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Infecções bacterianas comunitárias Antimicrobianos MIC: concentração inibitória mínina – menor concentração capaz de inibir o crescimento visível da bactéria Alguns antibióticos são concentração dependentes, outros tempo-dependentes. · Concentração dependentes: atua no pico sérico · Aminoglicosídeos, daptomicina, fluoroquinolonas, macrolidos, metronidazol e polimixina · Não tem problema a concentração cair – já no pico e inibo o crescimento · Tempo dependentes: concentração acima do MIC por um tempo > 70% - tempo longo acima do MIC · Se eu faço a cada 8h, 70% desse tempo (5,6h deve estar acima do MIC) · Infusão contínua: manutenção dessa concentração acima do MIC – não precisa do pico · Carbapenemicos, cefalosporinas, linezolina, penicilinas · Tempo dependente necessário alta concentração · Clindamicina, macrolideos, tetraciclinas · Bacteriostáticos Infeccões bacterianas comunitárias Principais causas de atendimentos Qualquer faixa etária Condutas diagnosticas e terapêuticas rápidas e corretas – emergências Já existem muitas resistentes causando infecções comunitárias Imunocompetentes e imunodeprimidos Pneumonia adquirida na comunidade (PAC) Infecção do parênquima pulmonar – inflamação do pulmão – localizada ou generalizada Pode haver disseminação hematogênica Predomínio: bactérias aeróbicas, vírus, bactérias anaeróbias Tratamos pneumonia viral como bacteriana por falta de testes rápidos para diferenciar Agentes comuns: Streptococcus pneumoniae 16-60% Haemophilus influenzae 3-38% Staphylococcus aureus (MRSA) 2-5% G – aeróbios (Klebsiella) 7-18% Legionella 2-8% Micoplasma pneumoniae 1-20% Vírus 8-14% Anaeróbios 22-46% Anaeróbios predominam no bioma do corpo humano – em sítios habituais são fundamentais. · Se desregulado, podemos ter uma superinfecção: Colite pseudomembranosa pelo Clostridium difficile · Aspirações do conteúdo bucal: AVC, anestesia, epilépticos, problemas de deglutição, megaesôfago · Apesar de ter muito oxigênio, produzem um ambiente para permitir sua multiplicação: · Cavitação · Empiema pleural · Pneumonia necrotizante · Pneumonia aspirativa anteriores: · Colonização da faringe posterior · Microaspiração para TRI · Influenza lesa o epitélio da borda em escova – facilita a entrada no pulmão · Inalação em aerossóis · Micobacterias · Fungos · Mycoplasma Predisponentes · Alcoolismo crônico · Baixa da imunidade – reduz a fagocitose · Pneumococo, Klebsiella · DPOC · Pneumococo, haemophilus, moraxella · Diabetes · Reduz a imunidade · Pneumococo e S. aureus · AIDS · Alterações dos linfócitos T e B – baixa imunidade · Penumococo, Haemophilus, Rodococcus · Anemia falciforme: · Autoesplenectomia – obstrução de microvasculatura que leva ao infarte · Baço é indispensável para a destruição de agentes capsulados, porque para serem fagocitados precisam ser opsonisadas (IgG produzidas no baço) · Agentes capsulados · Pneumococo, Haemophillus, Salmonella · Idosos: · Sistema imune em senescência · Pneumococo e Haemophilus · Outros: · Edema pulmonar · Uremia · Distúrbios de consciência · Deficiências imunitárias · Influenza pneumococo Diplococos Gram-positivos, capsulados, Doenças pneumocócicas: · Invasivas: local estéril · Bacteremia oculta · Pneumonia bacteremica · Empiema · Meningite · Sepse · Ocasional · Endocardite · Pericardite · Infecção de partes moles · Osteoatrite · Conjuntivite · Não-invasiva: · Pneumonia comunitária · Otite média · Sinusite · Uberlândia /1999-2011: Fisiopatologia: Colonização da nasofaringe em grande parte da população. Daí, pode atingir os seios da face, o tímpano, o pulmão e os vasos sanguíneos. Da corrente sanguínea, pode atingir as meninges, o pulmão, ossos e articulações. Exames de imagem: · Tomografia computadorizada que mostra uma condensação em lobo superior direito · Brônquio principal direito com ar porque os alvéolos estão cheios de exsudato inflamatório – broncograma aéreo · Raio X com condensação em lobo superior direito Sintomas: · Mal-estar · Dor de cabeça · Febre – idosos não apesentam febre (idosos não fazem sintomas