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A condição, o termo e o encargo são elementos que alteram sua eficácia, elas somente vão constar no negócio jurídico se for de comum acordo entre as partes. A CONDIÇÃO: Encontra sua definição no artigo 121 do Código Civil ‘’Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. ” É classificada de acordo com: QUANTO À POSSIBILIDADE: •Possíveis: Se puder ser realizada de acordo com as leis físicos-naturais e não estiver em desacordo com as normas jurídicas. •Impossíveis: Podem ser juridicamente impossíveis (ilegais) ou fisicamente impossíveis (inexistentes), estão previstas no artigo 124 do Código Civil: ‘’Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível.’’ QUANTO À PARTICIPAÇÃO DA VONTADE DO AGENTE: •Causais: Dependem de fatores externos, inerente a vontade do agente, dependem do acaso. Ex: A doará imóvel á B se acontecer determinado fato. •Potestativas: Podem ser puramente potestativas: onde dependem exclusivamente do arbítrio de uma das partes, sem influência externa nenhuma. Ex: A doará um imóvel á B se quiser. São ilegais de acordo com a redação do artigo 122 do Código Civil: ‘’São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.’’. Também podem ser simplesmente potestativas: É a única, das condições potestativas, considerada lícita, pois dependem não só da manifestação de vontade de uma das partes, como também de algum acontecimento ou circunstância exterior que escapa ao seu controle, ficam ao arbítrio relativo de uma das partes. Ex: A doará imóvel a B se esse contrair núpcias. Encontra uma exceção no artigo 49 do código de defesa do consumidor, que traz a clausula de arrependimento: ‘’O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.” •Promíscuas: Algo a torna impossível, nasce SP e fato superveniente que a impossibilita. •Mistas: Condições que dependem simultaneamente da vontade das partes e da vontade de um terceiro. Ex: A doará imóvel á B se C também o fizer. Não precisa necessariamente ser um negócio jurídico. QUANTO À LICITUDE: •Lícitas: Será a condição quando o evento que a constituiu não for contrário á lei, á ordem pública e aos bons costumes. Está prevista no artigo 122 do Código Civil: ‘’São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.’’ •Ilícitas: Aqueles que atentarem contra proibição expressa ou virtual do ordenamento jurídico, inclusive aquelas que atentarem contra a moral e os bons costumes. Perplexas: Contraditória, priva o negócio jurídico de seus efeitos. QUANTO Á NATUREZA: •Necessárias: São as consequências que decorrem da própria natureza do negócio, sem necessidade de expressa menção. •Voluntárias: É estabelecida pelas partes como requisito de validade do negócio jurídico, uma vez estabelecidos, são indissociáveis. QUANTO AO MODO DE ATUAÇÃO: •Suspensivas: Suspende a eficácia do negócio jurídico, na condição suspensiva, enquanto não se realizar a condição, não haverá a aquisição do direito e o Negócio Jurídico (ou parte dele) não surtirá efeitos (eficácia). Ex: Ganhar um carro se passar na prova. •Resolutivas: O direito adquirido se desfaz quando ocorrer determinado efeito, põe fim á eficácia do negócio jurídico (ou parte dele), na condição resolutiva, enquanto não se realizar a condição o negócio jurídico (ou parte dele) produzirá efeitos, podendo- se exercer os direitos provenientes do negócio desde a sua conclusão (desde que fechar o negócio). Assim que implementada a condição, o negócio jurídico ou parte dele deixarão de surtir efeitos e cessarão os direitos provenientes. → Implementação ou não da condição por malícia do interessado: O Código Civil pune, em ambas as situações, quem impede e quem força, respectivamente, a realização do evento em proveito próprio. Ex: Condição de pagar somente se as ações de determinada empresa alcançarem certo valor e posterior manipulação na Bolsa de Valores, pelo interessado, para evitar que o valor estipulado se verifique. Isso está previsto no artigo 129 do Código Civil: ‘’Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição, cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte, a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada por aquele a quem aproveita o seu implemento. ” Termo: O Termo é uma clausula que subordina a eficácia do negócio jurídico a um evento futuro (porque ainda não ocorreu) e certo (pois temos certeza de que vai ocorrer). É um elemento pelo qual se inicia ou se encerra a produção de efeitos do negócio jurídico. Tem previsão legal no artigo 131 do Código Civil: “O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.”→Termo Certo: Temos certeza da data da ocorrência do evento. →Termo Incerto: Sabemos que vai ocorrer, mas não temos certeza de quando irá ocorrer. Ex: Morte. ESPÉCIES: •Termo Inicial: Inicia a eficácia do negócio jurídico. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito. Ex: João alugou uma casa de veraneio para o dia 15 de janeiro, mas o contrato foi assinado no dia 30 de outubro, a aquisição do direito se deu no dia 30 de outubro, mas o exercício só se dará dia 15 de janeiro, o dia do termo inicial também será dia 15 de janeiro. •Termo final: Termo final é o momento (data) em que o negócio jurídico deixará de surtir efeitos. Ex João prestará serviços á uma empresa até o dia 31 de dezembro. DIFERENÇA ENTRE TERMO E PRAZO: •Prazo: é o lapso de tempo de vai do termo inicial até o termo final. •Termo: É um evento futuro e certo. O Encargo: O encargo é restrição imposta a uma liberalidade, é uma obrigação ou um ônus imposto, ao beneficiário, em negócio jurídico gratuito ou benéfico, tais como: doação, comodato, testamento, promessa de recompensa.... É muito comum em doações, onde a pessoa que doa estabelece determinada restrição para o uso da coisa doada. Ex: Marcos doou um aparelho de ultrassom para um hospital de sua cidade, sendo que o hospital assumiu a obrigação (encargo) de atender 20 pacientes carentes por mês, portanto a liberalidade é a doação do ultrassom e o encargo é atender os 20 pacientes carentes por mês. O encargo está previsto no artigo 136 do Código Civil: “O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.’’, portanto o encargo não suspende nem a aquisição nem o exercício do direito, que ocorrem no momento da realização do negócio jurídico. Se o encargo for imposto como condição suspensiva, o negócio jurídico somente irá produzir efeitos após a implementação da condição (artigo 136 combinado com o 125: “Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto está se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.” Ambos do código civil.) REVOGAÇÃO: A revogação do encargo pode ser dar por inadimplemento e por inexecução do fim para qual foi destinado. Condição á termo: É uma condição vinculada ao termo, termo futuro e incerto que tem um praza para que aconteça. Ex: A pessoa vai ganhar um carro se passar na prova dentro de dois anos. Termo condicional: Primeiro ocorre o evento futuro e incerto e depois tem um prazo estipulado para a fruição dos efeitos. Ex: Se você casar depois de dois anos irá ganhar uma casa. Estão dispostos no Código Civil do artigo 138 a 165, dizemos que há um defeito no negócio jurídico, quando existe um vício que: -Incide sobre a vontade (consentimento) da pessoa. -Foi realizado com a intenção de prejudicar terceiros. VÍCIOS DO CONSENTIMENTO: O vício incide sobre a vontade da pessoa, o negócio jurídico é um ato de vontade, sendo assim a vontade (consentimento) da pessoa para realizar o negócio jurídico deve ser livre e consciente. Quando existe divergência entre a vontade real da pessoa e a vontade declarada no negócio jurídico, diz que há um vício de consentimento do negócio jurídico. Existem cinco tipos de vício de consentimento previstos no código civil: erro, dolo, coação, estado de perigo e lesões. VÍCIOS SOCIAIS: Vontade correspondente ao desejo, mas incidem sobre o negócio jurídico por que foram realizados com a intenção de prejudicar terceiros, ferir a boa-fé ou a lei. Nos vícios sociais não existe divergência entre a vontade real da pessoa e a vontade declarada no negócio, pois a intenção era realmente prejudicar alguém. Ex: Fraude contra credores, previsto nos artigos 158 a 165 do Código civil (É causa de nulidade no código civil). Teorias acerca dos vícios do consentimento: TEORIA DA VONTADE REAL: Se, no ato jurídico, o direito empresta consequências ao querer individual, é evidente que, se ocorre disparidade entre a vontade e a declaração, é aquela que deve prevalecer. Ou seja, sempre que houver distinção entre o que eu manifesto e o que eu realmente quero, irá prevalecer o que eu realmente quero. Essa teoria é atribuída a Savigny. Vontade > Declaração. TEORIA DA DECLARAÇÃO: Desconsidera a vontade para ater-se a manifestação. Despreza o interesse do emissor da declaração, protegendo o interesse da pessoa a quem a declaração atinge. Vontade < Declaração. TEORIA DA RESPONSABILIDADE: Mesmo reconhecendo a autonomia da vontade, a limita, porém, nos casos em que a declaração tem efeito obrigatório mesmo desacompanhada da vontade quando decorrer de culpa ou dolo do declarante. Se tiver dolo ou culpa, considera-se a declaração em detrimento á vontade. TEORIA DA CONFIANÇA: Analisa as pessoas a quais são direcionadas à vontade. Se a declaração difere da vontade, é a declaração que deve prevalecer se a pessoa a quem é dirigida desconhece tal disparidade. Se este conhece ou poderia descobri- la atuando com