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Aula 04 - Libras

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Aprendendo Libras
4
Aula
1
2
3
Aula 4 Aprendendo Libras 11
Apresentação
As mãos rompem o silêncio e fazem a comunicação 
de quem não ouve, mas vê, sente e se emociona. 
(Autor desconhecido)
Nesta aula, retomamos alguns conteúdos já anunciados no Módulo 1 (O que é Libras?), 
tanto em relação ao alfabeto manual como em relação às variações linguísticas na Libras. Refor-
çamos a Libras como uma língua de modalidade gestual visual, que permite aos usuários tratar 
de assuntos de qualquer natureza – fatos cotidianos, artes, ciência, fi losofi a, esportes – sem 
prejuízo de compreensão. Trata-se, pois, de uma língua capaz de atender a todas as demandas 
de comunicação necessárias a uma pessoa surda. Veremos, também, que as variações linguís-
ticas da Libras acontecem tanto pelo uso de um mesmo sinal para designar coisas diferentes 
como pelo uso de mais de um sinal para designar a mesma coisa. Acontecem, ainda, muitas 
variações linguísticas em relação à forma como o sinal é realizado, devido a características 
pessoais ou de uma comunidade em particular, produzindo algo equivalente ao sotaque e à 
prosódia nas línguas orais auditivas. A relação entre palavra e sinal não é direta; a constituição 
dos sinais não provém da representação simbólica da sonoridade das palavras, eles partem 
da ideia representada gestualmente em contexto.
Objetivos
Compreender que a surdez não restringe a capacidade 
comunicativa e cognitiva do surdo, e que a Libras é a sua 
língua materna.
Analisar a importância da educação inclusiva na proposta 
bilíngue para a participação do surdo na sociedade.
Distinguir e utilizar alguns sinais polissêmicos e alguns 
sinais sinonímicos.
Sinais em Libras
Os sinais em Libras são 
signos linguísticos que 
independem da palavra 
em Língua Portuguesa. 
Cada sinal é convencio-
nalmente constituído pela 
representação – na forma 
de gestos – do que se 
deseja comunicar e a sua 
compreensão é diretamen-
te visual.
Saiba mais
Aula 4 Aprendendo Libras 13
Libras: uma língua completa
Os estudos sobre as línguas de sinais, principalmente aqueles realizados nos Estados 
Unidos durante os anos sessenta e setenta do século passado, ampliaram nosso conceito de 
língua, indo além da modalidade oral auditiva e introduzindo, também, as línguas gestuais. 
Durante muito tempo os estudos sobre as línguas de sinais preocuparam-se em comparar 
as duas formas – oral auditiva e gesto-visual – evidenciado suas semelhanças e diferenças. 
Entretanto, as línguas de sinais apareciam quase sempre subordinadas à língua oral auditiva 
de cada país, e só recentemente elas adquiriram o status de língua independente. As línguas 
de sinais, amplamente aceitas e utilizadas pelos surdos, também passaram a ser reconhecidas 
como sua língua natural. 
Gesto: movimento espontâneo, voluntário ou involuntário, do corpo, espe-
cialmente das mãos, braços e cabeça que revela estado psicológico ou in-
tenção de exprimir ou realizar algo. O gesto é igualmente uma forma de dar 
ênfase ao discurso na interação comunicativa dos interlocutores. 
Mímica: arte de exprimir os pensamentos e sentimentos, imitar seres e 
representar objetos por meio de gestos, expressões corporais e fisionô-
micas. O mímico é o artista que comunica e se faz entender por meio da 
mímica sem fazer uso da fala. 
Pantomima: é um teatro gestual que faz o menor uso possível de palavras e 
o maior uso de gestos. É a arte de narrar com o corpo. É uma modalidade cê-
nica que se diferencia da expressão corporal e da dança, basicamente é a arte 
objetiva da mímica, sendo um excelente artifício para comediantes, cômicos, 
palhaços, atores e bailarinos.
Sinal: é o signo linguístico na língua de sinais, o qual contém uma unidade de 
informação convencionada por meio gestual pela comunidade surda e que ser-
ve para comunicar algo a alguém. Assim, o sinal se difere do gesto espontâneo 
pelo seu caráter de código compartilhado e estruturado em uma língua.
