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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL ALAN R F PAZ JÚNIOR PASSO FUNDO 2021 DERMATITE ATÓPICA Dermatite atópica é uma doença caracterizada por eczema atópico e por placas descamativas na fossa ante-cubital, é uma doença inflamatória crônica da pele, ocorrem lesões de eczema recorrentes. Na maioria das vezes inicia na infância acometendo 2 em cada 10 crianças. É um distúrbio mediado por um desequilíbrio em relação a uma resposta T-HELPER-2 e respostas exageradas de IgE a alérgenos. Não esquecer que essa doença é uma síndrome, pois apresenta um conjunto de achados e sintomas. A pré-disposição a ter essa doença é vitalícia, mas as manifestações clínicas e a expressividade (manifestações clinicas) são variáveis e são causadas por defeitos da barreira epidérmica. O paciente com DA tem um risco maior de desenvolver doenças inflamatórias mediadas pelo sistema imunológico, são elas: asma, rinite, conjuntivite e alergia alimentar → muitos casos estão relacionados com a alergia alimentar, pacientes com DA tem mais chances de desenvolver esse tipo de alergia. Entendendo a marcha atópica, se entende que os níveis de IgE se elevam na infância e podem gerar Eczema atópico e com o passar dos anos pode evoluir para asma (30 a 40%) e rinite (25%) Obs: o eczema atópico é, na maioria dos casos, a primeira manifestação de atopia. Prevalência: aumento nos últimos 30 anos, 14-24% da população é afetada pela DA, 15-20% são crianças e 2 a 5% são adultos. As crianças são menos expostas a substâncias por conta do estilo de vida moderno (crianças dentro de casa, criadas em apartamento). • 80% dos casos a doença é leve e em 20% moderada a grave • 70% dos casos resolve até o final da infância • 60% dos casos tem inicio precoce e se manifesta durante o primeiro ano de vida Prognóstico: é pior se existir história familiar de DA, se o inicio for precoce e vai depender também da gravidade da apresentação inicial. Impacto na qualidade de vida: é o principal fator de saúde não fatal atribuído a doenças da pele, inflige uma carga psicossocial substancial aos pacientes e seus familiares. Esse impacto é maior do que algumas doenças crônicas, como DM e epilepsia. A pior parte da DA é que os pacientes não curam! Características da dermatite atópica: Eczema agudo = placa eritomatosa descamativa, é eritematosa por causa da vasodilatação e descama devido a infiltração. Em sub agudos, os mecanismos causam a diminuição da inflamação, a lesão segue mas por conta disso o eritema é menos intenso. Achados clínicos: pele seca, hiperlinearidade palmar, linha de Dennie – Morgan (dobras duplas sob as pálpebras inferiores), sinal de Herthog que é o afinamento da porção lateral das sobrancelhas. Nos lactantes, o quadro da DA é mais agudo, com lesões na face e superfície extensora dos membros, o tronco pode ser acometido e geralmente a área das fraldas é poupada, a lesão é bastante puriginosa e acomete principalmente braços, punhos, pernas, tornozelos, tronco e rosto. De 1 a 2 anos de idades as lesões já são mais polimórficas, ocorrem diferentes tipos de lesões e acomete as pregas flexoras (pescoço, fossa poplítea, fossa cubital) Polimorfismo das lesões: o que caracteriza esse polimorfismo são lesões do tipo nodosas, quase que liquenficadas, placas eritematosas descamativas na fossa ante cubital, áreas hipocrômicas e máculas ou placas hipocrômicas lamulares. Sintomas: prurido crônico é um sintoma constante, se não coçar não é DA, coçadura ocasiona lesão cutânea, piora da inflamação e aumento do risco de infecção bacteriana/viral. O prurido crônico tem enorme impacto na qualidade de vida dos pacientes e familiares pois é uma condição incapacitante. Citocinas são liberadas dos queratinócitos → aumenta a inflamação → prurido crônico → paciente coça Esse é um ciclo vicioso, pois na DA não cessa o estímulo à coçadura.a lesão é tratada na “parte de fora” mas a maioria do problema está dentro da pele. Patogênese da dermatite atópica: as principais características da DA são → predisposição genética, hiper-reatividade cutânea a estímulos ambientais, prurido, inflamação subclínica na pele sem lesão, disfunção da barreira cutânea, desencadeadores imunológicos, ciclos de períodos com crises e sem crises. Complicações da DA: infecções bacterianas, infecções virais e molusco contagioso. • Infecções bacterianas secundárias: prurido intenso, febre e mal- estar, eritema intenso, exsudato, erosões, crostas melicéricas, pústulas, foliculite. O fármaco escolhido deverá ser efetivo no combate ao aureus pois esse MO é isolado de 80 a 100% das lesões cutâneas, a maioria sem sinais clínicos