mediana inteligência então prevalece à vontade. É a teoria mais aceita no Brasil atualmente.Se desconhece o destinatário: Declaração > Vontade Se conhece ou poderia conhecer: Declaração < Vontade. Vontade Real Da Declaração Da Responsabilidade Da Confiança Vontade > Declaração Vontade < Declaração Se tiver dolo ou culpa: Vontade> Declaração Se desconhecia: Vontade < Declaração. Se conhecia: Vontade > Declaração. Tipos de Vícios do Consentimento: Do erro: Erro é uma falsa visão da realidade, uma visão equivocada da realidade, o erro é espontâneo. É uma realidade distorcida, quando o agente atua em conformidade com esse pensamento errôneo. Conceito → É uma ideia falsa da realidade, capaz de conduzir o declarante a manifestar sua vontade de maneira diversa da que manifestaria se a conhecesse melhor. É a manifestação equivocada acerca de alguma coisa, vontade ou realidade. Está previsto no artigo 138 do Código Civil: ‘’São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal em face das circunstâncias do negócio.” PRESSUPOSTOS: Tem que ter todos para ser. Substancial: Recai sobre o elemento nuclear do negócio jurídico, está previsto no artigo 139 do Código Civil: ‘’O erro é substancial quando: I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.’’ Podem ser quanto: -Natureza do ato (Error in Ipso Negotio): Pensa que realiza um negócio e na verdade realiza outro. Ex: Pensa que está fazendo um arrendamento e faz um comodato. -Objeto da Declaração (Erro in Ipso Corpore): O objeto (coisa) não é o pretendido pelo agente. Ex: Queria comprar uma bolsa e comprei uma mochila. -Qualidade do Objeto (Error in Corpore): É objeto (coisa) pretendido, mas há erro sobre a qualidade da coisa. Ex: Quero comprar uma bolsa original, mas comprei uma falsificada. -Qualidades da Pessoa (Error in Persona): Sobre as qualidades essenciais da pessoa que atinge sua identidade física ou moral. Ex: Casar com pessoa com doença transmissível sem ter conhecimento desta. Escusavel: É aquele justificável, considerando-se as circunstâncias do caso concreto, capacidade da pessoa de distinguir o que ela quer. Teoria Divergente: Se cognoscível (conhecido) pelo destinatário da declaração, viciado estará o ato. Enunciado 12 da 1ª Jornada de Direito Civil do STF: ‘’Na sistemática do art. 138, é irrelevante ser ou não escusável o erro, porque o dispositivo adota o princípio da confiança. ” Espontaneo: É aquele cometido por vontade própria, sem interferência ou orientações externas, ou seja, você erra sozinho, sem ninguém nem nada te induzir á isso. Real: Baseado em fundamentos plausíveis, reais, palpáveis, reconhecível pela outra parte e que importe efetivos prejuízos para o interessado, ou seja, tem que ter um fundo de realidade. Algo que seja passível de comprovação, não meras hipóteses. DIFERENÇA ENTRE ERRO X VÍCIO REDIBITÓRIO No erro não há defeito ou vício intrínseco á coisa. Ex: Comparar candelabros prateados pensando que eram de prata. O consentimento que é defeituoso. Há disparidade entre a vontade e a declaração. No vício o consentimento é perfeito, a coisa que é defeituosa. Ex: Comprei um candelabro e deu defeito. → Erro de Fato: Recai sobre as circunstâncias do fato. → Erro de Direito: Previsto no Código Civil, artigo 139, III: ‘’O erro é substancial quando: III-Sendo de direito e não implicando recusa á aplicação da lei, for motivo único ou principal do negócio jurídico’’. Se trata do desconhecimento da legislação, diz respeito a existência de uma nova norma jurídica, serve para desfazer um negócio que não está em conformidade com a lei, não pode causar desobediência á lei. Ex: Tal norma em vigor, quando na verdade foi revogada. → Erro Sobre a Pessoa: Sobre as características da pessoa. Ex: Artigo 1557 do Código Civil que diz respeito ao erro essencial sobre a pessoa do cônjuge. → Erro Acidental: Previstono artigo 142, do Código Civil: ‘’O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada. ’’. Mesmo que a pessoa tivesse conhecimento ela ia errar. → Falso motivo: Previsto no artigo 140 do Código Civil: ‘’O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante.’’ Ex: Alguém recebeu um prêmio por ter salvo pessoas de uma enchente, mas na verdade ele não fez isso. → Transmissão Errônea: Previsto no artigo 141 do Código Civil: “A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta” Dolo: Ocorre o dolo quando uma pessoa de má-fé, de forma ardil, maliciosamente, engana outra pessoa para obter vantagem no negócio jurídico, a pessoa é induzida ao erro por outra pessoa. Conceito → É o artificio, o expediente astucioso, utilizado para induzir alguém á pratica de uma ato que prejudica alguém e aproveita ao autor do dolo ou terceiro. É a intenção de obter, para si ou para terceiro, a vantagem que não obteria se não fosse o artifício. PRESSUPOSTOS: - Intenção: Elemento determinante, intenção de induzir o outro em erro, só existe dolo se houver intenção, deve ser algo que realmente consiga iludir a outra pessoa. - Gravidade dos Artifícios empregados. - Elemento determinante da manifestação. ESPÉCIES: - Dolo Principal: Constitui a causa determinante pela qual o agente manifesta sua vontade equivocada, vicia o negócio jurídico, fazendo com que ele seja anulável. Está previsto no artigo 145 do Código Civil: ‘’São os negócios jurídicos anuláveis por dolo quando este for a sua causa”. Ex: Marcos vendeu uma lanchonete para José, e apresentou planilhas falsas com um alto faturamento para José, que ficou animado com o alto lucro que poderia ter e comprou a lanchonete, mas ao começar a dirigir a lanchonete ele percebeu que o faturamento era muito baixo, esse caso se enquadra em dolo principal pois se Marcos não tivesse enganado José, este não teria comprado a lanchonete, ou seja, o negócio jurídico não teria sido realizado. - Dolo Acidental: Quando, apesar deste, o ato teria sido praticado, embora de outra forma (Ato ilícito, deve se reparar o prejuízo). Está previsto no artigo 146 do Código Civil: “O dolo acidental só obriga à satisfação de perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.”. Ex: Ao comprar uma casa a imobiliária mente sobre a metragem da casa, mas a pessoa teria comprado a casa mesmo que fosse com a metragem certa, recebendo apenas um abatimento no preço que foi pago além do que deveria. - Dolo Bônus: Dolo leve, tolerável. É o alienante daquilo que vende, gabança, propaganda que seduz o cliente. Não é considerado um dolo que cause anulação do negócio jurídico. - Dolo Malus: É a intenção grave de iludir, enganar para proveito próprio ou de terceiros. - Dolo por Omissão: Dolo negativo, reticência maliciosa, violação de um dever de agir. Está previsto no artigo 147 do Código Civil: ‘’Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.’’ Pressupostos para ser dolo por omissão: •Tratar-se de ato bilateral. •Haver intenção de induzir o outro contratante à pratica de um ato que o prejudica e beneficia o autor do dolo. •Ter, o autor do dolo, silenciado sobre circunstâncias relevantes, quando deveria revela-la. •Ser, a omissão, a causa do consentimento, configurando-se o dolo principal. - Dolo Recíproco: Previsto no artigo 150 do Código Civil: ‘’Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alega-lo para anular o negócio ou reclamar indenização’’ - Dolo de Representante: Previsto no artigo 149 do Código Civil: ‘’O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos.’’. Portanto, qual a responsabilidade do representado em dolo cometido por seu representante? Há duas respostas previstas no artigo 149: Se o dolo for cometido pelo representante legal (Quando os poderes de representação são conferidos pelo poder da lei, como pais que representam seus filhos menores) o representado só será obrigado a responder civilmente até a importância do proveito que ele teve, pois, considerando que não foi o representado que escolheu seu representante, ele terá responsabilidade somente na quantia do seu proveito, pois ele não pode enriquecer sem causa, se o representado não tiver proveito, ele não terá qualquer responsabilidade. Já quando o dolo for cometido por representante Convencional (pessoa física ou jurídica que é escolhida pelo representado para praticar atos em seu nome) é levado em consideração que representado escolheu por vontade própria o seu representante, portanto ele responde por culpa in elegendo e será solidariamente responsável pelos atos dos seus representantes, inclusive respondendo por perdas e danos. Ex: A constituiu B seu representante para efetuar negócio jurídico com C. Se B agir com dolo o negócio será anulado, pois se supõe que esteja em conluio com A.- Dolo de Terceiro: Previsto no artigo 148 do Código Civil: ‘Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.’’ Quem é o terceiro? Terceiro é uma pessoa que não faz parte do negócio jurídico, não é um dos contratantes, esse terceiro age de má-fé com a intenção de enganar uma pessoa na realização do negócio jurídico que lhe é prejudicial, mas que pode aproveitar a outra parte. Exs: A e B estão em conluio, forçam C a fechar negócio com A, deve-se decretar a anulação do negócio. A e B não estão em conluio, e B força C a fechar negócio com A, C poderá voltar-se contra B e exigir-lhe reparação de perdas e danos. Ex2: João está vendendo uma casa em um bairro que alaga, mas deixou a venda aos cuidados do corretor Paulo, o corretor Paulo, ao vender a casa para Maria garantiu que o imóvel não alagava, ao ludibriar Maria, Paulo agiu com dolo de terceiro, se por acaso João estivesse junto no ato e visse que Paulo estava enganando Maria e não fizesse nada para impedir, esse negócio seria passível de anulação, pois João tirou proveito do dolo de terceiro, pois vendeu sua casa e tinha conhecimento da situação do imóvel (que são requisitos para a anulação do negócio), já se ocorresse a situação de João não ter conhecimento de que Paulo vendeu seu imóvel sem avisar á maria que a casa alagava, o negócio não fica sujeito á anulação, pois o requisito do conhecimento está faltante, nesse caso Paulo irá responder por perdas e danos. As consequências para o dolo de terceiro previstas no artigo 148 são anulação do negócio ou manutenção do negócio, mas o terceiro irá responder por perdas e danos. Para que o negócio jurídico seja anulado é necessário que a parte tenha obtido benefício com o dolo E que a parte a quem aproveitou o dolo tivesse ou devesse ter conhecimento do dolo de terceiro. É preciso a prova do conluio para anular o ato. Coação: Encontra-se descrita no artigo 151 do código civil: ‘’ A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.’’ Coação é a ameaça física ou moral exercia sobre uma pessoa ou seus bens, com objetivo de constranger alguém a realizar um negócio jurídico. É a manifestação da vontade consciente, mas não livre. É toda pressão exercida sobre um indivíduo para determina-lo a concordar com um ato. Pode ser: -Violência Absoluta (vis absoluta) → Violência física, tortura. A coação exercida sobre a pessoa é uma ameaça física que impede qualquer manifestação da vontade. A pessoa realiza o negócio jurídico, no entanto ela não teve qualquer intenção de realiza-lo ou qualquer opção de escolha. A coação absoluta não caracteriza vício do consentimento, pois não houve qualquer consentimento da pessoa coagida, portanto nesse caso o negócio jurídico é absolutamente nulo, para alguns doutrinadores, seria um negócio jurídico inexistente. Ex: Um senhor está em como no hospital, seus filhos tomam a liberdade de, abusando de sua incapacidade física, assinar documentos com sua digital, tendo em vista que o negócio foi realizado sem qualquer manifestação de vontade do senhor, o tribunal reconheceu a coação absoluta, pois a vítima foi privada de qualquer resquício de vontade, não podendo optar por coisa diversa. -Violência Relativa (Vis compulsiva) → Coerção moral, psicológica, é desta que se trata o artigo 151. A pessoa que está sofrendo essa coação tem a possibilidade ou não de realizar o negócio jurídico, ela pode optar por não realizar o negócio jurídico e sofrer as consequências da coação. No caso de ficar comprovada a coação física ou moral o negócio jurídico poderá se anulável. Ex: Maria era proprietária de um Uno, João, o atual namorado de Maria, queria que maria assinasse uma procuração autorizando a transferência do Uno para seu nome, João era uma pessoa extremamente violenta, João ficou enfurecido com a recusa de Maria e apontou uma arma para a cabeça da filha de Maria, essa que não quis colocar a vida da sua filha em risco e assinou uma procuração favorecendo João, que transferiu o veículo para o seu nome, posteriormente Maria ajuizou uma ação de anulação do negócio jurídico alegando que sofreu coação para assinar o documento, se ficar comprovado esse vício no consentimento o negócio jurídico (procuração e transferência do veículo) podem ser anulados. A pessoa poderá alegar coação para: a)Anular o negócio jurídico. b)Requerer perdas e danos. REQUISITOS DA COAÇÃO: 1-Fundado Temor: O temor (medo) deve ser justificado, grave, que faça a pessoa temer por sua vida ou honra, ou pela vida ou honra de alguém da sua família ou pela integridade dos seus bens. Ex: Temor de morte (a pessoa assina um documento pois tem uma arma apontada para a sua cabeça), temor de perder a liberdade (ficar em cárcere privado, sequestro de alguém da família), temor de desonra (publicar fotos íntimas na internet), temor de incêndio (colocar fogo na casa da pessoa) etc... 2-Dano iminente: O temor do dano tem que ser iminente, ou seja, tem que estar prestes a acontecer e também ser inevitável. O coacto acredita que se não realizar o negócio jurídico (ele, família ou bens) sofrerá o prejuízo das ameaças. A pessoa acredita que não adianta socorrer a uma autoridade, pois, ou não dará tempo de evitar o prejuízo ou será ineficaz, já que para ele o dano é inevitável.Não se considera dano iminente: -Ameaça futura. -Ameaça impossível. -Ameaça que possa ser evitada. -Ameaça singela (sem gravidade) etc... 3-Dano Considerável: O dano tem que ser considerável, grave, importante. Ex: Dano contra a vida, contra a integridade física, contra a honra e a moral, contra a liberdade, contra o patrimônio, etc... 4-Dano contra a pessoa, família ou bens: A ameaça pode ser exercida: a)Contra a própria pessoa que realizou o negócio jurídico. b)Contra a família da pessoa que realizou o negócio jurídico. c)Contra os bens da pessoa que realizou o negócio jurídico. d)Contra qualquer outra pessoa que não pertença á família da pessoa que realizou o negócio jurídico, nesse caso o juiz que decidirá se houve coação ou não. Previsto no artigo 151. Ex: Contra um amigo, sócio, vizinho, afilhado... 