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Módulo VII – Mistura de Gases Ideais. Relações p-v-T. Entalpia, Energia Interna, Entropia e Calores Específicos. Sistemas com Misturas. Princípios da Psicrometria. Bulbo Seco e Úmido. Cartas Psicrométricas. Composição de uma Mistura de Gases A especificação do estado de uma mistura requer a composição e os valores de duas propriedades intensivas. Para um sistema fechado com uma mistura gasosa de dois ou mais componentes é possível descrever a composição da mistura fornecendo a massa, o número de mols e a massa molecular de um componente i por: 𝑛𝑖 = 𝑚𝑖 𝑀𝑖 onde mi é a massa, ni é o número de mols e Mi e a massa molecular, respectivamente. A massa total da mistura é a soma da massa de seus componentes: 𝑚 = ∑ 𝑚𝑖 𝑗 𝑖=1 A análise gravimétrica e a determinação das quantidades relativas e é dada pela fração, ou porcentagem, mássica: 𝑚𝑓𝑖 = 𝑚𝑖 𝑚 A soma de todas as frações mássicas é igual a unidade ou 100%. Assim como ocorre com a massa podemos ter a relações com o número de mols dos componentes. O número de mols total da mistura é a soma do número de mols de cada um de seus componentes: 𝑛 = ∑ 𝑛𝑖 𝑗 𝑖=1 A análise molar, isto é, a determinação das quantidades relativas dos componentes presentes na mistura pode ser descrito pela fração molar: 𝑦𝑖 = 𝑛𝑖 𝑛 A massa molecular aparente, ou média, da mistura e a razão da massa total da mistura e o número de mols da mistura: 𝑀 = 𝑚 𝑛 = 𝑚1 + 𝑚2 + ⋯ + 𝑚𝑗 𝑛 = 𝑛1𝑀1 + 𝑛2𝑀2 + ⋯ + 𝑛𝑗𝑀𝑗 𝑛 𝑀 = ∑ 𝑦𝑖𝑀𝑖 𝑗 𝑖=1 Relações p-ϑ-T das Misturas de Gases Um gás ideal é aquele em que as moléculas estão suficientemente espaçadas para que o comportamento de uma molécula não seja influenciado pela presença de outra. Apesar de para o uso os gases terem um comportamento real é possível que se aproximem da idealidade quando estão à baixas pressões ou altas temperaturas em relação ao seu ponto crítico. A relação p-ϑ-T capaz de correlacionar os gases ideais é expressa pela equação pϑ = mRT, enquanto que para a correlação com o comportamento real devemos utilizar a equação pϑ = mZRT, onde Z é o fator de compressibilidade. Para misturas de gases podemos prever o mesmo comportamento, isto é, gases ideais promovem misturas ideais e gases reais, misturas reais. O comportamento dessas misturas é baseado em dois modelos. Gases