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Módulo 23: Febre, Inflamação e Infecção Marina Albuquerque @m.de.med gt 2 Objetivos Conhecer a epidemiologia e os agentes causais (classificação, modo de transmissão); os principais: CMV, EBV, Vírus da Rubéola, HIV, Toxoplasma e Treponema Descrever o quadro clínico e a evolução, citando particularidades relacionadas aos principais agentes causais (CMV, EBV, Toxoplasmose, Rubéola e HIV Conhecer a propedêutica diagnóstica, sabendo utilizá-la para realizar o diagnóstico diferencial entre os vários agentes causais das linfadenomegalias agudas 01 02 03 Conhecer as medidas terapêuticas para a síndrome de Mononucleose, relacionando os principais agentes causais (TTO suporte e TTO ATB da sífilis) Conhecer as medidas preventivas para alguns dos agentes causais dessa síndrome (toxoplasma, HIV, Rubéola, Treponema) 04 05 Compreender as doenças que podem se apresentar como uma linfadenomegalia cervical aguda (síndrome mono-like)OG Síndrome Monolike Síndrome mononucleose-like (SML é um quadro de linfonodomegalia generalizada, de caráter agudo ou subagudo, que pode ter concomitantemente alguns sinais sistêmicos, como febre, faringite, amigdalite, esplenomegalia, rash cutâneo ou distúrbios hematológicos. O vírus Epstein-Barr (EBV é o causador da mononucleose infecciosa. Entretanto cerca de 10% dos casos de SML clínica ocorrem por infecção pelo citomegalovírus CMV, Toxoplasma gondii, vírus da imunodeficiência humana (HIV, herpes vírus humano 6 HHV6, vírus da rubéola ou vírus da hepatite B. Mononucleose 01 Definição e Epidemiologia O vírus Epstein-Barr (EBV é a causa da mononucleose infecciosa (MI com anticorpos heterófilos positivos, caracterizada por febre, faringite, linfadenopatia e linfocitose atípica. O vírus é um membro da família Herpesviridae. Os dois tipos de EBV que prevalecem amplamente na natureza são indistinguíveis pelos testes sorológicos convencionais. A infecção pelo EBV tem distribuição mundial. Essas infecções são mais comuns na infância, com um segundo pico durante o final da adolescência. Na idade adulta, mais de 90% dos indivíduos já foram infectados e apresentam anticorpos contra o vírus. Em geral, a MI é uma doença de adultos jovens. Em grupos socioeconômicos desfavorecidos e em áreas do mundo com padrões deficientes de higiene (p. ex., regiões em desenvolvimento), o EBV tende a infectar crianças menores, sendo incomum a ocorrência de MI. Nas áreas com melhores padrões de higiene, com frequência a infecção por EBV só aparece na idade adulta e a MI é mais prevalente. O EBV se propaga por contato com secreções orais. O vírus é frequentemente transmitido de adultos assintomáticos para lactentes e entre adultos jovens pela transferência de saliva durante o beijo. A transmissão por contato menos íntimo é rara. O EBV já foi transmitido por transfusão sanguínea e transplante de medula óssea. Mais de 90% dos indivíduos soropositivos assintomáticos excretam o vírus nas secreções orofaríngeas. A excreção viral é maior nos pacientes imunocomprometidos e nos que têm MI Patogênese Beijo (infecção) Vírus no epitélio da orofaringe e nas glândulas salivares Propagação pela corrente sanguínea Proliferação e expansão das células B infectadas Proliferação das células T reativas Aumento do tecido linfoide Produção de anticorpos contra proteínas de células do hospedeiro e do vírus Ativação de células T supressoras, células NK e células T citotóxicas inespecíficas Controle da infecção Linfonodomegalia Faringite Esplenomegalia Manifestações clínicas A maior parte das infecções por EBV em lactentes e em crianças pequenas é assintomática ou apresenta-se sob a forma de faringite leve, com ou sem tonsilite. Diferentemente, cerca de 75% das infecções em adolescentes apresentam-se como MI. A MI no idoso manifesta-se com frequência por sintomas inespecíficos, como febre prolongada, fadiga, mialgias e