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Sistema digestório Livro referência: TORTORA. Cap: 24 Rodolfo Dias - é um sistema tubular. Se estende da boa ao ânus, formando uma grande área de superfície em contato com o ambiente externo, e apresenta correlação significativa com o sistema circulatório. A ampla exposição ambiental associada à estreita relação com os vasos sanguíneos é essencial para o processamento dos alimentos. - Dois grupos de órgãos compõem o sistema digestório: o canal alimentar e os órgãos digestórios acessórios 1- Canal alimentar: - é um tubo contínuo que se prolonga da boca ao ânus ao longo das cavidades torácicas e abdominopélvica. Inclui a boca, a maior parte da faringe (orofaringe e laringofaringe), o esôfago, o estômago, o intestino delgado e o intestino grosso. - Possui um comprimento de aproximadamente 5 a 7 metros em uma pessoa viva devido ao tônus dos músculos da parede do canal alimentar. No cadáver é mais longo, aproximadamente 7 a 9 metros por causa da perda do tônus muscular após a morte. 2- Órgãos digestórios acessórios: - Incluem os dentes, a língua, as glândulas salivares, o fígado, o pâncreas e a vesícula biliar. Em geral o sistema digestório executa 6 processos básicos: Ingestão Secreção Mistura e propulsão Digestão Absorção Defecação A parede do canal alimentar desde a parte inferior do esôfago até o canal anal tem o mesmo arranjo básico de quatro camadas de tecido. São elas: a túnica mucosa, a tela submucosa, a túnica muscular e a túnica serosa/túnica adventícia. Túnica mucosa: Forma o revestimento interno do canal alimentar. É composta por: 1 camada de epitélio em contato direto com o conteúdo do canal alimentar 1 camada de tecido conjuntivo – lâmina própria 1 camada fina de músculo liso (lâmina muscular da mucosa) O epitélio na boca, faringe, esôfago e canal anal é constituído por epitélio escamoso estratificado não queratinizado que possui função protetora. O epitélio colunar simples que atua na secreção e absorção, reveste o estômago e os intestinos. A taxa de renovação das células epiteliais do canal alimentar é rápida: a cada 5 a 7 dias, descamam e são substituídas por células novas. Entre as células epiteliais encontram-se células exócrinas que secretam muco e líquidos para o lúmen do canal alimentar e vários tipos de células endócrinas, mais conhecidas como células enteroendócrinas que secretam hormônios. A lâmina própria é composta por tecido conjuntivo areolar contendo muitos vasos sanguíneos e linfáticos, que são as vias pelas quais os nutrientes absorvidos no canal alimentar alcançam a os outros tecidos do corpo. A lâmina muscular da mucosa produz as microvilosidades - múltiplas pequenas pregas na túnica mucosa do estomago e intestino delgado- que aumentam a área de superfície para digestão e absorção. Tela submucosa: Consiste em tecido conjuntivo areolar que liga a túnica mucosa à túnica muscular. Contém muitos vasos sanguíneos e linfáticos que recebem moléculas dos alimentos absorvidos. O plexo submucoso está presente na tela submucosa Túnica muscular: A túnica muscular da boca, faringe e partes superior e média do esôfago contem músculo esquelético que produz a deglutição voluntária. O músculo esfíncter externo do ânus é esquelético, o que possibilita o controle voluntário da defecação. No restante do canal alimentar, a túnica mucosa consiste em musculo liso, que geralmente é encontrado em 2 lâminas: uma camada interna de fibras circulares e uma camada externa de fibras longitudinais. As contrações involuntárias (peristaltismo) do músculo liso ajudam a fragmentar os alimentos, misturá-los às secreções digestórias e leva-los ao longo do canal alimentar. Túnica serosa: É uma membrana serosa composta por tecido conjuntivo areolar e epitélio escamoso simples (mesotélio). A túnica serosa também é chamada de peritônio visceral. Inervação do sistema digestório É regulado pelo sistema nervoso entérico e pela divisão autônoma do sistema nervoso. Sistema nervoso entérico: Composto por: neurônios sensitivos, interneurônios e neurônios motores. Aproximadamente 100 milhões de neurônios que se estendem da boca ao ânus. Os neurônios do SNE são organizados em dois plexos: 1- Plexo mioentérico/ Plexo de Auerbach: localizado entre as camadas de músculo liso circular e longitudinal da túnica muscular. Neurônios motores do plexo mioentérico: controlam principalmente a motilidade do canal alimentar, particularmente a frequência e a força de contração da túnica muscular. Interneurônios: interligam os neurônios dos plexos mioentérico e submucoso. 