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Módulo 03 Exodontia 3 2 SUMÁRIO PASSO A PASSO DE UMA EXODONTIA ...................................... 03 MATERIAIS INDISPENSÁVEIS PARA REALIZAÇÃO DE EXODONTIAS ..................................................................................... 28 EXODONTIA E SUAS CONTRAINDICAÇÕES ............................. 30 CONTRAINDICAÇÕES LOCAIS ......................................................................... 30 CONTRAINDICAÇÕES SISTÊMICAS ................................................................ 32 CONTRAINDICAÇÕES RELATIVAS ................................................................... 34 3 O PASSO A PASSO DE UMA EXODONTIA Neste módulo, serão descritas as etapas de um dos procedimentos mais realizados pelo cirurgião-dentista: a extração dentária. A exodontia pode ser indicada nos casos de doença periodontal ou cárie, reabsorções internas ou externas, motivos ortodônticos, fraturas ou por presença de patologias associadas. Este procedimento pode ser dividido em 4 etapas: - Diérese: afastamento intencional de tecidos localizados em torno do dente (sindesmotomia, incisão, divulsão, descolamento, osteotomia e ostectomia). - Exérese: remoção do dente. - Hemostasia: controle do sangramento. - Síntese: aproximação e contenção dos tecidos que sofreram rompimento. AFINAL, COMO REALIZAR A EXODONTIA? Nesta etapa, o conteúdo está organizado por meio de fluxograma. Sendo este dividido essencialmente em técnica fechada (exodontia convencional) e técnica aberta (necessidade de retalho, osteotomia ou odontossecção). Abaixo temos o início do fluxograma, onde observamos as características de indicação de ambas as técnicas e, logo após, o mesmo segue com a explicação de cada etapa destas abordagens. 4 Dente em boca TÉCNICA FECHADA SINDESMOTOMIA: incisão do ligamento periodontal, permitindo a desinserção das fibras que circundam o dente. Dente com ampla destruição coronária, dente retido, dente com grande dilaceração radicular, dente anquilosado e demais que não sejam passíveis de extração com técnica fechada TÉCNICA ABERTA Necessita realização de RETALHO MUCOPERIOSTAL (composto por incisão e descolamento mucoperiostal). INCISÃO: única e contínua realizada com bisturi, eletrobisturi ou laser de alta potência. As lâminas de bisturi mais utilizadas por cirurgiões-dentistas são: nº 11, nº 12 e nº 15, sendo esta última a lâmina padrão-ouro para cirurgias orais. DESCOLAMENTO: separação dos tecidos moles de seus apoios ósseos. É iniciado pelo ângulo mesial da incisão até a exposição do campo cirúrgico necessário. Figura 1 – Sindesmotomia. Fonte: Puricelli (2014b). 5 RETALHO MUCOPERIOSTAL Dentes com ampla destruição coronária, dentes retidos e demais dentes que não podem ser desinseridos de suas estruturas apenas com sindesmotomia, requerem a realização de um retalho. Este é composto por incisão e descolamento mucoperiostal, permitindo uma melhor visualização e acesso ao dente. - Incisão intrassulcular/retalho em envelope: indicada para abordagens vestibulares, linguais ou palatinas de exodontia de dentes permanentes e decíduos, dentes retidos, restos radiculares e dentre outras. É realizada através de um trajeto intrassulcular e descolamento das papilas interdentais. Quanto mais papilas forem descoladas neste retalho, maior será nosso campo operatório. Figura 2 – Incisão em envelope. Fonte: Hupp (2015b). - Incisão em L aberto/Neumann: indicada para abordagens em regiões alveolares dentadas e por vestibular para realização de exodontia de dentes permanentes e decíduos, dentes retidos, restos radiculares, cirurgias parendodônticas, remoção de cistos e tumores, cirurgia pré-protética e outras. Inicia como uma incisão envelope (circundando a cervical dos dentes e descolando 6 as papilas), mas terá uma incisão relaxante em uma de suas extremidades. Esta relaxante é feita a partir da papila dentária em direção à linha mucogengival e fundo de sulco (Figura 3 – passos 2 e 3). Figura 3 – Incisão em L aberto. Fonte: Hupp (2015b). - Incisão de Neumann modificada: semelhante à anterior, mas possui 2 incisões relaxantes. Indicada para abordagens que necessitem maior exposição do campo operatório. Figura 4 – Incisão Neumann modificada. Fonte: Hupp (2015b). - Incisão de Wassmund: incisão trapezoidal com maior aplicabilidade para regiões alveolares desdentadas, permitindo acesso a cistos e tumores intraósseos e cirurgias pré-protéticas. Ainda, pode IMPORTANTE Sempre que um retalho apresentar uma incisão relaxante (como é o caso da Neumann e Neumann modificada), devemos observar dois pontos: - A incisão relaxante deve estar a no mínimo um dente de distância do nosso a ser extraído. Fonte: Hupp (2015b). - A base do retalho deve ser maior do que a porção do retalho localizada próxima à gengiva inserida. Fonte: Hupp (2015b). 7 ser utilizada para acesso à região apical ou a cisto e tumores intraósseos, onde os dentes envolvidos apresentam algum comprometimento (como doença periodontal). Figura 5 e 6 – Incisão de Wassmund. Fonte: Adaptado de Hupp (2015b). Fonte: Puricelli (2014a) - Incisão semilunar de Partsch: indicada para acesso vestibular à região apical dos elementos dentários, em procedimentos paraendodônticos que envolvam um ou dois dentes e, preferencialmente, que apresentem raízes longas. Realizamos uma incisão semicircular na região apical das raízes dentárias, evitando assim o descolamento das papilas e da gengiva marginal livre. Sua extensão dependerá do campo operatório que necessitamos. Figura 7 – Incisão de Partsch. Fonte: Adaptado de Hupp (2015b). - Incisão em Y ou duplo Y: indicada para cirurgias no palato, como a remoção e regularização de superfícies ósseas exofíticas (ex: tórus). 8 Figura 8 - Incisão em Y e duplo Y. Fonte: Adaptado de Hupp (2015b). 9 Para a luxação dentária, pode-se lançar mão de fórceps odontológicos ou de alavancas dentais. - Alavancas: o uso destes instrumentos requer a aplicação do conceito de cunha, de roda-eixo e de alavanca. Em outras palavras, o instrumento é colocado entre o dente e o tecido ósseo, permitindo a expansão do tecido ósseo e a criação de ângulo para amplitude de movimento (Figura 9). Logo após, com um movimento de roda-eixo, a ponta ativa do instrumento estará em posição perpendicular e realizará o movimento de deslocamento do dente, movimentando-o em um sentido de extrusão e remoção dentária (Figura 10). Ainda, poderemos aplicar o conceito de alavanca, onde o instrumento é inserido entre o dente e o tecido ósseo e aplicaremos uma força de elevação do dente, expulsando-o do alvéolo (Figura 11). INCISÃO DESCOLAMENTO Após realizarmos a desinserção das fibras gengivais do dente, realizaremos a primeira tentativa de LUXAÇÃO DENTÁRIA. Dente em boca TÉCNICA FECHADA SINDESMOTOMIA Dente com ampla destruição coronária, dente retido, dente com grande dilaceração radicular, dente anquilosado e demais que não sejam passíveis de extração com técnica fechada TÉCNICA ABERTA 10 Figura 9 – Movimento de cunha. Fonte: Hupp (2015c). Figura 10 – Movimento de roda-eixo. Fonte: Hupp (2015c). Fonte: Arquivo dos autores (2020). Figura 11 – Movimento de alavanca. Fonte: Hupp (2015c). 11 - Fórceps: são instrumentos cuja parte ativa (mordente) se adapta ao formato da coroa dentária. Possuem desenhos e formas próprias. Sendo assim, existe uma certa especificidade entre fórceps e o tipo de dente a que seu uso se destina. Tabela 1 - Relação dos fórceps e indicação de uso. NÚMERO DO FÓRCEPS INDICAÇÃO 1 Incisivos e caninos superiores 65 Incisivos e raízes superiores 150 Incisivos, caninos e pré-molares superiores 99A Incisivos, caninos e pré-molares superiores 151 Incisivos, caninos e pré-molares inferiores 213 Caninos e pré-molares superiores 101 Pré-molares superiores 203 Pré-molares e raízes inferiores 32 Pré-molares e molares superiores53L Molares superiores do lado esquerdo 53R Molares superiores do lado direito 18L Molares superiores do lado esquerdo 18R Molares superiores do lado direito 23 Molares inferiores 17 Molares inferiores 16 Molares inferiores com extensa destruição coronária 12 210H Terceiros molares superiores 222 Terceiros molares inferiores 69 Raízes de dentes superiores e inferiores 68 Raízes de dentes inferiores Os fórceps destacados em negrito são os mais comumente utilizados. Fonte: Elaborado pelos autores. Não basta escolher o fórceps certo. É preciso dominar o seu manuseio para que não haja acidentes como a fratura radicular. COMO UTILIZAR? 