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CLOSTRIDIOSES NOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

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CLOSTRIDIOSES NOS ANIMAIS DOMÉSTICOS DOMÉSTICOS
DOENÇAS INFECCIOSAS
Serão tratados os demais Clostrídeos além do C. tetani já explicado em outra aula. 
Como já explicado, o gênero Clostridium são bactérias em forma bacilar, grandes e delgadas, retas ou curvas, gram-positivas, a maioria móveis.
· Isolamento:
São bactérias anaeróbicas estritas, esporulam na presença de oxigênio. 
Esporos aparentam saliência na célula mãe. 
São cultivados em estufas de anaerobiose. Jarras para geração de anaerobiose – jarra de MCintosh e Fields, onde se cultiva em ágar sangue.
Adição de gerador de anaerobiose (chama-se Anaerogen oxóide), procedimento mais caro. Ele esgota o oxigênio da jarra de MCintosh, desse modo o clostridium cresce livre da interferência do oxigênio.
Meios para isolamento: 
· Ágar sangue bovino ou ovino – enriquecimento com extrato de levedura, vitamina K e hemina.
· Meio tarozzi – contendo tioglicolato e fragmentos de fígado bovino.
Colônias de aspecto rizoide no meio ágar sangue bovino ou ovino.
Presença ou não de hemólise – a maioria são hemolíticos.
Produção de gás é variável, com exceção de um clostridium que os americanos chamam de “storm clostridium”, que é o perfringes.
· Habitat das bactérias do gênero Clostridium:
· Microbiota entérica dos animais
· Solos do mundo (doença telúrica)
Os esporos tem resistência. 
· Bactérias do gênero Clostridium de interesse na medicina veterinária:
· Clostrídeos neurotóxicos: Clostridium tetani (tétano) e Clostridium botulinum (botulismo).
· Clostrídeos enterotoxigênicos: Clostridium perfringes (enterotoxemia).
· Clostrídeos histotóxicos ou causadores de gangrena: C. chauvoei (manqueira), C. septicum, C. novyi, C. sordelli, C. perfringes A (gangrena gasosa)
 São envolvidos em edema maligno e gangrena gasosa
· Clostrídeo causador da hemoglobinúria bacilar: Clostridium haemolyticum.
· MANQUEIRA
Sinonímia: Carbúnculo sintomático (mas não é a ideal nomenclatura) e Black leg (chamado pelos americanos).
Definição: Enfermidade infecciosa, não contagiosa (os animais são submetidos a uma mesma situação que os leve a ter a mesma doença – casos em que vários animais estão com a doença), aguda, gangrenosa, enfisematosa, de elevada letalidade.
Porque parece infecto-contagiosa: Acomete grande número de animais; Submetidos às mesmas condições de manejo; Causa grandes perdas econômicas; Denominação “manqueira” refere-se à claudicação dos animais afetados, devido severa gangrena na musculatura e dor de membros.
Agente etiológico: Clostridium chauvoei. Esporos ficam dormentes nas massas musculares. Ausência de ferimentos prévios.
· Fatores de patogenicidade do C. chauvoei:
Potentes toxinas que provocam graves lesões no organismo hospedeiro.
- Toxina Alfa:
Ação letal, hemolítica e necrotizante;
Principal toxina causadora de necrose muscular;
Estável frente ao oxigênio;
Promove a necrose gangrenosa das massas musculares;
Possui ação letal causando a morte dos animais poucas horas após o início das manifestações clínicas, por ação deletéria em centros respiratórios (toxina potente). Não são todos os animais que morrem, alguns se consegue curar.
- Toxina Beta:
É uma DNAse ou desoxirribonuclease que atua diretamente na destruição do DNA celular, provocando efeitos letais nas células afetadas. Aumenta a gangrena.
- Toxina Gama:
Atua basicamente sobre o ácido hialurônico, que é o cemento entre as células, e seus efeitos provocam aumento da permeabilidade vascular com consequentes edemas e hemorragias.
Diminui a viscosidade tecidual e facilita a difusão da bactéria no tecido muscular onde os esporos vegetaram.