2- Plexo submucoso: encontrado no interior da tela submucosa Neurônios motores do plexo submucoso: irrigam as células secretoras do epitélio da túnica mucosa, controlando as secreções dos órgãos do canal alimentar. Neurônios sensitivos do SNE: irrigam o epitélio da túnica mucosa e contém receptores (quimiorreceptores e mecanorreceptores) que detectam estímulos no lúmen do canal alimentar. Divisão autônoma do sistema nervoso: O nervo vago (NC X) fornece fibras parassimpáticas á maioria das partes do canal alimentar, com exceção da última metade do intestino grosso, que é suprida pelas fibras parassimpáticas da medula espinal sacral. Em geral, a estimulação dos nervos parassimpáticos que inervam o canal alimentar causa aumento da secreção e motilidade por meio do aumento na atividade dos neurônios do SNE. Os nervos simpáticos que irrigam o canal alimentar emergem das partes torácicas e lombar superior da medula espinal. Os neurônios pós-ganglionares fazem sinapse com neurônios localizados no plexo mioentérico e plexo submucoso. Os nervos simpáticos que irrigam o canal alimentar causam uma diminuição na secreção e motilidade gastrointestinal por meio da inibição dos neurônios do SNE. Raiva, medo e ansiedade podem retardar a digestão, porque estimulam os nervos simpáticos que suprem o canal alimentar. Vias reflexas gastrointestinais: Atuam na regulação da secreção e motilidade em resposta a estímulos presentes no lúmen do canal alimentar. Compõem as vias reflexas gastrointestinais: Receptores sensitivos (quimiorreceptores e receptores e estiramento) -> associam-se com os neurônios sensitivos do SNE -> os axônios dos neurônios sensitivos do SNE podem fazer sinapse com outros neurônios localizados no SNE, SNC ou SNA informando a natureza do conteúdo e o grau de distensão do canal alimentar -> os neurônios do SNE, SNC ou SNA ativam ou inibem glândulas e músculo liso, alterando a secreção e a motilidade do canal alimentar. Peritônio É a maior túnica serosa do corpo. Consiste em uma cama de epitélio escamoso simples (mesotélio) com uma camada de suporte subjacente de tecido conjuntivo areolar. Subdivide-se em: Peritônio parietal: reveste a parede da cavidade abdominal. Peritônio visceral: abrange alguns dos órgãos da cavidade e constitui sua túnica serosa. Entre o peritônio parietal e visceral existe a cavidade peritoneal que contém um liquido seroso lubrificante. Boca - Também chamada de cavidade oral ou bucal, é formada pelas bochechas, palatos duro e mole e língua. As bochechas formam as paredes laterais da cavidade oral. São recobertas pela pele externamente e por túnica mucosa internamente, que consiste em epitélio escamoso estratificado não queratinizado. - O vestíbulo da boca da cavidade oral é o espaço delimitado externamente pelas bochechas e lábios e internamente pelos dentes e gengivas. A cavidade própria da boca é o espaço que se estende das gengivas e dentes às fauces, a abertura entre a cavidade oral e a parte oral da faringe. - Pendurada na margem livre do palato mole encontra-se a úvula. Durante a deglutição, o palato mole e a úvula são atraídos superiormente, fechando a parte nasal da faringe e impedindo que alimentos e líquidos ingeridos entrem na cavidade nasal. Glândulas salivares: - Secretam saliva na cavidade oral. - A saliva mantém as túnicas mucosas da boca e da faringe úmidas e ajudam a limpar a boca e os dentes. Quando o alimento entrana boca, secreção de saliva aumenta e o lubrifica, dissolvendo-o e iniciando a digestão química dos alimentos. - A maior parte da saliva é secretada pelas glândulas salivares maiores, que se encontram além da túnica mucosa da boca, em ductos que levam à cavidade oral. Há três pares de glândulas salivares maiores: as glândulas parótidas, submandibulares e sublinguais. Glândulas parótidas: estão localizadas inferior e anteriormente às orelhas, entre a pele e o musculo masseter. Cada uma delas secreta saliva na cavidade oral por meio de um ducto parotídeo que perfura o músculo bucinador para se abrir em um vestíbulo oposto ao segundo