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HEMOSTASIA E HEMOFILIAS HEMOSTASIA: A hemostasia se caracteriza por uma série complexa de fenômenos biológicos que se inicia em resposta à lesão de um vaso, tendo como objetivo conter a hemorragia. Quando ocorre a lesão em algum vaso, tem início uma série de mecanismos de reparação rápida do dano vascular, sem que haja interferência na fluidez daquele vaso. Em condições normais, os vasos sanguíneos constituem um sistema tubular não trombogênico, que é capaz de desencadear os processos que dão início à coagulação e que, após a recuperação da lesão, removem o coágulo e reestabelecem a circulação local. Quando ocorre uma lesão, os fatores de coagulação são estimulados e a hemorragia é controlada. A fibrina é uma substância que atua realizando a retirada desse trombo/coágulo que foi formado, permitindo que haja passagem sanguínea normal pelo vaso. A coagulação é um processo delicado que tem como etapa principal a conversão de fibrinogênio em fibrina através da trombina. A hemostasia pode ser classificada em primária ou secundária. HEMOSTASIA PRIMÁRIA: A hemostasia primária é mais frágil e simples, é aquela em que o sangramento é estancado, se dividindo em fase vascular e fase plaquetária. Ela acontece imediatamente após a lesão vascular e seus mecanismos realizam vasoconstrição, alteração da permeabilidade vascular (edema), vasodilatação dos vasos tributários da região da lesão (redirecionamento do fluxo) e adesão das plaquetas. HEMOSTASIA SECUNDÁRIA: A hemostasia secundária é aquela em que os fatores de coagulação impedem definitivamente o sangramento, sendo dividida em via extrínseca e via intrínseca. Ela ocorre porque a quantidade de trombina gerada na fase inicial da coagulação é muito pequena e insuficiente para iniciar a polimerização da fibrina e, dessa forma, se inicia a cascata de coagulação. FIBRINÓLISE: A fibrinólise é a etapa em que ocorre a quebra do coágulo formado anteriormente. A coagulação e a fibrinólise ocorrem simultaneamente e têm um equilíbrio dinâmico. A coagulação tem o papel de interromper a perda sanguínea e a fibrinólise realiza a remoção da fibrina que foi formada em excesso, devolvendo a fluidez normal do sangue no interior daquele vaso restaurado. DEFEITOS NOS FATORES DE COAGULAÇÃO: Existem alguns defeitos inatos dos fatores de coagulação, que podem ser qualitativos ou quantitativos mas que apresentam manifestações muito semelhantes. As deficiências nos fatores de coagulação mais prevalentes ocorrem nos fatores VII e IX e são chamadas de coagulopatias hereditárias. As deficiências do fator VII podem ser a Doença de Von Willebrand ou a Hemofilia A, enquanto a do fator IX é denominada Hemofilia B. DOENÇA DE VON WILLEBRAND: A doença de Von Willebrand é uma doença hereditária autossômica recessiva e relativamente comum. Ela ocorre quando há uma diminuição do fator VII, causando uma queda da adesão plaquetária. Os principais sintomas dessa doença são hemorragias sem uma causa determinada: ¨ Epistaxe recorrente (sangramento nasal); ¨ Menorragia; ¨ Hematomas Espontâneos; ¨ Hemorragia após extração dentária; ¨ Sangramento alguns dias após o parto Os exames laboratoriais realizados nesses casos são de Tempo de Sangramento e PTT (tempo de tromboplastina parcial ativada) alargado para deficiência parcial secundária do fator VII, além de outros exames TAP e plaquetas, que podem estar normais. O diagnóstico é realizado a partir da medida da atividade do fator de Von Willebrand (FvWB) através do teste de ristocetina, além do antígeno do FvWB. O tratamento mais eficaz é feito com a reposição do FvWB. Além disso é realizada a profilaxia da doença através da DDAVP, que é uma desmopressina que aumenta a síntese endotelial do FvWB. É vital também evitar o uso de medicamentos antiplaquetários. HEMOFILIAS: As hemofilias são distúrbios da coagulação causados por uma deficiência de um dos fatores de coagulação, que pode ser o fator VII ou o fator IX. A hemofilia A é também chamada de hemofilia clássica, é causada pela deficiência no fator VII e é responsável por aproximadamente 80% dos casos de hemofilia. Já a hemofilia B, também conhecida como doença de Christmas, é causade pela deficiência no fator IX. Clinicamente falando, as hemofilias são indistinguíveis, pois o fenótipo da doença está relacionado com a atividade residual dos fatores de coagulação, que podem ser classificadas como grave, moderada ou branda. Durante o nascimento ocorre pouco sangramento, podendo haver sangramento excessivo do cordão umbilical. Os sinais de equimoses em excesso e sangramento interno, na maioria dos casos, costumam se manifestar entre os 6 e os 9 meses de idade, quando o bebê começa a engatinhar, cair e apresentar alguns machucados de difícil coagulação. As manifestações clínicas mais comuns são: ¨ Hemartrose: sangramento nas articulações, tecidos moles e músculos após traumas mínimos ou até espontâneos; ¨ Alteração articular degenerativa; ¨ Distúrbios mecânicos das superfícies articulares; ¨ Distensão e dor articular intensa; ¨ Neuropatia de compressão caso o sangramento ocorra em torno de algum nervo; ¨ Hemorragia cerebral (causa mais comum de morte e defeitos neurológicos) DIAGNÓSTICO: O diagnóstico é feito através da investigação da APTT, que demonstra um prolongamento isolado. Geralmente, os tempos de sangramento e contagem de plaquetas se encontram dentro da normalidade. O diagnóstico é definido somente após a determinação específica da atividade coagulante do fator VII e do fator IX. TRATAMENTO: Após a II Guerra Mundial foi descoberto o uso do plasma para tratar hemofilia. Na década de 90 houve a produção bem- sucedida das proteínas do fator VII e do fator IX recombinantes. A expectativa de vida dos pacientes hemofílicos está na faixa dos 65 anos de idade. AVALIAÇÃO DA HEMOSTASIA: A avaliação da hemostasia é feita a partir do coagulograma. O coagulograma examina o tempo de sangramento do vaso, o número de plaquetas, o tempo de sangramento, a agregação plaquetária e os fatores plasmáticos de coagulação (PT - tempo de protrombina, APTT - tempo de tromboplastina parcial ativada e concentração de fibrinogênio).
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