1) Adaptar o mordente na face palatina/lingual, seguido pelo posicionamento vestibular. 2) Impulsão ou pressão apical. 3) Luxação vestibular e palatino/lingual. 4) Rotação (este somente no caso de dentes monorradiculares). 5) Tração e remoção do elemento dentário. A impulsão rompe os ligamentos periodontais e a lateralidade força a expansão das tábuas ósseas alveolares. 13 Figura 12 – Movimentos com fórceps. Dentes monorradiculares: Dentes polirradiculares: Fonte: Hupp (2015c). IMPORTANTE Ao realizarmos movimentos com fórceps e alavancas, a mão oposta do cirurgião- dentista deverá criar apoio tanto maxilar quanto mandibular. No caso da maxila, o cirurgião-dentista deverá apoiar o dedo na região palatina (Figura 13). 14 E, no caso de abordagem mandibular, a fim de evitar efeitos na ATM do paciente, o profissional também deverá realizar apoio na base da mandíbula, conforme Figuras 14 e 15. Ainda, quando utilizamos fórceps, além da proteção palatina/lingual, também devemos proteger a tábua óssea vestibular (Figuras 16 e 17), evitando fraturas indesejadas. Figura 13 – Apoio maxilar. Fonte: Arquivo dos autores (2020). Figuras 14 e 15 – Apoio mandibular. Fonte: Arquivo dos autores (2020). Fonte: Hupp (2015c). 15 Figura 16 e 17 – Apoio vestibular e palatino durante o uso do fórceps. Fonte: Hupp (2015c). Fonte: Arquivo dos autores (2020). 16 A ostectomia é a remoção do tecido ósseo. No caso das cirurgias dentoalveolares, é realizada para que se tenha uma via de acesso cervical ao colo e à raiz do dente, facilitando o manuseio de fórceps e alavancas. A ostectomia está indicada para os casos onde não seja possível luxar o dente sem que haja uma maior exposição do mesmo, como, por exemplo, nos casos de dentes retidos, dentes com grande destruição coronária, dilacerações apicais e anquiloses. INCISÃO DESCOLAMENTO Após realizarmos a desinserção das fibras gengivais do dente, realizaremos a primeira tentativa de LUXAÇÃO DENTÁRIA. Dente em boca TÉCNICA FECHADA SINDESMOTOMIA REMOÇÃO DENTÁRIA Dente com ampla destruição coronária, dente retido, dente com grande dilaceração radicular, dente anquilosado e demais que não sejam passíveis de extração com técnica fechada TÉCNICA ABERTA Caso não seja possível realizar a luxação dentária (por falta de espaço ou apoio) ou caso a luxação dentária não seja suficiente para permitir a remoção do dente, devemos partir para outra etapa: OSTECTOMIA. 17 Figura 18 e 19 – Ostectomia. Fonte: Adaptado de Hupp (2015d). Fonte: Adaptado de Hupp (2015b). Ela é realizada com brocas esféricas (nº 2, 4 ou 6) e, prioritariamente, deve ser realizada na região vestibular, circundando o dente. Ao realizarmos o contorno do tecido ósseo associado ao colo do dente, é possível observarmos a criação de uma canela, que servirá de apoio para a introdução de alavancas. A remoção de tecido óssea será feita até que uma quantidade suficiente de tecido dentário seja exposta. Este tecido dentário exposto deve ser sadio e o espaço criado pela ostectomia deve possibilitar a introdução de instrumentos que realizem luxação dentária, como alavancas e fórceps. Caso ainda não haja apoio para a luxação dentária, deveremos realizar maior desgaste de tecido ósseo. Entretanto, se temos espaço para a introdução dos instrumentos, mas a luxação não ocorre, deveremos realizar a divisão do dente (odontossecção). 