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Aula 03
Peças Práticas p/ Delegado Polícia Civil-PE (com videoaulas)
Professor: Vinicius Silva
Peça Prática para Delegado de Polícia - Pernambuco 
Prof. Vinícius Silva – Aula 03 
Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 38 
AULA 03: Representação pela interceptação das 
comunicações telefônicas (Lei 9.296/96). 
 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
1. Apresentação 1 
2. Aspectos teóricos acerca da interceptação telefônica 2 
3. Representação por interceptação telefônica 11 
4. Modelo Representação por interceptação telefônica 16 
5. Questão de prova 22 
6. Questões propostas 28 
7. Respostas das questões propostas na aula 02 30 
 
 
 
1. Apresentação 
 
Olá futuro Delegado de Polícia, 
 
Estamos evoluindo nos nossos estudos e chegamos a aula 03, onde vamos 
estudar uma medida cautelar probatória, veja que as duas primeiras 
aulas foram destinadas a cautelares pessoais, a última aula foi a de busca 
domiciliar, que é uma medida de natureza cautelar probatória, que visa à 
busca de elementos de informação para a investigação. 
 
Nessa aula vamos verificar outra medida cautelar probatória muito utilizada 
no dia a dia das delegacias de polícia, onde a investigação muitas vezes 
não tem outra forma de prosseguir, a não ser que seja por meio de uma 
interceptação. 
 
Você como delegado de polícia deverá ficar muito atento, pois essa medida 
pode aparecer sozinha numa prova, como foi o caso da prova de Delegado 
de Polícia de Santa Catarina, em 2014. 
 
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Peça Prática para Delegado de Polícia - Pernambuco 
Prof. Vinícius Silva – Aula 03 
Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 38 
Na aula vou expor alguns conceitos teóricos/doutrinários acerca do tema e 
depois vamos comentar a Lei n° 9.296/96, naquilo que diz respeito à 
representação pela medida. 
 
Mais uma vez essa medida cautelar está imersa em meio a uma garantia 
constitucional, a da inviolabilidade das comunicações, direito à privacidade 
de suas comunicações, ou seja, a medida é utilizada para coibir o 
cometimento de crimes acobertados pelo manto do direito individual à 
intimidade. 
 
A ideia aqui é a mesma da busca domiciliar, ou seja, fazer um juízo de 
ponderação, pois não é admissível que sob a guarida de um direito, possam 
ser violados outros, tão essenciais quanto a intimidade e a inviolabilidade 
das comunicações telefônicas. 
 
2. Aspectos teóricos acerca da interceptação telefônica 
 
A primeira coisa que deve ser esclarecida acerca da interceptação é que ela 
é regulada por uma lei específica, diferentemente da busca e apreensão 
que está regulada no CPP (art. 240), a interceptação telefônica está 
regulamentada em uma lei ordinária, trata-se da Lei n°. 9.296/96. 
 
A lei supramencionada é reflexo de um mandamento constitucional, ou 
seja, a própria constituição previu que a regulamentação da interceptação 
é matéria de lei. Vejamos. 
 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e 
das comunicações telegráficas, de dados e das 
comunicações telefônicas, salvo, no último 
caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na 
forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual 
penal; 
 
Essa é a previsão do art. 5°, XII, da CF/88. 
 
Assim, do dispositivo acima, podemos afirmar ao fazer uma primeira 
leitura, que o sigilo de correspondência, das comunicações telegráficas e 
de dados são absolutamente invioláveis, sendo relativizada apenas as 
comunicações telefônicas. 
 
A primeira coisa que deve ficar clara aqui é que você está se preparando 
para uma prova discursiva e nesse sentido, deve se pautar por um 
aprofundamento em alguns temas e esse é um dos que suscita mais 
discussão jurisprudencial e doutrinária. 
 
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Peça Prática para Delegado de Polícia - Pernambuco 
Prof. Vinícius Silva – Aula 03 
Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 38 
Seguindo uma linha mais voltada para a atividade policial, não apenas as 
comunicações telefônicas podem ser violadas, mas todos os tipos de 
comunicação, uma vez que nenhum tipo de comunicação pode ser utilizado 
para acobertar o cometimento de crimes. 
 
Assim, diante de uma prova para delegado de polícia, fundamente a sua 
resposta, afirmando que não há direito fundamental absoluto, sendo, 
portanto, relativizados, principalmente quando utilizados no mundo do 
crime. 
 
Assim, a ideia é que não apenas as comunicações telefônicas podem ser 
interceptadas, mas também as comunicações de dados, e até as 
correspondências. Basta lembrarmos da lei de execução penal, que prevê 
a interceptação das cartas enviadas e recebidas por presos. 
 
Art. 41 - Constituem direitos do preso: 
 
(...) 
 
XV - contato com o mundo exterior por meio 
de correspondência escrita, da leitura e de 
outros meios de informação que não 
comprometam a moral e os bons costumes. 
 
(...) 
 
Parágrafo único. Os direitos previstos nos 
incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou 
restringidos mediante ato motivado do diretor 
do estabelecimento. 
 
Ou seja, estamos diante de um direito que pode ser relativizado, diante da 
suspeita fundada de cometimento de crimes. 
 
É o que acontece com os criminosos que comandam o tráfico e as 
organizações criminosas mesmo estando encarcerados. 
 
O objetivo é cessar o comando da atividade criminosa. 
 
Mas vamos voltar ao nosso assunto que é a interceptação das 
comunicações telefônicas. 
 
O dispositivo constitucional prevê que a violabilidade das comunicações 
telefônicas é cabível nas hipóteses que a lei prevê, com a finalidade de 
instruir procedimento de investigação criminal ou processo penal. 
 
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Portanto, nos casos de inquérito policial ou qualquer outro instrumento de 
investigação, é cabível a interceptação, no entanto, apenas nos casos em 
que a lei prevê a possibilidade. 
 
A constituição federal passou a bola para a lei definir em que situações 
teremos a possibilidade de interceptação telefônica. 
 
Então a Lei n°. 9.296/96 veio para definir quais as possibilidades de 
cabimento e também os requisitos cautelares para o deferimento da 
interceptação telefônica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A lei então disciplinou a matéria e trouxe inclusive tipificação de crime em 
caso de interceptação ilegal ou quebra de segredo de justiça. 
 
Antes de adentrar na lei, vamos verificar ainda alguns conceitos 
importantes, que não podem se confundir com o de interceptação 
telefônica. 
 
 
 
Professor, e as interceptações 
que foram efetuadas antes da 
edição da lei, em 1996? 
Aderbal, sem entrar em maiores detalhes, 
prevalece o entendimento de que essas 
interceptações estão eivadas de vício, uma 
vez que a não existia lei, conforme a 
previsão constitucional. 
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a) interceptação telefônica em sentido estrito 
 
Essa é interceptação objeto da nossa aula, ela consiste em uma terceira 
pessoa interceptar, ou seja, aparecer no meio do caminho da ligação, 
sem que os interlocutores saibam da existência dessa pessoa e tampouco 
de que essa comunicação está sendo ouvida e, geralmente, gravada por 
essa terceira pessoa. 
 
b) sigilo telefônico 
 
Esse é o primeiro conceito que costumamos confundir com interceptação 
telefônica. Na verdade a quebra do sigilo telefônico é apenas a publicização 
para a autoridade pública das ligações efetuadas pelo investigado, com o 
seu tempo de duração, dia e hora em que foi feita, destinatário da 
comunicação, etc. 
 
Assim, veja que não se confundem esses conceitos. Geralmente no pedido 
de interceptação,o delegado acaba representando também pela quebra de 
sigilo de dados telefônicos, de modo a dar mais robustez aos elementos de 
informação colhidos. 
 
c) escuta telefônica 
 
Nessa hipótese um terceiro capta a comunicação, assim como ocorre na 
interceptação, no entanto, um dos interlocutores é sabedor da escuta. É 
muito comum esse tipo de situação nas comunicações entre os familiares 
da vítima e os sequestradores dela. 
 
d) gravação telefônica ou gravação clandestina 
 
Ocorre quando um dos interlocutores grava a conversa sem o conhecimento 
do outro, por isso ela também é chamada de gravação clandestina. 
 
e) comunicação ambiental 
 
A comunicação ambiental é aquela que ocorre no meio ambiente, sem a 
necessidade de um meio tecnológico para que isso aconteça, ou seja, 
estamos falando de uma conversa falada, sem telefones, ou qualquer outro 
tipo de intercomunicador. 
 
f) interceptação ambiental 
 
Entendido do que se trata uma comunicação ambiental, podemos afirmar 
que a interceptação ambiental ocorre quando um terceiro capta a 
comunicação de duas pessoas que o desconhecem. Um exemplo que pode 
ser dado é quando dois traficantes realizam uma comunicação na rua e 
policiais gravam a cena por meio de uma câmera ou de um microfone. 
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g) escuta ambiental 
 
A escuta ambiental ocorre quando um terceiro efetua a captação de uma 
conversa entre duas pessoas e uma delas sabe da existência do terceiro e 
da captação da comunicação. 
 
h) gravação ambiental 
 
A gravação ambiental é a captação efetuada por um dos comunicadores, 
sem o conhecimento do outro. Geralmente é levada a efeito com o uso de 
gravadores minúsculos, que podem ser escondidos até na lapela do paletó. 
 