- Toxina Delta:
Neuroaminidase ou sialidase: Atua no ácido siálico presente na membrana celular.
Ação de hemolisina que destrói as junções celulares da mucina e glicoproteínas teciduais, facilitando a disseminação da bactéria e das toxinas.
· Epidemiologia:
Distribuição mundial. Acomete bovinos e bubalinos (eventualmente se registram casos em pequenos ruminantes). Não existe registro em equino.
Os esporos estão no solo contaminado pelas fezes dos animais.
Não depende de sexo, raça, estação do ano e clima.
A idade é um fator limitante – ocorrência entre 6 a 24 meses (a imensa maioria dos casos ocorrem nesta faixa etária). Casos já detectados: menor que 6 meses e maior que 24 meses, chegando até 36 meses.
Fator importante para o diagnostico diferencial com gangrena gasosa e edema maligno (será visto no diagnostico diferencial).
· Letalidade x prognóstico:
A letalidade é elevada e a evolução muito rápida.
Sempre se tem um prognostico reservado. O tratamento precoce ainda mantém o prognóstico reservado.
Qual é a realidade de campo: 
- Custo dos animais.
- Surtos.
- Tratamento “massal”: O ideal é que preventivamente se aplique compostos de múltiplas penicilinas no dia 0 e dia 5.
· Fisiopatologia da Manqueira:
Ingestão de esporos do solo durante alimentação do capim Esporos ultrapassam mucosa intestinal, sendo que alguns deles retornam ao solo através das fezes (contaminando-o) Os demais caem na circulação sanguínea, conseguindo sobreviver dentro dos macrófagos, que os levam até o fígado (não acontece nada por lá), capilares do tecido subcutâneo e para capilares das grandes massas musculares Grandes massas musculares – membros posteriores (semimembranoso e semitendinoso) e músculos dorsais, cervicais, psoas menores Em ambas essas grandes massas musculares os esporos permanecem quiescentes nas células endoteliais.
Ocorrendo o trauma nas massas musculares (por coices, quedas, vacinas com adjuvantes muito irritantes, etc.), gera: hipóxia tecidual baixa tensão de oxigênio oxidação incompleta do piruvato acúmulo de ácido lático queda do ph tecidual gera área de anaerobiose vegetação dos esporos do C. chauvoei multiplicação intensa da forma vegetativa produção das toxinas alfa, beta, gama e delta gangrena das massas musculares (patologistas classificaram como degeneração cérea de zenker).
· Quadro clínico clássico:
Animais entre 6 e 24 meses (com exceção de alguns “pontos fora da curva”).
Febre de 40° a 41°C.
Evidente claudicação de membros posteriores (as vezes podem acontecer nos anteriores).
Crepitação das massas musculares à palpação: Formação de grande quantidade de gás; Membros, dorso e região cervical cheios de gás; Rápida progressão das áreas de gangrena. 
Óbito ocorre em 12 a 24 horas (nos casos graves menos que 12 horas). Em alguns casos ultrapassa 24 horas.
Sobrevivência acima de 2 ou 3 dias – cepas menos toxigênicas, área de gangrena menor, tratamento iniciado precocemente.
· Sintomas gerais:
Apatia; anorexia; urina de coloração escura (pela mioglobinúria e hemoglobinúria – se tem nefrotoxicidade); punção da área afetada (fluído serossanguinolento com profusão de bolas de gás); lâmina de fluído corada ao gram (visualização de bacilos gram positivos em grande quantidade).
Porque ou o que contribui para a letalidade: Muitas vezes não se consegue tratar o animal adequadamente por estar à campo e pelo próprio custo do tratamento.
· Lesões anatomopatológicas macroscópicas:
Após a morte – 30 a 40 minutos ocorre o “rigor mortis” muito precoce.
Cadáver em posição de cavalete com as patas esticadas.
Sangramento pelos orifícios naturais.