Ideais Modelo de Dalton: supõe que cada componente da mistura comporta-se como um gás ideal como se estivesse sozinho à temperatura e no volume da mistura. Com isso a pressão da mistura é igual à soma das pressões que casa gás exerceria se estivesse sozinho. A pressão parcial pode ser estimada através da equação de estado de gás ideal: 𝑝𝑖 = 𝑛𝑖�̅�𝑇 𝜗 𝑝𝑖 𝑝 = 𝑛𝑖�̅�𝑇 𝜗 𝑛�̅�𝑇 𝜗 = 𝑛𝑖 𝑛 = 𝑦𝑖 𝑝𝑖 = 𝑦𝑖𝑝 Modelo de Amagat: supõe que cada componente da mistura comporta-se como um gás ideal como se estivesse sozinho à temperatura e na pressão da mistura. Com isso o volume da mistura é igual à soma dos volumes que casa gás ocuparia se estivesse sozinho. Podemos estimar o volume parcial da mesma maneira que fizemos para a pressão: 𝜗𝑖 = 𝑛𝑖�̅�𝑇 𝑝 𝜗𝑖 𝜗 = 𝑛𝑖�̅�𝑇 𝑝 𝑛�̅�𝑇 𝑝 = 𝑛𝑖 𝑛 = 𝑦𝑖 𝜗𝑖 = 𝑦𝑖𝜗 Gases Reais A Lei de Dalton das pressões aditivas e a Lei de Amagat dos volume aditivos também podem ser usadas para gases reais. Além da equação de estado com fator de compressibilidade é possível se utilizar diversas equações mais exatas, como de van der Waals, Beattie-Briggeman, etc, mas a complexidade da resolução aumenta com a exatidão do modelo empregado. O fator de compressibilidade da mistura pode ser encontrado como: 𝑍 = ∑ 𝑦𝑖𝑍𝑖 𝑘 𝑖=1 Propriedades de Mistura de Gases Para aplicar o princípio da conservação de energia a um sistema que envolva uma mistura é necessária à estimativa da energia interna, da entalpia ou dos calores específicos da mistura em vários estados. Estimativa de U, H e S Para obtermos as propriedades extensivas de uma mistura basta somar a contribuição de cada componente como já foi feito para a massa. 𝑈 = 𝑈1 + 𝑈2 + ⋯ + 𝑈𝑗 = ∑ 𝑈𝑖 𝑗 𝑖=1 = ∑ 𝑚𝑖𝑢𝑖 𝑗 𝑖=1 = ∑ 𝑛𝑖�̅�𝑖 𝑗 𝑖=1 𝐻 = 𝐻1 + 𝐻2 + ⋯ + 𝐻𝑗 = ∑ 𝐻 𝑗 𝑖=1 = ∑ 𝑚𝑖ℎ𝑖 𝑗 𝑖=1 = ∑ 𝑛𝑖ℎ̅𝑖 𝑗 𝑖=1 𝑆 = 𝑆1 + 𝑆2 + ⋯ + 𝑆𝑗 = ∑ 𝑆 𝑗 𝑖=1 = ∑ 𝑚𝑖𝑠𝑖 𝑗 𝑖=1 = ∑ 𝑛𝑖 �̅�𝑖 𝑗 𝑖=1 Para as propriedades intensivas de uma mistura devemos usar uma média dividindo as equações pela massa ou pelo número de mols da mistura: 𝑢 = ∑ 𝑚𝑓𝑖𝑢𝑖 𝑗 𝑖=1 [ 𝑘𝐽 𝑘𝑔 ] 𝑒 𝑢 = ∑ 𝑦𝑖�̅�𝑖 𝑗 𝑖=1 [ 𝑘𝐽 𝑘𝑚𝑜𝑙 ] ℎ = ∑ 𝑚𝑓𝑖ℎ𝑖 [ 𝑘𝐽 𝑘𝑔 ] 𝑒 ℎ 𝑗 𝑖=1 = ∑ 𝑦𝑖ℎ̅𝑖 𝑗 𝑖=1 [ 𝑘𝐽 𝑘𝑚𝑜𝑙 ] 𝑠 = ∑ 𝑚𝑓𝑖𝑠𝑖 [ 𝑘𝐽 𝑘𝑔 ] 𝑒 𝑠 𝑗 𝑖=1 = ∑ 𝑦𝑖�̅�𝑖 𝑗 𝑖=1 [ 𝑘𝐽 𝑘𝑚𝑜𝑙 ] Estimativa dos Calores Específicos Da mesma forma podemos expressar os calores específicos: 𝑐𝑣 = ∑ 𝑚𝑓𝑖𝑐𝑣𝑖 [ 𝑘𝐽 𝑘𝑔𝐾 ] 𝑒 𝑘 𝑖=1 𝑐�̅� = ∑ 𝑦𝑖𝑐�̅�𝑖 [ 𝑘𝐽 𝑘𝑚𝑜𝑙𝐾 ] 𝑘 𝑖=1 𝑐𝑝 = ∑ 𝑚𝑓𝑖𝑐𝑝𝑖 [ 𝑘𝐽 𝑘𝑔𝐾 ] 𝑒 𝑘 𝑖=1 𝑐�̅� = ∑ 𝑦𝑖𝑐�̅�𝑖 [ 𝑘𝐽 𝑘𝑚𝑜𝑙𝐾 ] 𝑘 𝑖=1 Análise de Sistemas com Misturas Para um processo as variações da propriedade para a mistura os princípios de conservação da massa, de energia e a segunda lei são aplicáveis nas expressões já apresentadas. O único aspecto novo é a estimativa adequada dos dados de propriedades necessárias previamente. Quando a composição permanece constante para gases ideais, o número de mols para cada componente e da mistura permanece o mesmo durante todo o processo. ∆𝑈 = ∑ ∆𝑈𝑖 𝑗 𝑖=1 = ∑ 𝑚𝑖∆𝑢𝑖 𝑗 𝑖=1 = ∑ 𝑛𝑖∆𝑢̅̅̅̅ 𝑖 𝑗 𝑖=1 = ∑ 𝑛𝑖[�̅�𝑖(𝑇2) − �̅�𝑖(𝑇1)] 𝑗 𝑖=1 ∆𝐻 = ∑ ∆𝐻 𝑗 𝑖=1 = ∑ 𝑚𝑖∆ℎ𝑖 𝑗 𝑖=1 = ∑ 𝑛𝑖∆ℎ̅̅̅̅ 𝑖 𝑗 𝑖=1 = ∑ 𝑛𝑖[ℎ̅𝑖(𝑇2) − ℎ̅𝑖(𝑇1)] 𝑗 𝑖=1 ∆𝑆 = ∑ ∆𝑆 𝑗 𝑖=1 = ∑ 𝑚𝑖∆𝑠𝑖 𝑗 𝑖=1 = ∑ 𝑛𝑖∆𝑠̅̅ ̅𝑖 𝑗 𝑖=1 = ∑ 𝑛𝑖[�̅�𝑖(𝑇2, 𝑝𝑖2) − �̅�𝑖(𝑇1, 𝑝𝑖1)] 𝑗 𝑖=1 Para as expressões em mol temos: ∆�̅� = ∑ 𝑦𝑖[�̅�𝑖(𝑇2) − �̅�𝑖(𝑇1)] 𝑗 𝑖=1 ∆ℎ̅ = ∑ 𝑦𝑖[ℎ̅𝑖(𝑇2) − ℎ̅𝑖(𝑇1)] 𝑗 𝑖=1 ∆�̅� = ∑ 𝑦𝑖[�̅�𝑖(𝑇2, 𝑝𝑖2) − �̅�𝑖(𝑇1, 𝑝𝑖1)] 𝑗 𝑖=1 As tabelas de gases ideais podem ser utilizadas para estimativa da variação da entropia. ∆�̅�𝑖 = �̅�𝑖 °(𝑇2) − �̅�𝑖 °(𝑇1) − �̅�𝑙𝑛 𝑝𝑖2 𝑝𝑖1 Como a razão das pressões parciais é dada por: 𝑝𝑖2 𝑝𝑖1 = 𝑦𝑖𝑝2 𝑦𝑖𝑝1 = 𝑝2 𝑝1 Logo: ∆�̅�𝑖 = �̅�𝑖 °(𝑇2) − �̅�𝑖 °(𝑇1) − �̅�𝑙𝑛 𝑝2 𝑝1 Assumindo que os calores específicos são constantes a variação da energia interna, da entalpia e da entropia da mistura e dos seus componentes é dada por: ∆�̅� = 𝑐�̅�(𝑇2 − 𝑇1) 𝑒 ∆�̅�𝑖 = 𝑐�̅�,𝑖(𝑇2 − 𝑇1) ∆ℎ̅ = 𝑐�̅�(𝑇2 − 𝑇1) 𝑒 ∆ℎ̅𝑖 = 𝑐�̅�,𝑖(𝑇2 − 𝑇1) ∆�̅� = 𝑐�̅�𝑙𝑛 𝑇2 𝑇1 − �̅�𝑙𝑛 𝑝2 𝑝1 𝑒 ∆�̅�𝑖 = 𝑐�̅�,𝑖𝑙𝑛 𝑇2 𝑇1 − �̅�𝑙𝑛 𝑝2 𝑝1 Ar Úmido Ar úmido significa uma mistura de ar seco (substância pura) mais vapor d’água. É assumida que essa mistura comporta-se como gás ideal então a pressão para cada um dos componentes é dado por: 𝑝𝑎 = 𝑛𝑎�̅�𝑇 𝑉 = 𝑚𝑎 ( �̅� 𝑀𝑎 ⁄ ) 𝑇 𝑉 𝑒 𝑝𝑣 = 𝑛𝑣�̅�𝑇 𝑉 = 𝑚𝑣 ( �̅� 𝑀𝑣 ⁄ ) 𝑇 𝑉 onde na e nv; ma e mv; Ma e Mv são o número de mols, a massa e a massa molecular para o ar seco e o vapor d’água, respectivamente. Analisando as frações molares temos que: 𝑝𝑎 = 𝑦𝑎𝑝 𝑒 𝑝𝑣 = 𝑦𝑣𝑝 Ar saturado é uma mistura de ar seco e vapor d’água saturada, sendo que a quantidade de vapor d’água no ar úmido varia de zero no ar seco a um máximo, que depende da pressão e temperatura. Razão de Mistura, Umidade Relativa e Entalpia de Mistura. Razão de mistura é definida comoa razão da massa do vapor d’água