A doutrina majoritária e moderna entende que a Lei n°. 9.296/96 aplica-
se a interceptação telefônica e à escuta telefônica, não sendo reguladas 
pela referida lei as demais espécies acima mencionadas. 
 
Outro ponto teórico importante é que a interceptação telefônica é matéria 
reservada a atividade jurisdicional, ou seja, não pode ser determinada de 
ofício pelo delegado de polícia, sendo necessária a representação pela 
medida ao juiz competente para o processo penal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.1 Análise da Lei n° 9.296/96 
 
Professor, e se a interceptação for 
deferida por um juiz de 1° grau e 
durante as escutas das 
comunicações a autoridade ficar 
sabendo do envolvimento de um 
deputado federal no crime? 
Excelente pergunta, Aderbal! Nesse caso 
não haverá problemas e nem vícios na 
interceptação deferida, sendo plenamente 
legítima. 
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Vamos a partir de agora verificar alguns dispositivos interessantes dessa 
lei que possam nos ser úteis na produção da peça prática. 
 
Essa representação é bem simples de se perceber, geralmente ela é cabível 
quando existe o número da linha telefônica ou do terminal de acesso 
de algum aparelho, como um smarthphone ou outro dispositivo 
intercomunicador em que se quer efetuar a interceptação. 
 
Portanto, identificar a peça não será uma matéria das mais difíceis, logo se 
a identificação não é difícil, a feitura da peça será muito simples também. 
 
Art. 1º A interceptação de comunicações 
telefônicas, de qualquer natureza, para prova 
em investigação criminal e em instrução 
processual penal, observará o disposto nesta 
Lei e dependerá de ordem do juiz competente 
da ação principal, sob segredo de justiça. 
 
Esse dispositivo é bem autoexplicativo, pois nele pode-se observar que a 
interceptação é possível apenas para prova em investigação criminal 
e em instrução penal. 
 
Fica apenas uma crítica à técnica legislativa, no que diz respeito à palavra 
“prova”, pois na fase de inquérito ou investigatória, não se colhem provas, 
mas elementos de informação, isso porque prova deve ser aquela que 
em sua produção é respeitado o contraditório. No inquérito, em regra, não 
há essa necessidade, portanto, a melhor expressão seria elementos de 
informação. 
 
Além disso, esse artigo nos traz a reserva de jurisdição a que fica sujeita a 
medida cautelar probatória em estudo, ou seja, apenas o juiz competente 
para a ação principal poderá determinar a interceptação. 
 
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-
se à interceptação do fluxo de comunicações 
em sistemas de informática e telemática. 
 
Durante muito tempo esse parágrafo foi alvo de ações de 
inconstitucionalidade, usando como base o art. 5°, XII, da CF/88, onde se 
prevê, em uma interpretação mais literal, que apenas as comunicações 
telefônicas estão sujeitas à interceptação, no entanto, o STF já decidiu pela 
constitucionalidade do referido dispositivo da lei, ampliando o sentido que 
o constituinte quis dar ao dispositivo. 
 
Assim, não apenas as comunicações telefônicas, mas também as 
comunicações escritas (e-mail, mensagens de texto, mensagens de 
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whatsapp, facebook, etc.) podem ser alvo de interceptações a serem 
deferidas pelo poder judiciário. 
 
Hoje em dia inclusive, em algumas hipóteses, as comunicações escritas são 
até mais comuns que as comunicações faladas. Por isso a lei teve de prever 
essa evolução tecnológica para se fazer valer a pena. 
 
Art. 2° Não será admitida a interceptação de 
comunicações telefônicas quando ocorrer 
qualquer das seguintes hipóteses: 
 
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou 
participação em infração penal; 
 
II - a prova puder ser feita por outros meios 
disponíveis; 
 
III - o fato investigado constituir infração 
penal punida, no máximo, com pena de 
detenção. 
 
Excelente dispositivo para a nossa aula, estamos diante das hipóteses de 
cabimento e requisitos cautelares da medida, aquilo que você utiliza para 
a fundamentação jurídica da sua peça. 
 
Mais uma vez a lei não foi muito feliz na sua redação, pois prevê as 
hipóteses em que não é cabível a interceptação, ou seja, vamos ter de 
fazer o raciocínio a contrario sensu do dispositivo acima. 
 
Ou seja, será cabível a interceptação das comunicações telefônicas quando: 
 
I – Houver indícios razoáveis da autoria e participação em infração 
penal 
 
II – A prova não puder ser feita por outros meios 
 
III – O fato investigado constituir infração penal punida com 
reclusão. 
 
Veja que nos casos acima teremos a hipótese de cabimento e os requisitos 
cautelares para a concessão, lembrando que os requisitos acima devem ser 
cumulativos, ou seja, devemos ter uma infração punível com reclusão, para 
início de conversa. Caso não seja uma infração dessa natureza, não 
poderemos vislumbrar a hipótese de interceptação. 
 
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Os requisitos cautelares são dois elementos, que são o fumus boni iuris 
e o periculum in mora. Aqui voltamos às expressões do direito processual 
civil, uma vez que se trata de uma cautelar probatória. 
 
O requisito do fumus boni iuris se traduz nos indícios de 
autoria/participação em crime punido com reclusão. 
 
Ou seja, na sua fundamentação você deverá demonstrar que há fortes 
indícios da participação ou da autoria do investigado/indiciado no crime sob 
análise. 
 
Por outro lado, o periculum in mora se demonstra quando da necessidade 
da medida, ou seja, se não a adotarmos, a investigação não poderá concluir 
sua finalidade, que é demonstrar a autoria ou participação e a materialidadedo delito. 
 
Quando no art. 2°, II, a lei menciona que a prova não poderá ser realizada 
por outro meio, o sentido do dispositivo é dizer que a interceptação é a 
ultima ratio em se tratando de meios investigatórios. 
 
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve 
ser descrita com clareza a situação objeto da 
investigação, inclusive com a indicação e 
qualificação dos investigados, salvo 
impossibilidade manifesta, devidamente 
justificada. 
 
Nesse dispositivo estamos diante de um requisito que deve constar na sua 
peça, ou seja, descrever com clareza quem está sob investigação, qual o 
objeto dela, salvo impossibilidade de fazê-lo. 
 
Art. 3° A interceptação das comunicações 
telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, 
de ofício ou a requerimento: 
 
I - da autoridade policial, na investigação 
criminal; 
 
II - do representante do Ministério Público, na 
investigação criminal e na instrução 
processual penal. 
 
Aqui estamos diante da legitimação que a lei defere ao delegado de 
polícia para representar pela medida. 
 
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Mais uma vez uma falha técnica da lei, quando ela menciona que a 
autoridade policial poderá requerer ao juiz, quando na verdade a 
expressão correta é a representação pela autoridade policial. 
 
Art. 4° O pedido de interceptação de 
comunicação telefônica conterá a 
demonstração de que a sua realização é 
necessária à apuração de infração penal, com 
indicação dos meios a serem empregados. 
 
§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir 
que o pedido seja formulado verbalmente, 
desde que estejam presentes os pressupostos 
que autorizem a interceptação, caso em que a 
concessão será condicionada à sua redução a 
termo. 
 
Aqui estamos diante do modus operandi da medida, ou seja, a autoridade 
policial deverá demonstrar em sua peça que a medida é necessária e os 
meios pelos quais ela se dará, quais instrumentos serão utilizados. 
 
O § 1° prevê a possibilidade de pedido verbal. Não é a regra, mas pode ser 
feito excepcionalmente. 
 
 
§ 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro 
horas, decidirá sobre o pedido. 
 
O § 2° nos remete à urgência da medida, pois o juiz terá o prazo de apenas 
24 horas para decidir sobre o pedido. Lembrando que se trata de um prazo 
impróprio, no qual o juiz poderá extrapolá-lo quando estiver com acumulo 
de serviço, o que acontece comumente na prática. 
 
Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial 
conduzirá os procedimentos de interceptação, 
dando ciência ao Ministério Público, que 
poderá acompanhar a sua realização. 
 
Aqui fica claro que a autoridade policial é a responsável pela realização da 
medida, ou seja, quem conduz a operação de interceptação é sempre a 
autoridade policial. 
 
O Ministério Público, na qualidade de fiscal da lei e titular da ação penal, 
deverá ser cientificado da execução da medida. 
Veja nesse dispositivo como é importante a presença da autoridade policial, 
ela é que vai conduzir a operação, efetuar as escutas e degravações e 
inclusive processos de identificação de voz quando necessários. 
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Art. 7° Para os procedimentos de 
interceptação de que trata esta Lei, a 
autoridade policial poderá requisitar serviços 
e técnicos especializados às concessionárias 
de serviço público. 
 
