea e 
desconforto abdominal ocorrem em 30% dos casos e 
tendem a desaparecer (iniciar a metformina sempre com 
doses baixas). A formulação de liberação prolongada 
minimiza tais efeitos. Reduz a absorção de vitamina B12 em 
10-30%,corrigida com a suplementação com cálcio oral. 
- Inibidores das alfa-glicosidases 
São pseudo-oligossacarídeos e inibidores competitivos das 
alfa-glicosidases das vilosidades intestinais, enzimas 
essenciais na quebra de amido, dextrinas, maltose e 
sacarose, em monossacarídeos absorvíveis. Ao retardarem a 
liberação da glicose dos carboidratos complexos e 
dissacarídeos, reduzem os níveis pós-prandiais de glicose e a 
necessidade de insulina. Melhoram a função das células-
beta e a resistência à insulina, e reduzem a progressão de 
intolerantes à glicose para DM tipo 2. 
Pouco alteram lípides. Não causam hipoglicemia, exceto 
quando associados a secretagogos de insulina. Devem ser 
administrados antes das refeições. Não agem em jejum. 
 Os efeitos colaterais são: diarréia, flatulência, cólica, 
desconforto, distensão abdominal. 
- Tiazolidinedionas 
Promovem adipogênese e aumentam o tecido adiposo 
subcutâneo,mais sensível à insulina que o visceral, 
aumentam os níveis de adiponectina e reduzem a liberação 
pelo tecido adiposo de ácidos graxos livres, leptina, fator de 
necrose tumoral (TNF-alfa) e resistina. 
Ao diminuírem esses fatores, melhoram a sensibilidade à 
insulina nos músculos e no fígado, favorecem a captação e 
utilização de glicose e a síntese de glicogênio, e reduzem a 
produção hepática de glicose. Os obesos têm melhora mais 
acentuada da glicemia que os magros. 
As tiazolidinedionas não elevam a insulinemia Reduzem 
ainda a pressão arterial, a microalbuminúria, a adesividade 
plaquetária. 
- A terapêutica do DM tipo 2 deve ser iniciada com mudanças 
no estilo de vida e uso da metformina, sensibilizadoras da 
ação da insulina. Se não for satisfatória após 2-3 meses ou 
na presença de sinais e sintomas de hiperglicemia sem 
cetose, deve-se associar outros medicamentos. 
A preferência é para a associação de drogas de mecanismos 
de ação diferentes. Inicialmente, deve-se proceder à 
associação das drogas sensibilizadoras (metformina ou 
glitazona, que também podem ser associadas entre si, pois 
têm efeito sinérgico) com um secretagogo de insulina 
(nateglinida, repaglinida,sulfoniluréia) ou a própria insulina. 
OBJETIVO 2: DEFINIR O QUADRO CLINICO DA SÍNDROME 
PLURIMETABÓLICA. 
Síndrome Metabólica: o risco cardiovascular é maior que o 
risco dos seus componentes isoladamente? Camillo de Léllis 
Carneiro Junqueira 2011 
I DIRETRIZ BRASILEIRA DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA 
SÍNDROME METABÓLICA 2005 
- Síndrome Metabólica corresponde a um conjunto de 
doenças cuja base é a resistência insulínica. Pela dificuldade 
de ação da insulina, decorrem as manifestações que podem 
fazer parte da síndrome. 
- Segundo os critérios brasileiros, a Síndrome 
Metabólica ocorre quando estão presentes três dos cinco 
critérios abaixo: 
 Obesidade central - circunferência da cintura 
superior a 88 cm na mulher e 102 cm no homem; 
 Hipertensão Arterial - pressão arterial sistólica 130 
e/ou pressão arterial diastólica 85 mmHg; 
 Glicemia alterada (glicemia 110 mg/dl) ou 
diagnóstico de Diabetes; 
 Triglicerídeos 150 mg/dl; 
 HDL colesterol menor 40 mg/dl em homens e 50 
mg/dl em mulheres 
- Ter três ou mais dos fatores acima é um sinal da presença 
da resistência insulínica. Esta resistência significa que mais 
insulina do que a quantidade normal está sendo necessária 
para manter o organismo funcionando e a glicose em níveis 
normais. 
- A Síndrome Metabólica (SM) é um transtorno complexo 
representado por um conjunto de fatores de risco 
cardiovascular usualmente relacionados à deposição central 
de gordura e à resistência à insulina. É importante destacar 
a associação da SM com a doença cardiovascular, 
 
7 Sanndy Emannuelly – 4° Período 
aumentando a mortalidade geral em cerca de 1,5 vezes e a 
cardiovascular em cerca de 2,5 vezes. 
- A síndrome metabólica (SM) é caracterizada pela agregação 
de vários fatores de risco para as doenças cardiovasculares 
(DCV): obesidade central (OC), hipertrigliceridemia, 
dislipidemia (HDL baixo e triglicerídeos elevados) e 
hipertensão arterial sistêmica (HAS). A prevalência da SM 
geralmente varia, dependendo dos critérios diagnósticos e 
das diversas definições diferentes que, inevitavelmente, 
levam a uma confusão considerável e ausência de 
comparabilidade entre os estudos. 
- Os componentes da SM variam de acordo com: etnia, sexo, 
hábitos alimentares, estilos de vida, fenótipos e localização 
geográfica, tornando difícil estabelecer uma classificação 
universal. 
- É bem documentado que a idade contribui para o 
aparecimento da SM. Um estudo17 avaliando 3601 
indivíduos verificou associação entre SM e faixa etária, na 
qual se observou aumento na frequência da SM conforme o 
avanço da idade. Em outro estudo18, verificou-se que o 
significado do prognóstico, interdependência e hierarquia de 
fatoresde risco cardiovascular poderia evoluir com o avanço 
da idade. 
- Apesar de não fazerem parte dos critérios diagnósticos da 
síndrome metabólica, várias condições clínicas e 
fisiopatológicas estão frequentemente a ela associadas, tais 
como: síndrome de ovários policísticos, acanthosis nigricans, 
doença hepática gordurosa não-alcoólica, 
microalbuminúria, estados pró-trombóticos, estados pró-
inflamatórios e de disfunção endotelial e hiperuricemia. 
- De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os fatores 
de risco mais importantes para a morbimortalidade 
relacionada às doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) 
são: hipertensão arterial sistêmica, hipercolesterolemia, 
ingestão insuficiente de frutas, hortaliças e leguminosas, 
sobrepeso ou obesidade, inatividade física e tabagismo23. 
Cinco desses fatores de risco estão relacionados à 
alimentação e à atividade física e três deles têm grande 
impacto no aparecimento da Síndrome Metabólica (SM).

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