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anestésicos gerais

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FARMACOLOGIA DOS ANESTÉSICOS GERAIS
A anestesia geral consiste na administração de fármacos que buscam proporcionar um estado reversível de depressão do SNC, causando perda da percepção e de resposta a estímulos.
· A anestesia geral proporciona: perda da consciência e amnésia; analgesia; supressão/inibição dos reflexos sensitivos e autônomos; relaxamento da musculatura esquelética. 
· Esses fármacos causam seus efeitos ao nível do SNC, de modo controlável e reversível. 
· Os anestésicos gerais provocam diferentes graus de anestesia, variando desde uma analgesia (paciente se mantém consciente) até uma depressão bulbar (parada cardiorrespiratória).
· Os anestésicos gerais potentes são administrados por inalação e via intravenosa. 
ESTÁGIOS DA ANESTESIA GERAL
Qualquer anestésico geral administrado tem a capacidade de induzir os 4 estágios da anestesia geral o que vai determinar o estágio em que o paciente irá se estabelecer é a dose farmacológica, a qual é individualizada para cada paciente. 
1. Analgesia: administra-se baixas doses de anestésico, o que faz com que o paciente perca a sensibilidade a dor, fique sonolento (sedação), porém se mantém consciente nessa fase, a percepção e a resposta a estímulos (reflexo) são preservadas. 
2. Excitação: há perda da consciência e aumento dos estímulos reflexos (vômito, movimentos involuntários, delírios, comportamento combativo). 
· O ideal é que esse estágio seja evitado a administração do anestésico deve ser feita de modo a fazer com que o paciente fique o menor tempo possível no estágio II, visto que ele não é benéfico ao paciente e ao procedimento cirúrgico. 
3. Cirúrgico: consiste no estado anestésico em que o paciente deve permanecer durante todo o procedimento cirúrgico caracteriza-se por fases de aprofundamento crescente, subdivididas em 4 planos: sono (sedação); perda sensorial completa; perda do tônus muscular e paralisia dos músculos intercostais.
· Quase todos os estímulos reflexos são inibidos alguns reflexos, como o estímulo faríngeo e peritoneal ainda permanecem. 
· A respiração se torna regular.
· O tônus muscular vai gradualmente diminuindo, até desaparecer completamente inicialmente, há paralisia dos músculos intercostais e, por último, do diafragma. 
· A musculatura lisa também relaxa isso proporciona uma vasodilatação e consequente redução da PA. 
· Também há uma diminuição da descarga simpática (menores níveis de catecolaminas circulantes), o que potencializa a queda da pressão arterial e o predomínio de efeitos parassimpáticos. 
· A PA reduzida resulta em bradicardia isso faz com que os dados hemodinâmicos dos pacientes sejam constantemente monitorados durante o procedimento cirúrgico e, em alguns casos, há necessidade de administração de agentes vasoconstritores (para tentar elevar a PA) e fármacos bloqueadores muscarínicos (reverter o estado de bradicardia induzido pelo predomínio parassimpático). 
· Um monitoramento rigoroso é necessário para evitar o avanço para o estágio IV. 
4. Paralisia bulbar: caracteriza-se pela lesão definitiva dos centros respiratório e vasomotor é um estágio crítico decorrente da administração prolongada ou de altas doses de anestésicos, que resulta na depressão profunda do SNC e consequente depressão bulbar associada, podendo resultar em parada cardiorrespiratória e vasomotora com evolução para óbito. 
· Caracteriza-se por ausência de movimento ocular. 
· Geralmente esse estágio só é atingido diante da administração de doses muito elevadas de fármacos endovenosos ou administração de elevadas doses alveolares de agentes anestésicos inalatórios.
TIPOS DE ANESTÉSICOS GERAIS
Os anestésicos gerais podem ser intravenosos ou inalatórios em geral, os anestésicos intravenosos induzem a anestesia e, então, administra-se um anestésico inalatório visando manter esse estado anestésico. 