Esse dispositivo é destinado às operadoras de telefonia ou outro serviço 
público envolvido na interceptação. Veja que a autoridade policial poderá 
oficiar essas instituições no sentido de obter auxílio na execução dessa 
cautelar. 
 
3. Representação por busca domiciliar 
 
3.1 Legitimação 
 
A legitimação para representar por essa medida está consubstanciada no 
art. 3°, I, da lei 9.296/96. Vejamos: 
 
Art. 3° A interceptação das comunicações 
telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, 
de ofício ou a requerimento: 
 
I - da autoridade policial, na investigação 
criminal; 
 
Ou seja, a autoridade policial, na condução das investigações, quando 
cabível e necessária, poderá representar pela concessão dessa cautelar. 
 
Lembre-se de que essa previsão legal deverá constar de seu preâmbulo. 
 
3.2 Fundamentos de fato ou Fatos 
 
Aqui é a mesma coisa das aulas anteriores e das seguintes aulas também, 
acostume-se a resumir ou parafrasear um texto. Sugiro a você algumas 
técnicas de resumo de textos, que você encontra em um bom livro de 
produção textual. 
 
Você vai resumir com suas próprias palavras os fatos ocorridos, sempre 
destacando aqueles que vão servir de base para a sua fundamentação 
jurídica. 
 
Lembre de que para lhe dar um norte de como narrar os fatos sem ser 
repetitivo em relação ao que já foi mencionado no enunciado, vale a pena 
utilizar a regrinha da resposta às perguntas abaixo: 
 
O que? 
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Quem? 
 
Quando? ACONTECEU 
 
Onde? 
 
Por que? 
 
Se você conseguir responder a essas perguntas com um texto bem 
objetivo, sua narrativa dos fatos certamente ficará muito boa e a pontuação 
dessa parte estará garantida. 
 
Procure treinar essa parte quando estiver escrevendo um e-mail, ou até 
quando estiver contando uma história a algum colega. 
 
3.3 Fundamentos jurídicos 
 
A fundamentação jurídica, como sempre, é a parte que vai lhe dar mais 
pontos, nela você vai mostrar todo seu conhecimento jurídico sobre a 
medida cautelar pela qual representa. 
 
Nesse ponto você vai dividir sua fundamentação em 3 partes. A primeira 
será relativa à prática delituosa, na qual você vai tipificar o crime e 
verificar que é punido com reclusão, para que seja cabível. Como a 
natureza da pena do crime cometido é de fundamental importância para o 
cabimento da medida você pode mesclar esses dois pontos, mas caso 
queira fazer uma peça mais redonda, ou seja, sem floreios abra um tópico 
para a tipificação e outro para o cabimento. 
 
A medida será cabível quando o crime em questão for punido com reclusão, 
nos termos do art. 2°, III: 
 
Art. 2° Não será admitida a interceptação de 
comunicações telefônicas quando ocorrer 
qualquer das seguintes hipóteses: 
 
(...) 
 
III - o fato investigado constituir infração 
penal punida, no máximo, com pena de 
detenção. 
 
 
Lembrando que deve ser feita uma interpretação a contrário sensu, ou 
seja, se não é admissível quando o crime for punido no máximo com 
detenção, então o crime deve ser punido no mínimo com reclusão. 
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Esse é o cabimento da medida, os outros dois incisos referem-se aos 
requisitos cautelares. 
 
Quanto aos requisitos cautelares vamos ter de demonstrar os dois 
primeiros incisos do art. 2° da Lei. 
 
Art. 2° Não será admitida a interceptação de 
comunicações telefônicas quando ocorrer 
qualquer das seguintes hipóteses: 
 
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou 
participação em infração penal; 
 
II - a prova puder ser feita por outros meios 
disponíveis; 
 
Lembrando que aqui o a ideia é raciocinar a contrario sensu, ou seja, 
deve haver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal 
cuja pena deve ser a de reclusão. 
 
O segundo requisito é o chamado ultima ratio, ou seja, o candidato aqui 
deverá demonstrar que a interceptação é a única forma de prosseguir na 
investigação. 
 
Essa informação você vai ter de ter faro de delegado para perceber na 
questãoonde está sendo mencionado que já foram tentados todos os tipos 
de diligência, e está sendo praticamente impossível prosseguir nas 
investigações caso não seja deferida a interceptação telefônica. 
 
Mais uma vez aqui a ideia é ter faro de delta, sangue de polícia. Durante o 
enunciado você perceberá que as informações do enunciado levarão você 
a essa conclusão. 
 
Ademais, quando a peça for uma interceptação das comunicações 
telefônicas, saiba que você estará diante de um número de telefone ou 
terminal de acesso a um equipamento como um computador. 
 
Isso já te dará 90% de certeza de que a peça é uma representação dessa 
natureza 
 
 
 
 
 
 
Entendeu então que se o enunciado 
mencionar um número de telefone você 
estará com muitas chances de já ter 
identificado a peça. Você deverá verificar 
os demais requisitos, mas esse já lhe 
mostrará o caminho a ser seguido. 
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Em resumo a fundamentação jurídica é simples, basta você demonstrar 
esses pontos que mencionei com aquela clareza e raciocínio jurídico comum 
ao futuro delegado de polícia. Destaco o requisito de ultima ratio, esse 
costuma dar trabalho, mas basta você pensar que sem a interceptação será 
impossível chegar a autoria do crime sob investigação. 
 
3.4. Pedido 
 
Vamos agora falar um pouco sobre o pedido que deverá estar na sua peça, 
você já esta chegando ao final da sua representação. 
 
Assim como na representação pela busca domiciliar, aqui temos um detalhe 
importante, que é o número do telefone a ser interceptado. Já falamos 
muito dele na parte de identificação da peça e nos fundamentos jurídicos 
dela. 
 
Você deverá dar um desfecho a sua peça mencionando objetivamente que 
representa pela interceptação no número XXXX-XXXX, uma vez que a 
medida não pode ser deferida para qualquer número ou para os números 
cadastrados em uma família ou grupo de amigos, a medida deve ser 
certeira, portanto, você deve ter bons indícios de que naquele número 
teremos conversas sobre o cometimento do delito. 
 
A ideia aqui é parecida com a do endereço na busca domiciliar. Você estará 
relativizando um direito fundamental, ou seja, a inviolabilidade das 
comunicações telefônicas, portanto, não poderá fazer isso às cegas. 
 
Vale a pena mencionar a urgência da medida tanto no início quanto no final, 
pois a própria lei carrega em seu texto que o juiz deverá decidir o pedido 
em 24 horas. Então sugiro que você solicite andamento em caráter de 
urgência, tendo em vista o que a própria lei prevê. 
 
 
 
Art. 4° O pedido de interceptação de 
comunicação telefônica conterá a 
demonstração de que a sua realização é 
necessária à apuração de infração penal, com 
indicação dos meios a serem empregados. 
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§ 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro 
horas, decidirá sobre o pedido. 
 
Assim, você demonstrará que conhece bem todas as particularidades da lei 
e sabe como agir amparado por ela. 
 
Por fim, você não pode esquecer que essa medida possui prazo certo para 
terminar. Isso ocorre por conta do caráter invasivo da interceptação. A 
polícia não pode ficar escutando e degravando as suas comunicações como 
se não houvesse fim para tal medida. 
 
O prazo está previsto na própria lei. Vejamos: 
 
Art. 5° A decisão será fundamentada, sob 
pena de nulidade, indicando também a forma 
de execução da diligência, que não poderá 
exceder o prazo de quinze dias, renovável por 
igual tempo uma vez comprovada a 
indispensabilidade do meio de prova. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A doutrina e a jurisprudência dos tribunais superiores e do supremo são 
uníssonas no sentido de haver a possibilidade de prorrogações sucessivas, 
desde que presentes os requisitos de cabimento e cautelaridade. 
 
Ah, entendi professor, então eu 
menciono que que represento 
pela concessão da medida por 
15 (quinze) dias com 
prorrogação por mais 15 
(quinze). 
Cuidado Aderbal, você não deve mencionar 
qualquer prorrogação nessa representação 
inicial. Eventuais pedidos de prorrogação 
serão feitos em outras representações, 
posteriores a essa, em que você deverá 
demonstrar outros requisitos, parecidos, mas 
com algumas peculiaridades. 
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Cuidado apenas para não mencionar que você já requer prorrogação, caso 
faça isso, além de mostrar que a sua investigação não é eficiente, pois 
antes de se iniciar você já estará pedindo prorrogação de prazo, você ainda 
estará agindo sem embasamento legal nesse primeiro pedido. 
 
Portanto, no seu pedido é fundamental o número do telefone e o prazo da 
medida. 
 
