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ANATOMIA SISTEMA URINÁRIO

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ANATOMIA, FISIOLOGIA E AVALIAÇÃO DO SISTEMA URINÁRIO
INTRODUÇÃO
O aparelho urinário é formado pelos dois rins, dois ureteres, a bexiga e a uretra. 
A urina é produzida nos rins, passa pelos ureteres até a bexiga e é lançada ao exterior pela uretra. 
Esse aparelho contribui para a manutenção da homeostase, produzindo a urina, por meio da qual são eliminados diversos resíduos do metabolismo e água, eletrólitos e não eletrólitos em excesso no meio interno. 
Essas funções se realizam no processo complexo que envolve filtração, absorção ativa, absorção passiva e secreção. 
Além da função reguladora da composição do meio interno, os rins secretam hormônios, como a renina, que participa da regulação da pressão sanguínea, e a eritropoetina, uma glicoproteína que estimula a produção de eritrócitos (hemácias). 
Os rins também participam, junto com outros órgãos (fígado, pele), da ativação da vitamina D3, um pró-hormônio esteroide, no hormônio ativo. 
A cada 24 h formam-se cerca de 1.500 ml de urina.Função geral do rim é manter a homeostase através de alterações no(s): Equilíbrio hidroeletrolítico; Volume; pH sanguíneo; Manutenção de volume e pressão arterial.
ANATOMIA BÁSICA
Órgão retroperitoneal, localizado entre as vértebras L1 e L4, apresenta aproximadamente 12 cm de comprimento. 
No homem pesa entre 125g e 170g. Na mulher entre 115g e 155g. Com o envelhecimento, há uma diminuição do peso renal.
Observação: Normalmente, o rim direito é 1 cm menor e encontra-se ligeiramente mais caudal em relação ao esquerdo, provavelmente pela localização do fígado.
Observação2: O nível de hidratação do organismo e a pressão arterial provocam variações no tamanho do rim.
MACROSCOPIA
Cápsula renal: membrana fibroelástica muito fina e brilhante que se adere à pelve e aos vasos sanguíneos na região do hilo. Envolve toda a superfície do rim.
Hilo renal: região central da borda côncava, por onde chegam os vasos e nervos que suprem o órgão, além de ser a saída do ureter.
Fáscia renal ou fáscia de Gerota: condensação de tecido conjuntivo localizada ao redor do rim. Ela tende a limitar a disseminação de infecções renais, hemorragias ou extravasamento de urina.
Parênquima renal (tecido renal propriamente dito): camada cortical (mais externa) e camada medular (mais interna):
· O córtex se constitui de glomérulos, túbulos contorcidos proximais e distais; já a medula contém as alças de Henle e os túbulos coletores, os quais se abrem nas papilas dos cálices menores
Lobos renais: o rim pode ser dividido esquematicamente em lobos, cada um formado por uma pirâmide de Malpighi, associada ao tecido cortical adjacente.
INERVAÇÃO
Basicamente originada do plexo celíaco, há, no entanto, contribuições do plexo hipogástrico superficial e de nervos intermesentéricos, esplâncnicos superiores e torácicos.
A inervação simpática renal atua principalmente nas arteríolas aferentes e eferentes e no aparelho justaglomerular.
· Arteríolas eferentes: estimula a secreção de renina;
· Arteríolas aferentes: atua na musculatura lisa.
Observação: A inervação aferente da dor também apresenta papel importante, pois pode ajudar a localizar a altura de um cálculo em migração.
IRRIGAÇÃO
A circulação renal apresenta uma característica única: duas redes capilares encontram-se em série em um mesmo órgão – redes capilar e peritubular;
Cada rim recebe uma artéria renal principal, que se origina da aorta no nível da primeira ou da segunda vértebra lombar;
A artéria renal divide-se em ramos anterior e posterior. Algumas vezes, é possível encontrar artérias acessórias renais, as quais apresentam importância cirúrgica, por exemplo, na nefrectomia do doador renal.