clássicos) · Tosse com expectoração purulenta · Dispneia Critérios de gravidade: · Taquipneia (>30 irpm) · PaO2/FiO2 < 250 – necessidade de ventilação mecânica · Bilateral ou multilobar · Aumento de >50% de infiltrado pulmonar em 48h · Hipotenso · Necessidade de vasopressores · Oliguria (<20ml/h ou IRA) Scores de gravidade de atendimento: · CURB-65 · C – Confusão mental · U – Ureia > 20 · R – FR>30 · B – PAS<90 ou PAD<60 · 65 – Idade > 65 anos · Pontuação: · 0 - 1: mortalidade 1,5% - tratamento ambulatorial · 2: mortalidade 9,2% - tratamento supervisionado com internação breve · 3 - 5: mortalidade 22% - PAC grave – UTI (4 ou 5) · CRB-65 · Retira a ureia Diagnóstico: · Maioria das pneumonias são tratadas empiricamente · Análise de escarro: · Gram · PCR · Hemocultura: · Não necessário em ambulatorial · Internados – mandatória · Radiografia de tórax · Analisar a extensão e o tipo de acometimento · Derrame pleural Tratamento: Iniciar o tratamento o mais rápido possível (<4h) Manifestações clinicas melhoram em 2-3 dias, manifestações laboratoriais em 5-7 dias e RX pode levar semanas IV por 2-3 dias depois passar para VO Tratamento curto de 5-7 dias com fluoroquinolonas · Beta-lactâmicos · Penicilinas – Amoxicilina · Cefalosporinas – 2ª e 3ª gerações · Carbapenêmicos – ertapenem · Beta-lactâmicos + inibidores de beta-lactamases · Amoxicilina + Clavulanato · Ampicilina + Sulbactan · Fluoroquinolonas respiratórias · Levofloxacina · Moxifloxacina · Macrolideos · Azitromicina · Claritromicina · Telitromicina · Outros: · Clindamicina – anaeróbios · Doxiciclina – atípicos Esquemas · Previamente sadio com quadro não grave: · Macrolídeo (azitromicina ou claritromicina) – Marcelo Simão não gosta porque o nível sérico é baixo, é bom pra Legionella. Pneumococo pode ser resistente · Fluoroquinolona respiratória (Levofloxacina ou Moxifloxacina) · Amoxi + clavulanato + macrolídeo · Comorbidades pós-influenza: · Fluoroquinolona · Beta-lactâmico (ceftriaxone) + macrolideo · Aspiração com infecção: anaeróbio · Amoxi-clav VO · Clindamicina VO · Pip-tazo IV · Carbapenemicos IV · Pneumonia grave: · Ceftriaxone + macrolideo IV · Ertapenem + macrolideo – último caso segundo Marcelo Simão · Ceftriaxone + fluoroquinolona · Fluoroquinolona · Pneumonia muito grave: necessário cobrir Pseudomonas aeruginosa · Cefepime (4ª) ou Carbapenemico ou Pip-tazo + ciprofloxacina ou aminoglicosídeo + fluoroquinolona ou macrolideo (cobrir atípicos) Vacina: · Prevenar-13 · 13 sorotipos de pneumococo · Poucos efeitos adversos Infeccões intra-abdominais Exemplos · Apendicite aguda · Colecistite aguda · Coledocolitiase / colangite aguda – calculo migrou da vesícula para o colédoco e causa a colangite · Peritonite · Primária · Secundária: · volvo do sigmoide no megacólon chagásico – isquemia – perfuração · Diverticulite · Apendicite · Terciária · Tratou a peritonite secundaria · Mas contamina com outra bactéria · Diverticulite aguda – inflamam por fezes que entram - infecciona · Pancreatite aguda ou crônica agudizada / abcesso pancreático · Abcesso hepático Etiologia Infecções mistas Comunitárias: · Enterobactérias (E. coli, K. pneumoniae) · Anaeróbios (B. fragilis, Bilophila wadsworthia – apendicite aguda) · Enterococcus sp Hospitalares: · Pseudomonas aeruginosa · Enterobacter spp · MRSA · Proteus sp. · Candida sp – peritonites – circulação - candidemia · Sempre fazer cobertura para cândida em infecções hospitalares (peritonite terciaria) Tratamento Peritonite · Cirurgião: Abertura do abdome – lavagem com soro + resseca perfurações + drena abcessos · Infectologista: Antimicrobianos. Cobrir enterobactérias e anaeróbios Agentes únicos: · Ampicilina-subactam; amoxicilina-clavulanato (apendicite + peritonite localizada) · Pip-tazo (atua bem em enterobactérias e anaeróbios) · Carbapenemicos (imipenem-cilastatina, ertapenem, meropenem) · Cefalosporinas Combinação de drogas: · Aminoglicosideo + clindamicina/metronidazol· Cefalosporina de 3ª ou 4ª geração + metronidazol/clindamicina – ceftriaxone + metronidazol (ótimo em protozoários intestinais e anaeróbios) · mais usada pelo