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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL ALAN R F PAZ JÚNIOR PASSO FUNDO 2021 SARCOIDOSE É a afecção sistêmica que atinge a pele e outros órgãos como pulmões, linfonodos, olhos, baço, fígado e ossos. Afeta adultos de ambos sexos, mas é mais comum em mulheres e tem dois picos de incidência, sendo entre os 25-35 anos e entre os 45-65 anos. Sua ocorrência é rara, sendo mais frequente em países setentoriais. Muito mais prevalente em negros no Brasil. É uma doença granulomatosa não infecciosa, compreende um grupo de afecções representadas, ao exame histopatológico, por granulomas sem a participação etiopatogênica dos agentes infecciosos. O granuloma representa resposta do hospedeiro formada, sobretudo por histiócitos, que são os macrófagos residentes no tecido. É como se essa doença fosse uma reação a algum corpo estranho. Granuloma sarcoídico: atrofia eidérmica, granulomas epitelióides ovais e arredondados na derme média, profunda e até no subcutâneo. Histiócitos de citoplasma amplo e eosinofílico com núcleo Val dispostos concentricamente formando o granuloma. O granuloma sarcoídico é um arranjo concêntrico de células epiteloides (histiócitos modificados) e devido a participação de linfócitos T também são denominados granulomas imunológicos. Patogênese: a etiologia é desconhecida, mas admite-se que vários antígenos possam provocar a doença em indivíduos geneticamente susceptíveis. Estão implicados na patogênese dessa doença: • Fatores genéticos, imunológicos, ambientais e infecciosos • Exposição a irritantes ambientais rurais → emissões de estufa de lenha, pólen, partículas inorgânicas, inseticidas e mofo. • Agentes ambientais: blirio, zircônio e alumínio podem produzir granulomas sarcoideos • Agentes imunológicos: a reação sarcoídea consiste na interação entre macrófagos e linfócitos T/CD4 Sinais e sintomas: a apresentação vai depender da extensão e do órgão acometido. 5% são assintomáticos e detectamos acidentalmente através de exames de imagem, 45% apresentam comprometimento sistêmico, como febre, emagrecimento, sudorese noturna e fadiga. 50% apresentam componente pulmonar (dispneia, tosse seca, dor torácica e hemoptise), ainda podem apresentar acometimento ocular, como dor e distúrbios de visão, músculo esqueléticos como dores articulares e mialgia, além de manifestações cutâneas e linfonodomegalia. Sarcoidose na infância: é incomum, consiste em artrite, lesões cutâneas e uveíte. • Achados pulmonares: o exame físico pode ser normal, podem se ouvir crepitantes pulmonares, diminuição da saturação no exercício, linfadenomegalia torácica que consiste em adenopatia hilar bilateral – achado radiológico mais frequente (85% dos casos). Na TC de tórax vamos ver nódulos intraparenquimatosos bilaterais e subpleurais à direita, nódulos não visíveis no RX • Achados dermatológicos: a pele é acometida em cerca de 20-35% dos casos, eritema nodoso, paniculite dolorosa nos MMII, Lúpus pérnio (lesão cutânea mais específica da sarcoidose), rash violáceo malar ou nasal, placas maculo-papular (mais incomuns que o rash). Os nódulos eritematoso-violáceos pode se apresentar de inúmeras formas, vimos na diascopia ou vitropressão → observa-se cor de geleia de maça. Nódulo eritematoso-violáceo Placa eritematosa Pápulas e máculas Lúpus pernio O eritema nodoso é a única lesão dermatológica que se correlaciona com o prognostico, ocorre na fase aguda e está associado a sarcoidose de resolução espontânea. Ainda nos achados dermatológicos, podemos ter a infiltração das cicatrizes e tatuagens por granulomas epitelióides, que pode ocorrer como manifestação inicial ou associada a doença sistêmica pré-existentes, é um achado muito sugestivo de sarcoidose e é uma das manifestações clínicas mais específicas, porém pouco prevalente. Reativação de cicatrizes antigas: é quase patognomonico de sarcoidose • Achados oculares: se não for tratada pode levar a amaurose, uveíte granulomatosa anterior ou posterior é o achado mais frequente, fotofobia, visão borrada e lacrimejamento, lesões na conjuntiva e placas na esclera. • Achados músculo-esqueléticos: poliartrite aguda inespecífica, ocorre me mais de 40% dos casos, tem curso autolimitado. A artrite crônica recorrente é rara (1-4%) • Outras manifestações: envolvimento ósseo, insuficiência cardíaca por cardiomiopatia (rara), bloqueio cardíaco e morte súbita, meningite linfocítica (rara), paralisia do nervo craniano e disfunção hipotalâmica (rara) Diagnóstico diferencial: o diagnóstico deve ser consolidade após a exclusão de outras possíveis doenças, como infecções por micobactérias, histoplasmose, infecções fungicas, beriliose, peneumonite de hipersensibilidade, granuloma eosinofílico, linfoma. As reações granulomatosas regionais devem ser distinguidas de carcinoma de pulmão, mama e linfoma. Estágios da sarcoidose: • Estágio 0 = achados radiográficos normais • Estágio 1 = linfadenopatia hilar bilateral • Estágio 2 = linfadenopatia hilar bilateral e infiltrado • Estágio 3 = infiltrado pulmonar • Estágio 4 = fibrose Diagnóstico: devido à diversidade do quadro clínico, o diagnóstico deve ser consolidado após a exclusão de outras possíveis doenças, principalmente de origem infecciosa. O diagnóstico vai ser baseado no achado histológico de granulomas epitelióides não caseosos associados a quadro clinico e radiológico compatíveis. • Achados clínicos compatíveis • Exclusão de outras doenças granulomatosas • Evidência histológicas de granuloma É necessário RX de tórax, requer biópsia na maioria dos casos, a biópsia é endobrônquica via broncoscopia e o achado histológico vai ser um granuloma não caseoso com coloração negativa para fungos e bactérias. Exames laboratoriais: hipercalecemia, hipercalciuria, aumento da fosfatase alcalina, níveis elevados de ECA Tratamento: começa com predinisona e se não der certo, vai somando até esgotar as possibilidades. Pode usar monoterapia ou realizar associações. • Corticoide – predinisona • Metotrexato • Cloroquina ou hidroxicloroquina: lesões cutâneas, hipercalcemia, sarcoidose neurológica e lesões ósseas • Azatioprina • Clorambucil • Ciclosporina: sarcoidose cutânea ou resistente • Infliximab: lupos pernio, uveite, sarcoidose hepática e neurosarcoidose • Talidomida: cutânea o refratária ao tratamento Tratamento da sarcoidose pulmonar com fibrose avançada: transplante pulmonar, capacidade pulmonar forçada abaixo de 50% do esperado e volume expiatório forçado em 1 segundo abaixo de 40 Prognóstico: a evolução varia de acordo com a duração da doença, sua gravidade e órgãos envolvidos, é mais frequentemente uma doença autolimitada que dura de 12 a 36 meses em metade dos casos e menos de 5 anos em muitos casos, a minoria dos pacientes terá a doença prolongada, a qualidade de vida cai bastante pois 60% dos pacientes tem depressão, a mortalidade gira em torno de 5%. É importante destacar que apenas a sarcoidose causa reativação de cicatrizes.
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