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ROTEIRO TV 5º semestre/RTV UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL PROFº LUCIANO DE SOUZA ROTEIRO TV - Principais Conceitos • O que é um roteiro? Existem diversas formas de definir roteiro. Segundo Syd Field, “o roteiro é uma história contada em imagens, diálogos e descrições, localizada no contexto da estrutura dramática”. Para Luiz Carlos Maciel, roteiro é uma rota não apenas determinada, mas “decupada”,dividida, através da discriminação de seus diferentes estágios. Roteiro significa que saímos de um lugar, passamos por vários outros, para atingir um objetivo final. Ou seja: o roteiro tem começo, meio e fim. ROTEIRO TV - Principais Conceitos • O que é um roteiro? Roteiro é a forma escrita de qualquer projeto audiovisual. Em televisão, pode-se acrescentar a esse conceito a descrição objetiva das cenas, seqüências, diálogos e indicações técnicas de vídeo e áudio (Doc Comparato). É uma forma literária única, pois só existe durante o tempo que leva para ser convertido em um produto audiovisual. No entanto, sem material escrito não se pode dizer nada, por isso um bom roteiro não é garantia de um bom programa, mas sem um roteiro não existe um bom programa". ROTEIRO TV - Principais Conceitos • O que é um roteiro? O roteiro é uma peça literária na qual o autor só tem um recurso: a descrição. E ela precisa ser compreendida por toda a equipe de produção. Pra todo mundo entender, não pode haver metáforas. Portanto, o bom roteirista não é necessariamente um bom escritor, mas aquele que sabe traduzir, com racionalidade e clareza, o seu pensamento visual. O roteiro é o desenvolvimento de um enredo dentro de uma técnica determinada; é a base de qualquer programa de TV. ROTEIRO TV - Principais Conceitos • Noções gerais de criação e redação Segundo o dramaturgo Doc Comparato "Escrever um roteiro é como se tivéssemos uma câmera atrás do olho e ainda mais, pois a câmera tem maior acuidade visual do que o olho e isso a aproxima da imaginação". Todo roteiro – assim como toda obra literária – começa sempre a partir de uma idéia. Idéias valem ouro! A criatividade pode ser alimentada pela observação e interpretação da realidade, muita leitura, pesquisa, vivências do autor, brainstorms com amigos e parceiros, leitura de outros roteiros, etc. O importante é que cada um desenvolva seu próprio processo criativo. ROTEIRO TV - Principais Conceitos • Noções gerais de criação e redação A partir da idéia, que é muito abstrata, surge uma segunda etapa: passar a idéia para o papel. Ao passá-la para o papel ocorre um salto qualitativo e quantitativo: uma coisa é a idéia abstrata, e outra quando se torna realidade, palavra. Quando você transforma sua idéia para algumas poucas frases, em termos de ação, personagem ou blocos; você começa a expandir os elementos de forma e estrutura do seu roteiro.(Ex: sinopse de filmes no jornal). ROTEIRO TV - Principais Conceitos • Noções gerais de criação e redação Em televisão, a regra é sempre a mesma: quanto mais você sabe sobre a sua idéia, mais você pode comunicar. E a pesquisa é uma ferramenta essencial para o sucesso de um programa ou de qualquer teledramaturgia. Elas lhe dão idéias, situações, sensibilidade, personagens e conhecimento; ajudam você a manter o controle sobre a idéia original. (exs: Apocalypse Now, Fahrenheint 9/11, Meu nome não é Johnny, Bicho de Sete Cabeças, Por toda a minha vida, Carandiru ) ROTEIRO TV - Principais Conceitos • Noções gerais de criação e redação Roteiro não é literatura. Ou seja: não é uma forma acabada de linguagem, deve ser pensado como um momento intermediário de criação. O ROTEIRISTA DEVE SER CLARO. Isso não significa que devemos esquecer a Língua Portuguesa.......pelo contrário, NÃO são admitidos erros de português. Problemas de escrita dizem respeito ao ato de escrever, e independem de se estar escrevendo um roteiro ou qualquer outro tipo de texto. ROTEIRO TV - Principais Conceitos • Noções gerais de criação e redação A única maneira de escrever roteiros cada dia melhor é lendo, escrevendo e pensando sobre o que se lê e escreve - de preferência, com um bom dicionário de um lado e uma boa gramática de outro. 1. ORTOGRAFIA: "Por incrívil que paressa, tem jente que nem presta atensão ao comteúdo de um rotero se ele tem problemas dece tipo. Puro preconseito!" É duro pegar um roteiro assim..... ROTEIRO TV - Principais Conceitos • Noções gerais de criação e redação 2. ACENTUAÇÃO: Fora o inglês, todas as línguas do mundo possuem acentos, e a informática não os aboliu. 