de infecção. Se houver crotas melicéricas é uma infecção secundária. Diagnósticos diferenciais podem ser feitos com a dermatite de contato, dermatite seborreica, escabiose, psoríase, dermatite infectiva (mais comum em pacientes com HIV), linfoma cutâneo de células T e ictiose. Tratamento da DA: Doença multifatorial → abordagem multifatorial Barreira cutânea comprometida + sist imune comprometido = dermatite atópica • Barreira cutânea comprometida: cuidados básicos para limpeza e hidratação ajudam a reparar a barreira cutânea, suporte emocional e mudança de comportamento ou barreiras para interromper o ciclo prurido- coçadura. • Sistema imune comprometido: tratamento anti-inflamatório apropriado, educação dos pais e do paciente, identificação dos gatilhos e consequente afastamento. Plano de tratamento: Tratamento durante as crises: Controle dos fatores desencadeantes e agravantes, hidratação cutânea (serve para evitar a perda de líquido), alivio do prurido, controle da inflamação com corticoides e inibidores tópicos da calcineurina e controle da infecção se for de causa bacteriana (atb tópicos e/ou sistemáticos) Tratamento durante remissões: Evitar fatores desencadeantes e agravantes, manutenção da hidratação cutânea, prevenção das crises com inibidores tópicos da calcineurina e tacrolimo e pimecrolimo. Terapias adjuvantes: • Emolientes: uso frequente é fundamental para o manjeo da DA para restaurar a função da barreira, reduzir o uso de corticoides e prevenir recorrências • Corticoide tópico: primeira linha das crises de DA e o tratamento em feito em ciclos por causa da taquifilaxia. Não usar corticoides de alta potência em dobras e face. • Inibidor da calcineurina: agentes poupadores de corticoide, áreas da pele sensível como face, pescoço, anogenital • Terapia pró-ativa pode reduzir as recaídas: aplicação 2x por semana em áreas que comumente apresentam lesões. • ATB e anti-virais: infecções cutâneas podem alterar a evolução da DA, usar atb tópicos no tratamento de lesões localizadas e sistêmicos se as lesões forem extensas. • Anti-histamínicos: sistêmicos tem pouco efeito no prurido, podem ser uteis para proporcionar alivio por seu efeito sedativo, ou seja, você não vai sentir coceira se cair dormindo. Obs: infecções em outros sítios podem favorecer a dermatite atópica. Ex: paciente com infecção urinária assintomática, deu dermatite atópica Fototerapia: é usada na falha do tratamento tópico, de curta duração é de 4 a 8 semanas, o ultravioleta B de banda estreita e UVA1 de dose média são mais eficazes do que outros regimes de fototerapia. Não se deve associar ao uso de inibidor da calcineurina e ciclosporina devido ao potencial aumento de risco de CA de pele. Tratamento sistêmico: • Ciclosporina: rápido inicio de ação, usar por curto período (12 semanas) • Azatioprina • Metotrexato • Micofenolato de mofetil: tratamento de terceira linha devido a falta de dados. Terapia biológica: os imunobiológicos conseguem intervir exatamente na parte afetadas pelas patologias sem deixar o paciente imunossuprimido. Ex: tratamento com ciclosporina, muito eficiente porém tranca toda uma via imunológica. Com o imunobiológico,a gente tranca exatamente na fonte da inflamação. • Dupilumab: anticorpo monoconal humano que inibe a IL-4 e IL-3, uso adulto. • Omalizumab: anticorpo IgG1 monoclonal humanizado recombinante → serve para bloquear as consequências da ativação de mastócitos e basófilos durante a cascata inflamatória alérgica. Aprovado pelo FDA para o tto de asma persistente moderada a grave > 6 anos de idade • Ustekinumab: possível opção promissora no tto de DA. Novos tratamentos tópicos: • Tofacitinibe: inicialmente aprovado para o tto da AR VO, é um inibidor JAK que atua bloqueando várias sinalizações de citocinas Th2 (IL-4, 5 e 13). Promissor na DA – muitas das citocinas envolvidas na AD usam vias biológicas JAK • Crisaborole: pomada anti-PDE, aprovada pela FDA para crianças acima de 2 anos de idade, reduz a inflamação e o prurido da pele, com a desvantagem de ser menor eficaz do eu os corticosesteroides tópicos de baixa potência. Não representam risco para telangictasia e atrofia da pele. O que há de novo? • O fator de risco de maior impacto é a HF de DA • Fator de risco genético: mutação na filagrina que codifica uma proteína estrutural epidérmica • Fatores genéticos e ambientais: dieta ocidental (grande quantidade de açúcar e ácidos graxos polissaturados), família pequena, alta escolaridade, ambiente urbano, regiões com baixa exposição a RUV e baixa umidade • Identificar fatores de gatilho • Terapia biológica sistêmica e tópica.
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