Exame do cadáver: Rigor mortis precoce e exacerbado, inchaço nas áreas de lesão, sangramento pelas narinas, anus e vagina, sangue com coagulação normal, edema de grandes massas musculares, creptação. Ao corte das massas musculares – líquido serossanguinolento com muitas bolhas de gás; odor de manteiga rançosa (produção de ácido butírico); musculatura de coloração vermelho enegrecido, aspecto de carne cozida sem brilho. Grupos de fibras separadas por exsudato sanguinolento e bolhas de gás; derrames serossanguinolentos nas cavidades torácica e abdominal e saco pericárdico; petéquias e sufusões em epicárdio, endocárdio, diafragma e serosas do aparelho digestivo; sangue coagulado nos vasos (no carbúnculo hemático não haverá coágulos nunca).
· Lesões anatomopatológicas microscópicas:
Necrose de coagulação de fibrasmusculares com edema e hemorragias intersticiais.
Degeneração vacuolar e hialina de fibras musculares.
· Tratamento:
O básico é a Penicilina (compostos de múltiplas penicilinas 40.000 UI/kg).
· Diagnostico:
Anamnese – Histórico vacinal, idade dos animais;
Exame clínico – claudicação, febre, etc. Palpar massa muscular para verificar crepitação;
Exame citológico com o animal vivo – seguro e importante;
Necroscópico;
Microbiológico – cultura de fragmentos musculares e/ou de secreção serossanguinolenta;
Histopatologico (não tem necessidade).
· Profilaxia: 
Vacinação com bacterina, específica e polivalente. O C. chauvoei é morto por formaldeído e adjuvante gel de hidróxido de alumínio.
· EDEMA MALIGNO/GANGRENA GASOSA
· Etiologia:
- Edema maligno: Clostridium septicum; Clostridium novyi; Clostridium chauvoei (eventualmente). Pouco gás e muito edema.
- Gangrena gasosa: Clostridium perfringes A, B, C, D e E; Clostridium septicum; Clostridium novyi; Clostridium sordelli; Clostridium chauvoei (eventualmente).
· Potencial toxigênico:
Clostridium septicum:
Toxina alfa – Principal. Ação letal, hemolítica e necrotizante.
Toxina beta – Desoxirribonuclease, leucocidina (tóxica para leucócitos).
Toxina gama – Hialuronidase.
Toxina delta – Hemolisina. Ação no colesterol celular e também destrói hemácias.
Colagenase – Ação contra o colágeno. Perda da integridade dos tecidos (necrose).
Sialidase – Ação nos resíduos do ácido siálico. Favorece a ligação das bactérias às células.
Clostridium sordelli:
Possui toxina letal – produtora de edema.
Muito potente.
Ação intracelular, causando morte celular. 
Ação em pulmões e coração – Aumento intenso da permeabilidade vascular por lesão das células endoteliais pulmonares. Extravasamento de sangue para a cavidade torácica.
Choque.
Morte súbita.
Edema gelatinoso grave nas lesões.
Toxina B: Hemorrágica e dermonecrótica; edema generalizado; hemorragias no tecido subcutâneo e muscular.
Clostridium novyi A, B, C, D:
Causa gangrena em animais e humanos (espetar agulha em si utilizada no animal antes por ex.).
Toxina alfa – Necrosante e causadora de edemas letais.
Toxina Beta – Necrosante, letal e hemolítica.
Toxina Gama – Necrosante, hemolítica.
Toxina Delta – Hemolisina.
Lipase.
Clostridium perfringens A, B, C, D E:
Produção de quatro toxinas letais.
- Toxina Alfa: 
Principal fator de virulência da gangrena gasosa e da enterite necrótica;
É um dos componentes da vacina (toxóide na produção de vacinas);
Hidrolisa fosfolipídeos (esfingomielina e lecitina);
Destruição celular;
Ação hemolítica, dermonecrótica e letal (gangrenosa);
Aumento da permeabilidade vascular (estímulo das fosfolipases celulares e da cascata do ácido araquidônico com consequente liberação de mediadores pró-inflamatórios – leucotrienos, tromboxanos, prostaciclinas e mecanismos de ativação paquetária);
Choque e disfunções miocárdicas.
- Toxina Beta:
Principal fator de virulência das cepas B e C de C. perfringens;
Necrose celular.