mal-estar. Por outro lado, faringite, linfadenopatia, esplenomegalia e linfócitos atípicos são relativamente raros em pacientes idosos. O período de incubação da MI em adultos jovens é de cerca de 4 a 6 semanas. O quadro prodrômico de fadiga, mal-estar e mialgia pode estender-se por 1 a 2 semanas antes do início de febre, faringite e linfadenopatia. Em geral, a febre é baixa e costuma ocorrer nas primeiras 2 semanas da doença; entretanto, pode persistir por > 1 mês A linfadenopatia e faringite são mais proeminentes nas primeiras 2 semanas da doença, enquanto a esplenomegalia predomina durante as segunda e terceira semanas. A linfadenopatia afeta mais frequentemente os linfonodos cervicais posteriores, mas pode ser generalizada. Os linfonodos aumentados são, com frequência, hipersensíveis e simétricos, porém não se mostram fixados a planos profundos. A febre ocorre em mais de 90% dos pacientes, é geralmente vespertina, com picos de até 39°C a 40°C, e resolve-se em cerca de 10 a 14 dias na maioria dos casos. A faringite costuma ser o sinal mais evidente, podendo ser acompanhada por aumento das tonsilas com exsudato semelhante ao da faringite estreptocócica. Em cerca de 5% dos casos, surge erupção morbiliforme ou papulosa, geralmente nos braços ou no tronco Possíveis complicações: Exantema cutâneo, esplenomegalia, hepatomegalia, icterícia, sinal de Hoagland, ruptura esplênica e anemia hemolítica Tr ía de c lá ss ic a Manifestações clínicas Achados laboratoriais A contagem dos leucócitos geralmente apresenta-se elevada, atingindo um pico de 10.000 a 20.000/μL durante a segunda ou terceira semanas da doença. Geralmente há linfocitose, com > 10% de linfócitos atípicos. Essas últimas células são linfócitos maiores com citoplasma abundante, vacúolos e indentações da membrana celular. *As células CD8 predominam entre os linfócitos atípicos. Durante o primeiro mês da doença, é comum haver neutropenia com desvio à esquerda discreta e trombocitopenia. A função hepática é anormal em > 90% dos casos. Em geral, ocorre elevação moderada dos níveis séricos de aminotransferases (AST, ALT e fosfatase alcalina. A concentração sérica de bilirrubina apresenta-se elevada em cerca de 40% dos casos. Complicações Na maioria dos casos, a MI é autolimitada. Os casos fatais são muito raros e decorrem mais frequentemente de complicações do sistema nervoso central (SNC, ruptura esplênica, obstrução das vias aéreas superiores ou infecção bacteriana secundária. Quando surgem, as complicações do SNC costumam ocorrer nas primeiras 2 semanas da infecção por EBV; em alguns pacientes, sobretudo crianças, são as únicas manifestações clínicas da infecção aguda. A meningite e a encefalite constituem as anormalidades neurológicas mais comuns, podendo os pacientes apresentarem cefaleia, meningismo ou ataxia cerebelar. Também foram descritas hemiplegia aguda e psicose. O líquido cerebrospinal (LCS contém principalmente linfócitos, sendo alguns atípicos. A maioria dos casos melhora sem nenhuma sequela neurológica. A infecção aguda por EBV também foi associada à paralisia dos nervos cranianos (sobretudo do VII nervo), síndrome de Guillain-Barré, mielite transversa aguda e neurite periférica. A anemia hemolítica autoimune ocorre em cerca de 2% dos casos durante as primeiras 2 semanas. Na maioria dos casos, a anemia apresenta teste de Coombs positivo, com crioaglutininas dirigidas contra o antígeno eritrocitário. A maioria dos pacientes com hemólise apresenta anemia leve com 1 ou 2 meses de duração; todavia, alguns pacientes têm doença grave com hemoglobinúria e icterícia. As respostas inespecíficas dos anticorpos podem incluir produção de fator reumatoide, fatores antinucleares, anticorpos antimúsculo liso, anticorpos antiplaquetários e crioglobulinas. A MI está associada à aplasia eritroide, granulocitopenia grave, trombocitopenia, pancitopenia e linfo-histiocitose hemofagocitária. O