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DOENÇA DE ALZHEIMER Doença neurodegenerativa progressiva de caráter insidioso. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O INTRODUÇÃO ÀS DEMÊNCIAS DOMÍNIOS COGNITIVOS • Memória • Orientação temporo-espacial: Saber onde está e quando está. • Linguagem: Poder se expressar e entender o outro. • Função executiva: Capacidade de planejar e executar uma ação (cozinhar). • Praxia: Ordenar nossos movimentos para fazer tarefas simples como pentear o cabelo, beber um copo de água. • Velocidade de pensamento • Função visuoespacial: Orientar-se no espaço através da visão. COMO CLASSIFICAR UMA DEMÊNCIA? (CRITÉRIOS) A. Desenvolvimento de múltiplos déficits cognitivos • a1: Comprometimento da memória • a2: Duas ou mais perturbações cognitivas B. Prejuízo de funcionalidade: Aquele déficit deve estar incomodando o paciente, atrapalhando sua rotina e atividades normais. INVESTIGAÇÃO DAS DEMÊNCIAS • Hemograma completo: Descartar um estado infeccioso, um delirium. • Ureia, creatinina: O aumento da ureia (neurotóxica) pode ocasionar em prejuízo na função cognitivo. • TSH, T3 e T4 livre: Crises tireotóxicas ou hipotireoidismo pode dar prejuízo cognitivo • Vitamina B12: A sua carência causa desordem na síntese de neurotransmissores e ausência de neuroproteção, cursando com desmielinização. • Função hepática: Alterações das enzimas hepáticas e da amônia pode ocasionar em um quadro de encefalopatia hepática. • Sorologia para sífilis e HIV: Neurosífilis e demência por HIV. DOENÇA DE ALZHEIMER DEFINIÇÃO: Afecção neurodegenerativa progressiva e irreversível de aparecimento insidioso. EPIDEMIOLOGIA • Causa mais comum de demência: 46,8 milhões de pessoas no mundo, em 2015 → 74,7mi em 2030. • Aumenta exponencialmente com a idade o < 1% em pacientes < 65 anos o 3% da população entre 65-69 anos o 30% da população entre 80-89 anos • 60% são de países com renda média ou baixa • Principal causa de morbimortalidade em idosos: Sexta maior causa de óbito em todas as idades nos países ricos • Brasil: 1,06 milhões (7,6%) e previsão de 1,6 milhões em 2020, um aumento de 53% em 10 anos • Impacto financeiro: 818 bilhões de dólares no mundo, em 2030, os EUA prevê um gasto de 30 bilhões só com os pacientes do seu país. • Formas esporádicas na maioria e minoria de genes hereditários (5%) • Leve predomínio pelo sexo feminino • Sobrevida: Em média 10 anos, com variações de 4- 16 anos. FATORES DE RISCO GENÉTICOS • Idade e gênero: Mulheres acima de 80 anos, muito porque as mulheres vivem mais. • Irmãos tem o dobro de risco de desenvolver a dç • Herança genética: Pode ser transmitida como um transtorno autossômico dominante, por mutação nos genes APP (cromossomo 21), PSEN1 e PSEN2. 3,5 vezes mais chance de desenvolver DA em parentes de 1º grau. • Polimorfismo do gene APOE: Associado a doença familiar e esporádica típica (início aos 65 anos), é um gene de susceptibilidade, pois nem sempre leva à doença (20%). • SORL1: Receptor para sortilina, estudos sugerem que ele atue no tráfego da PPA do complexo de Golgi até a superfície celular. • Síndrome de Down: Todos os portadores que chegam aos 40 anos apresentam alterações neuro- patológicas típicas de DA (possuem uma cópia extra da proteína precursora amiloide (PPA). FATORES DE RISCO AMBIENTAIS • Baixo nível educacional: Relaciona-se à menor perfusão do córtex parieto-temporal. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O • Sedentarismo • Trauma cranioencefálico (TCE) • Depressão • Doença cardiovascular e neurovascular: HAS, DM, dislipidemias. • Tabagismo FISIOPATOLOGIA • Nebulosa: Sabe-se o que acontece com os neurônios, mas não sabe a causa específica. São duas as principais alterações: • Resultado: Atrofia cortical difusa que inicia no hipocampo (área da memória) e que vai se estender pelo cérebro progressivamente. 