- Toxina Épsilon:
Causadora de edema. Ação letal e dermonecrótica.
Aumento da permeabilidade vascular;
Aumento da permeabilidade intestinal (na enterotoxemia que está envolvido, para que as toxinas letais sejam melhor absorvidas);
Penetra a barreira hematoencefálica;
Lesões edematosas em pulmões, coração, rim e encéfalo por ação na junção das células endoteliais.
- Toxina Iota:
Promove a formação de canais paracelulares com saída de sódio e potássio, acarretando a destruição celular.
Ativada pelas proteases do trato gastrointestinal (casos de enterotoxemia).
Dermatonecrótica, citotóxica e enterotóxica induzindo lesões no trato intestinal.
- Enterotoxina:
É letal, citotóxica e enterotóxica.
Causa diarreia em suínos, ovinos, bovinos, equinos, caninos e aves.
Formação de poros – secreção de fluidos e íons para a luz intestinal.
Descamação das células epiteliais da mucosa intestinal.
- Toxina Teta:
Ação no colesterol das hemácias, causando hemólise.
Leva à edema, isquemia, redução do aporte de oxigênio (aumenta multiplicação de C. perfringes).
Ação letal, necrotizante e cardiotóxica.
- Toxina Delta:
É hemolítica e citolítica.
- Toxina Kappa:
Colagenase – ação letal e necrosante.
Na gangrena gasosa ela promove o amolecimento do tecido muscular, facilita a disseminação da toxina e promove a invasividade dos clostrídios.
 Toxina Mu: 
Hialuronidase – desenvolvimento da gangrena.
Toxina Nu:
Desoxirribonuclease – ação letal, hemolítica e citotóxica.
Destrói o núcleo de neutrófilos.
Destrói o núcleo das células musculares na gangrena gasosa.
· Quadro clínico:
Relato de ferimento prévio.
Apatia, febre, deixa de comer ...
· Necropsia:
Lesão superficial;
Lesões viscerais – pulmões (edema), coração (petequia e sufusão), rins (petequias, sufusão e escuros, pois o animal entrou em IRA devido mioglobina e hemoglobina serem nefrotóxicas), derrames cavitários.
· Diagnóstico:
Clínico, necroscópico, microbiológico e citológico.
· Tratamento:
- Entrar com Penicilina Cristalina na dose de 40.000 UI/kg IV, em seguida por via IM (longe da lesão) um Composto de Múltiplas Penicilinas 40.000 UI/kg baseado na fração benzatina; 
- Ampicilina;
- Amoxacilina de longa duração;
- Ceftiofur;
*O professor palestrante diz ter preferência entre a associação de Penicilina + Ceftiofur.
- Hidratar o animal para que o rim funcione;
- Diminuir a vasculite que a toxina está causando, para isso se usa Cortisona (Dexametasona 1 ou 2 mg/kg ou Hidrocortisona 5 mg/kg, ambos IV). Fluidoterapia com Glicose. Exames de hemograma e bioquímicos.
· Enterotoxemia:
Enfermidade tóxi-infecciosa não contagiosa.
Aguda ou super aguda. 
Absorção de toxinas pelo trato intestinal.
Toxinas produzidas por cepas de C. perfringens.
Produzidas no intestino do hospedeiro.
· Clostridium perfringens:
Habitar: intestino dos animais domésticos envolvidos.
Uma das primeiras bactérias a colonizar o intestino de bovinos, ovinos e outros ruminantes no ato do nascimento.
Produção de quatro toxinas letais (alfa, beta, épsilon e iota).
É base para a classificação em tipos ou sorotipos – A, B, C, D e E.
Todos os tipos produzem toxina alfa em comum, mas em quantidade variáveis.
Tipos de C. perfringens e relação com a patogenia nos animais domésticos:
- A: Bezerros enterite severa;
 Leitões enterite mais branda;
- B: Potros, ovinos, caprinos enterotoxemia;
 Cordeiros disenteria;
- C: Ovinos enterotoxemia;
 Bezerros e potros enterotoxemia hemorrágica de neonatos;
- D: Ovinos, caprinos e bovinos enterotoxemia;
- E: Bovinos enterotoxemia.