e a massa de ar seco, ou expressa por meio de pressões parciais: 𝜔 = 𝑚𝑣 𝑚𝑎 = 𝑀𝑣𝑝𝑣𝑉 �̅�𝑇⁄ 𝑀𝑎𝑝𝑎𝑉 �̅�𝑇⁄ = 𝑀𝑣𝑝𝑣 𝑀𝑎𝑝𝑎 Sendo a razão das massas moleculares aproximadamente 0,622 e pa = p – pv, temos: 𝜔 = 0,622 𝑝𝑣 𝑝 − 𝑝𝑣 Umidade relativa é definida como a razão entre as frações molares do vapor d’água em uma dada amostra de ar úmido e a fração molar em uma amostra de ar úmido saturado à mesma temperatura e pressão da mistura. 𝜑 = 𝑦𝑣 𝑦𝑣,𝑠𝑎𝑡 ) 𝑇,𝑝 = 𝑝𝑣 𝑝𝑔 ) 𝑇,𝑝 onde pg = é a pressão de saturação da água à temperatura da mistura. Valores de entalpia, energia interna e entropia para ar úmido podem ser obtidos pela soma das contribuições de cada componente: 𝐻 = 𝐻𝑎 + 𝐻𝑣 = 𝑚𝑎ℎ𝑎 + 𝑚𝑣ℎ𝑣 𝐻 𝑚𝑎 = ℎ𝑎 + 𝑚𝑣 𝑚𝑎 ℎ𝑣 = ℎ𝑎 + 𝜔ℎ𝑣 A entalpia de vapor d’água superaquecido a baixas pressões de vapor é muito próxima dos valores correspondentes de vapor saturado a uma dada temperatura, logo hv ≈ hg(T). A entalpia do ar seco, há, pode ser otida de tabelas de gás ideal apropriadas. Já a entropia específica do vapor d’água é dada por: 𝑠𝑣(𝑇, 𝑝𝑣) = 𝑠𝑔(𝑇) − 𝑅𝑙𝑛𝜑 onde sg é a entropia específica de vapor saturado à temperatura das tabelas de vapor e φ é a umidade relativa. Diferentemente do que estamos estudando até agora, mistura de gases ideais, muitos sistemas em interesse são constituídos por uma mistura de ar seco e vapor d’água em contato com uma fase líquida, ou sólida, de água. Esses sistemas são mais complexos, mas podem ser descritos com algumas idealizações: Ar seco e vapor d’água comportam-se como gases ideais independentes. O equilíbrio entre as fases líquida e de vapor d’água não significativamente alterado pela presença de ar. A pressão parcial do vapor d’água é igual à pressão de saturação da água correspondente à temperatura da mistura. Ponto de Orvalho Quando a temperatura do vapor d’água é diminuída, ocorrer a condensação parcial desse vapor. Exemplo, condensação do orvalho sobre a grama, e de vapor em vidros de janelas e tubos. Portanto o ponto de orvalho é subsequente a diminuição da temperatura quando o vapor encontra-se no estado de vapor saturado. Podemos determinar a razão de mistura ω (ar-vapor d’água) conhecendo três propriedades: pressão, temperatura e temperatura de saturação adiabática (Tsa). 