1- FORMAÇÃO DE PLACAS AMILOIDES • Proteína precursora amilóide (PPA): Proteína transmembrana presente em inúmeros tecidos. • Clivagem da proteína PPA: O portador da doença produz enzimas (β-secretase) que vão fragmentar um pedaço dessa PPA, que chamamos de peptídeo beta-amiloide. • Formação da placa β-amiloide: Esses peptídeos se unem no meio extracelular formando placas. • Deposição das placas: As placas são depositadas nos vasos meníngeos, cerebrais e na substância cinzenta, desencadeando neurotoxicidade. 2-FORMAÇÃO DE EMARANHADOS NEUROFIBRILARES • Proteína tau: Proteína que compõe e é responsá- vel por manter os microtúbulos responsáveis pela manutenção da estrutura neuronal. • Hiperfosforilação da proteína tau: Por razões desconhecidas, acredita-se que por conta do agregado β-amiloide, isso faz com que elas se desprendam do microtúbulo. • Formação dos emaranhados: As proteínas que saíram se unem em novelos no meio intracelular, inicialmente no hipocampo e depois se espalham. • Modificação da estrutura neuronal: Muda a estrutura e consequentemente desencadeia mais morte celular. Sinais precoces de Alzheimer: Redução volumétrica do hipocampo, córtex entorrinal e cíngulo posterior. 3- OUTRAS ALTERAÇÕES • Degeneração granulovacuolar de cél. piramidais: Pela formação de uma estrutura chamada corpo de Hirano, gerando uma degeneração e redução da densidade dos botões pré-sinápticos nessa área. • Angiopatia amiloide: Associação de Alzheimer com hipoperfusão de pequenos vasos corticais ou o risco aumentado de demências (4x) em pacientes com infartos subcorticais. • Redução da acetilcolina: Encontra-se reduzida pela perda seletiva de neurônios colinérgicos, a redução desse neurotransmissor está relacionado a problemas neurocognitivos (memória, aprender) SÍNDROME CLÍNICA • Fase inicial: Dura em média 2-3 anos, marcada por sintomas vagos e difusos de desenvolvimento insidioso. Os principais sintomas são: o Comprometimento da memória declarativa episódica: Sintoma mais precoce e que mais marca, é a dificuldade de lembrar datas, compromissos, nomes familiares e fatos recentes. o Anosognosia (não perceber que está doente), o Dificuldade para aprender coisas novas, perder objetos com facilidade. o Alterações neuropsicológicas: Depressão, retrainmento social, falta de concentração, alterações comportamentais. o Ideias delirantes: Mais raro! Erro de identificação das pessoas, lugares, objetos. • Fase intermediária: Varia de 2-10 anos, é caracterizada por acentuação nos déficits de memória e cognitivos + aparecimento de sintomas focais: o Afasia: Dificuldade de nomeação que evolui para acesso léxico, empobrecimen- to do vocabulário, parafasias semânticas. o Apraxia: Dificuldade para pentear os cabelos, fazer crochê, realizar gestos. o Agnosia: Incapacidade de identificar objetos utilizando 1 ou mais sentidos. o Alterações visuoespaciais o Sintomas neuropsiquiátricos (BPSD): Entidades a parte, são 3 grupos principais: a depressão da DA, apatia da DA e psicose da DA. • Fase avançada: Dura em média 8-12 anos, há o comprometimento de todas as funções cognitivas, com perda total da funcionalidade. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O AVALIAÇÃO FUNCIONAL DA DA: ESCALA FAST DIAGNÓSTICO → CLÍNICO! 1- AVALIAÇÃO CLÍNICA: Através da constatação da síndrome demencial e de testes de rastreio como o Mini Mental, fluência verbal, avaliação neuropsicológica, etc, conseguimos avaliar se o paciente preenche os critérios do NINCDS. 2- NEUROIMAGEM: Solicitado para diagnóstico diferencial e apresenta alguns achados interessantes 3- LCR: Se solicitadoa dosagem de proteínas como a tau total, pode ajudar no diagnóstico diferencial. 4- EXAMES COMPLEMENTARES: Descarta outras causas. 