· Anestésicos intravenosos: são usados para indução da anestesia (ex: propofol ou tiopental).
· Os anestésicos IV podem ser usados como agentes únicos para induzir e para manutenção da anestesia em caso de procedimentos de baixa complexidade e de curta duração isso se deve ao fato de que a reversão do quadro clínico de um paciente submetido a anestesia intravenosa ocorre de forma mais lenta, o que diminui a segurança do procedimento. 
· Anestésicos inalatórios: são gases ou líquidos voláteis usados para manutenção da anestesia após a administração de um anestésico IV. 
· Fármacos adjuvantes na anestesia geral: os anestésicos geralmente são administrados em conjunto com outras classes de fármacos durante o procedimento cirúrgico visando proporcionar a anestesia ideal, como: 
· Benzodiazepínicos (diminuição da ansiedade);
· Barbitúricos (sedação);
· Barbitúricos e benzodiazepínicos também pode ser usados para facilitar a indução da anestesia. 
· Anti-histamínicos (evitar reações alérgicas);
· Antieméticos (prevenir a ocorrência de náuseas e vômitos) ex: administra-se antagonista de receptor D2, o qual atua no centro do vômito no SNC e diminui a ocorrência de vômitos, impedindo que haja a aspiração de conteúdo gastrointestinal pelo paciente e possíveis complicações no procedimento. 
· Opioides (promover analgesia) muito utilizados nos procedimentos cirúrgicos para potencializar a ação dos anestésicos. 
· Relaxantes musculares (facilitar a intubação e relaxamento muscular) utilizados principalmente em cirurgias mais extensas, como cirurgias abdominais. 
FASES DA ANESTESIA: a anestesia geral apresenta 3 fases: indução anestésica, manutenção e recuperação.
· Indução: consiste no tempo desde a administração de um anestésico potente até a instalação da anestesia efetiva depende do quão rapidamente a concentração efetiva do fármaco atinge o SNC. 
· Indução anestésica é feita a partir da administração de anestésicos intravenosos de ação rápida, sendo o propofol o mais utilizado.
· Esses agentes geralmente apresentam ação rápida (curta meia-vida), o que faz com que tenham que ser administrados por bolus. 
· A administração de anestésicos via IV de ação rápida é fundamental para diminuir ou eliminar o estágio de excitação paciente rapidamente perde a consciência e entra no estágio III. 
· Outros agentes também podem ser usados para indução anestésica, como a associação de benzodiazepínico + opioide. 
· Manutenção da anestesia: a manutenção assegura uma anestesia sustentada a manutenção geralmente é feita por meio da administração de anestésicos inalatórios, os quais oferecem um bom controle da profundidade da anestesia (grau de depressão do SNC). 
· É fundamental o controle dos sinais vitais e do estado hemodinâmico do paciente nessa fase. 
· A infusão IV de vários fármacos pode ser feita durante a fase de manutenção, como vasoconstritores, anti-histamínicos, dentre outros. 
· A profundidade da anestesia pode ser alterada rapidamente mudando-se a concentração inalatória a modificação da pressão alveolar do agente anestésico induz uma resposta rápida no paciente.
· Ao se aumentar a pressão alveolar do anestésico inalatório, há um aprofundamento da anestesia, ou seja, há uma maior depressão do SNC assim, o paciente se estabelece em estágios mais profundos da anestesia, como estágio III e IV. 
· Ao se diminuir a pressão alveolar do anestésico inalatório, há uma menor depressão do SNC e um favorecimento do processo de recuperação paciente se estabelece em estágios menos profundos da anestesia e mais próximos da vigília (retorno da consciência), como estágio I. 
· Recuperação: consiste na reversão da anestesia e depende da velocidade com que o anestésico se difunde do cérebro assim, no pós-operatório, a mistura anestésica é retirada e há um monitoramento dos sinais tardios do paciente para o retorno da consciência.
