CIRURGIA – 24/01 Os anestésicos locais são Aminas terciárias, e estas tem uma molécula organizada em três partes: a primeira delas é a parte hidrofílica/lipofóbica; a segunda é a cadeia intermediária, que dá as características da droga; e a terceira é a parte aromática, hidrofóbica/lipofílica. Cada parte delas tem uma função específica. A da cadeia intermediária, por exemplo, é determinar a qual grupo os anestésicos fazem parte: se são Amino-ésteres ou amino-amidas. O mecanismo é o mesmo, que é bloquear os canais de sódio. Esse bloqueio é temporário, reversível; permanece enquanto ainda tem anestésico suficiente. O canal de sódio é positivo, então só coisas positivas, iônicas, é que conseguem ter efeito lá. O que tem carga se mistura com o que tem carga, e o que não tem carga se mistura com o que não tem. Essa molécula (anestésico local) tem características anfipáticas, pois de um lado ela é hidrofóbica, e do outro ela é hidrofílica. RNH+ RN0 + H+ Esta equação de Henderson-Hasselbach mostra, do lado esquerdo, a forma em que o anestésico consegue ter efeito sobre os canais de sódio, e do lado direito, a forma dissociada em que ele precisa estar para passar pela membrana nervosa (que não tem carga). PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS Os anestésicos locais não são usados na sua forma natural, eles são usados diluídos em soluções, e não em forma de pó. Ao trabalhar com soluções, deve-se ter noção dessas propriedades físico-químicas. ▪ Solução -> é composta por soluto e solvente, ou seja, parte dela é responsável pelo princípio ativo ou massa reagente (soluto; m1 e v1), e a outra parte é o meio no qual a massa está diluída (solvente; m2 e v2). ▪ Massa da solução (M) -> m1+m2; ▪ Volume da solução (V) -> v1+v2; EX.: Você vai fazer dipirona em um paciente, e a dipirona vem numa ampola de 2ml, só que você não pode aplicar ela direto no paciente, e vai ter que diluir ela pra 10. Você pega 10ml de água destilada. Como prepararia isso pro paciente? Vai usar 8ml de água destilada, juntando com 2ml de dipirona, formando 10ml de solução. Uma solução sempre é a massa do soluto + a massa do solvente. ▪ Concentração (C) -> m1/V; onde m é em g ou mg e V é em mL ou 100mL (relação direta entre quantidade de princípio ativo para cada volume da solução) Daqui se tira 2 situações diretas: a concentração é diretamente proporcional à massa quando o volume é constante; a concentração é inversamente proporcional ao volume, à medida que a massa é constante. Concentrado é quanto se tem mais princípio ativo disponível e pouca solução; Diluído é quando tem menos princípio ativo para muito volume de solução. ▪ 1g = 1000 (103) mg; 1 µg = 0,001 (10-3) mg ▪ 2% = 2g/100ml = 20mg/ml Toda vez que tiver o valor percentual (%), vai estar relacionado ao anestésico local. O que significa esse percentual então? Que independente do volume, x% daquele volume é de massa reagente. Um anestésico a 4%, por exemplo, é mais concentrado do que o 2%. Em qual aplicação clínica irá haver diferenças quanto à concentração de um anestésico, estando, por exemplo, um a 2% e um a 5%? A forma de administração que será escolhida. O mais concentrado seria anestésico tópico e o menos concentrado seria um anestésico injetável. ▪ Se fosse 2%, seria 40. Você perde 2ml pra cada “coisinha” que você fez, na verdade foram 4, então você tem 36. Ou você pode multiplicar 20 vezes 1,8 que vai da a mesma coisa. Se eu tiver 4%? Quanto eu tenho? 