1- AVALIAÇÃO CLÍNICA CONSTATAÇÃO DA SÍNDROME DEMENCIAL . Desenvolvimento de múltiplos déficits cognitivos • a1: Comprometimento da memória • a2: Duas ou mais perturbações cognitivas B. Prejuízo de funcionalidade: Aquele déficit deve estar incomodando o paciente, atrapalhando sua rotina e atividades normais. CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO DE DEMÊNCIA SUBTIPOS DE DOENÇA DE ALZHEIMER • DA de início precoce: É a doença mais correlata com a genética, inicia-se abaixo dos 65 anos. • DA de início tardio: Depois dos 65 anos. • DA mista ou atípica: Preenche critérios de ambas. MINI EXAME DO ESTADO MENTAL (MEEM) V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O • Níveis de corte: Anos de estudo! o Analfabetos = 20 pts o 1-4 anos = 25 pts o 5-8 anos = 26 pts o 9-11 anos = 28 pts o > 11 anos = 29 pts TESTE DE FLUÊNCIA VERBAL • Fonêmica: “Fale palavras iniciadas com C” • Semântica: “Cite nomes de animais” • Níveis de corte: o < 8 anos: 9 palavras o ≥ 8 anos: 13 palavras TESTE DO RELÓGIO • Aplicação: Pede para o paciente desenhar o relógio apontando pra um horário específico (2:30h). CRITÉRIOS NINCDS-ADRDA • 90% de sensibilidade e 60% de especificidade para DA provável ou possível *Em pacientes com escolaridade alta, podemos lançar mão do Montreal Cognitive Assessment (MoCA) ao invés no MEEM, pois é mais sensível. 2- NEUROIMAGEM → PREFERIR A RM! • Achados: Proeminência das fissuras, sulcos alargados e giros mais atrofiados. Em corte coronal é possível ver o acometimento hipocampal. • Avaliação da evolução da doença • Afastar outras causas • Futuro → PET: Detecção da doença em estágios iniciais, por exemplo com o achado de hipermeta- bolismo nos lobos parietais posteriores. 3- LÍQUOR (LCR) • Indicações: Indicado em pacientes com demência pré-senil (antes de 60 anos), apresentação atípica, suspeita de hidrocefalia e suspeita de doença infecciosa, inflamatória ou priônica. • Achados: Aumento da proteína tau e redução do peptídeo amiloide βA4 V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O DIAGNÓSTICO SEGUNDO O GRUPO IWG-2: Utiliza critérios clínicos + associação com exames. 4- EXAMES COMPLEMENTARES • Hemograma completo: Descartar um estado infeccioso, um delirium. • Ureia, creatinina: O aumento da ureia (neurotóxica) pode ocasionar em prejuízo na função cognitivo. • TSH, T3 e T4 livre: Crises tireotóxicas ou hipotireoidismo pode dar prejuízo cognitivo • Vitamina B12: A sua carência causa desordem na síntese de neurotransmissores e ausência de neuroproteção, cursando com desmielinização. • Função hepática: Alterações das enzimas hepáticas e da amônia pode ocasionar em um quadro de encefalopatia hepática. • Sorologia para sífilis e HIV: Neurosífilis e demência por HIV. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Delirium: • Depressão • Causas metabólicas, hormonais e infecciosas: Diferenciar de um delirium! • Uso de medicamentos: Antidepressivos tricíclicos, benzodiazepínicos, neurolépticos. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO • Objetivo: Estabilização do comprometimento cognitivo, do comportamento e da realização de atividades diárias (NÃO TEM CURA!) • Anti-colinesterásicos: Inibidores da acetilcolines- terase, enzima que degrada a acetilcolina na fenda sináptica, utilizado em casos leves e moderados, as opções são: o Galantamina 16-24 mg/dia 12/12h o Rivastigmina 6-12 mg/dia em 12/12h o Donepezila 5-10 mg/dia dose única. o Ef. Colaterais: Diarreia, náuseas, vômitos. • Agonista do NMDA: Em casos mais avançados, retardam a progressão da doença e melhoram os sintomas comportamentais, devemos ASSOCIAR . o Memantina 5-20 mg/dia 1-2x ao dia • ISRS: 1ª escolha no tratamento dos sintomas psicológicos e comportamentais da demência! o Escitalopram em gotas como o melhor! V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O • Vitamina E: Resultados ainda não muito consistentes, mas que sugerem o uso da vitamina E em altas doses (2000 UI/dia 2x ao dia) é capaz de retardar a progressão da doença. • Aducanumabe: Aprovação recente pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA para o tratamento da DA. No momento, há incertezas sobre quais pacientes poderiam se beneficiar com o aducanumabe. A SBGG não indica! TRATAMENTO NÃO-FARMACOLÓGICO → MULTIDISCIPLINAR! • Contato social • Recreação / Exercício Físico • Estimular atividades produtivas PROGNÓSTICO • Sobrevida: Em média 10 anos, com variações de 4- 16 anos. • Depende de múltiplos fatores • DA precoce = pior prognóstico!
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