5-A coação deve ser determinante: a coação deve ter sido determinante para a realização do negócio jurídico, ou seja, a pessoa só realizou o negócio jurídico por que estava sob coação. Deverá estar presente o nexo de causalidade entre a coação e a realização do negócio jurídico. CASOS DE EXCLUSÃO: Previsto no artigo 153 do código civil: ‘’Não se considera coação a ameaça do exercício regular de um direito, nem o simples temor reverencial’’ Portanto não se considera coação e não vicia a declaração da vontade: Exercício regular de um direito: A ameaça para viciar a declaração da vontade e configurar a coação, deve ser uma ameaça injusta. Se a pessoa realizou uma ameaça, mas era uma ameaça para exercer um direito seu, então a ameaça foi justa, lícita e não é suficiente para viciar a declaração da vontade. Ex: Ronaldo comprou uma motocicleta e não pagou as últimas parcelas, disse que foi coagido pelo credor a assinar o termo de entrega amigável da moto, pois o credor disse que já havia ajuizado uma ação de busca e apreensão. Posteriormente Ronaldo ajuizou uma ação para reaver a motocicleta e anular o termo de entrega amigável, alegando coação, o TJ/SC decidiu que não houve coação, tendo em vista que o credor estava apenas exercendo seu direito, já que era um direito seu ajuizar a referida ação de busca e apreensão. Simples temor reverencial: Medo ou receio de causar desgosto a alguém que se tenha sentimento de obediência ou respeito, como por exemplo: mãe, pai, professor, patrão, padre etc... O temor reverencial não é suficiente para viciar a declaração da vontade pois não caracteriza: fundado temor e dano considerável (grave). O temor reverencial não retira o livre arbítrio, a pessoa tem a obrigação de resistir ao temor reverencial e se negar a realizar o negócio jurídico, caso não seja a sua vontade realiza-lo. Deve-se ficar atento ao fato de que o temor reverencial deve ser simples, se vier acompanhado de violência (arma, privação de liberdade, etc..) deixará de ser apenas simples e se tornará temor reverencial qualificado e poderá viciar a declaração da vontade. Ex: Neusa trabalhava em uma empresa que estava com o contrato de locação prestes a vencer, a proprietária da empresa disse que se Neusa não assinasse o contrato como fiadora ela perderia o emprego, Neusa com receio de desgostar sua patroa assinou o contrato, mas posteriormente ajuizou uma ação alegando que foi coagida a assinar o contrato. O TJ/RS decidiu que não houve coação, pois Neusa deveria ter resistido ao temor de perder o emprego e não ter assinado o contrato como fiadora. COAÇÃO DE TERCEIROS: Previsto no artigo 154 do código civil: ‘’Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos.’’ Terceiro é a pessoa que não faz parte da relação jurídica, não é um dos contratantes. Na coação de terceiros, uma pessoa que não faz parte da relação jurídica (terceiro) age para provocar no paciente (coacto) um fundado temor de dano iminente e considerável a sua pessoa (família ou bens), com objetivo de constranger a pessoa a realizar um negócio jurídico em desacordo com a sua vontade. As consequências vão depender se a parte beneficiada tivesse, ou não, conhecimento da coação, se a parte beneficiada tivesse conhecimento da coação de terceiro o negócio vicia e poderá ser anulado e no que se refere as perdas e danos a parte a quem aproveitou a coação responde solidariamente com o terceiro coator por perdas e danos, já se o beneficiado pela coação não tiver conhecimento da coação praticada o negócio jurídico subsistirá (não viciará) e não será anulado e somente o coator (terceiro) responde por perdas e danos. Isso está previsto no artigo 155 do código civil: ‘’Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.’’ Ex: Dona Maria mora com sua sobrinha Ana e seu marido João, João ameaçou dona Maria dizendoque se não passasse a casa para Ana ele a mataria, Maria com medo das ameaças de João, passou o imóvel para Ana. Nesse caso houve coação de terceiro quando João ameaçou Maria para que ela passasse o imóvel para Ana, o negócio jurídico pode ser anulado, pois Ana sabia da coação e João e Ana são responsáveis solidários pelas perdas e danos que eventualmente causaram a Maria. Ex2: José é proprietário de uma loja de móveis e pediu para seu funcionário João fazer uma cobrança de dívida de Pedro. João, sem que José tivesse conhecimento, ameaçou Pedro com uma faca, Pedro assinou o cheque e posteriormente ajuizou uma ação para anular o cheque, visto que o assinou sob coação. A coação de terceiro ocorreu pois João ameaçou Pedro com uma faca, sem que José tivesse conhecimento, o negócio jurídico subsistirá (não viciará) pois José não tinha conhecimento da coação, e somente João será responsável pelas perdas e danos que eventualmente causou á Pedro. Estado de Perigo: Está previsto no artigo 156 do código civil: ‘’Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.’’ Nesse caso, a pessoa precisa salvar-se ou salvar alguém da família de graves danos como: a)Risco de Morte. b)Lesão á saúde. c)Risco de integridade física etc... O dano deve ser grave, e o perigo deve ter sido a razão determinante do negócio jurídico. A pessoa somente realizou o negócio jurídico por que precisava se salvar ou salvar alguém da sua família. O estado de perigo retira a condição da pessoa de declarar livremente a sua vontade. É necessário que a outra parte do negócio jurídico tenha conhecimento do perigo que a pessoa estava sofrendo, e, em virtude desse perigo, abuse da situação e tire proveito da fragilidade da pessoa, enriquecendo sem causa, ao fazer com que a pessoa assuma uma obrigação excessivamente onerosa, ou seja, assume uma obrigação desproporcional com a contraprestação. O que se pretende reprimir é que uma pessoa abuse da situação para tirar proveito da pessoa que está em estado de perigo e que, em virtude da fragilidade da pessoa, faça com que ela assuma uma obrigação muito onerosa. Ex: Clécio assumiu um contrato de prestação de serviços com um hospital para a internação do seu pai que estava sob risco de morte, o hospital se negou a remover o paciente para um hospital público devido o estado grave de saúde do paciente, em virtude do contrato, Clécio estava devendo 300.000,00 reais para o hospital, no entanto ele alegou que apenas assinou o contrato devido a necessidade de salvar seu pai. Em situação como essa não se pode ter por livre a manifestação da vontade exarada quando da assinatura do referido contrato, sem o qual o paciente não seria atendido pelo referido hospital, deveras comprometida pela urgência da situação, restando cabalmente tipificada a situação descrita no artigo 156 do código civil (Decisão do TJ/SP). O TJ/SP entendeu que o Hospital tentou levar vantagem em face do estado que o pai de Clécio se encontrava e anulou o contrato de prestação de serviços hospitalares, com o fundamento de estado de perigo. Exs2: O pai assina um cheque em branco para um pescador salvar seu filho de um naufrágio, a pessoa entrega todas as suas joias para ser salva de um naufrágio, a pessoa promete alguns dos seus bens para uma pessoa lhe prestar socorro em um acidente de trânsito etc... As consequências podem ser: a) Anulação do negócio jurídico. b)Revisão do contrato para a adequação do valor. Segundo o enunciado número 148 da III jornada de direito civil do CJF:”Ao estado de perigo (art 156) aplica-se por analogia o disposto no §2º do artigo 157 (Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito)” Portanto, os requisitos são: •Perigo atual ou iminente (próprio ou de terceiros). •Dano conhecido pela outra parte. •Obrigação excessivamente onerosa. Lesão: Prevista no artigo 157 do código civil: ‘’Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. § 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. § 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.’’ O instituto da lesão ocorre para proteger a pessoa que realiza o negócio jurídico em estado de desigualdade (inferioridade), e esse negóciolhe traz um prejuízo patrimonial excessivo por haver a excessiva desproporção em relação á prestação oposta. A lesão apresenta dois elementos: 1-Elemento Subjetivo: Permanente necessidade ou inexperiência, permanente necessidade está relacionada á necessidade econômica que a pessoa tem de realizar o negócio jurídico, não importa a condição social da pessoa, se ela rica ou pobre, mas sim se estava em estado de necessidade no momento em que realizou o negócio jurídico como por exemplo: uma pessoa vende um imóvel por um preço muito abaixo do valor do mercado pois precisava de dinheiro urgentemente para pagar uma dívida de pensão sob pena de ser presa. Já a inexperiência não está ligada ao grau de instrução acadêmica de uma pessoa, por exemplo: uma pessoa que só tem o ensino fundamental pode ter muita experiência em contratos comerciais, a inexperiência está ligada a falta de conhecimento técnico quanto ao negócio jurídico, por exemplo: um médico pode ser inexperiente em relação á contratos imobiliários, enquanto o correto é inexperiente em cuidados médicos, também pode ser considerada inexperiência a falta de experiência de vida, como por exemplo: um jovem sem experiência, uma pessoa idosa que nunca trabalhou, uma pessoa analfabeta... Ex: Maria, de 70 anos ficou viúva, seu marido sempre cuidou dos negócios da família, Maria por inexperiência, vendeu um imóvel que valia 80.000,00 reais por 10.000,00 para seu vizinho, portanto, agiu por inexperiência. 