Marcelo Simão · Quinolona + metronidazol/clindamicina · Não usa muito clindamicina porque tem muitos resistentes e pode provocar colite pseudomembranosa pelo Clostridium difficile Considerações importantes: · Injuria intestinal por trauma penetrante reparado nas primeiras 12h – tratar por apenas 24h (ampicilina-sulbactam) · Perfurações de estomago, duodeno e jejuno proximal sem terapia antiácido ou malignidade (se tiver, o estomago é muito colonizado porque tem pouco ácido) – terapia profilática de 24h · Apendicite aguda sem complicação – profilática 24h (ampicilina-sulbactam) · Colecistite aguda – obstrução do ducto cístico – acumulo de bile (inflamação química) depois contamina com enterobactérias – ceftriaxone ou moxifloxacina (única quinolona com atuação boa em enterobactérias e anaeróbios) · Pancreatite necro-hemorrágica – profilaxia com carbapenem – muito grave e sempre infecta · Pacientes de alto risco (imunodeprimidos, câncer, transplantados) – usar terapia de amplo espectro (fungo) · Duração variável dependente de complicações · Sempre coletar o material para cultura · Terapia antifúngica (Candida) – 20% das peritonites – terciarias, complicadas, recorrentes, alto risco ou candidemia – tratar com fluconazol, Anfotericina B, caspofungina ou voriconazol · Enterococcus sp. – não precisa incluir em infecções comunitárias, mas em hospitalares sim quando isolado – ampicilina Infeccões do trato urinário Mais frequente, sobretudo em mulheres: uretra curta, ao lado da vagina e muito próxima ao ânus Recorrência em até 25% das mulheres nos 6 meses após o primeiro episodio Para cada 28 casos de cistite – 1 caso de pielonefrite Entre 15 e 34 anos: 25/10000 hab Cistite: · Disúria · Oliguria · Poliaciuria Fisiopatologia Bactéria (ânus/vagina) → colonização da mucosa periuretral → uroepitelio → ascensão para a bexiga (fimbrias e flagelos) → ureter → rim (pielonefrite) E. coli uropatogenica: fimbrias, flagelos, adesinas, sideróforos (ferro), toxinas, capacidade invasiva Recorrente: bactéria pode persistir no epitélio vaginal e no colon, levando a infecções periódicas Predisposição genética: menor expressão de CsCR1 e receptores de IL8; ou fenótipo do grupo sanguíneo P1 exemplos: · Bacteriúria: >105 bacterias/ml de urina · Bacteriúria assintomática: grávidas, idosos, prostatismo (aumentada) · Cistite aguda: infecção da bexina · Polaciúria · Disúria · Tenesmo vesical · Oligúria · Desconforto pélvico · Às vezes febre baixa · Pielonefrite aguda · Febre alta · Sinais de cistite · Giordano positivo · Não complicada · Complicada – com calculo que obstruiu o ureter · ITU recorrente · Urosepsis: septicemia a partir da ITU · Pielonefrite crônica: recorrentes geram cicatrizes renais – perda de função (IRC): rim pequeno e irregular sem diferenciação entre córtex e medula · Papilite necrotizante: necrose da papila renal · Abcesso intra-renal · Abcesso perinefrético Etiologia · E. coli – 80-90% (comunitárias) · K. pneumoniae · Proteus mirabilis · Enterobacter · Serratia · P. aeruginosa (hospitalar – sonda vesical) · Enterococcus sp. · S. saprophyticus (cistite muito comum) · S. aureus (hematogênica) · Candida Fatores de risco · Intercurso sexual – “cistite da lua de mel” · Gravidez – compressão do ureter que dificulta a passagem da urina · Diabetes – inibe fagocitose de macrófagos e neutrófilos · Bexiga neurogênica – acúmulo de urina na bexiga · Cateterização uretral · Transplante renal · Uso de diafragma · Calculose renal – bactéria no calculo com biofilme · Anemia falciforme - autoesplenectomizado · AIDS · Deficiência de estrógeno – atrofia do epitélio vaginal – predisposição a colonização – uso de creme em menopausa · Obstrução urinaria · Coito anal insertivo · Hipertrofia prostática · Sonda uretral – só trata com sintomas Tratamento Pielonefrite aguda: · Ceftriaxone · Aminoglicosídeo: amicacina, gentamicina · Ertapenem · Fluoroquinolona – maioria hoje em dia é resistente · Baseado na cultura – 2 semanas · Todos devem fazer ultrassom: complicações Cistite aguda: · Fluoroquinolona · Cefalosporinas · Macrodantina · Não faz cultura · 3-7 