 
*enterite = inflamação de intestino.
*enterotoxemia = absorção de toxinas letais a partir do intestino.
Epidemiologia: Distribuição mundial; Susceptibilidade dos animais depende das condições de manejo e alimentação; Ocorrência em ordem decrescente – ovinos e caprinos, bovinos e bubalinos, equinos e suínos; Animais mais jovens – tipo C; Animais mais velhos – tipos D, A e B.
C. perfringens C e C. perfringens B: Neonatos bovinos e ovinos. São adquiridos após o nascimento (fica próximo da mãe, contato com fezes no ambiente, etc.). É sensível à digestão pela tripsina (inativa a toxina), porém neonatos não possuem tripsina entérica, logo há uma proliferação da cepa clostridiana e produção de toxinas B, havendo enterotoxemia de altíssima letalidade. O animal pode ser atendido mas não se consegue curar. 
C. perfringens B: Cordeiros abaixo de duas semanas. Excesso de colostro – inibição da tripsina que inativa a toxina produzida por essa cepa, que é a beta toxina. Quadro de enterotoxemia grave com alta letalidade.
C. perfringens A: Suínos. Comum aos 3 dias de vida (registros com 12 horas de vida). Não acomete acima de 7 dias de idade. Ninhadas de fêmeas não vacinadas – 100% letalidade.
Forma enzoótica de enterotoxemia:
- Flexibilização da idade
- Combinação de fatores predisponentes
- dieta pobre em celulose, dieta rica em proteína e glicose, acúmulo de proteínas e carboidratos não digeridos no intestino delgado, alcalose, hipotonia intestinal. Com isso proporciona a ele um ótimo meio de cultura,provocando intensa multiplicação clostridiana, produção de toxinas no intestino delgado.
- Bezerros e cordeiros criados com tecnificação
- Intensificação do uso de concentrados e rações proteicas
- Alta letalidade
- Diagnosticada com frequência em animais adultos (crescendo ao longo do tempo)
Clínica (geral): Vários animais são acometidos. A morte ocorre entre 1 e 3 dias de evolução. A produção de toxina pode ser tão grande que o animal pode ter parada respiratória e morte súbita. Diarréia com ou sem sangue, dor abdominal muito intensa, febre, desidratação e apatia. Sinais neurológicos: Andar cambaleante, desequilíbrio, convulsões, decúbito lateral, movimento de pedalagem, opistótono e evolução para óbito.
C. perfringens tipo B em ovinos neonatos: Manifestação superaguda, dores abdominais intensas, fezes líquidas ou pastosas avermelhadas. Caso sobrevivam pelo tratamento, acabam desenvolvendo EFS (encefalomalácia focal simétrica) por ação da épsilon toxina que tem ação nos receptores no SNC.
Bovinos adultos: Mudanças bruscas de alimentação, apatia, contrações musculares involuntárias, incoordenação motora, evolução para decúbito esternal, decúbito lateral, opistótono, tremores, dispneia, secreção espumosa nasal (edema pulmonar), evolução para óbito.
Necrópsia nos animais: 
- Lesões intestinais e de abomaso (jejuno e duodeno);
- Enterite catarro-hemorrágica ou fibrinonecrótica;
- Derrames cavitários serossanguinolentos;
- Efusão pleural, lesões vasculares cardíacas e renais;
- Fígado congesto e com áreas de degeneração;
- Lesões de endotélio vascular;
- Congestão e edema cerebral.
- No SNC focos microscópicos de necrose no gânglio basal, tálamo, hipocampo, substancia branca cortical e no cerebelo. O que explica a convulsão, desequilíbrio, opistótono, etc.
Diagnóstico: 
- Clínico: Anamnese; Anamnese do rebanho; Histórico vacinal; Exame clínico; Evolução (muitas vezes rápida e letal). 
- Necroscópico.
- Microbiológico – Cultura de material de intestino delgado (duodeno e jejuno), anaerobiose. Serve para qualquer faixa etária (adultos envolvidos também).