baço sofre ruptura em menos de 0,5% dos casos. A ruptura esplênicaé mais comum no paciente do sexo masculino e pode se manifestar como dor abdominal, dor referida no ombro ou comprometimento hemodinâmico. A hipertrofia do tecido linfoide de tonsilas ou adenoides pode, do mesmo modo que a inflamação e edema da epiglote, faringe ou úvula, resultar em obstrução das vias aéreas superiores. Cerca de 10% dos pacientes com mononucleose infecciosa desenvolvem faringite estreptocócica após a resolução da faringite inicial. Outras complicações raras associadas à infecção aguda por EBV incluem hepatite (podendo ser fulminante), miocardite ou pericardite, pneumonia com derrame pleural, nefrite intersticial, ulcerações genitais e vasculite Diagnóstico -Testes sorológicos: O teste de anticorpos heterófilos é usado para diagnóstico de MI em crianças e em adultos. No teste efetuado para a detecção desse anticorpo, o soro humano é absorvido com rim de cobaia, e o título de anticorpos heterófilos é definido como a maior diluição do soro capaz de aglutinar eritrócitos de ovinos, equinos ou bovinos. O anticorpo heterófilo não interage com as proteínas do EBV. Títulos ≥ 40 estabelecem o diagnóstico de infecção aguda por EBV em pacientes que apresentem sintomas compatíveis com mononucleose infecciosa e linfócitos atípicos. Os testes para anticorpos heterófilos são positivos em 40% dos pacientes com mononucleose infecciosa durante a primeira semana da doença e em 80 a 90% durante a terceira semana. Por conseguinte, pode ser necessário repetir o teste, sobretudo se o teste inicial for efetuado em fase inicial. Em geral, os testes permanecem positivos durante 3 meses após o início da doença; entretanto, os anticorpos heterófilos podem persistir por um período de até 1 ano. Comumente, esses anticorpos não são detectáveis em crianças com menos de 5 anos de idade, em indivíduos idosos e em pacientes que apresentem sintomas atípicos de MI. O monoteste comercializado para os anticorpos heterófilos é um pouco mais sensível do que o teste clássico para anticorpos heterófilos. O monoteste é cerca de 75% sensível e cerca de 90% específico na comparação com os testes sorológicos específicos para o EBV. Resultados falso-positivos são mais comuns em pessoas com doença do tecido conectivo, linfoma, hepatite viral e malária Diagnóstico *Utiliza-se o teste com anticorpos específicos anti-EBV em pacientes com suspeita de infecção aguda pelo EBV sem anticorpos heterófilos, bem como em pacientes com infecções atípicas. Os títulos de anticorpos IgM e IgG contra o antígeno do capsídeo viral (VCA mostram-se elevados no soro de mais de 90% dos pacientes no início da doença. O anticorpo IgM dirigido contra o VCA é mais útil para o diagnóstico de mononucleose infecciosa aguda, visto que apenas está presente em títulos elevados nos primeiros 2 a 3 meses da doença; diferentemente, o anticorpo IgG anti-VCA geralmente é inútil ao diagnóstico de MI, porém com frequência é utilizado para avaliar exposição prévia ao EBV devido à sua persistência vitalícia. A soroconversão para positividade dos EBNA também é útil ao diagnóstico da infecção por EBV aguda. Os anticorpos anti-EBNA passam a ser detectáveis em um estágio relativamente tardio (3 a 6 semanas após o início dos sintomas) em quase todos os casos de infecção aguda pelo EBV e persistem por toda a vida do paciente. Esses anticorpos podem estar ausentes em pacientes imunodeficientes e nos que apresentem infecção pelo EBV crônica ativa. -Outros exames A detecção de DNA, RNA ou proteínas do EBV tem sido valiosa para demonstrar a associação do vírus a diversas neoplasias. A reação em cadeia da polimerase é utilizada para detectar o DNA do EBV no LCS de alguns pacientes com Aids que apresentam linfomas do SNC, bem como para monitorar a quantidade de DNA do EBV no sangue de pacientes com a doença linfoproliferativa. A detecção de altos níveis