Aula 4 Aprendendo Libras14
Devido a essa identidade linguística própria das línguas de sinais nem sempre se torna 
adequado buscar comparativos diretos com as línguas faladas, como o português. É por isso 
que as propostas de educação para surdos na perspectiva do oralismo e da comunicação total 
fracassam em seus resultados mais abrangentes, pois elas não reconhecem a autonomia da 
língua de sinais e seu uso é tão somente admitido como um recurso complementar de comu-
nicação com surdos. 
Em sentido oposto, o método bilíngue, indicado na Política Nacional de Educação Especial 
(MEC/SEESP, 2008), parte da perspectiva da Educação Inclusiva, a qual contesta a segregação 
dos alunos em classes ou escolas especiais e aponta para a necessidade de remoção das 
barreiras linguísticas que difi cultam a convivência entre surdos e ouvintes. O reconhecimento 
tardio da Libras repercutiu em prejuízos na educação formal da comunidade surda, pois ape-
nas na última década deste século surgiram projetos educacionais para a implantação de uma 
proposta bilíngue (Português-Libras) nas escolas brasileiras. O método de educação bilíngue, 
que tem o respaldo legal do Ministério da Educação, busca a ampla inclusão do surdo. Nesse 
sentido, a Libras é ofi cialmente respeitada e ensinada como uma língua completa em si, sendo 
direito do aluno surdo receber instrução em sua língua materna, aprender a comunicar-se em 
Língua Portuguesa na modalidade escrita e, se possível, realizar leitura labial. 
A proposta bilíngue considera dois aspectos importantes para a educação dos surdos. 
Primeiramente, reconhece a língua de sinais como língua materna dos surdos, pois numa re-
alidade sem sons, o sistema cognitivo para elaboração e narração de ideias, conceitos e fatos 
se desenvolve por meio da percepção visual, e é por meio dela que se torna possível atribuir 
sentido e signifi cado ao mundo físico e social. Em segundo lugar, a proposta bilíngue avança 
em relação ao oralismo porque respeita a cultura surda, mas ao mesmo tempo, enfatiza a 
importância e necessidade de o surdo não permanecer segregado da cultura ouvinte. Nesse 
sentido, a aprendizagem da Língua Portuguesa e a convivência escolar com alunos ouvintes 
são fatores imprescindíveis para a inclusão e participação social e política dos surdos como, 
por exemplo, em atividades de ocupação profi ssional, manifestações artísticas, desportivas, 
culturais e de lazer. 
É preciso considerar que a criança que nasce surda ou se torna surda antes de aprender a 
falar irá desenvolver sua capacidade sociolinguística pela interpretação visual das expressões 
faciais e corporais das pessoas e pela leitura dos gestos ou dos sinais que elas realizam em 
determinado contexto. Quanto menor o nível de acuidade auditiva, maior o nível de dependência 
da língua de sinais para a comunicação e maior a difi culdade para aprender idioma falado em 
seu país.
Queremos reafi rmar que o fato de o surdo ser privado da comunicação oral não afeta 
seu desenvolvimento cognitivo, afetivo, sociocultural ou acadêmico, pois a língua de sinais 
é completa em seus aspectos morfológicos, sintáticos e semânticos, permitindo às imagens 
sinalizadas traduzirem qualquer pensamento. Além disso, a aprendizagem da Língua Portu-
guesa na modalidade escrita habilita o surdo na cultura ouvinte e lhe concede a possibilidade 
de ampliar sua participação social, política, econômica e cultural.
A base natural da comu-
nicação dos surdos é a 
imagem codifi cada nos 
sinais que formam o léxico 
da Libras, pois o processo 
de formação de conceitos 
não pode depender da 
audição ausente.
Aula 4 Aprendendo Libras 15
Curiosidade
O escultor Douglas Tilden nasceu em 1860 na Califórnia e aos quatro anos 
de idade fi cou surdo após ser acometido de febre escarlatina. Formou-se na 
Escola da Califórnia para surdos, sendo posteriormente professor dessa mes-
mainstituição durante oito anos. Muitas de suas esculturas monumentais são 
graciosas comemorações aos temas californianos e podem ser vistas na cidade 
de São Francisco. Com a escultura “The Baseball Player”, que foi exposta no 
Salão de Paris no período de 1889 a 1894, Tilden conquistou o reconhecimento 
internacional, sendo considerado um dos precursores da escultura moderna.