· O paciente é monitorado visando assegurar completa recuperação, com funções fisiológicas normais, como respiração espontânea, PA e FC aceitáveis, reflexos intactos, tônus muscular normal e ausência de reações tardias, como depressão bulbar. 
· A recuperação é favorecida pela administração de anestésicos inalatóriosé muito mais fácil a recuperação do estado de anestesia após a administração de um fármaco inalatório do que diante de um fármaco endovenoso (recuperação/reversão do quadro é mais lenta e menos segura). 
· Deve-se diminuir a pressão alveolar do anestésico para que, assim, o paciente consiga facilmente exalar o agente anestésico e, dentro de poucos segundos ou minutos, o paciente já começa a se recuperar da anestesia. 
MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS GERAIS
Os anestésicos, sejam eles IV ou inalatórios, não possuem propriedades físico-químicas semelhantes, ou seja, eles pertencem a classes químicas totalmente diferentes e possuem diferentes estruturas.
· Assim, mesmo que todos esses fármacos induzam igualmente todos os estágios de anestesia e produzam resposta clínica semelhante, eles não possuem características estruturais semelhantes desse modo, acredita-se que seu mecanismo de ação não envolva atuar como agonista ou antagonista sobre canais iônicos (visto que para isso, os diferentes anestésicos deveriam ter morfologia parecida para atuar sobre um mesmo sítio nos canais iônicos). 
· Inicialmente, foi desenvolvida a teoria lipídica, a qual buscava demonstrar uma íntima relação entre a alta lipossolubilidade dos anestésicos e a sua potência anestésica acreditava-se que, como todos os fármacos anestésicos gerais possuem uma lipossolubilidade elevada, eles seriam capazes de interagir intensamente com os fosfolipídios da membrana neuronal e alterar a fluidez da membrana celular essa alteração da fluidez, por meio de mecanismos complexos, acabaria inibindo a funcionalidade do neurônio, resultando em hiperpolarização celular e depressão do SNC. 
· Atualmente, essa teoria evoluiu e percebeu-se que os anestésicos possuem a capacidade de interagir com diferentes proteínas (canais iônicos) neuronais, em sua porção lipofílica, sendo descoberto que os anestésicos induzem seus efeitos depressores centrais alterando/modulando a atividade de diferentes tipos de canais iônicos. 
Atualmente, acredita-se que os anestésicos gerais possuem a capacidade de modular diretamente canais iônicos na membrana neuronal, porém não a partir da alteração da fluidez na membrana, mas sim de uma modulação alostérica dos canais iônicos.
· Devido a sua lipossolubilidade, esses anestésicos interagem com regiões hidrofóbicas/lipofílicas dos canais iônicos (que são estruturas proteicas), resultando na ativação ou inibição daquele canal como os anestésicos não atuam como agonistas ou antagonistas, acaba que não há fármacos que atuem como antagonistas competitivos desses anestésicos para reverter sua ação. 
· Em geral, trata-se de uma modulação alostérica do canal induzida pela interação do fármaco com uma região hidrofóbica do canal iônico, o qual está inserido na membrana neuronal agem estimulando a neurotransmissão gabaérgica ou inibindo a neurotransmissão glutamatérgica. 
Alguns agentes anestésicos produzem essa modulação alostérica interagindo com canais GABA-A e estimulando a transmissão gabaérgica. 
· Anestésicos se ligam a porção hidrofóbica do receptor GABA-A e, assim, promovem a abertura do canal iônico influxo de íons cloreto e hiperpolarização neuronal depressão do SNC.
· Como não são agonistas diretos do canal iônico, não existem fármacos que atuem como antagonistas competitivos desses anestésicos, evidenciando que não é possível reverter seu efeito a partir de fármacos para que ocorra a reversão, é necessário diminuir a concentração/dose do anestésico geral e, no caso do agente inalatório, diminuir a pressão alveolar para favorecer a exalação do fármaco. 