3. SINTAXE - Segundo o Aurélio, "parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e das frases no discurso, bem como a relação lógica das frases entre si”. Aí entram milhares de regrinhas de concordância, adequação, consecução, etc, cujo conhecimento pode ser adquirido com um bom "ouvido". ROTEIRO TV - Principais Conceitos • Noções gerais de criação e redação 4. PONTUAÇÃO: É a maneira de usar sinais para encaixar as frases umas nas outras, facilitando a leitura. 5. DIGITAÇÃO: Muitas vezes, o que parece ser um grave problema dos tipos anteriores é apenas falta de atenção. Nada que uma boa revisão não resolva. E confiar no corretor ortográfico quase nunca dá certo. ROTEIRO TV - Principais Conceitos • Noções gerais de criação e redação 6. NÃO DIGA O ÓBVIO: “...um hospital com muitas pessoas doentes.” 7. SIGLAS: não introduza siglas no roteiro sem explicá-las no mínimo uma vez.(Ex.: DAC - Depto. de Aviação Civil, OAB, CRM, etc.) 8. EVITAR OS CLICHÊS: Deve-se usar os clichês com cautela. Eles são práticos, mas não devem se tornar uma rotina dentro do roteiro. (Ex.: “foi aplaudido de pé”, “um lance espetacular”, “quem sabe faz ao vivo”, etc.) ROTEIRO TV - Principais Conceitos • Da pesquisa ao roteiro A idéia, como já foi visto, é o princípio do roteiro, é a base onde existirá todo o outro contexto (conflito, personagens e ação dramática). Mas, as idéias não surgem do nada, existe sempre uma fonte de inspiração. Segundo o roteirista Lewis Herman, as idéias podem ser originadas de seis fontes. São elas: Idéia verbalizada – Quando a idéia surge de alguma conversa ou história que ouvimos. Muitas vezes um comentário ou até uma conversa alheia pode fornecer uma idéia. ROTEIRO TV - Principais Conceitos • Da pesquisa ao roteiro Idéia selecionada – Tem se a idéia a partir de alguma lembrança ou experiência pessoal. Este tipo de idéia pode resultar em bons roteiros, mas não é muito confiável, pois, sempre chega um momento onde as memórias do autor, que resultem num bom roteiro, se esgotam (Fellini). Idéia lida – Quando a idéia surge a partir de algo que lemos. Pode ser: jornal, revista, livro, folheto. Esta fonte é ilimitada e o autor não fica na dependência de escutar uma conversa ou ter uma lembrança que lhe inspire. ROTEIRO TV - Principais Conceitos • Da pesquisa ao roteiro Idéia transformada – Neste caso a idéia surge de uma obra de ficção (livro, revista, filme, peça de teatro). Mas lembre-se a sua idéia deve ser sempre original, não um plágio. Esta é uma fonte de inspiração não uma cópia. Você pode pegar a idéia da obra e transformá-la. Idéia proposta – Quando alguém propõe uma idéia a você. Pode se dar de maneiras diferentes, por exemplo: um produtor encomenda um roteiro sobre uma história ou idéia já existente. ROTEIRO TV - Principais Conceitos • Da pesquisa ao roteiro Idéia procurada – Quando você deseja escrever sobre um determinado tema. Para tanto você deve estudar ou pesquisar sobre o tema em questão. Por exemplo: você quer participar de um concurso de roteiros que tenha um tema específico (Star Wars). Toda idéia vem seguida de uma boa pesquisa para se vera viabilidade do projeto. A pesquisa pode ser o diferencial para o sucesso de um projeto na TV. ROTEIRO TV - Principais Conceitos • Da pesquisa ao roteiro Dois pontos precisam ser lembrados sobre pesquisa: - toda produção precisa dela - a produção tem a obrigação de fazê-la É preciso ter argumentos para defender a sua criação, o seu roteiro, a sua edição, enfim, a sua idéia. Por isso, antes de pesquisar, raciocine sua idéia como imagens, cenas e sequências; só assim você poderá enxergar o que será necessário para sua produção. Pesquise sempre de todas as maneiras possíveis. ROTEIRO TV - Principais Conceitos • Da pesquisa ao roteiro Numa história de época, é importante o roteirista pesquisar costumes e características daquela época, principalmente se a ação se situar em uma época bem remota, pois os modismos mudam de geração pra geração. Exemplos: - Anos 80: Bode (mau humor),deprê (deprimido), economês (linguagem dos ecomistas), nassa (bom, ótimo). - Anos 90: Antenado (atento), azaração (namoro), boiola (homossexual), mauricinho (rapaz bem vestido), mala (chato). ROTEIRO TV - Principais Conceitos • Da pesquisa ao roteiro De igual forma, acontece quando temos que situar o personagem em determinado ambiente. Exemplo: vejam duas situações em que determinados personagens podem dar uma notícia de falecimento: “Infelizmente, não teve jeito, precisamos ser fortes” ou “O cara se mandou, virou presunto e foi pro andar de cima”. Desnecessário dizer a qual classe social um e outro personagem pertencem. É impossível imaginar um jovem punk (1980) falando como um Rui Barbosa (1930)..... ROTEIRO TV - Principais Conceitos • Da pesquisa ao roteiro Apesar