dente molar maxilar (superior). Secretam liquido aquoso que contém amilase salivar. Glândulas submandibulares: são encontradas no assoalho da boca; são mediais e parcialmente inferiores ao corpo da mandíbula. Os ductos mandibulares passam sob a túnica mucosa em ambos os lados da linha média do assoalho da boca e entram na cavidade lateralmente ao frênulo da língua. Secretam liquido aquoso espesso que contém amilase salivar e muco Glândulas sublinguais: estão abaixo da língua e superiormente às glândulas submandibulares. Os ductos sublinguais menores se abrem no assoalho da cavidade oral. Secretam grande quantidade de liquido contendo muco e pouca quantidade de amilase salivar. Composição e funções da saliva: - Composta por 99,5% de água e 0,5% de solutos. - Entre os solutos estão: sódio, potássio, cloreto, bicarbonato e o fosfato. Também estão presentes gases dissolvidos e substancias orgânicas incluindo a ureia e ácido úrico, o muco, a imunoglobulina A, a enzima bacteriolítica lisozima e a amilase salivar. - Os íons cloreto na saliva ativam a amilase salivar que atua degradando o amido na boca em maltose, maltotriose e alfa-dextrina. Salivação - É controlada pela divisão autônoma do sistema nervoso. - Em média, diariamente são secretadas cerca de 1 a 1,5L de saliva. - Estimulação parassimpática – promove secreção continua de saliva - Estimulação simpática – diminui a secreção de saliva - A sensação e o sabor dos alimentos são potentes estimuladores das secreções das glândulas salivares. Existem 2 núcleos salivares presentes no tronco encefálico que recebem informações dos receptores que estão contidos nas papilas gustativas. São eles: núcleo salivatório superior e núcleo salivatório inferior. Língua - é dividida em 3 metades laterais simétricas por um septo mediano que se estende por todo o seu comprimento e está ligado inferiormente ao hioide processo estiloide do temporal e mandíbula. - Músculos extrínsecos da língua: originam-se fora da língua e se inserem nos tecidos conjuntivos da língua. Incluem os músculos hioglosso, genioglosso e estiloglosso. Tem por função mover a língua de um lado para o outro e de dentro para fora, ajudando na movimentação do alimento na mastigação. - Músculos intrínsecos da língua: originam e se inserem no tecido conjuntivo da língua. Ajudam a alterar a forma e o tamanho da língua para a fala e deglutição. Incluem o musculo longitudinal superior e inferior, além do transverso e o vertical da língua. Digestão química e mecânica na boca: A digestão mecânica na boca resulta da mastigação, em que o alimento é manipulado pela língua, triturado pelos dentes e misturado com saliva. Como resultado a comida é reduzida a uma massa flexível, facilmente engolida chamada de BOLO ALIMENTAR. A amilase salivar e a lipase lingual contribuem para a digestão química na boca. A amilase salivar, secretado pelas glândulas salivares, inicia a degradação do amido. A ação da amilase continua agindo por aproximadamente 1 hora após a deglutição do alimento quando a acidez estomacal a inativa. A lipase lingual só se torna ativa no ambiente ácido do estômago. Promove a quebra dos triglicerídeos em ácidos graxos e diglicerídeos. Faringe - A nasofaringe atua apenas na respiração enquanto a orofaringe e a laringofaringe têm funções digestórias e respiratórias. Esôfago É um tubo muscular colabavel de aproximadademente 25 centimetros de comprimento que se encontra posteriormente à traqueia. Começa na extremidade inferior da laringofaringe, passa pelo aspecto inferior do pescoço, e entra no mediastino anteriormente à coluna vertebral. Em seguida perfura o diafragma atraves do hiato esofágico e termina na parte superior do estômago. Histologia do esôfago - a túnica mucosa do esôfago consiste em epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado, lâmina própria e lâmina muscular da mucosa. - O epitélio escamoso estratificado associado aos lábios, boca, língua, orofaringe, laringe e esôfago confere proteção contra a abrasão e desgaste promovidas pela passagem dos alimentos. - A túnica muscular do terço superior do esôfago é de músculo esquelético, o terço intermediário é de músculo esquelétco e liso e o terço inferior é de músculo liso. - Esfíncter esfágico superior (EES) – formado por músculo esquelético. Controla a circulação de