𝜔 = ℎ𝑎(𝑇𝑠𝑎) − ℎ𝑎(𝑇) + 𝜔 ′[ℎ𝑔(𝑇𝑠𝑎) − ℎ𝑓(𝑇𝑠𝑎)] ℎ𝑔(𝑇) − ℎ𝑓(𝑇𝑠𝑎) onde hf e hg são as entalpias da água líquida saturada e do vapor d’água saturado, respectivamente, ha é a entalpia do ar seco que pode ser obtido nas tabelas de gás ideal ou pela equação: ℎ𝑎(𝑇𝑠𝑎) − ℎ𝑎(𝑇) = 𝑐𝑝𝑎(𝑇𝑠𝑎 − 𝑇) onde cpa é uma constante adequada para o calor específico de ar seco. Já ω’ é dado por: 𝜔′ = 0,622 𝑝𝑔(𝑇𝑠𝑎) 𝑝 − 𝑝𝑔(𝑇𝑠𝑎) onde pg(Tsa) é a pressão de saturação à temperatura de saturação adiabática e p é a pressão da mistura. Medições das Temperaturas de Bulbo Úmido e de Bulbo Seco A temperatura de bulbo úmido é lida de um termômetro de bulbo úmido, isto é, um termômetro usual. Já temperatura de bulbo seco é a temperatura que seria medida por um termômetro posicionado na mistura. O equipamento que tem a montagem desses dois termômetros juntos é chamado de psicrômetro. Cartas Psicrométricas São gráficos que apresentam várias propriedades importantes de ar úmido. Algumas propriedades importantes dessas cartas são mostradas na figura a seguir e discutidas. A abscissa encontra-se a temperatura de bulbo seco e na ordenada a razão de mistura. A pressão de vapor também pode ser mostrada sobre a ordenada, como se vê. As curvas de umidade relativa constante são mostradas em cartas psicrométricas (φ = 100%, 50% e 10% são evidenciadas). Como o ponto de orvalho é o estado em que a mistura se torna saturada quando esfriada a pressão de vapor constante, pode-se determinar a temperatura de ponto de orvalho correspondente a um dado estado de ar úmido. Ao seguir-se a linha de ω constante até a linha de saturação, φ = 100%. A temperatura do ponto de orvalho e a temperatura de bulbo seco são idênticas para estados sobre a curva de saturação. Cartas psicrométricas também fornecem valores de entalpia da mistura por unidade de massa de ar seco na mistura: ha + ωhv. Outro parâmetro importante fornecido é a temperatura de bulbo úmido. As linhas isotérmicas de bulbo úmido são aproximadamente linhas isentálpicas de mistura por umidade de massa de ar seco, sendo que algumas cartas são desenhadas para mostrar o afastamento entre as linhas isotérmicas de bulbo úmido e as linhas isentálpicas de mistura. Essas cartas também apresentam linhas que representam o volume por unidade de massa de ar seco. Exemplo 1) Considere uma mistura de gases com 3 kg de O2, 5 kg de N2 e 12 kg de CH4. Determine: a) a fração mássica