COMPONENTES FUNCIONAIS DO RIM
Os componentes específicos do rim são: os néfrons, os túbulos coletores e uma microvasculatura exclusiva.
Observação: O rim humano contém cerca de um milhão de néfrons, embora esse número varie consideravelmente. 
Observação2: A quantidade de néfrons é estabelecida durante o desenvolvimento pré-natal. Após o nascimento, novos néfrons não podem ser desenvolvidos, e um néfron perdido não pode ser subs​tituído.
Néfrons
O néfron consiste em um corpúsculo renal (glomerulus) conectado a um túbulo complexo e retorcido, que finalmente drena para um túbulo coletor. 
Três tipos de néfrons podem ser diferenciados pela localização dos corpúsculos renais ao longo do córtex: néfrons superficiais, subcorticais e justamedulares. 
Existem dois tipos de néfrons, aqueles com a alça de Henle longa (retornam em níveis sucessivos da medula interna) e aqueles com a alça curta (retornam na medula externa). 
Túbulos Coletores
O túbulo coletor é formado no córtex renal, quando vários néfrons se juntam. 
Na entrada da medula interna, os túbulos coletores corticais se fundem sucessivamente e finalmente se abrem como ductos papilares na pelve renal.
Microvasculatura
O sangue chega aos rins pela artéria renal, que se vai ramificando até formar as arteríolas aferentes que se ligam aos capilares glomerulares (onde ocorre a filtragem do sangue), depois formam os vasos eferentes, que novamente se tornam capilares – os capilares peritubulares, que circundam os túbulos renais. Estes capilares passam a formar veias e vão-se agregando até formar veias maiores. Por fim, formam as veias renais, que deixam o rim através da região do hilo.
Na junção entre o córtex e a medula, as artérias se dividem e passam para as artérias arqueadas, que também se ramificam, e dão origem às artérias corticais radiais (artérias interlobulares), as quais ascendem radialmente através do córtex. 
Nenhuma artéria penetra a medula.
Os glomérulos são drenados pelas arteríolas eferentes. 
Dois tipos básicos de arteríolas eferentes podem ser diferenciados, os corticais e os justaglomerulares:
· As arteríolas eferentes corticais, que derivam dos glomérulos superficiais e subcorticais, suprem o plexo capilar do córtex;
· As arteríolas eferentes dos glomérulos justamedulares representam o suprimento vascular da medula renal.
FIGIOLOGIA RENAL
A função primordial do rim é manter o milieu intérieur (meio interno) estável, através da retenção ou eliminação seletiva de água, eletrólitos e outros solutos. 
Isso é alcançado através de três processos: 
(1) Filtração do sangue circulante pelo glomérulo, para formar o ultrafiltrado do plasma no espaço urinário (cápsula de Bowman); 
(2) Reabsorção seletiva (do fluido tubular para o sangue) através das células que revestem o túbulo renal; e 
(3) Secreção seletiva (do sangue capilar peritubular para o fluido tubular).
(1) Estrutura Glomerular e Ultraestrutura
O processo de formação da urina se inicia pela produção do ultrafiltrado do plasma. 
O aparelho de filtração renal é formado por três camadas de tecido: o endotélio dos capilares glomerulares, a membrana basal glomerular (MBG) e os podócitos (camada visceral da cápsula renal). 
· Os capilares glomerulares são compostos por endotélio fenestrado. As fenestrações funcionam como poros. 
· A MBG é mais complexa do que as outras membranas basais epiteliais. Consiste em três camadas: uma lâmina densa central espessa e duas camadas mais finas (lâmina rara interna e lâmina rara externa).
· Os podócitos recobrem as paredes dos capilares glomerulares. As suas projeções semelhantes a dedos (pedículos) interdigitam-se, formando estreitas fendas de filtração (diafragmas de filtração) entre as projeções. 
Em conjunto, essas três camadas funcionam como um filtro seletivo, permitindo que apenas moléculas abaixo de um certo tamanho, e de certa carga, passem a partir do sangue e entrem no sistema tubular renal. 