alimentos da faringe para o esôfago. - Esfíncter esofágico inferior (EEI) – formado por músculo liso. Regula o movimento dos alimentos do esôfago para o estômago. - O esôfago secreta muco e transporta os alimentos para o estômago. Não produz enzimas digestórias nem realiza absorção. Estômago - É um alargamento do canal alimentar em formato de J diretamente inferior ao diafragma no abdome. Liga o esôfago ao duodeno. - Serve como uma câmara de mistura e reservatório dos alimentos. - A digestão dos amidos (amilase salivar) e triglicerídeos (lipase lingual) continua e a digestão das proteínas começa. Anatomia do estômago: - Subdivide-se em 4 regiões principais: a cárdia, o fundo gástrico, o corpo gástrico e a parte pilórica. - A cárdia circunda a abertura do esôfago ao estômago. - A parte pilórica subdivide-se em 3 regiões: O antro pilórico: liga o corpo ao estômago O canal pilórico O piloro: conecta com o duodeno - No piloro encontra-se o músculo esfíncter piloro Histologia do estômago: - A superfície da túnica mucosa é uma camada de células epiteliais colunares simples, chamada células mucosas da superfície. A túnica mucosa contém a lâmina própria e a lâmina muscular da mucosa. As células epiteliais se estendem até a lâmina própria onde formam colunas de células secretoras chamadas de glândulas gástricas. - As glândulas gástricas contêm 3 tipos de células glandulares exócrinas que secretam seus produtos para o lúmen do estômago: as células mucosas do colo, as células principais gástricas e as células parietais. - Tanto as células mucosas do colo quanto as mucosas superficiais secretam muco. - As células parietais produzem ácido clorídrico e o fator intrínseco que atua na absorção da vitamina B12. - As células principais gástricas secretam pepsinogênio e lipase gástrica - A túnica muscular possui 3 camadas de musculo liso: uma camada longitudinal externa, uma camada circular média e fibras oblíquas internas. Digestão mecânica e química no estômago - Os alimentos podem permanecer no fundo gástrico durante aproximadamente 1 h sem serem misturados ao suco gástrico. Durante este tempo a digestão pela amilase salivar continua. - As células parietais não secretam HCl, mas sim H+ e Cl- separadamente. - A secreção de HCl pelas células parietais pode ser estimulada pela acetilcolina, pela gastrina e pela histamina. - O HCl estimula a secreção de hormônios que promovem o fluxo da bile e do suco pancreático. - A única enzima que digere proteínas no estômago é a pepsina, que é secretada pelas células principais gástricas. A pepsina é mais efetiva em ambientes ácidos, tornando-se inativa em ambiente com pH básico. - A pepsina não digere as proteínas das células do estomago junto com os alimentos pois ela é secretada na sua forma inativa, o: Pepsinogênio. O pepsinogênio só se converte em pepsina ativa quando entra em contato com o ácido clorídrico. As células da mucosa da superfície e as mucosas do colo secretam uma camada de muco alcalino que protege as células epiteliais do estômago. - A lipase gástricaquebra triglicerídeos em ácidos graxos e monoglicerídeos. - Poucos nutrientes são absorvidos no estômago pois as células epiteliais são impermeáveis a maior parte deles. No entanto, um pouco de água, íons e ácidos graxos de cadeia curta são absorvidos, bem como alguns fármacos. Pâncreas - Glândula retroperitoneal que mede aproximadamente 12 a 15 cm de comprimento e 2,4 cm de espessura, encontra-se posteriormente à curvatura maior do estômago. - Anatomicamente divide-se em: cabeça, corpo e cauda e está ligado ao duodeno por 2 ductos. - Os sucos pancreáticos são secretados pelas células exócrinas em pequenos ductos que se unem para formar dois ductos maiores, o ducto pancreático e o ducto acessório que levam as secreções até o intestino delgado. - O ducto pancreático ou ducto de wirsung é o maior dos dois ductos. O ducto pancreático se une com o ducto colédoco que vem do fígado e da vesícula biliar e entra no duodeno como um ducto comum dilatado chamado ampola hepatopancreática ou ampola de vater. Ducto hepático direito + Ducto hepático esquerdo = Ducto hepático comum Ducto hepático comum + Ducto cístico da vesícula biliar = Ducto colédoco Ducto colédoco + Ducto pancreático = Ampola hepatopancreática/Ampola de Vater. - A passagem de suco pancreático e biliar