18 INCISÃO DESCOLAMENTO Após realizarmos a desinserção das fibras gengivais do dente, realizaremos a primeira tentativa de LUXAÇÃO DENTÁRIA. Dente em boca TÉCNICA FECHADA SINDESMOTOMIA REMOÇÃO DENTÁRIA Dente com ampla destruição coronária, dente retido, dente com grande dilaceração radicular, dente anquilosado e demais que não sejam passíveis de extração com técnica fechada TÉCNICA ABERTA Caso não seja possível realizar a luxação dentária (por falta de espaço ou apoio) ou caso a luxação dentária não seja suficiente para permitir a remoção do dente, devemos partir para outra etapa: OSTECTOMIA. Por fim, se ainda não for possível realizar a remoção do dente, realizaremos ODONTOSSECÇÃO. 19 A odontossecção é a divisão programada do dente com finalidade de diminuir o volume e a resistência do dente, facilitando sua remoção. Assim como a ostectomia, a odontossecção é necessária nos casos onde a incisão/sindesmotomia e luxação não são suficientes para que o dente seja removido. Outro ponto importante ligado à odontossecção é o fato dela ser utilizada para reduzir a quantidade de tecido ósseo removido, prevenindo fraturas. Ou seja, quando já realizamos ostectomia de forma demasiada, devemos lançar mão da odontossecção, para preservação de tecido ósseo, evitando gerar alguma fratura. A odontossecção pode ser realizada no sentido longitudinal do dente (dividindo-o em uma parte mesial e outra distal) ou no sentido coroa-raiz (dividindo o dente em porção coronária e porção radicular). Ela será iniciada com o uso de brocas e, após o desgaste, a divisão do dente será feita com o uso de alavancas. Iniciaremos a odontossecção com uma broca troncocônica (no caso de utilizarmos peça de mão, a broca poderá ser 701, 702 ou 703; e, no caso de utilizarmos alta rotação, a broca indicada é a zekrya®). Após realizarmos o desgaste dentário com as brocas, iremos introduzir a alavanca na caneta criada e faremos uma rotação da mesma, gerando a separação dos segmentos (Figura 21). Figura 20 – Ilustração de odontossecção. Fonte: Hupp (2015b). 20 DICA: no caso de odontosecção longitudinal (porção mesial e porção distal) em dentes polirradiculares, o seccionamento deve se estender até a região da furca para que o mesmo seja efetivo e possibilite realizar a separação correta do dente. Figura 21 – Odontossecção iniciando com uso de brocas e posterior divisão dos segmentos com alavanca dentária. Fonte: Hupp (2015b). Antes de iniciarmos qualquer divisão do dente, devemos lembrar de sempre realizar uma tentativa de luxação prévia. Esta manobra reduzirá o risco de fraturas indesejadas de ápices radiculares ou de insucesso na remoção dentária após a odontossecção. 21 INCISÃO DESCOLAMENTO Após realizarmos a desinserção das fibras gengivais do dente, realizaremos a primeira tentativa de LUXAÇÃO DENTÁRIA. Dente em boca TÉCNICA FECHADA SINDESMOTOMIA REMOÇÃO DENTÁRIA Dente com ampla destruição coronária, dente retido, dente com grande dilaceração radicular, dente anquilosado e demais que não sejam passíveis de extração com técnica fechada TÉCNICA ABERTA Caso não seja possível realizar a luxação dentária (por falta de espaço ou apoio) ou caso a luxação dentária não seja suficiente para permitir a remoção do dente, devemos partir para outra etapa: OSTECTOMIA. Por fim, se ainda não for possível realizar a remoção do dente, realizaremos ODONTOSSECÇÃO. CUIDADOS COM A FERIDA OPERATÓRIA, SUTURA e HEMOSTASIA DA REGIÃO 22 CUIDADOS COM A FERIDA OPERATÓRIA Ao final da exodontia, devemos realizar a sondagem do alvéolo dentário e palpação da gengiva marginal, observando a presença ou ausência de espículas ósseas, regularidade dos bordos, estabilidade dos septos interdentais e lesões periapicais. Se não realizarmos este diagnóstico no transoperatório,a presença de espículas ósseas ou lesões periapicais residuais poderão causar dor e desconforto pós- operatório, atraso na cicatrização ou, até mesmo, necessidade de uma segunda intervenção cirúrgica. Após avaliação da presença de alguma irregularidade de