Figura 1 – The Baseball Player -1890
Fonte: <http://www.fl ickr.com/photos/9405610@
N02/3709376214/>. Acesso em: 18 out. 2011.
Aula 4 Aprendendo Libras16
Leia o trecho a seguir e redija um comentário pessoal sobre a importância da proposta 
bilíngue na educação de surdos.
A Proposta Bilíngue não privilegia uma língua, mas quer dar direito e condições 
ao indivíduo surdo de poder utilizar duas línguas; portanto, não se trata de ne-
gação, mas de respeito; o indivíduo escolherá a língua que irá utilizar em cada 
situação linguística em que se encontrar. (Kozlowski, 1998).
Variações linguísticas
É um fenômeno presente nas línguas humanas, independentemente de ação normativa 
(gramática). Em qualquer língua oral e também na Libras é possível identifi car variações 
oriundas do contexto histórico, geográfi co, sociocultural e comunicativo. 
 � O contexto histórico explica como ao longo do tempo as palavras e os sinais vão sendo 
gradativamente modifi cados e até substituídos, esse é um processo que ocorre em qual-
quer língua viva. 
 � O contexto geográfi co trata das mudanças identifi cadas em comunidades usuárias da 
mesma língua, porém que habitam em regiões distintas. 
 � O contexto sociocultural produz variações relativas a atributos que identifi cam um grupo 
como: grau de instrução, idade, gênero ou padrão econômico. 
 � O contexto comunicativo se reporta à situação, mais ou menos formal, à relação estabe-
lecida entre os interlocutores e ao conteúdo da mensagem.
Aula 4 Aprendendo Libras 17
Em qualquer que seja o contexto produtor das variações linguísticas (histórico, geográfi -
co, sociocultural ou comunicativo), elas são marcadas por diferenças observadas no repertório 
de palavras/sinais utilizados (léxico), na forma como as palavras são pronunciadas ou os sinais 
são executados (morfológico) e, ainda, nos signifi cados que lhes são atribuídos (semântico).
Segundo estudos da linguística, os signos ou itens lexicais (sinais na língua dos surdos 
ou palavras na língua dos ouvintes) expressam ideias, ações ou conceitos, que podem ter dife-
rentes signifi cados, conforme o contexto. “Os signos são assim instrumentos de comunicação 
e representação, na medida em que, com eles, confi guramos linguisticamente a realidade e 
distinguimos os objetos entre si” (VILELA; KOCH, 2001). 
Em qualquer situação comunicativa o contexto se torna fundamental na produção de 
sentidos; ele permite preencher lacunas e fazer escolhas dentre algumas possibilidades, de 
modo a produzir interpretações ajustadas, especialmente quando se trata de uma linguagem 
conotativa, do uso de expressões idiomáticas ou de signos polissêmicos. A linguagem cono-
tativa se caracteriza pelas alterações ou ampliações que as palavras agregam ao seu sentido 
literal (denotativo). Vejamos alguns exemplos comuns da linguagem conotativa, em que as 
fi guras de linguagem e de construção possuem um signifi cado subjetivo e indissociável de 
seu contexto, assim como algumas expressões idiomáticas, cuja compreensão depende da 
participação do indivíduo na mesma comunidade usuária. 
Expressões idiomáticas e fi guras de linguagem
“Tirar água do joelho”
“Pagar o pato”
“Mão na roda”
“Engolir sapos”
“Dar com os burros n’água”
“Chorar sobre o leite derramado”
“Eles passarão eu passarinho” (Mário Quintana)
“A neve pôs uma toalha calada sobre tudo” (Fernando Pessoa)
Figura 2
Fonte: <http://beerevolutionss.blogspot.com/2008/12/pequeno-dicionario-de-expresses.html>. Acesso em: 18 out. 2011.