por meio da ampola hepatopancreática é regulada pelo músculo esfíncter da ampola hepatopancreática ou esfíncter de ODDI - O ducto pancreático acessório/ducto de Santorini esvazia-se no duodeno aproximadamente 2,5 cm acima da ampola hepatopancreática. Histologia do pâncreas - Ácinos: compõe cerca de 99% do aglomerado de células epiteliais glandulares do pâncreas. Constituem a porção exócrina e são responsáveis pela secreção do suco pancreático. - Ilhotas de Langerhans: compõe o 1% restante do aglomerado de células epiteliais glandulares do pâncreas. Constituem a porção endócrina e são responsáveis pela secreção de: Insulina – Células beta Glucagon – Células alfa Somatostatina Polipeptídeo pancreático Composição e funções do suco pancreático - Aproximadamente 1200 a 1500 ml de suco pancreático são produzidos diariamente - Líquido claro, incolor, composto principalmente por água, alguns sais, bicarbonato de sódio e várias enzimas. - O bicarbonato de sódio NaHCO3 confere ao suco pancreático um pH ligeiramente alcalino (7,1 a 8,2) que tampona o suco gástrico ácido do quimo, interrompe a ação da pepsina do estomago e cria pH apropriado para a ação das enzimas digestórias no intestino delgado. - Entre as enzimas do suco pancreático encontram-se: Amilase pancreática: digestão de amido Lipase pancreática: digestão de lipídeos Enzimas que digerem proteínas em peptídeos: Tripsina; Quimotripsina; Carboxipeptidase e Elastase. Enzimas que digerem ácidos nucléicos em nucleotídeos: Ribonuclease e Desoxirribonuclease. - As enzimas pancreáticas que digerem proteínas são produzidas em uma forma inativa evitando, dessa forma, que as enzimas façam a digestão das células do próprio pâncreas. - Tripsina é secretada sob a forma de tripsinogênio - As células acinosas pancreáticas secretam o inibidor da tripsina que bloqueia qualquer tripsina formada acidentalmente no pâncreas ou no suco pancreático. - No lúmen do intestino delgado o tripsinogênio é quebrado pela enteroquinase, presente na borda em escova das células, que divide parte da molécula formando a tripsina. A tripsina atua sobre os precursores inativos: Quimotripsinogênio -> quimotripsina Procarboxipeptidase -> carboxipeptidase Proelastase -> elastase Fígado e Vesícula biliar - A fígado é a glândula mais pesada do corpo, pesando aproximadamente 1,4 kg em um adulto médio. Encontra-se inferiormente ao diafragma e ocupa a maior parte do hipocôndrio direito e parte das regiões epigástricas da cavidade abdominopélvica. - A vesícula biliar é um saco em forma de pera localizado em uma depressão na face posterior do fígado. Mede 7 a 10 cm de comprimento. - O fígado é dividido em dois lobos principais: um lobo hepático direito grande e um lobo hepático esquerdo menor. - Hepatócitos: são as principais células do fígado e realizam uma grande variedade de funções metabólicas, secretoras e endócrinas. Compõem cerca de 80% do volume do fígado. A bile, líquido amarelo, marrom ou verde-oliva secretado pelos hepatócitos, atua tanto como um produto de excreção quanto como uma secreção digestiva. - O ácino hepático é a menor unidade estrutural e funcional do fígado. Sua popularidade e apelo se baseiam no fato de proporciona uma descrição e interpretação dos padrões lógico de armazenamento e liberação de glicogênio e efeitos tóxicos, degeneração e regeneração em relação à proximidade das zonas acinares com os ramos da tríade portal. - As funções da vesícula biliar são armazenar e concentrar a bile produzida no fígado até que ela seja necessária no intestino delgado. - Os hepatócitos secretam diariamente 800 a 100 ml de bile. pH entre 7,6 e 8,6. Constituído principalmente por água, sais biliares, colesterol, lecitina, pigmentos biliares e íons. - O principal pigmento biliar é a bilirrubina que provém da fagocitose de eritrócitos envelhecidos. - A bile é um produto de excreção e parcialmente uma secreção digestória. Os sais biliares (sais de sódio e de potássio dos ácidos biliares) promovem a emulsificação, a fragmentação de grandes glóbulos lipídicos em suspensão em pequenos glóbulos lipídicos. A quebra dos glóbulos facilita a ação da lipase pancreática no processo de digestão dos triglicerídeos. Os sais biliares também ajudam na absorção de lipídios após a sua digestão. Suprimento sanguíneo para o fígado O fígado recebe