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Ausculta: É a parte mais importante do exame cardiológico, o paciente deve está em decúbito dorsal, a cabeceira a aproximadamente 30°. O estetoscópio deve está em contato diretamente sobre a pele, após isso deve ser iniciada uma “marcha” sobre o tórax, começando no ápice, caminhando em direção a região paraesternal esquerda (foco pulmonar e depois aórtico), ascendendo para o 2º EICE e posteriormente cruzando a linha média. Auscultar também possíveis focos de irradiação de sopros. Devemos também localizar os eventos auscultados no ciclo cardíaco, através das seguintes denominações: holo (todo), proto (início), meso (meio), tele (final); sistólico ou diastólico. Devemos também nos atentar a regularidade do ciclo, o normal é o ritmo ser regular, no qual as bulhas ocorrem em intervalos fixos. O ritmo irregular pode ser irregularmente regular (Ex.: Extrassístole) ou irregularmente irregular (Ex.: Fibrilação atrial). Focos de ausculta Bulhas cardíacas: - Foco mitral (ápice): Conseguimos auscultar B1 e B2, porém a B1 que corresponde ao fechamento das valvas mitral e tricúspide é mais forte e melhor auscultada que B2. B3 e B4 também são auscultadas no ápice (são sempre diastólicas), só que a B4 fica localizada antes mesmo de B1 e B3 logo após B2. O som de B3 e B4 é conhecido como galope, devido à semelhança do som do galope de um cavalo, por isso ao reconhecer esse som na ausculta, se refere a B3 e B4. - Foco aórtico e pulmonar (base): Conseguimos auscultar B1 e B2, porém o foco que sobressai é B2, principalmente se houver HAS e HAP. Sobre a primeira bulha - B1: - B1 representa o fechamento da valvas atrioventriculares (início da sístole), a correta diferenciação de B1 e B2 deve ser feita com base na palpação do pulso carotídeo, sendo sua ascensão concomitante a B1 (você palpou o pulso e ouviu o som, esse som representa B1). - B1 se subdivide em componentes tricúspide e mitral, com o fechamento da tricúspide sendo ligeiramente posterior ao da mitral. Essa distinção costuma ser imperceptível ao ouvido humano, sendo às vezes notada no foco tricúspide (região paraesternal,4º ou 5º EICE [obs: o prof nunca conseguiu distinguir]). - Hiperfonese de B1: Estenose mitral, síndromes hipercinéticas. Ex: hipertiroidismo. Hipofonese de B1: Obesidade, tórax musculoso, tórax em tonel (DPOC), miocardiopatias, estenose mitral muito avançada. Sobre a segunda bulha - B2: - B2 representa o fechamento das valvas ventrículoarteriais (início da diástole, é a soma de dois componentes: o aórtico (A2) e o pulmonar (P2), com o P2 sucedendendo o A2. Em geral, essa distinção é nítida, facilitada pela inspiração. - Hiperfonese de B2: - A2: HAS - P2: HAP - Hiporfonese de B2: Distanciamento (obesidade, DPOC), fatores que reduzem a pressão dos vasos distais aos ventrículos (hipotensão arterial regurgitação ou estenose aórtica). Duas importantes causas da hipofonese de B2 são: enfisema pulmonar e tamponamento cardíaco (tríade de Beck: sinais - hipofonese de bulhas, turgência jugular, hipotensão arterial). Tamponamento cardíaco é o acúmulo de sangue no pericárdio com volume e pressão suficientes para prejudicar o enchimento cardíaco, o único tratamento é a drenagem, pode ser causado por diversos fatores. Desdobramento de B2: - Desdobramento fisiológico: o fechamento da valva aórtica ocorre primeiro. Durante a inspiração, há aumento do retorno venoso (prolongamento da diástole) e recrutamento de novos vasos na microcirculação pulmonar (pressão transmitida a artéria pulmonar torna-se menor), de maneira que a valva pulmonar se feche ainda mais tardiamente. Obs: só se escuta em 40% das pessoas. Na ausculta cardíaca escutamos o “TUM-TA-TUM-TA”, “TUM” da 