72. Pois se quando eu tinha 2 era 36, quando eu dobrei fica 72. ▪ O que acontece quando passa de 2 para 4%? Ele fica mais concentrado, porque eu falei que quanto mais massa você tem, mais concentrado ele é. O anestésico a 2% é menos concentrado ou mais diluído!! Em que situações eu vou precisar usar o anestésico mais ou menos concentrado (por ex. a lidocaína a 2% ou a 5%)? {não é pela inflamação} PELA FORMA DE APLICAÇÃO, quando é uma aplicação injetável, há uma maior disponibilidade, pela maior proximidade do nervo. Quando é usada de forma tópica, há necessidade de uma maior concentração. ** A lidocaína é geralmente administrada a 2%, já bupivacaina a 0,5%, por que? {Matheus respondeu, mas não dá pra entender}... e lembre-se o efeito no gene, é outro lado da moeda, é univitalino pra toxicidade, quanto melhor efeito causa, causa esse efeito pra tudo, tanto pra coisa boa e pra coisa ruim. Então da mesma maneira que a bupivacaina tem uma ação muito mais duradoura, a toxicidade dela é maior. Mesmo menos concentrada que a lidocaína, consegue fazer o mesmo efeito. - Para vocês não pensarem muito, quando mais eu diminuir esse número, mais diluída vai estar e quando mais eu aumentar, mais concentrada vai estar. O que é concentrado? É quando tem mais massa, para a mesma quantidade de volume. E diluído? É o que tem menos massa para a mesma quantidade de volume. ▪ 1:100.000 = 1g/100.000ml Toda vez que vier o símbolo de razão (:), vai estar relacionado ao vasoconstritor. ▪ O 1 é a massa, a concentração muda. O 1 é a massa em relação ao volume. Ou seja, você tem 1g de vasoconstritor para 100.000ml da minha solução. No vasoconstritor, o que vai mudar não vai ser a grama, o que vai mudar vai ser o volume. Você tem lidocaína 50.000, 80.000, 100.000 e 200.000. Quanto menos volume, mais concentrada será, quanto maior o volume mais diluída!! ▪ O vasoconstritor diminui a luz do vaso, consequentemente ele diminui o sangramento, o que facilita na cirurgia. Às vezes é utilizado mais para diminuir o sangramento. ▪ De maneira geral, a gente usa um meio termo. E ajusta a quantidade e local. No palato, por exemplo, se não souber usar, exagerar na dose, pode até necrosar o palato do paciente. ** Então quando falar em percentual é anestésico local, quando falar de razão é o vasoconstritor ▪ Se eu tenho uma anestésico e o vaso é de 1:100.000, quanto eu tenho de massa de vaso nesse anestésico?? 18 µg. Em um anestésico com 1:50.000, quanto eu tenho?? 36µg. Se for 1:200.000, eu tenho 9µg. Equação da dissociação dos anestésicos locais ▪ Os anestésicos, quando estão em solução aquosa ou seja la onde for, ele se dissocia. O que é dissociar? Separar. Então, na dissociação eletrônica, do que é positivo e do que é negativo. Na molécula que eu tinha antes as duas coisas coexistiam. Só que quando você coloca isso num meio que favorece a essa molécula expulsar esse H+. Vai expulsar esse H+, porque o meio é pobre em H+, isso a gente chama de ionização. ▪ Outra coisa é quando o meio é rico em H+, não vai haver liberação desse H+, porque o meio já vai estar saturado. É isso que que você tem quando tem um meio infectado. Quando você tem um ph de 3,3, significa que esse meio está ácido com uma grande quantidade de H+ disponível. Então o anestésico não consegue doar H+ para o meio. Então se ele não doa, ele não dissocia e mantém a carga. Então não passa pela membrana, não conseguindo o efeito desejável. ▪ Então tem que ter uma relação do Ph do meio com o pka da droga. A droga tem H+ para doar e o meio deve ser receptível a esse H+. Pois ele não passa pela membrana enquanto estiver positivo, precisa doar o H+, passar pela membrana, receber novamente o H+, se ligar ao canal de sódio para daí fazer efeito. ▪ Os anestésicos locais bloqueiam o canal de sódio, mas dependendo do tipo de anestésico esse local onde ele se liga é diferente, isso ocorre inclusive com o veneno de escorpião. Os anestésicos do tipo amida se ligam dentro canal, os do tipo éster vão deformar o canal e criar uma “barriguinha” lá dentro, e o veneno de escorpião na parte inferior do canal. ▪ Partindo do pressuposto que o mecanismo dos anestésicos locais é o mesmo, o que diferencia, dentro do ponto de vista do sítio de ligação, o anestésico benzocaína e lidocaína? O mecanismo é o mesmo, só que a forma deles efetivarem esse bloqueio é diferente. A benzocaína é através da teoria