tecido mole, devemos realizar a curetagem do mesmo e o tecido removido deverá ser encaminhado para exame anatomopatológico. Se, durante a palpação, observarmos qualquer irregularidade óssea, devemos realizar a regularização dos tecidos com uso de brocas, limas para osso, pinça- goiva ou osteótomos, plastia dos tecidos. Ainda, na maxila, deve-se realizar a manobra de Valsava para avaliação de comunicação bucossinusal. Esta manobra é feita através do selamento do nariz do paciente com uma gaze. Assim que a via nasal estiver ocluída, devemos solicitar que o paciente tente expelir o ar pelo nariz, mas de boca aberta (como se estivesse assoando o nariz). Se neste momento, observarmos a saída de ar pelo alvéolo, confirmamos a existência de comunicação bucossinusal e a mesma deverá ser tratada conforme protocolo descrito no módulo 10 deste curso. 23 Figura 22 – Manobra de Valsava. Fonte: Arquivo dos autores (2020). Após a revisão da ferida operatória, faremos a compressão alveolar bidigital (manobra de Chompret-Hirondel). Esta manobra é feita através da compressão bigital (associada ou não ao uso da gaze) das paredes vestibular e palatina/lingual do alvéolo dentário. Esta é a forma mais simples de realizarmos alveoloplastia e correção de pequenas irregularidades, mantendo um contorno de rebordo ósseo adequado. Figura 23 – Manobra de Chompret-Hirondel. Fonte: Arquivo dos autores (2020). 24 SUTURA Após os cuidados com a ferida operatória, devemos realizar a aproximação dos tecidos moles, através de pontos de sutura, com finalidade de conter o coágulo, permitindo a cicatrização e reparo do alvéolo dentário. Abaixo serão descritos os tipos de pontos (desenhos) e os tipos de sutura (isolada ou contínua). No caso de extrações dentárias unitárias, podemos lançar mão de pontos isolados (simples ou em X). Já nos casos de exodontias múltiplas, suturas contínuas são indicadas. TIPOS DE PONTOS - Ponto simples: passagem única entre os dois bordos da ferida. Figura 24 e 25 – Ponto simples. Fonte: Puricelli (2014a). Fonte: Hupp (2015b). - Ponto em X: introduz-se a agulha de um lado para outro como se fosse executar um ponto simples. Entretanto, ao invés de fechar o nó, faz-se uma segunda passagem de igual maneira, lateralmente à primeira, seguindo o mesmo sentido, unindo os pontos livres. 25 Figura 26 e 27 – Ponto em X. Fonte: Puricelli (2014a). Fonte: Hupp (2015b). - Ponto U horizontal: a agulha penetra em um mesmo plano, de um ao outro bordo da incisão (por exemplo, de vestibular para lingual). Logo em seguida, em um ponto lateral, a agulha penetra novamente para o bordo inicial (seguindo o exemplo, agora, de lingual para vestibular). Este ponto permite uma eversão dos bordos com menor profundidade do que o U vertical. E como aplicação prática, está indicado nos casos de comunicação bucosinusal. Figura 28 e 29 – Ponto U horizontal. Fonte: Puricelli (2014a). Fonte: Hupp (2015b). TIPOS DE SUTURA - Isolada: pontos individuais, como os descritos acima. 26 - Contínua: um nó inicial e um final. Pode ser simples ou festonada (fio é ancorado na alça do ponto anterior). Figura 30 e 31 – Sutura contínua (simples à esquerda e festonada à direita). Fonte: Puricelli (2014a). HEMOSTASIA A abordagem cirúrgica produz sangramento. O controle deste através de hemostasia é importante para a visualização do campo operatório, para reduzir ao mínimo a perda sanguínea e, em alguns casos, para conter uma hemorragia. A forma clássica e eficaz de controle da hemostasia para a maioria dos casos de exodontia é a compressão com gaze úmida. Após o término da exodontia e da revisão da ferida, podemos comprimir o alvéolo dentário com o uso de uma gaze, como mostrado na figura abaixo. 27 Figura 32 – Compressão do alvéolo com gaze úmida. Fonte: Hupp (2015c). Em casos onde o paciente seja portador de algum distúrbio sanguíneo ou que haja algum tipo de hemorragia transoperatória, podemos lançar mão de outros métodos como cera para osso, suturas em massa, ligadura de vasos, eletrocoagulação, esponjas hemostáticas, entre outros. No módulo 10 deste curso, serão abordados com maiores detalhes os casos de hemorragias trans e pós-operatórias. 