Tratamento:
- Penicilina Cristalina: 40.000 UI/kg IV
 Em seguida: Composto de múltiplas penicilinas
- Fluidoterapia
- Cortisona (choque toxêmico, vasculite)
Os resultados são pífios (muito ruins mesmo).
Doença do rim polposo – “Doença da superalimentação”
É outra doença causada pelo C. perfringens. Tem esse nome pois o rim vira “poupa”.
É uma manifestação particular de enterotoxemia.
Acomete preferencialmente ovinos. Raramente acomete caprinos. No Brasil houve relato de bovino.
Etiologia: C. perfringens tipo D, toxina Épsilon. Associação fechada com a substituição de dietas pobres por dietas ricas em carboidratos e proteínas, e com excesso de grãos. 
Epidemiologia: Ovinos de qualquer faixa etária. Maior incidência em jovens. Não afeta recém nascidos (teoria/sugestão de que talvez necessite da tripsina para liberação da toxina épsilon). Elevadíssima letalidade.
O erro alimentar: Estase intestinal; excesso de amido; favorecimento também pelo excesso de pastagem na rebrota.
Ação da toxina Épsilon:
- Aumento da permeabilidade da mucosa intestinal, favorecendo assim sua própria absorção;
- Disseminação pela corrente sanguínea;
- Ação endoteliotóxica (prejuízo da perfusão tecidual);
- Ligação em vasos do fígado, coração e pulmão.
- Consequente vasculite e aumento da permeabilidade vascular;
- Edema vasogênico;
- Edema pulmonar, petequias, sufusões, etc.
No cérebro:
- Atravessa a barreira hematoencefálica;
- Alcança endotélio bascular cerebral;
- Causa edema vasogênico na substancia branca;
- Aumento da pressão craniana;
- Lesões cerebrais microscópicas (destruição de vasos por microtrombos de plaquetas).
- Faz uma EFS (encefalomalácia focal simétrica);
- A toxina Épsilon estimula a liberação de glutamato que é neurotransmissor excitatório (sintomas neurológicos de excitação).
Mecanismo do rim polposo:
Ligação da toxina Épsilon no endotélio dos capilares da alça de Henle e nas células epiteliais dos túbulos renais.
Causa edema renal, que evolui para processo de nefrose. Rápido processo de autólise renal (cordeiros). Se terá glicosúria e filtração da toxina Épsilon pelos glomérulos.
O rim fica com aspecto de polpa de fruta.
Clínica: Morte súbita; morte entre 2 e 12 horas de evolução; diarreia; tenesmo; hiperestesia; convulsões; coma; morte. EFS nos casos agudos.
Sobrevivência: Entre 5 a 14 dias. Consequências: Diarréia, cegueira, ataxia, bruxismo, apoio da cabeça em paredes, nistagmo, paresia de membros posteriores, hiperestesia, decúbito lateral, opistótono, movimento de pedalagem.
Necropsia: Edema e congestão pulmonares; espuma em traquéia e brônquios; derrames nas cavidades torácica e abdominal; derrame no saco pericárdico; petéquias cardíacas e renais; congestão de mucosa entérica; líquido na luz do intestino. *Os derrames são sanguinolentos ou sero-sanguinolentos.
Aspecto dos rins: Amolecidos e friáveis (autólise rápida); congestos/edemaciados; rim polposo.
Diagnostico: Avaliação histórica do rebanho; clínico; necroscópico; isolamento e tipificação do agente.
Tratamento: Penicilina. “Na maioria das vezes é a busca de um milagre”.
Profilaxia: 
- Manejo alimentar correto;
- Vacinação anual dos rebanhos com vacinas polivalentes com toxóides;
- Fêmeas prenhes: Vacinar 30 dias antes do parto SEMPRE;
- Fêmeas prenhes nunca vacinadas: vaciná-las 60 e 30 dias antes do parto;
- Crias de mães vacinadas: 1 dose – 3 ou 4 meses;
 2 dose – 30 dias após;
- Sempre que iniciar vacinação de um rebanho fazer a primo dose e reforço após 30 dias.