de cada componente, b) a fração molar de cada componente e c) a massa molecular média e a constante de gás da mistura Resolução: a) 𝑚𝑚 = 𝑚𝑂2 + 𝑚𝑁2 + 𝑚𝐶𝐻4 = 3 + 5 + 12 = 20 𝑘𝑔 𝑚𝑓𝑂2 = 𝑚𝑂2 𝑚𝑚 = 3 20 = 0,15 𝑚𝑓𝑁2 = 𝑚𝑁2 𝑚𝑚 = 5 20 = 0,25 𝑚𝑓𝐶𝐻4 = 𝑚𝐶𝐻4 𝑚𝑚 = 12 20 = 0,60 b) 𝑛𝑂2 = 𝑚𝑂2 𝑀𝑂2 = 3 32 = 0,094 𝑘𝑚𝑜𝑙 𝑛𝑁2 = 𝑚𝑁2 𝑀𝑁2 = 5 28 = 0,179 𝑘𝑚𝑜𝑙 𝑛𝐶𝐻4 = 𝑚𝐶𝐻4 𝑀𝐶𝐻4 = 12 16 = 0,750 𝑘𝑚𝑜𝑙 𝑛𝑚 = 𝑛𝑂2 + 𝑛𝑁2 + 𝑛𝐶𝐻4 = 0,094 + 0,179 + 0,750 = 1,023 𝑘𝑚𝑜𝑙 𝑦𝑂2 = 𝑛𝑂2 𝑛𝑚 = 0,094 1,023 = 0,092 𝑦𝑁2 = 𝑛𝑁2 𝑛𝑚 = 0,179 1,023 = 0,175 𝑦𝐶𝐻4 = 𝑛𝐶𝐻4 𝑛𝑚 = 0,750 1,023 = 0,733 c) 𝑀𝑚 = 𝑚𝑚 𝑛𝑚 = 20 1,023 = 19,6 𝑘𝑔/𝑘𝑚𝑜𝑙 ou 𝑀𝑚 = ∑ 𝑦𝑖𝑀𝑖 𝑗 𝑖=1 = 𝑦𝑂2𝑀𝑂2 + 𝑦𝑁2𝑀𝑁2 + 𝑦𝐶𝐻4𝑀𝐶𝐻4 𝑀𝑚 = (0,092)(32) + (0,175)(28) + (0,733)(16) = 19,6 𝑘𝑔/𝑘𝑚𝑜𝑙 𝑅𝑚 = �̅� 𝑀𝑚 = 8,314 𝑘𝐽/𝑘𝑚𝑜𝑙𝐾 19,6 𝑘𝑔/𝑘𝑚𝑜𝑙 = 0,424 𝑘𝐽/𝑘𝑔𝐾 2) Uma mistura de 0,3 lbm de dióxido de carbono e 0,2 lbm de nitrogênio é comprimida de p1 = 1 atm, T1 = 540°R para p2 = 3 atm em um processo politrópico no qual n = 1,25. Determine: a) a temperatura final, em °R, b) o trabalho, em Btu, c) a transferência de calor, em Btu, e d) a variação na entropia da mistura, em Btu/°R Resolução: a) 𝑇2 = 𝑇1 ( 𝑝2 𝑝1 ) (𝑛−1) 𝑛⁄ = 540 ( 3 1 ) 0,2 = 673°𝑅 b) 𝑊 = 𝑝2𝜗2 − 𝑝1𝜗1 1 − 𝑛 = 𝑚(�̅� 𝑀⁄ )(𝑇2 − 𝑇1) 1 − 𝑛 𝑛𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑛𝐶𝑂2 + 𝑛𝑁2 = 0,3 44 + 0,2 28 = 0,0139 𝑙𝑏𝑚𝑜𝑙 𝑀 = 𝑚 𝑛𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 0,5 0,0139 = 35,97 𝑊 = 0,5 ( 1545 35,97 ) (673 − 540) 1 − 1,25 | 1 𝐵𝑡𝑢 778 𝑓𝑡 𝑙𝑏𝑓 | = −14,69 𝐵𝑡𝑢 c) 𝑄 = ∆𝑈 + 𝑊 = 𝑛𝐶𝑂2[�̅�𝐶𝑂2(𝑇2) − �̅�𝐶𝑂2(𝑇1)] + 𝑛𝑁2[�̅�𝑁2(𝑇2) − �̅�𝑁2(𝑇1)] + 𝑊 Das tabelas de propriedades de gases ideais, temos: 𝑄 = (0,0068)(3954 − 2984) + (0,0071)(3340 − 2678) − 14,69 = −3,39 𝐵𝑡𝑢 d) ∆𝑆 = 𝑛𝐶𝑂2∆�̅�𝐶𝑂2 + 𝑛𝑁2∆�̅�𝑁2 Das tabelas de propriedades de gases ideais, temos: ∆𝑆 = 0,0068 (53,123 − 51,123 − 1,986 𝑙𝑛 3 1 ) + 0,0071 (47,313 − 45,781 − 1,986 𝑙𝑛 3 1 ) ∆𝑆 = −0,0056 𝐵𝑡𝑢/°𝑅 3) Uma amostra de ar úmido de 1 lbm, inicialmente a 70°F, 14,7 lbf/in2 e 70% de umidade relativa é resfriada a 40°F enquanto se mantém a pressão constante. Determine: a) a razão de mistura inicial, b) a temperatura de ponto de orvalho, em °F, e c) a quantidade de vapor d’água que se condensa, em lbm. Resolução: a) Da tabela de água saturada pg = 0,363 lbf/in 2 𝑝𝑣1 = 𝜑𝑝𝑔 = (0,7)0,363 = 0,2541 𝑙𝑏𝑓/𝑖𝑛 2 𝜔′ = 0,622 𝑝𝑔(𝑇𝑠𝑎) 𝑝 − 𝑝𝑔(𝑇𝑠𝑎) = 0,622 0,2541 14,7 − 0,2541 = 