de DNA do EBV no sangue, durante as primeiras semanas de MI, pode ser útil se os estudos sorológicos tiverem resultados inconclusivos. A cultura do EBV de lavados faríngeos ou do sangue é inútil no diagnóstico da infecção aguda, visto que o vírus costuma persistir na orofaringe e nas células B pelo resto da vida do indivíduo infectado D ia gn ó st ic o d if er en ci al Tratamento e Prevenção O tratamento da MI consiste em medidas de suporte, repouso e analgesia. É preciso evitar atividade física excessiva durante o primeiro mês, a fim de reduzir a possibilidade de ruptura esplênica, a qual requer esplenectomia. A terapia com glicocorticoides não está indicada para a MI não complicada e, na verdade, pode predispor à infecção bacteriana secundária. A prednisona (40 a 60 mg/dia durante 2 a 3 dias, com redução gradual subsequente da dose ao longo de 1 a 2 semanas) tem sido utilizada na prevenção da obstrução das vias aéreas em pacientes com hipertrofia grave das tonsilas, bem como no tratamento da anemia hemolítica autoimune, linfo-histiocitose hemofagocitária e trombocitopenia grave. Os glicocorticoides também são administrados em pacientes raros com mal-estar intenso e febre, bem como para aqueles com cardiopatia ou doença do SNC graves. O aciclovir não teve nenhum impacto clínico significativo sobre a MI em ensaios clínicos controlados. Em um estudo, a combinação de aciclovir e prednisolona não apresentou efeito significativo na duração dos sintomas de MI. Não há necessidade de isolamento dos pacientes com MI. Uma vacina dirigida contra a glicoproteína principal do EBV reduziu a frequência da MI, mas não afetou a taxa de infecção assintomática em um ensaio de fase 2. Outras vacinas estão sendo desenvolvidas. Citomegalovirose 02 Etiologia e Epidemiologia O CMV é um vírus da família herpesviridae da subfamília betavirinae, de ocorrência ubiquitária, podendo assim estar presente em leite materno, urina, saliva, secreção uterina e da placenta. Mais comumente ocorre em período neonatal devido à uma infecção aguda ou reativação de uma latente durante a gestação por via transplacentária. Já em adultos e crianças maiores que 4 anos de idade a citomegalovirose é mais rara. Geralmente, o CMV costuma ser assintomático em primoinfecção ou manifestar-se em latência na maioria da população. Visto que não é eliminado, permanece no organismo e em situações de imunossupressão podem apresentar uma reativação da infecção. Cerca de 10% das crianças infectadas de forma congênita podem ter sinais e sintomas, por exemplo, retardo do crescimento intra-uterino, prematuridade, icterícia não fisiológica, púrpura, trombocitopenia, além de comprometimento neurológico com microcefalia, coriorretinite e calcificações intracranianas. A infecção congênita por CMV é a mais comum mundialmente, atingindo cerca de 0,4 a 2,3% dos recém-nascidos, sendo que apenas 10% das crianças irão apresentar sintomas. No Brasil cerca de 66,5 a 92% das gestantes apresentam anticorpos IgG positivos. A infecção aguda pelo CMV é uma doença benigna e autolimitada, em sua maioria, que corresponde de 5 a 7% das infecções mono-like. Fatores de risco e Fisiopatogenia O grupo de pessoas que estão mais propensas a adquirir a infecção compreende professores, trabalhadores de creche, adultos e adolescentes que têm contato próximo com crianças menores de 2 anos de idade, além de imunocompetentes e gestantes. Além disso, a promiscuidade sexual e passividade no sexo anal também estão correlacionados à presença viral. O CMV tem uma capacidade de latência, o que torna o vírus permanente no organismo de quem foi infectado. Geralmente, a primo-infecção é assintomática. Em situações de estresse, como gestação ou outras causas de imunossupressão, o vírus pode ser reativado. No início, o vírus infecta as células epiteliais das glândulas salivares, o que resulta em um local de latência. Além disso, pode ter