Saiba mais
Aula 4 Aprendendo LibrasAula 4 Aprendendo Libras18
Como sugerem os exemplos demostrados anteriormente (Expressões idiomáticas e fi gu-
ras de linguagem), seria ilógico fazer uma tradução literal da Língua Portuguesa para a Libras, 
pois o sentido não é óbvio na cultura surda por duas razões. A primeira é porque não existe 
relação unívoca de sentido entre as palavras e os sinais. A segunda, porque as expressões 
idiomáticas e as fi guras de linguagem e de construção (metáforas, metonímias, aliteração, 
sínquise etc.) são produzidas em padrões culturais específi cos. “A Língua Brasileira de Sinais 
é, antes de tudo, uma imagem do pensamento do surdo. Por isso, a palavra e o sinal muitas 
vezes não têm o mesmo signifi cado e um mesmo sinal tem vários signifi cados” (KOJIMA; 
SEGALA, s/d, p. 108).
Outro aspecto que precisamos entender é que a sintaxe da Libras difere bastante da Língua 
Portuguesa, isto é, a forma de organizar os sinais em um enunciado (frase, oração ou período) 
na Libras depende mais do contexto comunicativo (encadeamento das ideias; assunto tratado 
e interação entre os interlocutores) do que de regras infl exíveis. 
Sintaxe em linguística refere-se ao “componente do sistema linguístico que 
determina as relações formais que interligam os constituintes da sentença, atri-
buindo-lhe uma estrutura” (HOUAISS, 2007, p. 2581). Em Libras, refere-se à 
disposição dos sinais na frase e das frases no discurso, incluindo a sua relação 
lógica, entre as múltiplas combinações possíveis para transmitir um signifi cado 
completo e compreensível.
Podemos abordar as variações linguísticas do ponto de vista da relação entre signo e 
signifi cado. O signo é a unidade linguística (sinal ou palavra) que a representação simbólica de 
algo, cujo signifi cado pode ser de natureza denotativa ou conotativa. A Libras, como a Língua 
Portuguesa, apresenta variações linguísticas determinadas pela existência de um mesmo sinal 
com signifi cados diferentes (polissemia), ou de sinais diferentes que remetem um mesmo 
signifi cado (sinonímia).
Semântica é o “ramo da 
linguística que se ocupa 
do estudo da signifi cação 
como parte dos sistemas das 
línguas naturais” (HOUAISS, 
2007, p. 2540). Em Libras é o 
signifi cado que o sinal assume 
nas interações comunicativas 
com os surdos. Sinonímia é 
a relação estabelecida entre 
signos linguísticos diferentes 
com signifi cado semelhante. 
Polissemia é a presença de 
mais de um signifi cado para 
um mesmo signo linguístico.
Aula 4 Aprendendo Libras 19
Exemplo 1 – Polissemia: O sinal usado 
pela comunidade surda de Fortaleza/
CE para indicar o nome de sua cidade é 
o mesmo sinal usado noutras regiões 
do Brasil para indicar “duro” ou “sem 
dinheiro”. Assim, o mesmo sinal 
(imagem 1) pode representar a capital 
do Ceará ou indicar uma condição 
financeira precária.
Exemplo 2 – Sinonímia: O mês de 
setembro pode ser indicado por 
sinais diferentes. Em alguns lugares 
do Brasil, o sinal para designar 
esse mês lembra um desfi le marcial 
(imagem 2), enquanto em outros faz 
alusão ao assessório sob o queixo 
dos soldados que segura o capacete 
(imagem 3).
Sinais polissêmicos e sinonímicos
Figura 3
Imagem 1 – SINAL FORTALEZA
Imagem 2 – SINAL 1 SETEMBRO
Imagem 3 – SINAL 2 SETEMBRO
FORTALEZA (CE)
Saiba mais
Aula 4 Aprendendo Libras20
É importante ressaltar que as variações linguísticas reportam-se ao contexto, o qual 
indicará significados distintos no uso dos sinais. Se por um lado a polissemia possibilita que 
com um pequeno número de sinais tenhamos um grande número de signifi cados, por outro 
lado, isso reforça a ambiguidade e a imprecisão, prejudicando a compreensão, especialmente 
no contexto bilíngue Libras-Língua Portuguesa. Por exemplo, se dissermos “fulano é uma 
pessoa difícil” e utilizarmos o sinal “difícil” na tradução direta, o sentido pode fi car prejudicado, 
uma vez que podemos atribuir ao adjetivo “difícil” diferentes acepções: ocupado,irritadiço, 
tímido, etc. Havendo necessidade de manter o sinal “difícil” na tradução, aconselhamos sua 
contextualização, acrescentando uma informação mais objetiva: “fulano é difícil, porque não 
aceita negociar”. Nesse caso, o acréscimo se justifi ca para dizer em que sentido está sendo 
empregado o sinal de “difícil”, uma vez que esse adjetivo tem um signifi cado polissêmico.