Antígenos vacinais: Toxóides de C. perfringens A-B-C-D
 Toxóides de C. septicum
 Toxóides de C. novyi
 Toxóides de C. sordelli
 Bacterina de C. chauvoei
São toxóides das toxinas produzidas, e não do Costridium.
· BOTULISMO
· Definição: 
Enfermidade toxi-infecciosa, muito grave, causada pela neurotoxina do C. botulinum. Esta neurotoxina é a mais potente toxina biológica.
· Etiologia:
Clostridium botulinum.
Bacilo gram positivo, esporula em ambiente aeróbico, esporo sub-terminal oval, resistente a 121°C por 15 minutos na autoclave.
· Isolamento: 
Anaerobiose estrita. 3 a 5 dias de incubação a 35°C. Ágar sangue de carneiro. Colônias rizoides hemolíticas. Não se costuma trabalhar com isolamento.
· Tipos sorológicos de C. botulinum:
A, B, E, F Frequentes em botulismo na espécie humana;
C, D Botulismo em bovinos, equinos e aves;
C Botulismo em cães;
São proteínas antigenicamente diferentes.
Mesmo potencial de neurotoxicidade.
· Neurotoxina botulínica:
A mais potente toxina biológica.
1mg em estado puro – causa a morte de um milhão de cobaias.
É uma metaloprotease zinco dependente.
Molécula muito grande.
Não ultrapassa a barreira hematoencefálica (indivíduo tem a consciência preservada, noção de tudo que se passa no momento, mesmo sem se mexer). No exame por ex. o animal sente a palpação, a pinça no estimulo de dor, reage contra isso mas sem mover o corpo. A calda consegue abanar, pois seu movimento é controlado pelo SNC e a toxina não chega até lá. 
É necessário ingerí-la ou receber injeção com a toxina.
Tem ação seletiva nos terminais colinérgicos.
Seu alvo primário é a junção neuromuscular.
Impede liberação de acetilcolina (neurotransmissor primário das sinapses).
Causa paralisia flácida.
Tem longa persistência ambiental mesmo sob a luz solar (cadáveres, ossos). Após contaminação de ossos e cadáveres, o início da produção de toxina leva em torno de 30 dias. Período de viabilidade da toxina é até 351 dias.
Ultrapassa barreiras mucosas. 
Resiste a ação do suco gástrico em monogástricos.
Nos ruminantes tem destruição de boa parte nos processos de digestão bacteriana no rúmen. Mas, não impede a ocorrência da doença, pois o que sobra é mais que suficiente para que ocorra a doença.
É termorresistente resiste à 100°C por 20 minutos.· Epidemiologia:
Distribuição mundial.
Importante na Austrália, África do Sul, Brasil em algumas regiões. Explicação: Os surtos estão associados à criação extensiva, solos pobres, deficiência de fósforo, pastos de brachiaria (nem é pela brachiaria em si, mas é porque ela tem baixa exigência, cresce em solo pobre), carcaças nos pastos, águas contaminadas.
Espécies acometidas: Bovinos, bubalinos, várias espécies.
Reservatórios: Solo (dejetos/carcaças/material orgânico em putrefação/ossos no solo).
Gado de leite e gado confinado: Pode ocorrer pelo milho mal conservado, silagens contaminadas por animais mortos, silagens e a cama de frango.
Bovinos no Brasil – predomina sorotipos C e D.
Equinos – C e D também.
Cães – C.
· Patogenia:
Ingestão da toxina por via oral prototoxina ação de proteases toxina ativa ultrapassa barreira mucosa corrente sanguínea distribuição pelo organismo ligação da toxina tropismo pela membrana plasmática de neurônio motor terminal penetração por endocitose para o interior dos endossomos redução da ligação entre cadeia leve e pesada penetração da cadeia leve para o citoplasma celular ação patogênica da toxina botulínica (ação enzimática).