28 MATERIAIS INDISPENSÁVEIS PARA REALIZAÇÃO DE EXODONTIAS Os materiais e instrumentais básicos para realização de uma extração dentária e que deverão estar presentes no consultório odontológico estão descritos abaixo. Pode ser que nem todos sejam utilizados, mas eles devem estar disponíveis no caso de alguma intercorrência. - Tríade odontológica (odontoscópio, sonda milimetrada e pinça) - Carpule para anestesia (com agulha gengival e anestésico local) - Cabo de bisturi nº 3 e lâmina de bisturi nº 15 - Sindesmótomo - Descolador - Alavanca apical e seldin reta - Motor e brocas cirúrgicas (esféricas e cilíndricas) - Cureta de Lucas - Pinça Halstead, mosquito ou craile - Porta-agulha, pinça para tecido mole e tesoura para fio de sutura - Afastadores (Langebeck, Farabeuf, Minessota ou Abaixador de Língua de Bruenings) - Gaze estéril - Irrigação (seringa e soro fisiológico ou água destilada) 29 Figura 33 - Sugestão de disposição do instrumental na mesa cirúrgica. Fonte: Arquivo dos autores (2020). 30 EXODONTIA E SUAS CONTRAINDICAÇÕES Em alguns casos, embora haja indicação de extração, o procedimento não pode ser realizado devido a situações relacionadas ao dente em questão ou em função de condições de saúde do paciente. Algumas vezes, as contraindicações são relativas, pois mediante alguns cuidados ou tratamentos adicionais, o procedimento pode ser executado. Em outros casos, entretanto, a contraindicação pode ser tão significante que o dente não deve ser removido até que a severidade do problema tenha sido resolvida. Geralmente, as contraindicações são divididas em dois grupos: local e sistêmica. CONTRAINDICAÇÕES LOCAIS Existem várias contraindicações locais às extrações dentárias. A mais importante e crítica é a HISTÓRIA DE RADIOTERAPIA contra câncer. As extrações feitas em uma área de radiação podem causar osteorradionecrose e, portanto, devem ser feitas com extrema cautela (como descrita no módulo 2 deste curso). Os dentes que estão localizados dentro de uma área de TUMOR, especialmente um tumor maligno, não devem ser extraídos. O procedimento cirúrgico da extração pode disseminar células malignas e, consequentemente, semear metástases. Figura 34 – Radiação. Figura 35 – Câncer de boca. Fonte: Harris e Ghali (2016). Fonte: Instituto Vencer o Câncer (2013). 31 Os pacientes com PERICORONARITE SEVERA (aumento de volume importante - podendo envolver espaço extrabucal - febre e mal-estar) não devem ter o dente extraído até que o quadro tenha sido atenuado. O tratamento não-cirúrgico prévio à extração deve incluir antibioticoterapia, irrigação/bochecho com clorexidina aquosa 0,12% de 12 em 12 horas e, se houverem condições de acesso e de anestesia local, a raspagem/curetagem da placa bacteriana adjacente também deve ser executada, possibilitando que a exodontia possa ser realizada na atenção primária após resolução desta fase aguda. Se a exodontia for realizada durante um episódio de pericoronarite severa, o risco de complicações aumenta. Por fim, o ABSCESSO DENTOALVEOLAR AGUDO. Podemos nos deparar com uma maior dificuldade para extração destes dentes, pois o paciente pode não conseguir abrir a boca o suficiente ou a anestesia local pode não ser tão eficaz. Contudo, isso não significa que não se pode realizar o procedimento. Se as condições de acesso e anestesia puderem ser obtidas, o dente pode e deve ser removido o mais cedo possível. Casocontrário, deve ser iniciada antibioticoterapia e a extração deverá ser realizada assim que possível. Figura 36 – Pericoronarite. Fonte: Hupp (2015d). Figura 37 – Abscesso. Fonte: Bastos (2013). 