Por exemplo: As células do sangue, as plaquetas, algumas proteínas e alguns ânions (aniões) são impedidos de deixar os capilares glomerulares, enquanto que a água e os solutos passam. 
Os diafragmas de fenda provavelmente constituem a principal barreira de filtração, apesar de tanto o endotélio (pela prevenção da passagem de células sanguíneas) quanto a membrana basal também contribuírem.
O “espaço subpodocitário” também proporciona uma resistência adicionale variável à filtração glomerular.
Os podócitos e as células endoteliais são cobertos por um glicocálice composto por glicoproteínas, glicosaminoglicanos e proteoglicanos carregados negativamente, e a membrana basal é rica em proteoglicanos heparan-sulfato. Esse acúmulo de cargas negativas fixas restringe ainda mais a filtração de íons grandes e negativamente carregados, principalmente proteínas.
Observação: Sendo assim, com um raio efetivo permitindo filtração significativa, a albumina é quase completamente retida em condições normais. Caso essas cargas negativas fixas sejam perdidas, como ocorre em algumas formas de doença glomerular precoce ou leve (p. ex., doença por lesões mínimas), a capacidade de filtração da albumina aumenta, resultando em proteinúria. 
(2) Transporte em Segmentos Específicos do Néfron
O sistema tubular é a parte do néfron (nefrónio) que processa o ultrafiltrado glomerular em urina, reabsorvendo moléculas necessárias e secretando substâncias desnecessárias e residuais. 
Consiste em três partes:
Túbulo Proximal
Túbulos contorcidos (contornados) proximais (primeiros dois terços do túbulo proximal) e túbulos retos proximais reto (último terço). Ambas as partes são compostas por epitélio cúbico simples. Mais de metade da água e das moléculas previamente filtradas são devolvidas ao sangue (reabsorvidas) pelos túbulos proximais.
O túbulo proximal está adaptado para reabsorção em massa do filtrado glomerular. 
As células epiteliais possuem microvilosidades (borda em escova) na superfície apical, que proporcionam uma grande área absortiva, e a membrana basolateral possui pregas, também aumentando a área de superfície. 
A isoforma NHE3 do trocador (contratransporte) Na+-H+ é a principal via de entrada de Na+ nas células do túbulo proximal. Diversos outros transportadores especializados também são expressos na membrana apical,acoplando a entrada de Na+ com a de outras moléculas. 
Assim, o túbulo proximal é responsável pela maior parte da reabsorção de Na+, K+, Cl– e bicarbonato (HCO3–) e por quase toda a reabsorção de glicose, aminoácidos e proteínas de baixo peso molecular (por exemplo: proteína ligadora do retinol, α- e βmicroglobulina) que passaram pela barreira de filtração. 
A maioria dos outros solutos filtrados também é reabsorvida em alguma proporção no túbulo proximal (por exemplo ~60% do cálcio, 80% do fosfato, 50% da ureia). 
A expressão constitutiva dos canais de água aquaporina 1 (AQP1) em ambas as membranas confere uma grande permeabilidade hidráulica. Cerca de 65% da água filtrada é reabsorvida no túbulo proximal. 
Na porção final do túbulo proximal, ocorre a secreção de ácidos e bases orgânicos fracos, incluindo a maioria dos diuréticos e o PAH.
Alça (ansa) de Henle
Define-se anatomicamente que a alça de Henle compreende a parte reta do túbulo proximal (ramo descendente espesso), os ramos ascendente e descendente finos (os ramos ascendentes finos estão presentes apenas nos néfrons de alça longa), o ramo ascendente espesso e a mácula densa. 
Revestida por epitélio pavimentoso (escamoso) simples. Os dois segmentos (ascendentete e descendente) trabalham em paralelo com os capilares dos vasos retos (vasa recta) circundantes para ajustar o nível de sais no filtrado (por exemplo, sódio, cloreto, potássio) e os níveis de água. Mais especificamente, o ramo descendente é altamente permeável à água e menos permeável aos solutos, enquanto que o ramo ascendente é o oposto.