· Ex: tiopental e propofol. 
Alguns agentes anestésicos, como o óxido nitroso, xenônio e cetamina, atuam inibindo a neurotransmissão glutamatérgica sobre canais NMDA. 
· A cetamina atua bloqueando o poro do canal NMDA assim, mesmo com a interação do glutamato em seu sítio no receptor NMDA, não é possível abrir o poro, impedindo que haja influxo de íons de cálcio e sódio, resultando na inibição da transmissão sináptica e na depressão do SNC. 
Alguns anestésicos gerais, principalmente os inalatórios/gasosos, atuam ativando canais de potássio (TREK1, TREK2, TASK1, TASK3 ou TRESK) e, assim, reduzem a excitabilidade de membrana do neurônio. 
· A interação do anestésico com a porção lipofílica do canal de K+ resulta na sua ativação e, consequentemente, no efluxo de potássio e na hiperpolarização neuronal. 
ASPECTOS FARMACOCINÉTICOS DOS ANESTÉSICOS INALATÓRIOS
Os anestésicos inalatórios consistem em pequenas moléculas lipossolúveis que cruzam rapidamente as membranas alveolares.
· Os pulmões são a única via quantitativamente importante pela qual os anestésicos inalatórios entram e saem do corpo.
· Os anestésicos inalatórios modernos consistem em fármacos não inflamáveis e não explosivos, gasosos ou líquidos voláteis, como óxido nitroso e hidrocarbonetos halogenados voláteis. 
· Em geral, esses anestésicos não são significativamente metabolizados no organismo (não sofrem degradação metabólica).
· São eliminados do organismo a partir da exalação pulmonar, permitindo uma rápida recuperação do paciente no pós-operatório. 
FATORES QUE INFLUENCIAM NA INDUÇÃO E RECUPERAÇÃO
A velocidade de indução e recuperação anestésica induzida pelo anestésico inalatório depende de fatores fisiológicos (taxa de ventilação alveolar e DC) e fatores associados a propriedades do próprio anestésico. 
Fatores fisiológicos: quanto maior a taxa de ventilação alveolar e maior o débito cardíaco, maior a velocidade de indução e de recuperação anestésica.
Propriedades do anestésico: 
· Coeficiente de partição sangue/gás (solubilidade do anestésico no sangue): é o principal fator que determina a velocidade de indução e recuperação de um anestésico inalatório fármacos com baixa ou alta solubilidade no sangue se diferem na velocidade com que induzem o recuperam a anestesia. 
· É a proporção entre a porção que ele fica solúvel no sangue e a porção que ele fica na forma de gás quanto menor o coeficiente de partição sangue/gás, maior a velocidade (mais rápida) a indução e recuperação. 
· Isso ocorre devido ao fato de a pressão parcial do gás no espaço alveolar reger a concentração no sangue. 
· O coeficiente tende a ser maior em fármacos que possuem maior afinidade por proteínas plasmáticas assim, quanto maior o coeficiente de partição sangue/gás, uma maior porção do anestésico está se ligando a proteínas plasmáticas, o que resulta em uma maior dificuldade e demanda mais tempo para o fármaco se desligar dessa proteína e conseguir se estabelecer na sua forma gasosa para atuar no canal iônico neuronal.
· Ex: o halotano consiste em um anestésico gasoso com alta solubilidade no sangue (maior coeficiente), o que faz com que seja necessário um tempo mais longo para que ele consiga se desprender das proteínas plasmáticas e atuar no neurônio tempo de indução e recuperação mais longo (menor velocidade, mais lento).
· O óxido nitroso e o desflurano são agentes inalatórios com baixa solubilidade no sangue (menor coeficiente), o que faz com que tenhma um tempo de indução e recuperação mais rápida isso é uma propriedade muito desejável ao agente anestésico, pois permite um maior controle sobre a anestesia. 