2-Elemento Objetivo: Prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta, em um contrato comutativo (contrato de prestações certas e determinadas) deve haver um equilíbrio entre as prestações das partes, a desproporção entre as proporções ocorre quando uma das partes tem excessivo prejuízo enquanto a outra parte obtém excessiva vantagem. Não se pode admitir que uma parte obtenha exagerado proveito à custa do prejuízo da outra parte, quando isso ocorre fica caracterizada a lesão. A lesão baseia-se no princípio da equidade, pois em um contrato comutativo deve haver equivalência entre as prestações. Para que fique caracterizada a lesão, a desproporção entre as prestações deve ser considerável, acentuada e excessiva. No código civil não se estipulou uma percentagem para que se configure lesão, sendo que a análise da desproporção entre as prestações deverá ficar a critério do juiz. Ex: João estava devendo pensão alimentícia e foi citado para pagar o valor sob pena de prisão, desesperado, com medo de ser preso, João vendeu seu carro que valia 50.000,00 reais por 20.000,00 reais para poder quitar a dívida da pensão alimentícia, ficou caracterizada a desproporção entre as prestações , sendo que João teve um excessivo prejuízo ao realizar o negócio jurídico, e o comprador teve uma excessiva vantagem. A desproporção entre as prestações deve ser analisada no momento em que foi realizado o negócio jurídico, conforme determina o §1º do artigo 157, a pergunta a ser feita deve ser a seguinte: no momento em que as partes celebram o negócio jurídico havia excessiva desproporção entre as prestações? Se havia então houve a desproporção, já se não havia no momento, não houve desproporção. Ex: Se uma pessoa vendeu um imóvel em 2017 pelo valor de mercado e em 2018 esse imóvel veio a sofrer uma excelente valorização (200%) por um shopping ter sido construído nas proximidades, não se pode alegar desproporção entre as prestações, pois no momento da realização do contrato as prestações estavam equivalentes, tendo em vista que foi vendido pelo valor de mercado. A pessoa que sofreu um excessivo prejuízo, em razão da desproporção das prestações, poderá alegar a lesão para anular o negócio jurídico. Mas se a outra parte se oferecer para equilibrar as prestações, mesmo assim o negócio jurídico será anulado? Segundo o §2º do artigo 157 que diz que não se decretará anulação do negócio se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito, ou seja, a parte excessivamente beneficiada no negócio jurídico pode se oferecer para complementar (suplementar) o valor ou reduzir o seu proveito para equilibrar as prestações do negócio jurídico. Ex: Se uma pessoa comprou um imóvel que valia 100.000, reais por um valor de 40.000,00 reais, para não anular o negócio jurídico ela poderá se oferecer para pagar (suplementar) a diferença do valor, pagando mais 60.000,00 reais, assim não haverá mais desproporção entre as prestações e o negócio não será anulado. Lesão Estado de Perigo •Uma pessoa, sob permanente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. •O negócio é celebrado por permanente necessidade ou por inexperiência, perceba que a permanente necessidade não é de salvar-se ou de salvar pessoa da família, o que nos leva a concluir que é qualquer outra premente necessidade, por exemplo, um caso fortemente citado pela doutrina é do agricultor que adquire inseticida para combater a praga, que somente o seu vizinho possui, pagando um preço exorbitante para não perder a sua plantação. •Ligada a interesse não patrimonial. •Alguém, premido da necessidade de salvar-se ou salvar alguém da família de grave dano conhecido pela outra parte, assume uma obrigação excessivamente onerosa. •Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. •Há permanente necessidade de salvar-se ou salvar pessoa da família, se for pessoa não pertencente á família, o juiz decide conforme as circunstancias, por exemplo: um amigo de infância que você considera um irmão, foi colocado em estado de perigo, você iria ser induzido á necessidade de preservação da saúde física ou moral da pessoa. •De interesse não patrimonial.
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