Convêm esclarecermos que no contexto bilíngue Libras/Português a polissemia ou 
sinonímia se faz presente em ambas as línguas de forma independente. Por exemplo: em 
Língua Portuguesa, a palavra “manga” é polissêmica, podendo signifi car a fruta ou a parte 
da roupa que cobre o braço, enquanto que em Libras existe um sinal diferente para cada 
acepção de “manga”. 
Além das variações linguísticas oriundas da relação signo-signifi cado, podem acontecer 
variações na execução de um mesmo sinal, produzindo o que poderíamos comparar ao so-
taque nas línguas orais auditivas. Outras variações dizem respeito ao estilo pessoal de cada 
sinalizador, na forma como ele executa os sinais, o que corresponderia, nas línguas orais, à 
entonação, dicção e ritmo da fala, ao que chamaríamos de prosódia. Apesar de as variações 
linguísticas serem inevitáveis e, por isso, aceitáveis, é importante buscar realizar os sinais 
de maneira bem articulada, ritmada e coerente com as expressões corporal e facial, pois a 
compreensão dependerá dessa desenvoltura.
Sotaque é uma forma típica de falar de um grupo linguístico, cujas variações 
em ritmo, entonação ou pronúncia das palavras acontecem conforme a região, 
classe ou grupo social, etnia, sexo e idade. Em Libras seria a forma de articular 
o sinal.
Prosódia são as variações na entonação, ritmo e pronúncia das palavras, dando 
realce ao texto em contexto. No caso da Libras estaria presente na ênfase das 
expressões corporal e facial e no ritmo da gestualização dos sinais.
Resumo
Aula 4 Aprendendo Libras 21
Para fi nalizar esta aula, pode parecer óbvio falar do caráter espacial da língua de sinais, 
contudo, é preciso destacar que a posição do sinalizador é fator imprescindível para a com-
preensão dos sinais. A execução dos sinais deve considerar a posição e a postura adequadas 
do sinalizador, isto é, o corpo do sinalizador e os sinais executados devem estar no campo 
de visão do(s) interlocutor(es). Dependendo do ângulo de visão que se tenha do sinalizador 
(frente, lateral) ou da distância, a compreensão do sinal pode ser difícil ou impossível. Devemos 
lembrar que esse aspecto merece a maior atenção do professor que faz uso da Libras em sala 
de aula, sendo aconselhável que o aluno surdo ocupe seu lugar nas primeiras carteiras e que 
o professor evite falar enquanto escreve, caso o aluno realize leitura labial.
Curiosidade
Você sabia que existem dois sinais diferentes para dizer “abacaxi”, sendo que 
um deles também signifi ca a cidade de Aracati/CE, conhecida pela produção 
dessa fruta?
Nesta aula, vimos que a Libras não deve ser estudada tendo como base 
a Língua Portuguesa, pois as línguas de sinais não são derivações das línguas 
orais auditivas, elas possuem uma gramática específi ca e independente. A 
Libras refl ete a forma natural de o surdo processar suas ideias, compreender 
e expressar o mundo. Percebemos que o contexto comunicativo é fundamental 
na produção de sentidos para os sinais executados e na compreensão dos 
seus signifi cados, permitindo que os interlocutores se expressem e interpretem 
adequadamente a mensagem. Vimos também que como em qualquer língua, 
a Libras possui variações linguísticas relacionadas a mudanças no contexto 
histórico, geográfi co, sociocultural e comunicativo. As variações produzidas 
são identifi cadas no uso de signos polissêmicos ou sinonímicos, bem como 
na maneira como eles são realizados.

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