0,011 𝑙𝑏(𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟) 𝑙𝑏(𝑎𝑟𝑠𝑒𝑐𝑜) b) A temperatura do ponto de orvalho é a temperatura de saturação à pressão parcial pv1, que interpolando da tabela é: T = 60°F c) Quantidade de condensado 𝑚𝑤 = 𝑚𝑣1 − 𝑚𝑣2 Para estimar mv1, temos: 𝑚𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎= 𝑚𝑎 + 𝑚𝑣1 𝑚𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 = 𝑚𝑣1 𝜔1 + 𝑚𝑣1 𝑚𝑣1 = 𝑚𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 (1 𝜔1⁄ ) + 1 = 1 (1 0,011⁄ ) + 1 = 0,0109 𝑙𝑏 (𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟) 𝑚𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 = 𝑚𝑎 + 𝑚𝑣1 → 𝑚𝑎 = 1 − 0,0109 = 0,9891 𝑙𝑏𝑚 (𝑎𝑟 𝑠𝑒𝑐𝑜) Para estimar mv2, a pressão parcial do vapor d’água restante no sistema no estado final é a pressão de saturação correspondente a 40°F, sendo da tabela pg = 0,122 lbf/in 2. 𝜔2 = 0,622 0,122 14,7 − 0,122 = 0,0052 𝑙𝑏(𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟) 𝑙𝑏(𝑎𝑟𝑠𝑒𝑐𝑜) 𝑚𝑣2 = 𝜔2𝑚𝑎 = 0,0052(0,9891) = 0,0051 𝑙𝑏 (𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟) 𝑚𝑤 = 0,0109 − 0,0051 = 0,0058 𝑙𝑏 (𝑐𝑜𝑛𝑑𝑒𝑛𝑠𝑎𝑑𝑜) 4) Uma mistura de ar-vapor d’água está contida em um reservatório de pressão fechado e rígido, com um volume de 35 m3 a 0,15 MPa, 120°C e φ = 10%. A mistura é resfriada até que sua temperatura seja reduzida a 22°C. Determine a transferência de calor durante o processo. Resolução: ∆𝑈 = 𝑄 − 𝑊 Sendo W = 0 temos que: 𝑄 = 𝑈2 − 𝑈1 𝑈1 = 𝑚𝑎𝑢𝑎1 + 𝑚𝑣1𝑢𝑣1 = 𝑚𝑎𝑢𝑎1 + 𝑚𝑣1𝑢𝑔1 𝑈2 = 𝑚𝑎𝑢𝑎2 + 𝑚𝑣2𝑢𝑣2 = 𝑚𝑎𝑢𝑎2 + 𝑚𝑣2𝑢𝑔2 + 𝑚𝑤2𝑢𝑓2 Onde os índices a, u e w indicam ar seco, vapor d’água e água líquida respectivamente. 𝑄 = 𝑚𝑎(𝑢𝑎2 − 𝑢𝑎1) + 𝑚𝑣2𝑢𝑔2 + 𝑚𝑤2𝑢𝑓2 − 𝑚𝑣1𝑢𝑔1 𝑝𝑣1 = 𝜑1𝑝𝑔1 = (0,10)198,5 = 19,85 𝑘𝑃𝑎 𝑚𝑎 = 𝑝𝑎1𝜗 (�̅� 𝑀𝑎 ⁄ ) 𝑇1 = [(1,5 − 0,1985)𝑥105 𝑁/𝑚2](35 𝑚3) (8314 2897⁄ 𝑁𝑚/𝑘𝑔𝐾)393 𝐾 = 40,389 𝑘𝑔 𝑣𝑣1 = (�̅� 𝑀𝑣 ⁄ ) 𝑇1 𝑝𝑣1 = (8314 18⁄ 𝑁𝑚/𝑘𝑔𝐾)393 𝐾 0,1985𝑥105 𝑁/𝑚2 = 9,145 𝑚3/𝑘𝑔 𝑚𝑣1 = 𝜗 𝑣𝑣1 = 35 9,145 = 3,827 𝑘𝑔 𝑥2 = 𝑢𝑣2 − 𝑢𝑓2 𝑢𝑔2 − 𝑢𝑓2 = 0,145 − 0,0010022 51,447 − 0,0010022 = 0,178 𝑚𝑣2 = (0,178)3,827 = 0,681 𝑘𝑔 𝑚𝑤2 = 𝑚𝑣1 − 𝑚𝑣2 = 3,827 − 0,681 = 3,146 𝑘𝑔 Pegando os valores da energia interna nas tabelas de ar seco e água, temos: 𝑄 = 𝑚𝑎(𝑢𝑎2 − 𝑢𝑎1) + 𝑚𝑣2𝑢𝑔2 + 𝑚𝑤2𝑢𝑓2 − 𝑚𝑣1𝑢𝑔1 𝑄 = 40,389(210,49 − 281,1) + 0,681(2405,7) + 3,146(92,32) − 3,827(2529,3) 𝑄 = −10603 𝑘𝐽
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