A alça de Henle também é responsável pela capacidade do rim de produzir urina concentrada ou diluída. 
O ramo espesso da alça de Henle produz a proteína de Tamm-Horsfall, também chamada uromodulina, normalmente a proteína mais abundante na urina. Os papéis fisiológicos da uromodulina não são exatamente bem definidos. A uromodulina pode contribuir para a hemostasia do sódio, atuar como um inibidor constitutivo da cristalização do cálcio no fluido tubular e ainda proteger o rim contra inflamação e infecção. 
Observação: Estudos genéticos humanos associaram a expressão uromodulina a um risco maior de doença renal crônica; mutações do gene codificador estão relacionadas ao aparecimento de doenças autossômicas raras, injúria renal e formação de cistos, hiperuricemia e declínio progressivo da função renal.
Túbulo Distal
O túbulo distal compreende três segmentos: o túbulo contorcido distal (TCD), onde ocorre a reabsorção de NaCl sensível a tiazídicos, através de um cotransportador apical de NaCl (NCC); o túbulo conector (CNT), cuja função é essencialmente intermediária entre a do TCP e a do próximo segmento; e o início do túbulo coletor.
A principal diferença entre o túbulo proximal e o distal é que o epitélio do túbulo distal tem microvilosidades menos desenvolvidas. Ocorrem aqui reabsorção e secreção, embora em menor grau do que no túbulo proximal. Dado o número elevado de mitocôndrias, os túbulos retos distais podem reabsorver substâncias úteis (eletrólitos) e secretar resíduos remanescentes por transporte ativo. De particular interesse é a reabsorção de sódio, sob regulação da aldosterona.
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL 
Os principais produtos residuais excretados na urina são 3 compostos nitrogenados: 
1. Ureia: derivada da decomposição dos aminoácidos durante a reciclagem normal das proteínas corporais; 
2. Ácido Úrico: que resulta da renovação dos ácidos nucleicos; 
3. Creatinina: formada pela decomposição da fosfocreatina, uma molécula presente no músculo que armazena energia para a produção de trifosfato de adenosina (ATP).
Taxa de Filtração Glomerular
A taxa de filtração glomerular (TFG) é o produto da taxa média de filtração de cada néfron, a unidade filtradora dos rins, multiplicada pelo número de néfrons em ambos os rins. 
O valor normal da TFG é de aproximadamente 130 mL/min/1,73m2 para homens e 120 mL/min/1,73m2 para mulheres, com variação considerável entre os indivíduos, de acordo com idade, gênero, tamanho corporal, atividade física, dieta, terapia farmacológica e estados fisiológicos, como gravidez. 
Observação: Durante a gestação, a TFG aumenta em cerca de 50% no primeiro trimestre e retorna ao normal imediatamente após o parto. 
Observação2: A TFG varia ao longo do dia, sendo 10% menor à meia-noite, quando comparada com a tarde. 
Observação3: Reduções da TFG podem resultar da diminuição do número de néfrons ou da queda da TFG por néfron, a partir de alterações fisiológicas ou hemodinâmicas. Um aumento da TFG por néfron causado pela elevação da pressão capilar glomerular ou por hipertrofia glomerular pode compensar a redução do número de néfrons; portanto, o valor da TFG pode não refletir a perda de néfrons. Dessa forma, pode haver dano renal considerável antes da queda da TFG.
Medida da Taxa de Filtração Glomerular
A TFG não pode ser medida diretamente. Em vez disso, ela é medida como a depuração (clearance) urinária de um marcador ideal de filtração.
Conceito de Depuração (Clearance) 
O clearance de uma substância é definido como o volume de plasma “clareado” ou depurado de um marcador pela excreção, por unidade de tempo. 
Ou seja, a função renal de limpar, depurar, é conhecida como clearance.Substância livremente filtrada pelos glomérulos não se ligue às proteínas plasmáticas e que não seja secretada nem reabsorvida pelos túbulos renais o clearance dessa substância é igual à filtração glomerular.