Ação patogênica da toxina botulínica: 
- Ação enzimática;
- Clivagem de proteínas específicas no terminal pré-sinaptico (as proteínas estão dentro das vesículas);
- As proteínas especificas são: SNAP-25, sinaptobrevina e sintaxina;
- São necessárias para a liberação de acetilcolina;
- Atuam na fusão da vesícula sináptica com as membranas terminais;
- Fusão e subsequente liberação de acetilcolina na fenda sináptica são observadas pela ação de íons de cálcio. Desse modo, inativando as proteínas não se consegue ter esse mecanismo;
- Os animais demoram para se recuperar porque os terminais nervosos tem que ser reconstituídos;
- Clivagem de apenas uma proteína inibe a liberação de acetilcolina (toxina botulínica sorotipo C: cliva SNAP-25 e sintaxina. Toxina botulínica sorotipo D: cliva a sinaptobrevina);
- Interrupção da passagem do impulso nervoso para os músculos, gerando paralisia flácida.
· Quadro clínico:
Bovinos:
Período de incubação na literatura é de 1 a 17 dias (varia de 18 horas a 16 dias em doença experimental).
Exposição natural: Quando desencadeia o processo clinico, entre 24 a 48 horas tem sinais de fraqueza, geralmente começando pelos membros posteriores. Decúbito em 2 a 3 dias. Morte em até 7 dias com sofrimento.
Exame clínico cuidadoso: Fraqueza dos posteriores, evolução para os anteriores, pescoço e cabeça, quadro generalizado de paralisia flácida, decúbito esternal, decúbito lateral, atenção e consciência plenas.
Evolução: Paralisia do rúmem, diminuição do tônus muscular da língua e cauda, total flacidez da língua, incapacidade de recolhimento da mesma, sialorréia abundante.
Pequenos ruminantes e equinos:
Possuem uma apresentação especial – síndrome do potrinho tremedor.
Cães:
Etologia (tá certo essa palavra assim mesmo) – contato com material em putrefação.
Geralmente apresenta midríase por relaxamento muscular.
Desenvolve megaesôfago. Cuidado quando começar a se recuperar e comer. Melhor alimentar por sonda, ou se for o caso alimentação parenteral.
Perda da vocalização (devido relaxamento muscular).
· Tratamento: 
Bovinos, pequenos ruminantes e equinos o tratamento é relativo devido ao custo.
Tentam retirar o animal do decúbito, colocá-lo em pé. Os pequenos ruminantes e equinos são mais fáceis de se fazer isso.
Não se administra antibiótico.
· Diagnostico:
- Padrão ouro: Demonstração da presença da toxina botulínica (bioensaio em camundongos). Material: Soro, fluido rumenal, conteúdo intestinal, fígado (o animal pode ter morrido por outro motivo mas pode ter transferido após a morte clostridium para o fígado, levando ao diagnóstico errado, porem caso o animal tenha sido sacrificado é mais seguro). A sensibilidade deste teste é limitada, “positivo é positivo”, “o negativo não significa nada”, pois o teste não detecta baixos níveis de toxina circulante, o que é comum nos bovinos. Pode ocorrer também do animal morrer devido botulismo mas já não ter mais toxina no material coletado (falso-negativo).
- Microfixação de complemento: Materias a serem coletados – soro sanguíneo, fígado, líquido rumenal. É muito eficaz, depende de laboratório equipado e pessoal técnico competente.
· Profilaxia:
Remoção dos fatores predisponentes para o rebanho: Incinerar ou enterrar carcaças profundamente; Mineralização correta dos rebanhos; Análise de solo e capim para proceder a mineralização; Cuidar dos bebedouros; Evitar acúmulo de gás em locais onde possa ocorrer putrefação.
· Vacinação:
Toxóide C e D com adjuvante de alumínio de potássio. Dose inicial e reforço em 30 dias. Vacinação anual. Apenas a vacinação, sem outras medidas de higiene e profilaxia é INÚTIL, visto que a vacina pode não garante toda a proteção, pode-se ter excesso de toxina, etc.
· Recuperação:
Não restam sequelas para os animais. 
Há correção da junção neuromuscular funcional com recuperação das funções neurológicas (reconstituição da área lesada).

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