sangue de 2 fontes: Artéria hepática – recebe sangue oxigenado Veia porta – recebe sangue venoso contendo nutriente recém-absorvidos, fármacos e possivelmente, microrganismos e toxinas do canal alimentar. - Os produtos dos hepatócitos e nutrientes necessários por outras células são secretados de volta para o sangue, que então drena pela veia central e, por fim, para uma veia hepática. Outras funções do fígado - Metabolismo dos carboidratos: manutenção do nível normal de glicose no sangue. O fígado cliva o glicogênio em glicose e libera a glicose para a corrente sanguínea. O fígado também pode converter aminoácidos e o ácido láctico em glicose, bem como pode converter a frutose e a galactose em glicose. Quando a glicemia está elevada o fígado converte a glicose em glicogênio. - Processamento de fármacos e hormônios – desintoxica substancias como o álcool etílico, e excreta medicamentos como a penicilina, a eritromicina e as sulfonamidas na bile. - Ativação da vitamina D. Intestino delgado - Local onde ocorre a maior parte da digestão e absorção de nutrientes. - O intestino delgado começa no músculo esfíncter do piloro do estomago, serpenteia a parte central e inferior da cavidade abdominal, por fim, se abre no intestino grosso. - Mede cerca de 2,5 cm de diâmetro, 3 m de comprimento em uma pessoa viva e 6.5 m no cadáver em razão da perda do tônus do musculo liso após a morte. - É dividido em 3 regiões: Duodeno: região mais curta; retroperitoneal; inicia-se no esfíncter do piloro e tem forma de um tubo em C; estende-se por aproximadamente 25 cm até que se funde com o jejuno. Jejuno: aproximadamente 1 m de comprimento; estende-se até o íleo Íleo: última e mais longa região do intestino delgado; mede aproximadamente 2 m e junta-se ao intestino grosso por meio do óstio ileal. Histologia do intestino delgado - A parede do intestino delgado é composta pelas mesmas 4 camadas que formam a maior parte do canal alimentar: túnica mucosa, tela submucosa, túnica muscular e túnica serosa. - A parede do intestino delgado tem características estruturais especiais que facilitam o processo de digestão e absorção. Incluem: pregas circulares, as vilosidades e as microvilosidades. - A túnica mucosa é composta de uma camada epitelial, lâmina própria e lâmina muscular da mucosa. - A camada epitelial da túnica mucosa do intestino delgadoe composta por epitélio colunar simples que contém muitos tipos de células. Células absortivas: liberam enzimas digestivas e contem microvilosidades que absorvem os nutrientes no quimo. Células caliciformes: secretam muco Células de Paneth: secretam lisozima – enzima bactericida; podem atuar na regulação da população microbiana do intestino delgado. Células enteroendócrinas: Células S (secretam secretina); Células CCK (secretam colecistocinina) e Polipeptídeo inibidor gástrico (PIG). Digestão química no intestino delgado Digestão de carboidratos - Depois que a amilase (salivar ou pancreática) quebrou o amido em fragmentos menores, uma enzima da borda em escova chamada α-dextrinase age nas α-dextrinas resultantes, desencaixando uma unidade de glicose de cada vez. - As moléculas de sacarose, lactose e maltose ingeridas permanecem intactas até chegarem no intestino delgado. - Sacarase -> Sacarose -> glicose + frutose Lactase -> Lactose -> glicose + galactose Maltase -> Maltose -> Maltose e Maltotriose -> 2 – 3 glucoses. Digestão das proteínas - É completada por 2 peptidases da borda em escova: Aminopeptidase: quebram aminoácidos na extremidade amina de um peptídeo Dipeptidase: divide dipeptídios em aminoácidos individuais. Digestão de lipídios - 3 tipos de lipase participam da digestão dos lipídios: lipase lingual, lipase gástrica e a lipase pancreática. - Parte da digestão de lipídios ocorre no estômago pela ação das lipases gástrica e lingual. No entanto, a maior porcentagem da digestão dos lipídios se dá pela lipase pancreática no intestino delgado. Absorção no intestino delgado A absorção de materiais ocorre por meio da difusão, difusão facilitada, osmose e transporte ativo. Aproximadamente 90% de toda a absorção de nutrientes ocorre no intestino delgado; os outros 10% ocorrem no estomago e no intestino grosso. Qualquer material não digerido ou não absorvido que sobre no intestino delgado passa para o intestino grosso. Absorção