O clearance é interpretado como o volume de plasma que pode ser depurado (limpo) de certa substância na unidade de tempo.
O clearance de creatinina reflete a filtração glomerular.
Observação: O valor do clearance se relaciona com a eficiência da eliminação: quanto maior a taxa de eliminação, maior o clearance. 
Marcadores de Filtração Exógenos 
A inulina, foi a primeira substância descrita como um marcador ideal de filtração e permanece a referência (padrão-ouro) para a avaliação dos outros marcadores. 
O protocolo clássico para o clearance de inulina requer a infusão intravenosa (IV) contínua para atingir um estado de equilíbrio e a cateterização vesical com coleta de urina em múltiplos momentos.Observação: Como essa técnica é incômoda, e a medida de inulina necessita de um ensaio químico difícil, esse método não é utilizado amplamente na prática clínica e permanece como uma ferramenta de pesquisa. 
Substâncias exógenas alternativas incluem iotalamato, iohexol e ácido etilenodiaminotetracético, geralmente quelado com radioisótopos para facilitar a detecção. 
Protocolos alternativos para avaliar o clearance também foram validados, incluindo injeção subcutânea e esvaziamento vesical espontâneo. 
Observação: Existem vantagens dos marcadores de filtração exógenos e dos protocolos alternativos, porém há também limitações. 
Marcadores de Filtração Endógenos 
Os marcadores de filtração endógenos são substâncias geradas no organismo a uma taxa relativamente constante e eliminadas predominantemente pela filtração glomerular. 
Dessa forma, a concentração sérica possui uma alta correlação com a TFG medida, mesmo quando considerados outros fatores que influenciam os determinantes da TFG. 
Atualmente, os marcadores de filtração endógenos identificados incluem metabólitos e proteínas séricas de baixo peso molecular.
Os metabólitos filtrados podem sofrer reabsorção ou secreção, que contribuem para a excreção urinária. A comparação com o clearance urinário de marcadores de filtração exógenos permite inferir sobre o manejo renal dos marcadores de filtração endógenos. 
As proteínas séricas filtradas, por sua vez, são reabsorvidas e degradadas dentro do túbulo, com detecção mínima na urina. 
Para marcadores de filtração excretados na urina, o clearance urinário pode ser calculado a partir da coleta de urina em um período de tempo e de uma única medida da concentração sérica. 
Se a concentração sérica não for constante durante a coleta de urina, como em doenças renais agudas ou quando a função renal residual for avaliada em pacientes dialíticos, é necessário obter amostras de sangue adicionais durante a coleta de urina, a fim de estimar a concentração sérica média. 
A creatinina é o marcador de filtração renal endógeno utilizado com mais frequência na prática clínica. 
· Vantagens: facilidade na mensuração, o baixo custo e a ampla disponibilidade do exame. 
· Desvantagens: grande número de fatores determinantes que interferem no resultado, além da TFG, levando a uma grande variação da TFG para um mesmo valor de creatinina. Por exemplo, um valor de creatinina sérica de 1,5 mg/dL (132 µmol/L) pode corresponder a uma TFG de aproximadamente 20 a 90 mL/min/1,73 m2.
A ureia foi amplamente utilizada no passado, e atualmente a cistatina C parece bastante promissora.
CREATININA
Metabolismo e Excreção
A creatinina é um produto final do catabolismo muscular, contendo 113-d. 
A creatinina deriva do metabolismo da fosfocreatina muscular, bem como da ingestão dietética de carne ou de suplementos de creatina. 
A creatinina é liberada na circulação numa taxa constante durante condições fisiológicas normais. 
A creatinina não se liga a proteínas e é livremente filtrada pelo glomérulo e secretada pelos túbulos. 
Se a TFG está reduzida, a quantidade de creatinina eliminada através da via extrarrenal aumenta. 
Antibióticos podem aumentar a concentração sérica de creatinina, devido à destruição da flora intestinal, interferindo na eliminação extrarrenal da creatinina, além de reduzir a TFG. 