4. Modelo de representação por interceptação das comunicações 
telefônicas 
 
Vamos agora estruturar o nosso modelo, que você deve memorizar. Poucas 
coisas vão mudar em relação à representação pela busca. O modelo será 
até mais simples 
 
4.1 Endereçamento 
 
O endereçamento continua sendo muito importante, no caso de 
interceptação telefônica, geralmente ela é endereçada ao juízo de direito 
da comarca onde ocorreu o delito. Lembre-se também que se o crime for 
de homicídio, teremos que representar ao presidente do tribunal do júri. 
 
Aqui é aquele básico de competência. Recomendo que se você tiver dúvida, 
volte para a parte de processo penal, onde se estuda a competência no 
CPP, pois lá estarão bem claras as principais regras para identificar o juízo 
competente. 
 
Lembrando mais uma vez que você só deve colocar a cidade se for 
mencionado isso no enunciado, na dúvida, deixe aquele velho espaço em 
branco, para não perder pontos e nem ser prejudicado totalmente com uma 
possível identificação de prova. 
 
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE __________ ou (JUIZ PRESIDENTE DO 
TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE ____________). 
 
4.2 Preâmbulo 
 
Após o endereçamento você vai saltar algumas linhas, no máximo 2, e e 
vai mencionar que a medida é urgente, vale a pena mencionar esse detalhe 
na sua peça, uma vez que mostra que conhece as previsões legais e ainda 
valoriza seu pedido, salientando ao juiz que, nos termos da lei ele possui 
um prazo específico para decidir sobre a representação. 
 
Importante também mencionar o número do inquérito, caso esse seja 
mencionado no enunciado ou apenas referir-se ao inquérito e deixar o velho 
espaço em branco. 
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O preâmbulo, cujo modelo segue abaixo, possui as mesmas características 
dos preâmbulos já vistos nas aulas anteriores, com as modificações 
relativas às legislações pertinentes. 
 
“A Polícia Civil do estado do _________, por meio do seu Delegado 
de Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são 
conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 3°, I; art. 2°, §1°, 
da Lei 12.830/2013, bem assim pela (citar a lei que regulamenta 
as atribuições da polícia civil do estado para o qual está prestando 
concurso), vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa 
Excelência, representar pela interceptação das comunicações 
telefônicas do número XX-XXXX-XXXX, pelos fundamentos de fato 
e de direito que a seguir passa a expor”. 
 
Veja como é importante mencionar o número do terminal que você quer 
interceptar, isso é na verdade um requisito para que você possa interceptar 
as comunicações. Lembre-se de que esse tipo de pedido não pode ser 
genérico, deveser certeiro, por entrar na seara particular de um indivíduo. 
 
Um bom preâmbulo já mostra conhecimento. Citar a lei 12.830/2013 
comprova que você tem sangue de delegado e que vai procurar valorizar 
as suas atribuições quando no exercício delas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.3 Fatos 
 
Mais uma vez não temos muito a acrescentar ao que já foi dito acima, você 
vai ser medido pelo poder de síntese que pode apresentar. Não 
Professor, o preâmbulo é sempre igual, mudando 
apenas algumas coisas, nas suas aulas essa parte 
parece ser até repetitiva, não tem outros modelos 
de preâmbulo não? 
Prezado Aderbal, sua pergunta é muito boa, e deve 
ser a pergunta de muitos dos nossos alunos. A ideia 
do nosso curso é condicionar você a memorizar um 
modelo cada vez mais enxuto de peça. Aquilo que for 
repetitivo é melhor ainda para você memorizar. 
Preocupe-se apenas com as diferenças entre as peças. 
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negligencie esse ponto, pois o examinador pode já não gostar muito da sua 
peça, caso os fatos não sejam corretamente narrados. 
 
Procure parafrasear o enunciado, tentando não ser tão repetitivo. 
Responder àquelas perguntas que já mencionei anteriormente pode ser um 
bom norte a ser seguido. 
 
Na peça de interceptação, mencione as diligências que já foram 
empreendidas e não renderam frutos, ou que tiveram resultados não 
esperados. Ou seja, tente mostra ao juiz que a última coisa a ser feita é a 
representação pela interceptação. Mencionar nos fatos essas diligências 
pode ressaltar o seu conhecimento da peça. 
 
No entanto, você não pode inventar fatos, isso é terminantemente 
proibido, sob pena de ter a peça “zerada” pela identificação da prova. 
 
4.4 Fundamentos jurídicos 
 
Na parte dos fundamentos o ideal é você desdobrá-la em 3 pontos, quais 
sejam, do crime sob investigação, do cabimento, dos requisitos 
cautelares. 
 
No caso da peça que estamos estudando, vale a pena você mencionar, 
assim como na busca domiciliar, que a inviolabilidade das comunicações 
telefônicas não pode servir de salvaguarda para acobertar o cometimento 
de delitos e que em prol do princípio do “in dubio, pro societate”, a medida 
se faz necessária à elucidação do crime e à cessação da atividade delituosa. 
 
Aqui, se você mencionar que a medida se subordina à reserva de jurisdição, 
vai ficar melhor ainda, pois o juiz vai entender que você, na qualidade de 
delegado de polícia reconhece os limites legais e constitucionais de sua 
atuação. 
 
No cabimento você deve mencionar que o crime sob investigação possui 
pena de reclusão, veja que não importa a quantidade de pena, mas a sua 
natureza. 
 
Veja ainda que isso está intrinsecamente ligado à tipificação do crime, que 
você já vai ter mencionado. 
 
4.5 Do Pedido. 
 
No pedido já foi mencionado que você deve representar pela medida 
sempre de forma objetiva, cuidado com o verbo, pois o delegado de 
polícia representa e não requer, quem requer é o membro do MP. 
 
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Não se esqueça de mencionar o número do telefone ou do terminal de 
acesso que será interceptado, sem essa informação a sua representação 
será indeferida, certamente e sua peça terá uma nota reduzida. 
 
Outro ponto importantíssimo é o prazo. Toda medida cautelar que tiver 
prazo definido em lei deve ter ele em seu pedido, pois é relevante para o 
decorrer das investigações, saber que o prazo se esvai em 15 (quinze) dias, 
no que concerne à interceptação das comunicações telefônicas. 
 
“Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito 
já expostos, representa, essa autoridade policial, pela 
interceptação das comunicações telefônicas no número de telefone 
XX-XXXX-XXXX, a ser conduzida por essa autoridade policial ou que 
lhe faça as vezes, pelo prazo de 15(quinze) dias, por ser a medida 
de direito adequada ao caso conforme se demonstra na 
fundamentação exposta, visando a continuidade das investigações 
policiais, após a oitiva do ilustre membro do Ministério Público”. 
 
Nestes Termos. Pede Deferimento. 
 
Local, data. 
 
Delegado de Polícia 
Matrícula.” 
 
Vamos agora colocar tudo isso em um modelo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE __________ ou (JUIZ PRESIDENTE DO 
TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE ____________). 
 
URGENTE – 24 (VINTE E QUATRO) HORAS (art. 4°, §2°, da Lei 9.296). 
 
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DISTRIBUIÇÃO SIGILOSA 
 
Ref. Inquérito policial n°___ 
 
“A Polícia Civil do estado do _________, por meio do seu Delegado 
de Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são 
conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 3°, I, da Lei n° 
9.296/96; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela (citar 
a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para 
o qual está prestando concurso), vem, mui respeitosamente, a 
presença de Vossa Excelência, representar pela interceptação das 
comunicações telefônicas do número XX-XXXX-XXXX, pelos 
fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor”. 
 
1. Dos fatos 
 
 
 
2. Dos fundamentos jurídicos 
 
2.1 Da Prática delituosa 
 
 
 
2.2 Da reserva de jurisdição 
 
 
 
 
 
 
2.3 Do cabimento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.4 Dos requisitos cautelares 
 
 
 
 
 
Narrativa dos fatos, conforme instruções já mencionadas. 
Vale a pena demonstrar a tipificação do crime cometido. 
Mencione que a medida é cabível, pois o crime sob investigação 
sujeita-se a pena de reclusão, nos termos do art. 2°, III, da Lei 
n° 9.296/96. 
Aqui mencione que a medida se sujeita à reserva de jurisdição, 
invocando a proteção constitucional domiciliar, sempre 
ressaltando que a constituição não pode servir de manto de 
acobertamento da prática delituosa. 
Nesse ponto você vai demonstrar os outros dois incisos do art. 2° 
da referida lei. 
 
 Inciso I: Prova da existência do crime e indícios suficientes 
de autoria ou participação. 
 
 Inciso II: Necessidade da medida. Ultima ratio. Provar que 
essa é a única medida capaz de prosseguir a investigação. 
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3. Do pedido 
 
“Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito 
já expostos, representa, essa autoridade policial, pela 
interceptação das comunicações telefônicas no número de telefone 
XX-XXXX-XXXX, a ser conduzida por essa autoridade policial ou que 
lhe faça as vezes, pelo prazo de 15(quinze) dias, por ser a medida 
de direito adequada ao caso conforme se demonstra na 
fundamentação exposta, visando a continuidade das investigações 
policiais, após a oitiva do ilustre membro do Ministério Público”. 
 
Nestes Termos. Pede Deferimento. 
 