de monossacarídios - O intestino delgado tem capacidade de absorver cerca de 120 g de monossacarídios por hora. Os monossacarídios passam do lúmen através da membrana apical por difusão facilitada ou transporte ativo. - Frutose passa por difusão facilitada Glicose e a galactose são transportadas por transporte ativo secundário acoplado com Na+. Os simportadores tem 3 sítios ativos, 2 para glicose e 1 para o sódio. Absorção de vitaminas As vitaminas lipossolúveis D, E, K, A são incluídas nas micelas com os lipídios dietéticos ingeridos, e são absorvidos por difusão simples. Quase todas as vitaminas hidrossolúveis, como grande parte das vitaminas B e C, também são absorvidas por difusão simples. A vitamina B12, no entanto, combina-se com o fator intrínseco produzido pelo estômago, e esta combinação é absorvida no íleo por transporte ativo. Absorção de água Toda a absorção de água do canal alimentar ocorre via osmose do lúmen dos intestinos por meio das células absortivas e para os capilares sanguíneos. A absorção de água a partir do intestino delgado depende da absorção de eletrólitos e nutrientes para manter um equilíbrio osmótico com o sangue. Intestino Grosso - É a parte terminal do canal alimentar. - Funções: concluir a absorção, produzir determinadas vitaminas, formar fezes e expulsar as fezes do corpo. - Mede aproximadamente 1,5 m de comprimento e 6,5 cm de diâmetro em seres humanos vivos e cadáveres. Se estende do íleo ao ânus. Está ligado à parede posterior do abdome por seu mesocolo, que é uma camada dupla de peritônio. - Estruturalmente subdivide-se em 4 regiões: ceco, o colo, o reto e o canal anal. - A abertura do íleo para o intestino grosso é guardada por uma prega de túnica mucosa chamada de óstio ileal que possibilita que os materiais passem do intestino delgado para o intestino grosso. - Pendurado inferiormente ao óstio ileal está o ceco com aproximadamente 6 cm de comprimento. - Anexado ao ceco está o apêndice vermiforme, com aproximadamente 8 cm de comprimento. - A extremidade aberta do ceco se funde com um tubo longo chamado de colo, que é dividido em colo ascendente, transverso, descendente e o sigmóide. Tanto o colo ascendente quanto o descendente são retroperitoneais. - O reto mede aproximadamente 15 cm de comprimento e se situa anteriormente ao sacro e cóccix. Os 2 a 3 cm terminais do intestino grosso são chamados de canal anal. - A abertura do canal anal para o exterior, o chamado de ânus, é guardado pelo musculo esfíncter interno do ânus composto por músculo liso (involuntário) e pelo esfíncter externo do ânus composto por músculo esquelético (voluntário). Histologia do intestino grosso - A parede do intestino grosso contém as 4 camadas típicas encontradas no restante do canal alimentar: túnica mucosa, tela submucosa, túnica muscular e túnica serosa. - Túnica mucosa: epitélio colunar simples Lâmina própria: tecido conjuntivo areolar Lâmina muscular da mucosa: músculo liso - O epitélio contém principalmente células absortivas e caliciformes. Tanto as células absortivas quanto as caliciformes estão localizadas em glândulas intestinais tubulares longas e retas, que se estendem por toda a espessura da túnica mucosa. - Não possui pregas circulares nem vilosidades. As células absortivas possuem microvilosidades A túnica muscular consiste em uma camada de externa de músculo liso longitudinal e uma camada interna de músculo liso circular. As partes de músculos longitudinais são espessas, formando 3 bandas bem definidas chamadas tênias do colo Entre as tênias de colo encontra-se uma única camada de músculo liso. A túnica serosa do intestino grosso é parte do peritônio visceral. Digestão mecânica no intestino grosso - A passagem do quimo do íleo para o ceco é controlada pela ação do óstio ileal. Após uma refeição, o reflexo gastroileal intensifica o peristaltismo no íleo e força um eventual quimo em direção ao ceco. O hormônio gastrina também provoca o relaxamento o óstio A distensão do ceco provoca aumento da contração do óstio ileal. - Um movimento característico do intestino grosso é a agitação das saculações do colo. Neste processo, as saculações do colo permanecem relaxadas e são distendidas enquanto se enchem. Quando a distensão alcança um determinado ponto, as paredes se contraem e espremem o conteúdo para a