O clearance de creatinina geralmente é calculado a partir da excreção de creatinina em urina de 24 horas e da medida única de creatinina sérica em condições estáveis. 
O clearance de creatinina superestima sistematicamente a TFG devido à secreção tubular de creatinina. 
Em valores baixos de TFG, a quantidade de creatinina excretada pela secreção tubular pode exceder a quantidade filtrada.
Ensaio de Creatinina 
Historicamente, o ensaio mais comum para a quantificação da creatinina sérica era o ensaio do picrato alcalino (Jaffe), que produz uma reação colorida. São conhecidos outros cromógenos, além da creatinina, capazes de interferir no ensaio, dando origem a erros de até quase 20% em indivíduos normais. 
Ensaios enzimáticos modernos não detectam cromógenos que não sejam a creatinina e, portanto, levam a uma menor elevação da concentração sérica, quando comparados com o método do picrato alcalino. 
Observação: Recomenda-se a utilização de ensaios padronizados. A padronização reduzirá, mas não eliminará por completo, o erro na estimativa em valores elevados da TFG.
FÓRMULAS PARA AVALIAR A FUNÇÃO RENAL
A estimativa da TFG permanece imprecisa, e é provável que nenhuma equação será capaz de superar as limitações da creatinina como um marcador ideal de filtração.
1. Fórmula de Cockcroft-Gault 
Estima o clearance de creatinina a partir de idade, gênero e peso corporal, além da creatinina sérica.
Um fator de ajuste para mulheres baseia-se em um pressuposto teórico de que a produção de creatinina é 15% menor, em razão da menor massa muscular.
A fórmula de Cockcroft-Gault possui três grandes limitações: 
1. Não é precisa, particularmente em valores de TFG acima de 60 mL/min. 
2. Estima o clearance de creatinina em vez da TFG e, assim, espera-se que superestime a TFG, uma vez que os valores da secreção tubular de creatinina não são conhecidos. 
3. A fórmula deriva de um método antigo de ensaio de creatinina sérica, o qual não pode ser calibrado para os novos métodos de ensaio disponíveis, podendo levar a vieses sistemáticos na estimativa do clearance de creatinina.
2. Estudo MDRD (Modification of Diet in Renal Disease)
Utiliza idade, gênero e raça e padronizou a creatinina sérica para estimar a TFG.
A equação deriva da população com doença renal crônica (DRC) estudada e subestima a TFG medida em populações com níveis elevados de TFG.
A equação não foi validada em crianças ou mulheres grávidas. 
A equação do estudo MDRD apresenta maior precisão e acurácia global que a fórmula de Cockcroft-Gault.
3.Colaboração Chronic Kidney Disease Epidemiology (CKD-EPI)
Baseia-se nas mesmas quatro variáveis da equação do MDRD, porém utiliza um cálculo estatístico diferente (two-slope linear “spline”) para estabelecer a relação entre a TFG e a creatinina sérica, o que corrige parcialmente a subestimação da TFG em níveis mais elevados, observada com a equação do estudo MDRD.
A equação da CKD-EPI será precisa quanto à do MDRD se a TFGe for menor que 60 mL/min/1,73 m2 e é mais acurada em taxas maiores.
As diretrizes de 2012 do Kidney Disease: Improving Global Outcomes (KDIGO) recomendam que os laboratórios clínicos divulguem a TFGe em todos os adultos utilizando as equações de creatinina da CKD-EPI.
EAS (ELEMENTOS ANORMAIS DO SEDIMENTO) OU URINA TIPO 1
O EAS é o exame de urina mais simples.
Feito através da coleta de 40-50 ml de urina em um pequeno pote de plástico.
Normalmente solicitado que se use a primeira urina da manhã, desprezando o primeiro jato. 
Observação: A primeira urina da manhã é a mais usada, mas não é obrigatório. A urina pode ser coletada em qualquer período do dia.
Observação2: Esta pequena quantidade de urina desprezada serve para eliminar as impurezas que possam estar na uretra.