Local, data. 
 
Delegado de Polícia 
Matrícula.” 
 
Vejam que não é muito longa e não requer muitos detalhes a produção da 
representação por interceptação das comunicações telefônicas. Ademais, a 
sua identificação é muito simples. 
 
Vamos agora ao exercício de prova. 
 
Escolhi para a nossa aula uma questão recente, da última prova da Polícia 
Civil de Santa Catarina – PCSC, prova realizada em 2014, o concurso está 
em andamento. 
 
 
 
 
 
 
 
5. Questões comentadas de prova. 
 
Questão 1. (Adaptada pelo Prof. Vinícius Silva) 
 
Delegado de Polícia - Concurso: PCSC - Ano: 2014 - Banca: ACAFE - 
Disciplina: Direito Processual Penal - Assunto:Provas. 
 
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Denúncia anônima que chegou à Delegacia de Polícia dá conta de 
que Mario Mendes e Ciro Fontes estariam inserindo elementos 
inexatos em operações de natureza fiscal relativas ao ICMS, 
visando fraudar a fiscalização tributária, das empresas de laticínios 
Indústria de Laticínios Companhia do Leite e Leite Bom Indústria 
Alimentícia Ltda. Apesar dos indícios apontarem o envolvimento 
dos investigados em crime de sonegação fiscal, a investigação 
chegou a um impasse, pois não foi possível elucidar, com os 
levantamentos de campo e de informações, qual a participação de 
cada um dos investigados, acrescido do fato de que o investigado 
Ciro Fontes faz constantes viagens internacionais. Dados do 
Inquérito: N. 0124/2014; Primeira Delegacia de Polícia da Comarca 
de Lages, Rua das Palmeiras, 357, Lages. Do que foi até agora 
apurado tem-se: a) - Indústria de Laticínios Companhia do Leite, 
com sede na rua das Acácias, 123, Lages - Sócios Mario Mendes e 
Ciro Fontes; b) - Leite Bom Indústria Alimentícia Ltda., com sede na 
rua das Laranjeiras, 456, Lages - Sócios Ciro Fontes e Mario 
Mendes; c) - Mario Mendes – brasileiro, caso, empresário, residente 
à rua Pessegueiro, 687, Lages - celular (Claro S/A) (49) – 9112 – 
7070, CPF 400 401 402 – 88; d) – Ciro Fontes – brasileiro, casado, 
empresário, residente à rua das Videiras, 581, Lages – celular 
(Claro S/A) (49) – 9112 – 8080, CPF 500 501 502 – 99; e) - registro 
da caminhonete Mitsubishi L200, placas XXX - 0123, utilizada por 
Ciro Fontes, em nome da Samira Mendes Lima, CPF 800 801 802 -
83; f) - registro, em nome da Samira Mendes Lima, do veículo 
Honda Civic, ano 2013/2014, placas XXX - 0456, que até 
21/1/2014 estava registrado em nome da empresa Leite Bom 
Indústria Alimentícia Ltda; g) – registro de veículos particulares, 
utilizados por Mario Mendes e seus familiares, em nome de 
terceiros: - Citroen C4 Palas, placas XXX- 1111- registrado em 
nome de Murilo Garcia – CPF 100 101 102 – 76; - BMW, placas XXX 
– 2222, registrado em nomes de Cássio Meira, CPF 200 201 202 – 
67; - Mitsubishi Pajero Full, placas XXX - 3333, registrado em nome 
de Felipe Lima, CPF 300 301 302-57; h) - inexistência de patrimônio 
nas empresas Indústria de Laticínios Companhia do Leite e Leite 
Bom Indústria Alimentícia Ltda. i) - incompatibilidade entre volume 
de produção, o constante nos registros de estoque da empresa e o 
constante nos registros fiscais de saída de produtos, decorrente das 
vendas. Analise o anteriormente relatado e, como Delegado de 
Polícia, sem criar novos dados, elabore pedido de interceptação 
telefônica. 
 
Comentário e modelo de peça proposto. 
 
Inicialmente, eu vou aproveitar para mostrar meu parecer acerca da 
questão acima, apresentando os aspectos teóricos relevantes e o modelo 
de peça sugerido por min. 
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Essa questão originalmente tinha muitos detalhes técnicos que foram 
omitidos por min. Na época da prova ela foi bastante criticada, pois o 
espelho de correção mencionou muitos detalhes técnicos que não são 
costumeiramente cobrados em prova. 
 
Assim, de modo a deixar a prova mais adequada a realidade, a banca 
exagerou na cobrança de detalhes. Acabamos por modificar a questão, 
deixando apenas aquilo que de maior brilho a questão possuía. 
 
O crime a ser investigado trata-se de sonegação fiscal, uma vez que o 
enunciado nos mostra que há uma série de indícios que demonstram essa 
prática delituosa por parte dos sócios das empresas em questão. 
 
O aluno poderia pensar na aplicação da Súmula Vinculante n° 24, pois ela 
prevê que não se tipifica crime material contra a ordem tributária antes do 
lançamento definitivo. 
 
No entanto, em provas de Delta, o ideal é defender a inaplicabilidade da 
referida súmula na investigação policial. Inclusive esse posicionamento foi 
cobrado na última prova da Polícia Federal. Assim, acostume-se com essas 
posições ligadas ao concurso para o qual você está prestando. 
 
Esse crime possui pena privativa de liberdade de reclusão de 2 a 5 anos 
sendo assim cumprido o requisito de cabimento da medida a ser 
representada. 
 
Por outro lado, a investigação encontra-se com um impasse, no qual a 
autoridade está a definir a conduta de cada um dos investigados, para 
assim concluir o inquérito policial. 
 
Ou seja, a questão deixa claro que a ideia é representar pela interceptação, 
uma vez que é a única medida de que pode levar a autoridade policial à 
individualização das condutas. 
 
Assim, a medida cabível é a representação pela interceptação das 
comunicações telefônicas. A questão já deu a dica dos números de telefone, 
então vamos representar pela interceptação. 
Modelo de peça: 
 
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE LAGES-SC. 
 
URGENTE – 24 (VINTE E QUATRO) HORAS (art. 4°, §2°, da Lei 9.296). 
 
DISTRIBUIÇÃO SIGILOSA 
 
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Ref. Inquérito policial n°0124/2014 
 
A Polícia Civil do estado de Santa Catarina, por meio do seu Delegado de 
Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são 
conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 3°, I, da lei 9.296/96; art. 
2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela (citar a lei que regulamenta 
as atribuições da polícia civil do estado para o qual está prestando 
concurso), vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, 
representar pela interceptação das comunicações telefônicas dos números 
(49) – 9112 – 7070 e (49) – 9112 – 8080, pelos fundamentos de fato e de 
direito que a seguir passa a expor. 
 
1. Dos fatos 
 
Tratam os autos de investigação acerca da prática de crime de sonegação 
fiscal. 
 
As diligências até agora perpetradas pela equipe operacional dessa 
delegacia dão conta de que os investigados Mario Mendes – brasileiro, 
casado, empresário, residente à Rua Pessegueiro, 687, Lages e Ciro Fontes 
– brasileiro, casado, empresário, residente à rua das Videiras, 581, Lages, 
na qualidade de sócios das empresas Indústria de Laticínios Companhia do 
Leite e Leite Bom Indústria Alimentícia Ltda, estariam inserindo dados 
falsos nas operações comerciais das empresas, com o fito de fraudar a 
fiscalização tributária e por conseguinte o recolhimento de ICMS. 
 
As investigações apontam ainda um patrimônio elevado que os sócios 
ostentam por meio de veículos importados e viagens internacionais. 
 
Neste momento a investigação encontra-se parada, aguardando elementos 
que possam definir as condutas de cada um dos investigados em meio à 
prática delituosa a ser tipificada no próximo item. 
 
2. Dos fundamentos jurídicos 
 
2.1 Da Prática delituosa 
 
No caso acima narrado, pode-se perceber que há fortes indícios de que os 
investigados estão incursos nos crimes do art. 1°, I e II, da Lei n° 8.137/90. 
 
Os investigados supostamente estão inserindo dados inexatos nos 
documentos fiscais com a finalidade de fraudar a fiscalização tributária e o 
recolhimento de impostos, notadamente o ICMS. 
 
Assim, a conduta amolda-se perfeitamente no tipo penal previsto no 
diploma legal referido. 
 
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2.2 Da reserva de jurisdição 
 
A medida cautelar adequada ao prosseguimento das investigações é sujeita 
à reserva de jurisdição, uma vez que envolve um direito 
constitucionalmenteprotegido, que é a inviolabilidade das comunicações 
telefônicas. 
 
O juiz deve atuar na proteção da coletividade, não podendo admitir que 
uma conduta delituosa seja levada a efeito e acobertada pelo manto da 
inviolabilidade de comunicação telefônica, pois isso causaria um 
desequilíbrio institucional. O juiz deve usar da ponderação para o 
deferimento da medida, mesmo que cause um prejuízo à intimidade do 
investigado, prejuízo maior está sendo causado à coletividade por conta da 
prática delituosa que frauda o recolhimento de tributos. 
 