· A solubilidade no sangue (coeficiente sangue/gás) tem a seguinte sequência: halotano > enfluronato > isoflurano > óxido nitroso > desflurano.
· Coeficiente de partição óleo/gás (solubilidade do anestésico na gordura): 
· O alto coeficiente de partição óleo/gás (tiopental) retarda a recuperação da anestesia quando fármacos de alto coeficiente óleo/gás são administrados por longos períodos para induzir anestesia, eles podem acabar se compartimentando/armazenando no tecido adiposo devido a sua alta lipossolubilidade isso não é desejável na anestesia, visto que retarda a recuperação completa das funções fisiológicas do paciente e gera sinais de resseca (paciente manifesta sintomas da anestesia por um longo período mesmo com o fim da anestesia, pois ele mantém certos níveis plasmáticos do agente por um períodomaior devido ao seu depósito no tecido adiposo). 
· O fato da gordura ser pouco perfundida (recebe menor fração do DC) é benéfico no caso de anestesias de curta duração, visto que haverá pouca perfusão do agente anestésico na gordura e menor acúmulo desse fármaco assim, o paciente não irá demonstrar sinais de ressaca na recuperação. 
· Já, em anestesias de longa duração, mesmo a gordura sendo lentamente perfundida, acabará havendo um acúmulo significativo do fármaco, com alto coeficiente óleo/gás, no tecido adiposo e, consequentemente, um retardo da recuperação completa do paciente juntamente com manifestações de ressaca. 
· Pacientes obesos requerem agentes anestésicos gerais com menor partição óleo/gás. 
· O coeficiente de partição óleo/gás tende a ser pouco significativo no caso de agentes gasosos, sendo mais significativo no caso de agentes endovenosos (tiopental). 
· O tiopental possui maior coeficiente óleo/gás que o propofol, o que faz com que a recuperação anestésica seja mais demorada e ele cause mais sintomas de ressaca do que o propofol. 
· Regra de Meyer-Overton: moléculas com maior coeficiente de partição óleo/gás, ou seja, com maior lipossolubilidade, são anestésicos gerais mais potentes.
· Como o mecanismo de ação desses fármacos está associado a sua capacidade de interagir com regiões hidrofóbicas dos canais iônicos da membrana neuronal, quanto mais lipossolúveis eles forem, maior a afinidade do agente anestésico geral com o canal que ele quer modular, o que faz com que possuam efeitos anestésicos mais potentes. 
· O óxido nitroso apresenta uma lipossolubilidade (partição óleo/gás) mais baixa, o que faz com que seja menos potente.
· Assim, pode-se dizer que o óxido nitroso é um anestésico de baixa potência (são necessárias maiores doses do fármaco para induzir a anestesia), porém ele induz a anestesia rapidamente (curto período) devido ao seu baixo coeficiente sangue/gás). 
AGENTES ANESTÉSICOS INTRAVENOSOS
PROPOFOL
É o anestésico geral de primeira escolha utilizado por via intravenosa para induzir a anestesia + pode ser usado como agente anestésico para indução e manutenção da anestesia em casos de procedimentos de curta duração (menor complexidade). 
· É um fármaco potente, ou seja, pequenas doses já são suficientes para induzir a anestesia. 
· Apresenta um rápido início de ação e distribuição (em 20-30s) e curta meia-vida (2-4 minutos) é um agente de ação rápida, o que faz com que, logo que é administrado, já consiga aprofundar a anestesia para o estágio III, evitando que o paciente se estabeleça no estágio II (excitação). 
· A administração é feita por bolus. 
· É rapidamente metabolizado (sofre biotransformação hepática).
· Promove uma recuperação rápida, sem efeitos cumulativos (menor efeito “ressaca” quando comparado ao tiopental).
· É útil em cirurgias simples, em que o paciente recebe alta no mesmo dia. 
· Apresenta um efeito cardiovascular depressivo, podendo conduzir a hipotensão e bradicardia.