32 CONTRAINDICAÇÕES SISTÊMICAS Estas contraindicações se referem ao grupo de condições sistêmicas graves ou não controladas. Entre elas podemos citar: - DOENÇAS METABÓLICAS DESCOMPENSADAS E SEVERAS (diabetes não controlada e falência renal com uremia severa podem gerar infecções exacerbadas e dificuldade de metabolização das substâncias aplicadas). - LEUCEMIA E LINFOMA NÃO CONTROLADOS (apresentam maior risco de infecção e de sangramento excessivo). - DOENÇA CARDÍACA SEVERA E NÃO CONTROLADA (infarto do miocárdio recente e isquemia severa do miocárdio, como angina pectoris instável) e ARRITMIAS CARDÍACAS NÃO CONTROLADAS E SEVERAS. - HIPERTENSÃO MALIGNA (apresenta maior risco de sangramento persistente, insuficiência aguda do miocárdio e AVC devido ao estresse causado pela extração). - COAGULOPATIAS SEVERAS (hemofilia ou distúrbios plaquetários severos, podendo gerar importantes perdas sanguíneas e cicatrização deficiente). - USO DE BISFOFONATO ENDOVENOSO (risco aumentado de osteonecrose). MAS E AGORA? FAÇO OU NÃO FAÇO O PROCEDIMENTO? Para todos estes casos, a indicação de aguardar que a condição sistêmica se estabilize para que a exodontia seja realizada é a melhor tomada de decisão. Ou seja, o paciente deverá retornar ao seu médico de referência para tratamento e estabilização. Se houver alguma urgência no tratamento de pacientes com alguma das comorbidades citadas acima, o mesmo deverá ser realizado em ambiente 33 hospitalar ou até mesmo poderá passar por tratamento paliativo (coronectomia/ sepultamento de raízes). É a remoção da coroa dentária através do uso de brocas, diminuindo assim o trauma cirúrgico da extração. Lembrando que AVC e infarto agudo do miocárdio deverão aguardar no mínimo 6 meses para realização de tratamento cirúrgico. E, no caso de pacientes com coagulopatias severas, uma estreita relação com médico-hematologista é essencial, pois o paciente poderá necessitar de administração de fatores de coagulação ou transfusões de plaquetas anteriormente à extração dentária. 34 CONTRAINDICAÇÕES RELATIVAS A gestação é uma contraindicação relativa às extrações. Pacientes no 1º ou 3º trimestre devem ter suas extrações adiadas, se for possível. Procedimentos cirúrgicos mais extensos que necessitem de medicamentos além dos anestésicos locais devem ser adiados até após o nascimento da criança. Para finalizar, devemos sempre lembrar da classificação ASA (preconizada pela American Society of Anesthesiologists) e das suas recomendações para o tratamento de cada paciente: Tabela 2 - Classificação ASA e recomendações de atendimento. DESCRIÇÃO EXEMPLO ABORDAGEM ASA I Paciente saudável. Sem nenhuma comorbidade. Atendimento normal. ASA II Paciente com doença sistêmica leve ou moderada, sem limitação funcional. Diabetes tipo 2 controlado, HAS controlada/estágio 1 (PA abaixo de 159 e 99), obesidade, ansiedade, asma, tabagismo, infarto há mais de 6 meses sem sintomatologia, angina estável Entrar em contato com médico para confirmar situação de saúde. Tratamento eletivo liberado. ASA III Paciente com doença sistêmica severa, com limitação funcional. HAS estágio 2 (PA entre 160- 179 e 100-109), diabetes tipo 1 controlado, angina após exercícios leves, asma com crise, obesidade mordida, infarto há mais de 6 meses com sintomatologia. Entrar em contato com médico para confirmar situação de saúde. Tratamento eletivo pode ser realizado, mas há maior risco. Figura 38 – Gravidez. Fonte: Arquivo dos autores (2020). 35 ASA IV Paciente com doença sistêmica severa, representa risco de vida constante. Angina instável, AVC ou infarto há menos de 6 meses, convulsões não controladas, HAS estágio 3 (PA acima de 180 e 110). Adiar procedimento até que o paciente se torne ASA III. Realizar atendimento de urgência em ambiente hospitalar. ASA V Paciente moribundo com perspectiva de óbito em 24 horas. Procedimentos eletivos estão contraindicados. ASA VI Paciente com morte cerebral, mantido em ventilação controlada e perfusão, para doação de órgãos (transplante). Fonte: Adaptado de Puricelli (2014d). 