1º bulha e “TA” da 2º bulha. Assim, na inspiração, ausculta-se uma segunda bulha “desdobrada” e na expiração B2 permanece como um único som. No desdobramento em vez de escutar só o “TUM-TA” (expiração), você escutar o “TUM-TRA” (inspiração), o desdobramento é melhor auscultado no foco pulmonar e aórtico. - Acentuação do desdobramento fisiológico: é uma condição patológica, A2 e P2 ficarão ainda mais afastados na inspiração e também estarão na expiração, embora menos. Decorre de um atraso ainda mais significativo no fechamento da valva pulmonar. Ex.: Bloqueio de ramo direito (BRD) e insuficiência mitral (nessa valva aórtica, A2 fecha mais precocemente). - Desdobramento paradoxal: Quem se atrasa nesse caso é componente o aórtico. Portanto, na inspiração se ausculta um som único, uma vez que o componente pulmonar também se atrasa um pouco nessa última. O que indica o desdobramento paradoxal é o duplo som de B2 na expiração, tendo como principais causas bloqueio de ramo esquerdo e estenose aórtica. - Desdobramento fixo: Nesse caso, B2 terá um duplo som tanto na inspiração quanto na expiração. O que o diferencia do desdobramento fisiológico é que os intervalos entre cada componente, na inspiração e expiração, são iguais. A principal causa dessa patologia é a CIA - comunicação interatrial, onde a pressão é igualada em ambos os lados do coração. Ilustração do desdobramento de B2 -Bulhas acessórias: São sons graves melhor detectados com a campânula do estetoscópio, são encontradas somente no ápice ou na região paraesternal esquerda baixa (foco tricúspide), não devendo ser confundidos com o desdobramento de B2. São sempre diastólicas. Sobre a terceira bulha - B3: Ocorre na transição do componente rápido do esvaziamento atrial para o lento, logo após B2. Retrata falência ventricular, refletindo aumento de complacência do ventrículo. Podendo ser formada a direita quando houver falência de VD. A B3 é um critério de diagnóstico para a insuficiência cardíaca, pois auscultar B3 no adulto sempre indica uma patologia. Sobre a quarta bulha - B4: Tem origem a partir da contração atrial, ocorrendo logo antes de B1. Reflete diminuição da complacência do ventrículo, o que ocorre po exemplo na hipertrofia de VE, como consequência da HAS ou de outras doenças. Ritmo de galope: é quando o paciente tem B3 e B4, e ainda se apresenta taquicárdico - FC >100bpm. O som de B3 e B4 são juntos quando houver hipertrofia e ao mesmo tempo dilatação (ritmo de galope), o paciente está muitas vezes descompensado. Estalidos e cliques: São sons mais agudos e audíveis com o diafragma do estetoscópio. Estalidos: O estalido é auscultado logo após B2, pois o evento valvar logo após fechamento das valvas semilunares é a abertura das atrioventriculares (o estalido corresponde a abertura das valvas mitral e tricúspide). São tipicamente encontrados em pacientes com estenose mitral, dando informações sobre a gravidade da estenose: estalidos mais precoces são mais comuns em lesões mais avançadas. O estalido ocorre na diástole. Cliques: O clique por sua vez ocorre na sístole e não na diástole, logo após B1, já que o fechamento das valvas atrioventriculares precede a abertura das semilunares. São chamados cliques ejetivos. São encontrados em valva aórtica bicúspide, estenose pulmonar e dilatação do tronco da artéria pulmonar (são patologicos). - Clique mesossistólico: Não é ejetivo, ocorre no meio da sístole, mais audíveis na borda paraesternal esquerda. Ocorre por tensão do aparelho valvar e subvalvar mitral, em pacientes com prolapso mitral. Vem logo antes do sopro de regurgitação encontrado nesses pacientes. Esquema dos cliques e estalidos
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