· Baixa incidência de náuseas e vômitos. 
· Mecanismo de ação: estimula a neurotransmissão gabaérgica se liga a região hidrofóbica do canal GABA-A na membrana neuronal e, assim, promove a abertura direta do canal, promovendo o influxo de íons cloreto e hiperpolarização celular.
· Abre diretamente o canal GABA-A, não sendo necessário a interação do GABA com o receptor assim, promove um efeito depressor significativo no SNC, sendo muito importante o monitoramento para evitar a evolução para o estágio IV da anestesia. 
· Pode induzir a “síndrome de infusão do propofol”, quando ocorre administração prolongada de altas doses desse fármaco caracterizada por grave acidose metabólica, necrose de musculatura esquelética (rabdomiólise), hipercalcemia, lipemia, hepatomegalia, falência renal, arritmia e colapso cardiovascular (falência cardíaca). 
TIOPENTAL
O tiopental é um barbitúrico de ação ultracurta e com alta lipossolubilidade (alto coeficiente de partição óleo/gás). 
· Devido a sua alta lipossolubilidade, ele é um fármaco potente, ou seja, induz seu efeito anestésico mesmo com baixas doses. 
· Apresenta ação imediata devido a sua rápida transferência através da barreira hematoencefálica.
· Seus efeitos são de curta duração (5-10 minutos).
· Possui maior tempo de meia-vida que o propofol. 
· Devido a sua alta lipossolubilidade, caso ele seja administrado por longos períodos, ele ficará armazenado em grandes quantidades no tecido adiposo assim, mesmo com o fim da anestesia, esse fármaco acaba produzindo uma ressaca duradoura, visto que a reserva de tiopental no tecido adiposo faz com que haja níveis séricos persistentes desse fármaco por um certo período.
· Apresenta uma biotransformação hepática lenta.
· Há uma margem estreita entre a dose anestésica e a dose que causa depressão cardiovascular (depressão bulbar) assim, são fármacos caracterizados por estreita janela entre o estágio III e IV de anestesia.
· Isso faz com que seja pouco utilizado para indução anestésica atualmente. 
· A injeção acidental de tiopental (solução fortemente alcalina) dentro de uma artéria pode resultar em grave lesão tecidual e flebite. 
· Mecanismo de ação: atua favorecendo a neurotransmissão gabaérgica se ligam a um sítio hidrofóbico no canal GABA-A e induzem sua abertura, mesmo na ausência de GABA.
QUETAMINA/CETAMINA
É um anestésico intravenoso de curta duração que induz um estado dissociativo (anestesia dissociativa), no qual o paciente apresenta perda sensorial, analgesia e amnésia, porém não apresenta perda completa da consciência. 
· Mecanismo de ação: atua diminuindo a neurotransmissão glutamatérgica ao inibir os receptores NMDA bloqueia o poro do canal, impedindo o influxo de íons cálcio e sódio. 
· Início de ação relativamente lento (entre 1-2 minutos).
· É um poderoso analgésico.
· Uma desvantagem e limitação do uso do fármaco consiste na sua capacidade de induzir alucinações, delírio e disforia durante a recuperação.
· Esses efeitos são menos pronunciados em crianças, o que faz com que ela possa ser utilizada em procedimentos pediátricos menores. 
ANESTÉSICOS GERAIS INALATÓRIOS
FLURANOS
Os fluranos consistem em um grupo de fármacos anestésicos inalatórios (hidrocarbonetos halogenados voláteis), os quais são utilizados para promover a manutenção da anestesia abrange o sevoflurano, desflurano, halotano, isoflurano, enflurano.
· Mecanismo de ação: podem promover a depressão do SNC pode meio de diferentes mecanismos, como:
· Potencializam a ação do GABA sobre o receptor GABA-A resulta no influxo de cloreto, hiperpolarização do neurônio e redução da atividade no SNC.