acometimento renal, instalando-se nos túbulos proximais pericorticais, onde tem afinidade. Em ser humano imunocompetente, o organismo consegue combater o vírus, por meio de linfócitosT citotóxicos. Dessa forma, a infecção é contida e a clínica é assintomática. No entanto, há presença de partículas virais em fluidos que possam ser coletados para exames. Já em pessoas imunodeficientes, a infecção torna-se generalizada, com acometimento de vários órgãos. Fisiopatogenia Existem 03 principais momentos de contágio: pré-natal, perinatal e adquirida nas fases escolar e adulta. Quando o feto é acometido, isso se dá pela transmissão via placentária, por meio do cordão umbilical, por onde o vírus alcança o epitélio tubular renal e, assim, replica-se. As afecções perinatais, que acontecem até três semanas do nascimento, geralmente utilizam a própria mãe como forma de propagação viral, seja durante o parto, no aleitamento materno, pela ascensão de microorganismos da cavidade amniótica ou por aspiração fetal deste líquido contaminado. Além disso, existem casos em que o vírus foi disseminado por via de contato de mucosas com fezes maternas ou secreções cervicais comprometidas. Nos contatos adquiridos, o CMV é transmitido via oral-anal entre as crianças de fase escolar, logo aumenta o risco de contágio em ambientes com aglomeração de crianças. Além disso, na fase adulta, a transmissão sexual é conhecida, por meio do sêmen infectado ou de contato com secreções cervicais da parceira. Com isso, a replicação viral ocorre na superfície de mucosas nas quais existe tropismo, sendo elas mucosa oral, oftalmológicas, glândulas salivares, entre outras. Geralmente é assintomática, mas pode se apresentar como síndrome mono-like (faringite, linfadenopatia e febre) Diagnóstico e Tratamento Diagnóstico: linfocitose absoluta e relativa, linfócitos atípicos > 1000/cm3, sorologia IgM e IgG para CMV Tratamento: *Em indivíduos imunocompetentes: sintomáticos *Em indivíduos imunodeprimidos: drogas antivirais (ganciclovir) Prevenção: hábitos de higiene, saneamento básico, cuidados de biossegurança, uso de preservativo Toxoplasmose 03 Etiologia e Fisiopatogenia Etiologia: O Toxoplasma gondii é um protozoário coccídio intracelular causador da toxoplasmose aguda. Os hospedeiros podem ser intermediário, o homem, ou definitivo, principalmente os gatos. A infecção não ocorre de pessoa para pessoa, ocorrendo transmissão através da ingestão de cistos presentes em carne crua ou mal cozida, de oocistos provenientes das fezes de gatos contaminados ou via transplacentária. Epidemiologia: Aproximadamente 70 a 95% da população são infectados pelo protozoário, no entanto a sua infecção corresponde a menos de 3% do total de casos das SML. Fatores de risco: Indivíduos que costumam ter contato com gatos e seus dejetos, que manipulam terra, que possuem inadequadas medidas de higiene, além de gestantes e pacientes imunodeficientes. Fisiopatogenia: A disseminação inicia-se pelos vasos linfáticos e acometem o sistema porta, sendo assim dispersados os parasitas para órgãos. Os protozoários, inicialmente, chamam-se oocistos, que são a principal via de transmissão para outros animais. Quando são ingeridos, liberam seus esporozoítas, os quais são responsáveis por invadir as células intestinais e se replicarem. Transformam-se em taquizoítos, a qual é a forma de replicação mais rápida do protozoário, a qual apresenta tropismo por linfonodos e células do trato gastrointestinal. Após a fase de replicação acelerada, atinge-se uma fase de maior controle imune corporal e leve combate às células infectadas. A evolução da resposta imune ocasiona à formação de cistos nos tecidos, os quais contém bradizoítos, que é a forma de replicação lentificada da doença. Diagnóstico e Tratamento Quadro clínico: toxoplasmose febril aguda, linfadenite toxoplásmica Diagnóstico: Sorologia antitoxoplasma IgM e IgG Tratamento: tratam-se imunodeprimidos, gestantes e RNs; usa-se Pirimetamina, Sulfadiazina e Ácido Folínico Prevenção: Cuidados com gato doméstico, manter controle de gatos de rua, não comer alimentos crus, usar luvas ao manipular areia Rubéola 04 Etiologia e Diagnóstico É causada pelo vírus da rubéola, um vírus de RNA da família Togaviridae e gênero Rubivírus, ocasionando uma doença exantemática viral aguda, geralmente de curso benigno, sendo mais preocupante quando ocorre durante a gestação, responsável pela Síndrome da Rubéola Congênita. É transmitida por contato direto com secreções nasofaríngeas de indivíduos infectados, sendo o homem o reservatório da infecção. Epidemiologia: Entre os anos de 1997 e 2002 ocorreu uma redução na incidência de 95%, sendo confirmados 14080 casos. Entretanto, esse número retornou a subir em 2007 para 8753 casos confirmados, sendo destes 8145 por critério laboratorial. Fatores de risco: Todas as pessoas que não foram vacinadas e/ou que não tiveram a doença, além de gestantes, contato com pessoas com suspeita ou confirmação de infecção. Diagnóstico: Sorologia para rubéola IgM e IgG Fisiopatologia e Tratamento Quadro clínico: Febre, exantema maculopapular e linfoadenopatia Fisiopatogenia: A mucosa do trato respiratório superior funciona como porta de entrada para o vírus. Dessa forma, o tecido linfoide da nasofaringe é o local onde ocorre a replicação viral inicial, com a evolução da disseminação para vasos linfáticos. Com o aumento transitório da viremia, os vírus distribuem-se nos linfonodos regionais. Geralmente, nota-se adenomegalia em linfonodos cervicais e occipitais, com cerca de 7 dias após o aparecimento do eritema. A linfonodomegalia apresenta-se dolorosa em adultos. O pico da viremia geralmente cessa, após o desaparecimento do exantema, com o surgimento dos anticorpos específicos. Após replicação no sistema reticuloendotelial, há uma viremia secundária podendo então ser isolado a partir de monócitos do sangue periférico. Tratamento: sintomáticos Prevenção: Vacinação, isolamento e bloqueio dos contatos Sífilis 05 Etiologia e Quadro clínico Etiologia: bactéria Treponema Pallidum Transmissão: via sexual e vertical Fases da sífilis: primária, secundária (síndrome mono-like, mal-estar, febre, mialgia, artralgia, rash generalizado, lesões papulosas/papuloescamosas, queda de pelos e cabelos,lesões mucosas e linfadenopatia), terciária e latente Diagnóstico: Teste treponêmico (FTAABS e não treponêmico (VDRL Prevenção: práticas sexuais seguras, tratamento adequado do doente e do parceiro T ra ta m en to HIV Fase Aguda 06 HIV fase aguda Causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV Transmitido via sexual, sanguínea, placentária e por leite materno Diagnóstico: Exame de carga viral, Sorologia (Elisa + Western-Blot ou 2 testes rápidos positivos) Quadro clínico: febre, linfoadenomegalia, astenia, cefaleia, adenopatia, exantema, esplenomegalia Prevenção: uso de preservativos, detecção precoce, tratamento oportuno, PREP e PEP, redução de danos, segurança de hemoderivados, normas de biossegurança Tratamento: terapia antirretroviral (esquema padrão: tenofovir + lamivudina + dolutegravir Diagnósticos diferenciais 07 Referências Larry, J. J. Medicina Interna de Harrison - 2 Volumes. Grupo A, 2019. 9788580556346. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580556346/. Acesso em: 10 May 2021 Távora, L.G.F. e Libório, M.P. Manual de condutas diagnósticas e terapêuticas em doenças infectocontagiosas. Fortaleza: Universidade de Fortaleza, 2020 Brasil, Ministério da Saúde, Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos. Brasília: Distrito Federal, 2013 Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde.Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. Veronesi, Foccacia. Tratado de Infectologia. 5ª edição. São Paulo: Editora Atheneu, 2015.
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