próxima saculação do colo. - O peristaltismo ocorre em um ritmo mais lento (3 a 12 contrações por minuto) - Peristaltismo em massa: é uma forte onda peristáltica que começa aproximadamente na metade do colo transverso e leva rapidamente o conteúdo do colo para o reto. O peristaltismo em massa ocorre 3 ou 4 vezes/dia Digestão química no intestino grosso - Ocorre por ação das bactérias de habitam o lúmen. - As glândulas do intestino grosso secretam muco, mas não são secretadas enzimas. - O quimo sofre ação das bactérias, que fermentam quaisquer carboidratos restantes e liberam hidrogênio, dióxido de carbono e gases metano. - As bactérias também convertem quaisquer proteínas restantes em aminoácidos e fragmentam os aminoácidos em substâncias mais simples: indol, escatol, sulfeto de hidrogênio e ácidos graxos. - Algumas vitaminas B e K que são produtos bacterianos são absorvidos pelo colo. Fases da digestão Fase cefálica: Durante essa fase, o olfato, a visão, o pensamento ou o gosto inicial da comida ativam os centros neurais no córtex cerebral, no hipotálamo e no tronco cefálico. - O tronco encefálico ativa os nervos facial (NC VII), glossofaríngeo (NC IX) e vago (NC X). Os nervos facial e glossofaríngeo estimulam as glândulas salivares a secretar saliva O nervo vago estimula as glândulas gástricas a secretar suco gástrico A finalidade da fase cefálica é preparar a boca e o estomago para o alimento que está prestes a ser ingerido. Fase gástrica: Começa quando o alimento chega no estômago. - Regulação neural: Quando as paredes do estômago são distendidas ou o pH aumenta porque as proteínas entraram no estômago e tamponaram um pouco do seuácido, os receptores de estiramento e os quimiorreceptores são ativados, e um ciclo de feedback negativo é acionado. Dos receptores de estiramento e quimiorreceptores, os impulsos nervosos se propagam para o plexo submucoso, onde ativam neurônios parassimpáticos e entéricos. Os impulsos nervosos resultantes causam ondas de peristaltismo que estimulam o fluxo de suco gástrico das glândulas. As ondas misturam os alimentos com o suco. Quando uma pequena quantidade de quimo passa do esvaziamento gástrico para o duodeno, o pH do quimo do estômago cai, a distensão das paredes diminui e a secreção de suco diminui. Regulação hormonal: A gastrina controla a secreção do suco gástrico. A secreção de gastrina é inibida quando o pH do suco gástrico cai abaixo de 2,0 e é estimulada quando o pH aumenta. Fase intestinal - Começa quando o alimento entra no intestino delgado. - Os reflexos que ocorrem durante a fase intestinal retardam a saída do quimo do estômago. Isso impede que o duodeno seja sobrecarregado. Regulação neural: A distensão do duodeno pela presença do quimo causa o reflexo enterogástrico. Impulsos são enviados para o bulbo que inibe o estímulo parassimpático e estimula os nervos simpáticos que inervam o estômago. A motilidade gástrica é inibida e há um aumento da contração do músculo esfíncter do piloro, o que diminui o esvaziamento gástrico. Regulação hormonal: - É mediada por 2 hormônios principais secretados pelo intestino delgado: a colecistocinina e a secretina. - A colecistocinina é secretada pelas células CCK das glândulas intestinais no intestino delgado em resposta ao quimo contendo aminoácidos de proteínas parcialmente digeridas e ácidos graxos de triglicerídeos parcialmente digeridos. - A CCK estimula a secreção de suco pancreático, que é rico em enzimas digestórias, também provoca a contração da parede da vesícula biliar, que comprime a bile armazenada na vesícula para o ducto cístico e ao longo do ducto colédoco. - A CCK provoca o relaxamento do esfíncter da ampola hepatopancreática, que possibilita que o suco gástrico e a bile fluam para o duodeno. - A CCK retarda o esvaziamento gástrico por meio da contração do músculo esfíncter do piloro, produz saciedade pela ativação do hipotálamo, promove crescimento normal e manutenção do pâncreas e incrementa os efeitos da secretina. - A secretina é liberada por meio da estimulação da entrada do quimo ácido no duodeno. É liberada pelas células S das glândulas intestinais no intestino delgado. - A secretina estimula o fluxo de suco pancreático que é rico em íons bicarbonato para tamponar o quimo ácido.
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