dias Bacteriúria assintomática: · Não tratar, apenas gravidas ITU na gestação: · Cefalosporinas · Amoxicilina · Macrodantina · 3-14 dias Profilaxia antibiótica: · Mulher com 3 ou mais episódios em um ano · Macrodantina ou fosfomicina → 6 meses a dois anos e pós coito · Idosa com cistites recorrentes: · Avaliar fatores de risco · Profilaxia discutível · Utilizar cremes vaginais que aumentam o pH vaginal e diminuem a colonização · Recorrência após tratamento adequado (2 semanas) · Avaliar fatores de risco → ausentes: tratar por 6 semanas e confirmar cura 1-2 semanas depois → profilaxia com macrodantina e monitorar mensalmente com hemocultura Infeccões de pele e tecido celular subcutâneo Exemplos · Impetigo, ectima (piodermites) · Erisipela · Celulite · Furúnculo, carbúnculo, abcesso · Fasciíte necrotizante (gangrena de Fournier) · Mionecrose clostrídica · Piomiosite tropical (S. aureus) · Infecção pós mordedura humana ou animal · Impetigo e ectima: superficias, (Staphylococcus aureus e Streptococcus pyogenes respectivamente) · Foliculite: inflamação do folículo piloso · Furúnculo: infecção da glândula sebácea anexa ao folículo (S. aureus) · Erisipela: derme (S. pyogenes) · Celulite: derme + subcutâneo (S. pyogenes, s. aureus, H. influenzae) · Fasciite necrotizante: atinge a fáscia do musculo (flora mista ou S. pyogenes produtor de toxina – bactéria comedora de carne) Critérios de gravidade · Febre ou hipotermia · Taquicardia · Hipotensão · Desvio a esquerda · PCR elevada · Creatinina elevada · Acidose metabólica · CPK elevada (muscular) · Hemocultura positiva · Internado em UTI normalmente Princípios gerais do tratamento · Debridamento + drenagem de abcessos · Cuidados da ferida · Manutenção do estado hemodinâmico · Terapia antimicrobiana empírica inicial com cobertura para Gram positivos e anaeróbios · Trocar antimicrobiano se necessário quando a cultura e teste de sensibilidade estiverem disponíveis Tratamento Impetigo e ectima: · Comum em crianças com baixo nível socioeconômico · Colonização cutânea → inoculação traumática → impetigo · Altamente contagioso · Pode induzir a glomerulonefrite difusa aguda · Tratamento · Tópico: mupirocina, neomicina + bacitracina · Sistêmico: dicloxacilina, cefalexina, eritromicina, azitromicina, clindamicina, amoxi-clav aj Abcessos cutâneos: · Podem ser cistos epidermoides infectados · Conduta: drenagem do pus e normalmente não precisa de antibióticos Furúnculos e carbúnculos: Furúnculo Carbúnculo · Podem ser epidêmicos · Portadores nasais e perineais do S. aureus: repetição · Compartilhar roupas de corpo, cama, toalhas · Banho com sabonete com clorexidine · Se grande: incisão + drena lesão + antibióticos se houver celulite · Erradicar o estado do portador: · Mupirocina tópica 2x ao dia por 10 dias · Clindamicina 150mg/dia/3 meses → 80% eficácia · Carbúnculo: conjunto de furúnculos Ersipela: · Borda é nítida · Derme + linfáticos (pode causar elefantíase) · Penicilina ou amoxicilina por 10 dias Celulite: · Borda indistinguível e difusos · Derme + subcutâneo · Oxacilina, cefazolina ou cefalexina, macrolideos, clindamicina por 5-10 dias · Maioria dos pacientes com celulites ou erisipelas possuem tinha pedis (micoses nos pés) – entrada das bactérias · Tratar com antifúngico Fasciite necrotizante: · Pele + subcutâneo + fáscia + aponeuroses · Até 15 bactérias aeróbias e anaeróbias · Pequenos traumas, sítios de injeção (viciados), abcesso perineal, abcesso da glândula de Bartholin · 20% sem lesão visível · Gangrena de Fournier: acomete o escroto · Critérios diagnósticos: · Dor intensa no local · Rápida progressão · Descolorimento da pele · Bolhas violáceas · Hemorragia cutânea · Anestesia cutânea · Gás na intimidade dos tecidos (crepitação) · Tratamento: · Debridamentoagressivo · Fluidos · Ampicilina + sulbactam ou clindamicina ou metronidazol · Pip-Tazo · Carbapenem · S. pyogenes: penicilina + clindamicina, vancomicina, linezolida · S. aureus: oxacilina, cefazolina, vancomicina, clindamicina · Clostridium: penicilina ou clindamicina 1 2
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