2.3 Do cabimento 
 
Conforme a tipificação acima mostrada, o crime sob investigação dessa 
delegacia no inquérito epigrafado possui pena privativa de liberdade de 
reclusão, portanto, mostra-se cabível a interceptação telefônica, nos 
termos do inciso III, do art. 2°, da Lei n° 9.296/96. 
 
2.4 Dos requisitos cautelares 
 
Os requisitos cautelares para o deferimento também se encontram 
plenamente satisfeitos, uma vez que no caso concreto há fortes indícios de 
que os investigados praticam o crime de sonegação fiscal. Vejamos. 
 
As investigações apontam a inexistência de patrimônio nas empresas 
Indústria de Laticínios Companhia do Leite e Leite Bom Indústria 
Alimentícia Ltda., bem como a incompatibilidade entre volume de produção, 
o constante nos registros de estoque da empresa e o constante nos 
registros fiscais de saída de produtos, decorrente das vendas. 
 
Na mesma toada encontra-se a aquisição de veículos utilizados pelos 
investigados em nome de terceiros que estariam participando da ação 
delituosa na qualidade de partícipes. Constam nos autos vários elementos 
de informação que confirmam a utilização de veículos de luxo pelos Srs. 
Ciro Fontes e Mario Mendes, e pelas respectivas famílias. 
 
Ou seja, isso demonstra mais ainda a ocorrência do delito, bem como a 
participação dos investigados. 
 
Assim, podemos afirmar que o requisito cautelar do inciso I, do art.2°, da 
Lei n° 9.296/96 foi cumprido. 
 
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Noutro giro, a necessidade da medida é manifesta, pois a investigação 
chegou a um impasse, não tendo elementos necessários a definir qual a 
conduta de cada um dos investigados e qual a real participação de cada um 
deles no crime. 
 
Constam ainda informações acerca dos números de telefone de cada um 
deles, ou seja, a interceptação das comunicações telefônicas ajudará a 
elucidar a participação dos investigados, pois de acordo com as conversas 
telefônicas poderemos definir qual o real papel deles na conduta criminosa. 
 
Em relação à aplicação da Súmula Vinculante n° 24, não se pode cogitar a 
sua aplicação nesse caso concreto, pois, caso contrário, a investigação 
policial em crimes dessa natureza estaria totalmente vinculada à ação da 
administração fazendária. Não se pode admitir no estado de direito que 
uma Súmula, ainda que vinculante, torne ineficaz ou condicionada a 
atividade policial. 
 
A atividade policial não pode ser engessada pelo próprio sistema 
constitucional brasileiro. Não existe nenhum direito absoluto, nem aqueles 
previstos na Constituição Federal de 1988, quanto mais uma súmula pode 
restringir a investigação policial. 
 
Assim, de acordo com a fundamentação acima, mostra-se cabível e 
necessária a interceptação das comunicações telefônicas dos investigados. 
3. Do pedido 
 
Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já 
expostos, representa, essa autoridade policial, pela interceptação das 
comunicações telefônicas dos números de telefone (49) – 9112 – 7070 e 
(49) – 9112 – 8080, a ser conduzida por essa autoridade policial ou que 
lhe faça as vezes, pelo prazo de 15(quinze) dias, por ser a medida de direito 
adequada ao caso conforme se demonstra na fundamentação exposta, 
visando a continuidade das investigações policiais, após a oitiva do ilustre 
membro do Ministério Público. 
 
Nestes Termos. Pede Deferimento. 
 
Local, data. 
 
Delegado de Polícia 
Matrícula.” 
 
Agora vou propor a você dois exercícios de peças para você treinar e 
qualquer coisa pode me procurar no fórum de dúvidas. 
 
 
 
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6. Questões propostas 
 
Questão 1 (adaptada pelo Professor Vinícius Silva): 
 
Delegado de Polícia - Concurso: PCDF - Ano: 2007 - Banca: NCE - 
Disciplina: Direito Processual Penal - Assunto: Provas. 
 
Cláudio, Delegado de Polícia do 5º Distrito Policial, instaurou 
inquérito policial para apurar crime de extorsão mediante 
sequestro. Durante a investigação a autoridade policial e seus 
agentes empreenderam diligências no sentido de encontrar a 
vítima e depois de 3 dias conseguiram encontrar o cativeiro e diante 
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da situação flagrancial adentraram o local e a resgataram, no 
entanto nenhum dos sequestradores foi encontrado no local. 
 
Levada ao IML para exame de corpo de delito, a vítima não 
apresentou nenhuma lesão. 
 
Ademais, a casa foi totalmente periciada pela equipe da perícia 
forense, não tendo esta encontrado nenhum fragmento de digitais 
no local. 
 
Durante as investigações para a descoberta do local do cativeiro, 
foram feitas algumas ligações para a família da vítima, sempre de 
um mesmo número, qual seja, 99-9999-9999. 
 
A descoberta do local do cativeiro foi feita após uma testemunha 
ter feito denúncia anônima de que havia sequestradores mantendo 
pessoa sob sua custódia. A testemunha morava vizinho ao local e 
observou várias vezes pessoas entrando e saindo do local, inclusive 
no dia do crime a referida testemunha viu o carro de placas XYZ-
1234 entrando na garagem da casa em alta velocidade e conseguiu 
vislumbrar 2 elementos saindo do carro com uma pessoa 
encapazuda e com as mão amarradas. 
 
A testemunha disse não conhecer nenhum dos dois supostos 
sequestradores, tampouco revelou ser sabedora de suas 
identidades. No entanto, conseguiu escutar diversas vezes o 
telefone celular com toque sonoro característico soar e os 
sequestradores atenderem o aparelho e conversarem sobre o 
crime. 
 
No local do cativeiro não foi encontrado nenhum aparelho celular. 
 
A vítima do sequestro informou ainda que escutou diversas vezes 
as conversas entre os sequestradores e entre eles e sua família, 
negociando o resgate. 
 
Tudo que foi apurado consta nos autos do inquérito, como os 
depoimentos da vítima e da testemunha. 
 
A polícia judiciária ainda não conseguiu identificar os autores do 
crime, embora tenha empreendido todas as diligências acima 
citadas. 
 
Na qualidade de delegado de polícia que preside o inquérito, 
represente pela medida cabível nesse momento da investigação 
visando identificar os supostos autores do crime. 
 
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Questão 2: 
 
Adaptada pelo prof. Vinicius Silva 
 
Delegado de Polícia - Concurso: PCAP - Ano: 2010 - 
Banca: FGV - Disciplina: Direito Processual Penal - 
Assunto: Inquérito Policial. 
 
Instaurado inquérito policial nº 123/10, da Delegacia Especializada 
em Entorpecentes, para apuração do crime de tráfico ilícito de 
entorpecentes, são identificados e indiciados 3 suspeitos da prática 
do crime, os quais seriam intermediários entre o traficante 
internacional que traz a droga proveniente do exterior e os 
traficantes que vendem a droga diretamente aos usuários. Osindiciados são José da Silva, João de Souza e Joaquim dos Santos. 
Com o avançar das investigações, são inquiridas várias 
testemunhas, as quais temem por suas vidas caso os indiciados 
tomem conhecimento dos seus depoimentos, bem como reunidas 
provas da participação de José, João e Joaquim no crime. 
 
Em seus depoimentos os indiciados revelaram que existe contato 
telefônico entre eles e o traficante internacional sendo para isso 
utilizado o número 88-8888-8888, por meio do qual são acertados 
os locais de entrega da droga. 
 
As testemunhas, bem como os intermediários que foram ouvidos 
não identificaram o traficante internacional, pois nunca tiveram 
contato físico com ele, apenas telefônico. 
 
Na qualidade de delegado de polícia que preside o inquérito policial 
n° 123/10, represente pela medida necessária e adequada ao caso 
a fim de prosseguir nas investigações. 
 
 
 
Bom, agora que vimos as nossas duas questões propostas da aula de hoje, 
vamos verificar as minhas propostas de peças para os dois casos propostos 
na aula 02. 
 
7. Respostas dos exercícios da aula 02. 
 
Questão 1 (adaptada pelo Professor Vinícius Silva): 
 
Delegado de Polícia - Concurso: PCRS - Ano: 2009 - Banca: IBDH - 
Disciplina: Peça Prática. 
 