Após a eliminação do primeiro jato, enche-se o recipiente com o resto da urina.
A amostra de urina deve ser colhida idealmente no próprio laboratório, pois quanto mais fresca estiver, mais confiáveis são os seus resultados.
Observação: Um intervalo de mais de duas horas entre a coleta e a avaliação pode invalidar o resultado, principalmente se a urina não tiver sido mantida sob refrigeração.
Observação: Exercícios físicos extenuantes (p. ex., corrida, futebol) devem ser evitados pelo menos 24 horas antes da coleta, a fim de evitar proteinúria induzida pelo exercício, hematúria ou cilindrúria. Em mulheres, o exame de urina também deve ser evitado durante o período menstrual.
O EAS é divido em duas partes. A primeira é feita através de reações químicas e a segunda por visualização de gotas da urina pelo microscópio:
· Mergulha-se uma fita na urina, chamada de dipstick. Cada fita possuiu vários quadradinhos coloridos compostos por substâncias químicas que reagemcom determinados elementos da urina. Esta parte é tão simples que pode ser feita no próprio consultório médico. Após 1 minuto, compara-se a cores dos quadradinhos com uma tabela de referência que costuma vir na embalagem das próprias fitas do EAS.
· Através destas reações e com o complemento do exame microscópico, podemos detectar a presença e a quantidade dos seguintes dados da urina: densidade, pH, glicose, proteínas, hemácias, leucócitos, cetonas, urobilinogênio e bilirrubina, nitrito, cristais e células epiteliais e cilindros.
Parâmetros de Normalidade
Características físicas:
Cor: A cor normal da urina varia entre amarelo-clara, amarelo-escura e âmbar, dependendo da concentração de urocromo. 
Turvação: A urina normal é transparente. 
Odor: característico da ureia. 
Densidade Relativa: O parâmetro densidade relativa pode ser medido pela gravidade específica ou pela osmolalidade. 
Características químicas: 
pH: varia entre 5,5 e 7,0.
Hemoglobina: 3 a 5 hemácias por campo ou menos que 10.000 células por ml.
Glicose: quando os níveis de glicose estão acima de 180 mg/dl, geralmente há perda na urina. 
Proteína: aceita-se que proteinúria fisiológica não excede 150 mg/24 horas para adultos e 140 mg/m2 para crianças. 
Esterase Leucocitária: valores normais estão abaixo de 10.000 células por ml ou 5 células por campo.
Nitritos: A urina é rica em nitratos. A presença de bactérias na urina transforma esses nitratos em nitritos. Portanto, fita com nitrito positivo é um sinal indireto da presença de bactérias.
Pigmentos de Bile: normalmente ausentes na urina.
Cetonas: normalmente a produção de cetona é muito baixa e não está presente na urina. (Indica que o corpo está tendo dificuldade de utilizar a glicose como fonte de energia). 
PROPEDÊUTICA
Uma pessoa saudável urina a cada 4 a 6 h durante o dia e, normalmente, não o faz à noite. No adulto, o volume urinário diário varia entre 700 e 2.000 ml;
· Oligúria: diminuição da diurese (volume urinário igual ou inferior a 400 ml/dia);
· Anúria: volume urinário igual ou inferior a 100 ml/dia;
· Poliúria: aumento da diurese (volume urinário igual ou superior a 2.500 ml/dia);
· Disúria: emissão de urina com diferentes graus de desconforto (dor, ardência ou desconforto à micção);
· Urgência miccional: desejo forte, súbito e irrefreável de urinar, também conhecido como imperiosidade;
· Polaciúria: aumento da frequência miccional, com eliminação de pequenos volumes de urina;
· Noctúria: micção noturna. Também conhecida como nictúria;
· Retenção urinária: incapacidade de eliminar a urina acumulada na bexiga;
· Incontinência urinaria: é a perda involuntária de urina;
· Piuria: presença de leucócitos degenerados ou pus na urina;
· Hesitação: dificuldade de iniciar a micção.

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