36 REFERÊNCIAS ABC DA SAÚDE. Tumores odontogênicos: a importância do diagnóstico precoce. Porto Alegre, 5 jan. 2010. Disponível em: https://www.abcdasaude.com.br/ odontologia/tumores-odontogenicos-a-importancia-do-diagnostico-precoce. Acesso em: 29 set. 2020. BASTOS, D. Abscesso dentário. SorriAqui, Nova Iguaçu, 27 maio 2013. Disponível em: https://www.sorriaqui.com.br/abscesso-dentario/. Acesso em: 29 set. 2020. FOLHA DE S.PAULO. Quais os riscos da toxoplasmose na gravidez? São Paulo, 16 maio 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2019/05/ quais-os-riscos-da-toxoplasmose-na-gravidez.shtml. Acesso em: 29 set. 2020. HARRIS, C.M.; GHALI, G.E. Câncer oral: etiologia, diagnóstico, classificação e estadiamento. In: MILORO, M. et al. (orgs.). Princípios de cirurgia bucomaxilofacial de Peterson. 3 ed. São Paulo: Santos, 2016. Cap. 5, p. 77-96. HUPP., J.R. Instrumentação para cirurgia oral básica. In.: HUPP, J. R.; ELLIS III, E.; TUCKER, M.R. (orgs.). Cirurgia oral e maxilofacial contemporânea. 6 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015a. Cap 6, p. 66-87. HUPP., J.R. Princípios da exodontia de rotina. In.: HUPP, J. R.; ELLIS III, E.; TUCKER, M.R. (orgs.). Cirurgia oral e maxilofacial contemporânea. 6 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015b. Cap 7, p. 88-118. HUPP., J.R. Princípios de exodontia complexa. In.: HUPP, J. R.; ELLIS III, E.; TUCKER, M.R. (orgs.). Cirurgia oral e maxilofacial contemporânea. 6 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015c. Cap 8, p. 119-142. HUPP, J.R. Princípios de tratamento de dentes impactados. In.: HUPP, J. R.; ELLIS III, E.; TUCKER, M.R. (orgs.). Cirurgia oral e maxilofacial contemporânea. 6 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015d. Cap 9, p. 143-167. INSTITUTO VENCER O CÂNCER. Câncer. Tratamento. Radioterapia. [S. l.], 3 set. 2013 [atual. 22 maio 2019]. Disponível em: https://vencerocancer.org.br/cancer/tratamento/ radioterapia/. Acesso em: 29 set. 2020. 37 PURICELLI, E. Fundamentos em cirurgia e traumatologia bucomaxilofaciais. In: ___. (org.). Técnica anestésica, exodontia e cirurgia dentoalveolar. Porto Alegre: Artes médicas, 2014a. Cap 4, p. 43-55. PURICELLI, E. Princípios de exodontia. In: ___. (org.). Técnica anestésica, exodontia e cirurgia dentoalveolar. Porto Alegre: Artes médicas, 2014b. Cap 6, p. 65-79. PURICELLI, E. Princípios gerais aplicados ao tratamento cirúrgico-odontológico. In: ___. (org.). Técnica anestésica, exodontia e cirurgia dentoalveolar. Porto Alegre: Artes médicas, 2014c. Cap 1, p. 13-22. 38 EQUIPE RESPONSÁVEL Coordenação Geral Roberto Nunes Umpierre Marcelo Rodrigues Gonçalves Gerência do projeto Ana Célia da Silva Siqueira Coordenação Executiva Rodolfo Souza da Silva Responsável Teleducação Ana Paula Borngräber Corrêa Gestão educacional Ylana Elias Rodrigues Coordenação do curso Adriana Corsetti Taíse Simonetti Conteudistas Adriana Corsetti Taíse Simonetti Elaboração de questionários e testes Adriana Corsetti Angelo Luiz Freddo Taíse Simonetti Gravação das etapas cirúrgicas Adriana Corsetti Carlos Eduardo Baraldi Bruna Pires Porto Camila Longoni Luiza Bastos Nozari Taíse Simonetti Revisores Angelo Luiz Freddo Carlos Eduardo Baraldi Deise Ponzoni Vinicius Coelho Carrard Revisão ortográfica Ana Paula Borngräber Corrêa Angélica Dias Pinheiro Normalização Geise Ribeiro da Silva Projeto gráfico Lorenzo Costa Kupstaitis Diagramação e Ilustração Davi Perin Adorna Lorena Bendati Bello Michelle Iashmine Mauhs Pedro Vinícius Santos Lima 39 Filmagem/ Edição/Animação Héctor Gonçalves Lacerda Luís Gustavo Ruwer da Silva Camila Alscher Kupac Divulgação AngélicaDias Pinheiro Camila Hofstetter Camini Carolina Zanette Dill Laíse Andressa de Abreu Jergensen Dúvidas e informações sobre o curso Site: www.telessauders.ufrgs.br E-mail: ead@telessauders.ufrgs.br Telefone: 51 3308-2098 ou 51 3308-2093 Esta obra está protegida por uma licença Creative Commons: Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional
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