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A DENARC realizou longa investigação sobre trafico de drogas no 
Bairro da Saúde, em Porto Alegre. Foram monitoradas as atividades 
de varias pessoas, inclusive com escutas telefônicas autorizadas 
pela Justiça. No dia 12.6.2009 a policia prendeu em flagrante Pedro 
de Tal, que dirigia um automóvel marca Audi, Placas XXX, de sua 
propriedade, sendo encontrados no interior do veiculo cinco 
pacotes contendo cocaína (total de 2,5 Kg). Também foi apreendida 
uma metralhadora marca Uzi, de 9mm (uso restrito), municiada 
com 25 cartuchos completos, que estava debaixo do banco do 
caroneiro. A droga foi submetida a perícia e deu resultado positivo 
para cocaína. Pedro de Tal ao ser ouvido pela autoridade policial 
disse que não trabalha no tráfico sozinho, porém não quis dizer o 
nome de seus comparsas. O relatório da seção de investigação 
mostrou ainda que as conversas telefônicas eram oriundas sempre 
de um mesmo telefone fixo, que está vinculado ao endereço Rua 
Dos Remédios, 44, Saúde, Porto Alegre. 
 
Na qualidade de Delegado de Polícia, represente pela medida de 
polícia judiciária cabível ao desbaratamento das ações delituosas, 
bem como para a conclusão das investigações. 
 
Comentário e proposta de peça: 
 
Trata-se de um caso clássico de busca domiciliar, por meio da qual a 
autoridade policial prendeu em flagrante um dos membros de uma suposta 
associação para o tráfico. 
 
O conduzido provavelmente estará incurso nos crimes de tráfico de drogas, 
porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, e há uma forte suspeita de ser 
integrante de uma associação para o tráfico, tipificada nos termos da lei de 
drogas. 
 
Veja que existe um relatório da seção de investigações mostrando que há 
ligações telefônicas oriundas de um telefone fixo, mas que não foi 
mencionado o número, ou seja, não seria possível nessa questão 
representar por interceptação telefônica, no entanto, com o objetivo de 
prender em flagrante os demais componentes da suposta associação, bem 
como apreender mais drogas e armas que podem estar em poder da 
quadrilha, o ideal seria representar pela busca domiciliar. 
 
O fundamento seria o constante no art. 240, §1°, alíneas “d” e “e”, 
especificamente, no entanto, você poderia utilizar a alínea coringa “h”. 
 
Enfim, a identificação da peça parece que é bem tranquila. Quanto a 
possibilidade de representar pela temporária, não entendo ser cabível, pois 
ao juiz, quando recebe o auto de prisão em flagrante, cabe, entre outras 
medidas converter a prisão em flagrante em preventiva, assim não é 
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interessante pedir a temporária, pois a materialidade e autoria já estão 
comprovadas em relação a ele, uma vez que foi preso em flagrante. 
 
A temporária de outros envolvidos também não é cabível, uma vez que não 
sabemos nem quem são os demais envolvidos. 
 
Ademais, há fortes indícios de que no local de onde se originam as ligações 
podem ser encontradas drogas, armas e os supostos componentes da 
associação para o tráfico. 
 
O juiz é o juízo comum, ou seja, o Juiz de Direito da Comarca de Porto 
Alegre. 
 
O endereço foi mencionado e então podemos representar tranquilamente 
pela busca. 
 
Vamos à peça. 
 
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO da _____ª VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE PORTO ALEGRE. 
 
 
Ref. Inquérito policial n°___ 
 
 
“A Polícia Civil do estado do Rio Grande do Sul, por meio do seu Delegado 
de Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são 
conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 240, § 1°, alíneas “d” e “e”; 
art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, (citar a lei que regulamenta as atribuições 
da polícia civil do estado para o qual está prestando concurso), vem, mui 
respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, representar pela 
expedição de mandado de busca domiciliar, a ser efetuada no endereço 
citado no pedido desta e em face da pessoa especificada também no 
pedido, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor”. 
 
1. Dos fatos 
 
Narram os autos, que no dia 12 de junho de 2009, Pedro de Tal foi preso 
em flagrante após operação policial oriunda de investigação desse distrito, 
que culminou na apreensão de 2,5 kg (dois quilogramas e meio) de cocaína 
(conforme laudo anexo) e uma metralhadora de uso restrito, marca UZI, 
com 25 cartuchos completos. 
 
O investigado foi trazido a esta delegacia, onde foram lavrados os 
procedimentos de praxe. Ao ser ouvido, Pedro de Tal mencionou que atua 
no tráfico juntamente com demais componentes de uma suposta 
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associação para o tráfico, contudo não quis declinar o nome dos envolvidos 
na atividade criminosa. 
 
As diligências da seção operacional dessa unidade registraram que há 
frequentes ligações telefônicas oriundas de uma linha fixa localizada no 
endereço da Rua dos Remédios 44, Saúde, Porto Alegre, envolvendo os 
investigados. 
 
2. Dos fundamentos jurídicos 
 
2.1 Da Prática delituosa 
 
As investigações da autoridade policial, notadamente o resultado do 
flagrante que foi realizado, levam à tipificação de alguns crimes capitulados 
na legislação penal extravagante, quais sejam, o de tráfico de substância 
entorpecente, tipificado ao teor do art. 33, da Lei n° 11.343/06, bem como 
o de porte ilegal de arma de fogo, todas as condutas referentes ao 
investigado Pedro de Tal. 
 
Por outro lado, o investigado supramencionado, ao que parece, após as 
diligências da equipe operacional, compõe uma associação para o tráfico, 
uma vez que citou não atuar no tráfico de drogas sozinho, mas na 
companhia de alguns comparsas que não quis declinar o nome, portanto, 
estaríamos diante da tipificação do crime de mesmo nome. 
 
2.2 Da reserva de jurisdição e da ponderação 
 
A prática delituosa não pode ser acobertada pelo manto dos direitos 
constitucionalmente previstos como individuais e fundamentais. Ou seja, 
não se pode invocar a inviolabilidade domiciliar para fins de salvaguarda da 
prática delituosa. 
 
Assim, as medidas a serem requeridas no bojo desta representação são 
medidas reservadas à atividade jurisdicional, e por isso são medidas que 
afetam diretamente um direito fundamental dos investigados. 
 
No entanto, não se tolera numestado democrático de direito a prática de 
crimes e ao mesmo tempo a proteção constitucional eventualmente 
invocada. 
 
2.3 Do cabimento 
 
A medida pleiteada nessa representação é plenamente cabível. Vejamos. 
 
A busca domiciliar verifica-se cabível, pois há fortes indícios de que no 
endereço a ser violado, em caso de deferimento, funciona a base local da 
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associação criminosa de que faz parte o indivíduo preso em flagrante, uma 
vez que as ligações telefônicas sempre são originadas daquele local. 
 
Assim, há fortes indícios de que se possam encontrar armas, drogas e até 
mesmo os demais componentes da associação para o tráfico que se 
configura no caso dos autos. 
 
Demonstra-se necessária a busca domiciliar uma vez que, no caso sob 
investigação, é imperioso para o sucesso do inquérito a busca da maior 
quantidade de objetos vinculados à prática delituosa, quais sejam armas e 
drogas, uma vez que se trata de uma associação para o tráfico, em que um 
dos seus componentes já foi preso em flagrante com uma quantidade 
considerável de cocaína e uma arma de uso restrito e munições não 
deflagradas. 
 
Portanto, deve-se proceder à busca domiciliar com o objetivo de encontrar 
demais objetos da prática delituosa. 
 
3. Do pedido 
 
Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já 
expostos, representa, essa autoridade policial, pela expedição de mandado 
de busca domiciliar no endereço Rua dos Remédios, 44, Saúde, Porto 
Alegre, com a finalidade de apreender armas e drogas, bem como subsidiar 
possível prisão em flagrante dos demais componentes da associação para 
o tráfico, por ser a medida de direito adequada ao caso conforme se 
demonstrada na fundamentação exposta, após a oitiva do ilustre membro 
do Ministério Público. 
 
Nestes Termos. Pede Deferimento. 
 
Local, data. 
 
Delegado de Polícia 
Matrícula 
 
Questão 2: 
 
(VINICIUS SILVA) No dia 22/01/2015 o estabelecimento comercial 
VIP SHOP COMÉRCIO DE ELETRÔNICOS foi vítima de um suposto 
furto, perpetrado por 3 indivíduos (B, C e D), que agiram em 
conluio, visando subtrair aparelhos de televisão do referido 
estabelecimento. 
 
Na noite do dia 22, por volta das 23:00, os três elementos 
adentraram a loja arrombando os cadeados e demais dispositivos 
de segurança física do estabelecimento, adentrando em seu recinto 
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e subtraindo 12 aparelhos Smart TV de 42 polegadas, da marca XX, 
que estavam embalados em caixas de papelão com as logomarcas 
características da marca XX. 
 
Ao saírem do estabelecimento, já no dia 23, os indivíduos se 
depararam com a ação do vigilante do local que empreendeu 
perseguição aos delinquentes, no entanto, eles dispararam contra 
o vigilante de modo a assegurar a fuga. 
 
Dias depois a proprietária da loja, a Senhora “A”, compareceu ao 
2° Distrito Policial e narrou todos os fatos, levando ao 
conhecimento da autoridade policial o fato criminoso. 
 
O vigilante foi ouvido e afirmou que poderia reconhecer os agentes 
delituosos, confirmou a versão dos fatos alegados pela proprietária 
da loja e disse que conhece os assaltantes e disse que eles 
portavam 3 armas de fogo do tipo pistola calibre 380. 
 