· Atuam ativando canais de K+, promovendo sua abertura e efluxo de K+, o que gera hiperpolarização celular.
· Bloqueiam receptores nicotínicos.
· Promovem a ativação de receptores inibitórios de glicina nos neurônios motores da medula espinal, promovendo um relaxamento muscular.
· Inibição da fusão das vesículas sinápticas. 
· Em geral, apresentam um rápido tempo de indução e recuperação, exceto o halotano o halotano, devido ao seu alto coeficiente de partição sangue/gás, apresenta grande afinidade pelas proteínas plasmáticas, o que faz com que a indução e recuperação anestésica sejam mais lentas. 
· Os principais agentes utilizados atualmente nos países desenvolvidos consistem no isoflurano, desflurano e sevoflurano.
· O uso de halotano vem diminuindo, quando comparado aos outros compostos halogenados voláteis, devido a sua hepatotoxicidade a metabolização do halonato resulta na formação de metabólitos tóxicos que podem resultar em quadro de hepatite. 
· São fármacos de alta potência (diferentemente do óxido nitroso). 
· Por serem agentes voláteis, são administrados com auxílio de aparelhos vaporizadores.
· Induzem uma anestesia completa: promovem hipnose + analgesia + amnésia + relaxamento muscular.
· Efeitos adversos:
· Efeitos cardíacos: são fármacos vagomiméticos (diminuem a descarga simpática, favorecendo a atividade parassimpática) induzem vasodilatação arterial que cursa com hipotensão arterial e bradicardia riscode insuficiência cardiovascular.
· Efeitos respiratórios: depressão respiratória e irritação do trato respiratório (isoflurano e desflurano)
· Útero: efeito relaxante uterino (haloteno) o efeito relaxante sobre o útero retarda o parto e aumenta o risco de sangramentos.
· Fígado: o haloteno apresenta importante hepatotoxicidade (pode causar insuficiência hepática).
· Hipertermia maligna
ÓXIDO NITROSO
O óxido nitroso (gás hilariante) pode ser utilizado para manutenção da anestesia.
· Apresenta baixo coeficiente sangue/gás, o que faz com que apresente rápida indução e recuperação.
· Devido a sua baixa lipossolubilidade (baixo coeficiente óleo/gás), é um fármaco de baixa potência, ou seja, são necessárias altas doses (elevada pressão alveolar) desse fármaco para conseguir induzir a anestesia assim, isoladamente, ele não é efetivo para induzir a anestesia cirúrgica (estágio III), sendo então combinado com outros fármacos mais potentes para que esse efeito consiga ser alcançado. 
· É considerado um fármaco seguro devido a sua baixa potência. 
· Assim, devido a baixa potência e dificuldade de aprofundar a anestesia, ele tende a ser utilizado isoladamente para promover analgesia (estágio I). 
· É frequentemente usado em concentrações de 30 a 50% em combinação com oxigênio para promover analgesia, em particular na odontologia geralmente utilizado em pequenos procedimentos, ou em procedimentos em que o paciente sente muita dor e está marcado por um quadro de ansiedade.
· Tende a se acumular e expandir as cavidades gasosas, o que pode provocar um quadro de pneumotórax ou embolismo vascular.
· Não deprime a respiração e nem induz relaxamento muscular.
· É o menos hepatotóxico dos fármacos anestésicos inalatórios. 
· Deve ser sempre administrado com oxigênio, e a fração de oxigênio nunca deve ser inferior a 20%. 
· Possui poucos efeitos colaterais, porém, há risco de depressão da medula óssea diante da sua administração prolongada. 
· Em alguns países, ele pode ser usado como substância de abuso, sendo que nesses pacientes o risco de depressão medular é maior. 
· Mecanismo de ação: inibição dos receptores NMDA e AMPA; estimulação dos receptores GABA-A (fraco); bloqueio de canais de cálcio e ativação de canais de K+ (TREK1).

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