O Delegado responsável instaurou inquérito policial para apurar as 
condutas e os fatos e o setor operacional enviou relatório afirmando 
que na casa de um dos suspeitos, endereço à rua alpha, 12, Belo 
Monte, Cidade: Jardim, foi verificada uma intensa entrada e saída 
de pessoas sempre carregando caixas de papelão enroladas em 
lençóis que eram colocadas em carros após a entrega de dinheiro 
aos suspeitos. 
 
Foi juntada aos autos do inquérito a folha de antecedentes dos 
suspeitos B, C e D; ocasião em que foi possível comprovar que eles 
já haviam sido presos por tráfico de drogas. 
 
Diante dos fatos acima, na qualidade de delegado de polícia que 
preside o referido inquérito, represente pela medida cabível ao 
prosseguimento das diligências investigativas. 
 
Comentários e modelo de peça: 
 
Aparentemente, no caso acima, teríamos um caso clássico de crime de furto 
qualificado, pelo rompimento de obstáculo, majorado por ter sido 
perpetrado durante o repouso noturno. 
 
No entanto, para garantir o furto, os indivíduos dispararam com arma de 
fogo contra o vigilante local, o que caracteriza o roubo previsto no art. 157, 
§1°, uma vez que foi empregada violência contra a pessoa do vigilante para 
assegurar a detenção da coisa para si, circunstanciado ainda pelo uso de 
arma de fogo. 
 
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Assim, podemos tipificar a conduta como sendo incursa no dispositivo legal 
retromencionado. 
 
Por fim, podemos ainda caracterizar a conduta deles como de formação de 
associação criminosa, pois não é a primeira vez que os suspeitos B, C e D 
associam-se com o fim de cometer crimes. 
 
Portanto, verifico os requisitos do fumus comissi delicti e do periculum 
libertatis plenamente presentes nesse caso concreto, pois há prova da 
existência do crime e indícios suficientes de autoria de B, C e D. Quanto ao 
segundo requisito, na prisão temporária ele se faz presente quando, por 
exemplo, a prisão é imprescindível para o andamento das investigações. 
 
Note que no caso concreto acima, devemos ainda encontrar possíveis 
armas, objetos frutos da atividade criminosa, drogas, etc. Portanto, a 
prisão dos investigados é imprescindível para o andamento das 
investigações. 
 
Além da medida cautelar pessoal, há fortes indícios de que os investigados 
estão guardando objetos do roubo perpetrado em face da loja de 
eletrônicos na casa de um dos comparsas, haja vista o depoimento da 
testemunha que se coaduna com a atividade de comercialização dos 
aparelhos de TV. 
 
De acordo com a história narrada, vamos então poder representar pela 
prisão temporária dos investigados, bem como pela busca domiciliar, 
requerendo a expedição do mandado de busca cumulado com a prisão, na 
mesma ordem judicial, uma vez que é provável encontrar além dos objetos, 
os investigados no local da busca. 
 
Vamos à peça 
 
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO da _____ª VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE JARDIM. 
 
 
Ref. Inquérito policial n°___ 
 
 
A Polícia Civil do estado do ____________, por meio do seu Delegado de 
Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são 
conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 240, § 1°, alíneas “a”, “d” 
e “e”; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela Lei n°. 7.960/89, 
(citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o 
qual está prestando concurso), vem, mui respeitosamente, a presença de 
Vossa Excelência, representar pela expedição de mandado de busca 
domiciliar e de prisão temporária, a ser efetuado no endereço citado no 
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pedido desta e em face de B, C e D, pelos fundamentos de fato e de direito 
que a seguir passa a expor. 
 
1. Dos fatos 
 
Narram os autos, que na noite do dia 22, por volta de 23:00, três indivíduos 
adentraram a loja de eletrônicos VIP SHOP, com o intuito de subtrair 12 
aparelhos de TV SMARTV, da marca XX, de propriedade da referida loja, 
cuja proprietária é a Sr. A. 
 
Durante a fuga, os indivíduos tiveram de efetuar disparos contra a pessoa 
do vigilante da loja de modo a assegurar o produto da empreitada 
criminosa.Consta ainda depoimento da vítima e do vigilante, por meio do qual foi 
possível obter informação da identidade dos três suspeitos, bem como o 
possível endereço, onde o produto do roubo pode estar sendo guardado. 
 
2. Dos fundamentos jurídicos 
 
2.1 Da Prática delituosa 
 
As investigações da autoridade policial mostram que foram cometidos 
alguns delitos pelos três agentes. 
 
A primeira conduta que se verifica é a de roubo, aquele previsto no art. 
157, §3°, do Código Penal, uma vez que eles tiveram de usar de violência 
(disparo de arma de fogo) para assegurar o produto do furto, 
transformando-se assim a conduta em roubo circunstanciado pelo uso de 
arma de fogo. 
 
A segunda é a de formação de associação criminosa, pois os três indivíduos 
associaram-se com a finalidade específica de cometer crimes, o que condiz 
com a conduta prevista no art. 288, do Código Penal. 
 
2.2 Da reserva de jurisdição e da ponderação 
 
A prática delituosa não pode ser acobertada pelo manto dos direitos 
constitucionalmente previstos como individuais e fundamentais. Ou seja, 
não se pode invocar a inviolabilidade domiciliar, tampouco a liberdade 
ambulatorial para fins de salvaguarda da prática delituosa. 
 
Assim, as medidas a serem requeridas no bojo desta representação são 
medidas reservadas à atividade jurisdicional, e por isso são medidas que 
afetam diretamente um direito fundamental dos investigados. 
 
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No entanto, não se tolera num estado democrático de direito a prática de 
crimes e ao mesmo tempo a proteção constitucional eventualmente 
invocada. 
 
2.3 Do cabimento 
 
As medidas pleiteadas nessa representação são plenamente cabíveis. 
Vejamos. 
 
Quanto à busca domiciliar, verifica-se cabível, pois há fortes indícios de que 
no endereço a ser violado, em caso de deferimento, estão sendo guardados 
os aparelhos de SMARTV que foram objeto do roubo perpetrado. 
 
Assim, há fortes indícios de que se possam encontrar as TV’s, armas, 
drogas e até mesmo os demais componentes da associação criminosa. 
 
Quanto ao cabimento da prisão temporária dos investigados, mostra-se 
cabível, pois o crime de associação criminosa e roubo estão previstos no 
rol do art. 1°, III, da Lei 7.960/89. 
 
2.4 Dos requisitos Cautelares 
 
Primeiramente, demonstra-se necessária a busca domiciliar uma vez que, 
no caso sob investigação, é imperioso para o sucesso do inquérito policial 
a busca da maior quantidade de objetos vinculados à prática delituosa, 
quais sejam armas e drogas, bem como a recuperação do produto do 
roubo, uma vez que há fortes indícios de que os objetos do roubo estejam 
sendo guardados no endereço constante do pedido. 
 
Portanto, a busca domiciliar e posterior apreensão dos objetos é necessária 
para a investigação do crime em apreço. 
Quanto à prisão temporária dos investigados B, C e D, mostra-se adequada, 
bem como preenchidos os requisitos cautelares para o deferimento, pois é 
imprescindível para o prosseguimento das investigações em crime de roubo 
cumulado com associação criminosa (art. 288, do CP) estando assim 
preenchidos os requisitos dos incisos I e III, do art. 1°, da Lei n°. 7.960/89. 
 
3. Do pedido 
 
Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já 
expostos, representa, essa autoridade policial, pela expedição de mandado 
de busca domiciliar no endereço Rua Alpha, 12, Belo Monte, Jardim, com a 
finalidade de apreender objetos do crime, tais como armas, e também o 
produto do roubo (TV’s Smartv, marca XX), bem como subsidiar possível 
prisão em flagrante dos demais componentes da associação criminosa. 
 
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Representa também pela prisão temporária dos investigados A, B e C, pelo 
prazo de 5(cinco) dias, caso não sejam presos em flagrante em eventual 
diligência de busca domiciliar, nos termos da Lei 7.960/89. 
 
Requer-se ainda a oitiva do ilustre membro do Ministério Público. 
 
Nestes Termos. Pede Deferimento. 
 
Local, data. 
 
Delegado de Polícia 
Matrícula 
 
Por hoje é só, espero que tenham gostado da aula 03, já são 4 aulas e as 
medidas mais importantes já foram vistas, essas quatro medidas são as 
que eu suponho que possuem mais probabilidade de cair na sua prova, é 
claro que é possível a mescla de duas ou mais representações na mesma 
peça, mas as principais peças que podem vir individualmente são essas. 
 
A partir da próxima aula veremos algumas representações menos 
frequentes em provas, mas que podem ser cobradas em provas de 2ª fase 
de Delta. O exemplo mais forte é o da prova de 2014 da PCPI, pois foi uma 
prova bem original e desafiadora, que mediu muito conhecimento do 
candidato. 
 
Abraços. 
 
Bons Estudos. 
 
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