de existir inúmeras semelhanças entre o cinema e a TV, eles se diferenciam quanto à linguagem utilizada: na TV ela é entrecortada, enquanto que no cinema ela é contínua. O discurso entrecortado, é construído de forma a manter, antes e depois dos comerciais, o mesmo grau de atenção do telespectador. Em contrapartida, o discurso contínuo não tem essa necessidade. Os roteiristas de TV têm já estudadas as pausas para os comerciais. E a ação e o ritmo são em função dessas pausas. ROTEIRO TV - Principais Conceitos • Da pesquisa ao roteiro A linguagem televisiva é polifórmica; em uma hora de programação temos diversos tipos de linguagem, como por exemplo telenovelas, filmes, noticiários, publicidade, etc. O cinema pelo contrário é monomórfico: um filme mantém um mesmo tipo de linguagem durante toda a projeção, com o estilo do diretor e a história do autor. A televisão tende a ser menos profunda na dramaticidade, o que não quer dizer que é pior. ROTEIRO TV - Principais Conceitos • Da pesquisa ao roteiro É importante ressaltar também que na TV o tempo de atenção (a quantidade de minutos que passamos “presos” a alguma coisa, até o momento em que nosso nível de atenção diminui) é de aproximadamente 3 minutos; enquanto que no cinema é de 20 a 25 minutos. Passado os primeiros 3 minutos na televisão, se não formos atraídos, mudamos de canal, afinal, assistimos TV num ambiente iluminado, com barulho, com outras pessoas falando ao mesmo tempo, etc. ROTEIRO TV - Principais Conceitos • Da pesquisa ao roteiro Na TV, o peso da palavra é menor, exige-se muito mais dinamismo nas ações e tempos dramáticos mais incisivos, com uma maior variedade. Um bom exemplo disso é a publicidade. Um anúncio tem em média apenas 30 segundos e o tempo de atenção é de 7 segundos. É enorme o dinamismo de ação necessário para captar a atenção do espectador e, além disso, vender o produto. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Conflito: Reflexões O conflito designa a confrontação entre forças e personagens através da qual a ação se organiza e se vai desenvolvendo até o final. É a essência do drama. Sem conflito, sem ação, não existe drama, não existe história. O conflito faz parte da vida do ser humano. Um conflito audiovisual pode ser de 3 formas: - Homem x Homem: conflito com uma força humana (Platoon, O Fugitivo) ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Conflito: Reflexões - Homem x Forças da Natureza ou Forças Não- Humanas: são exemplos os filmes de catástrofe (King Kong, Independence Day, O Senhor dos Anéis) - Homem x Ele Próprio: personagens em conflito consigo mesmo (Twin Peaks, Melhor é Impossível, Ray) Obviamente, tanto no cinema quanto na TV, podem ocorrer misturas e combinações dessas formas de conflito. Ex.: (Encurralado) ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Story Line ou Sinopse Diz-se que um bom filme, um bom livro, uma boa música, uma boa obra de teatro, se pode resumir numa única frase. Esta frase é exatamente o chamado story line ou sinopse. Story line é o termo usado para designar, com um mínimo de palavras, o conflito-matriz de uma história. Em média, a story-line possui no máximo de 5 a 6 linhas. O story line é o começo das etapas para se desenvolver um roteiro. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Story Line ou Sinopse Nesta etapa ainda não há preocupação com o nome dos personagens ou o lugar onde se passa a ação. Deve-se evitar os adjetivos e dar ênfase aos verbos, pois, são estes que representam a ação em seu estado mais puro. Por este mesmo motivo deve-se sempre colocar a história no tempo presente, mesmo que no roteiro final ela seja contada no passado. O presente nos deixa ver com mais clareza o desenvolvimento da ação na história. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Story Line ou Sinopse O termo ação não se refere, unicamente, aos roteiros de aventura ou policial, mas a atividade humana em geral. O grande motivador da ação é o conflito. O surgimento do conflito retira a personagem de sua vida cotidiana e a leva a agir, se movimentar para resolver o conflito gerado. Para se escrever um bom story line é preciso que o conflito matriz seja descrito com clareza e apresente três pontos chave: ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Story Line ou Sinopse Para se escrever uma boa sinopse ou story line é preciso que o conflito matriz seja descrito com clareza e apresente três pontos chave: • A apresentação do conflito – Qual é o conflito? • O desenvolvimento do conflito – Qual o resultado do conflito? • A solução do conflito – Como se resolve? Em resumo, o story line deve: ser claro, direto e curto; ter economia de adjetivos e uso dos verbos (no presente); ter a apresentação, desenvolvimento e solução do conflito principal. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Argumento Antes de começar o roteiro em si, além da story line ou sinopse, é bom você pensar no seu argumento. Mas o que seria o argumento ? O argumento, de forma genérica, nada mais é do que o desenvolvimento da sinopse. Enquanto esta última economiza as palavras ao máximo, o argumento deve ser justamente o contrário, uma forma de esgotar literalmente a idéia que se pretende transmitir. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Argumento Pode-se dizer que o argumento é a definição breve de sua história. Mas, de um modo mais simples: sobre o que se trata sua história? Qual é o assunto? Um argumento é uma sinopse narrativa da história. Ele é necessário porque permite que você enxergue sua história com clareza e com um sentido de visão geral. É o conjunto de idéias que formarão o roteiro. É aqui que se conhece melhor a sua história, antes de poder escrever qualquer diálogo. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Argumento No argumento é preciso conhecer a fundo a história, mas sem precisar entrar em muitos detalhes. Muitos detalhes agora não vão servir pra nada. Exemplo: - é importante saber que o personagem X sabe dirigir e vai viajar pelo Nordeste brasileiro na história,mas, não precisa ecrever que tipo de carro, qual a cor dele, se ele costuma andar em alta velocidade, se ele dirige mal,.....isso são detalhes a serem acrescentados apenas no roteiro final. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Argumento Assim o argumento, baseado na sinopse, e de posse do conflito e dos personagens, descreve toda a ação dramática de forma a revelar ao leitor a história que virá a ser contada de maneira audiovisual. É no argumento também que se define o perfil dos personagens. No argumento existe uma maior liberdade para o uso dos adjetivos, principalmente nos personagens, mas não se esqueça que um roteiro é uma história para ser contada em imagens (mostrada). ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Argumento No argumento pode-se descrever melhor os ambientes onde a história se passa e se colocar os personagens secundários. Além disso, pode se desenvolver o “plot” (conflito essencial, trama principal) e os “subplots” (conflitos secundários). Em obras convencionais deve-se ter o cuidado de sempre se resolver o conflito principal e os conflitos secundários, até o fim da história. O melhor exemplo disto é a telenovela. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Argumento Na maior parte das vezes o autor nunca tem certeza de quando a novela irá terminar. O fim é definido pela emissora tendo em vista o sucesso ou fracasso nos números do IBOPE. Portanto, o autor fica incumbido de resolver a trama principal e as secundárias nos capítulos finais. Basta observar como as situações vão se resolvendo no último capítulo. O mocinho fica com a mocinha, os personagens secundários encontram casamento ou destinos alternativos e os vilões, geralmente, encontram seu castigo. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Argumento Resumindo, no argumento devem estar presentes as seguintes indicações: - definição de personagens (quem?); - determinar quem viverá o conflito básico e definir o perfil dos personagens; - definir a localização da ação (em que época?, em que lugar?); - descrever o “caminho”da ação dramática, a estrutura da ação, ou seja, de que forma a história será contada, como ela vai evoluir até o desfecho. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Argumento Para perceber a proximidade e as diferenças entre argumento e roteiro. Abaixo há um exemplo de um pedaço do argumento da sexta cena do filme Cidade de Deus: ARGUMENTO Pelas ruas da Cidade de Deus, Cabeleira, Alicate e Marreco fogem da polícia. Eles percorrem algumas ruelas, trocam de roupa e correm até o campinho onde fingem jogar bola com os meninos. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Argumento No roteiro final ficou dessa forma a mesma cena: ROTEIRO EXT. RUAS DO CONJUNTO – DIA Cabeleira, Alicate e Marreco correm, perseguidos de perto, por um POLICIAL que dá tiros para o alto. Eles riem. E também atiram para o alto. BUSCA-PÉ (V.O.) O Trio Ternura não tinha medo de ninguém. Nem da polícia... Eles achavam que a Cidade de Deus era deles. Mas tinha um monte de bandido que achava a mesma coisa. Naquele tempo, a Cidade de Deus ainda não tinha Dono. Os bandidos se metem pelas ruelas do local. MONTAGEM cria a sensação de labirinto: o Policial nunca sabe para onde ir. Os bandidos param um instante. Tiram as camisetas vermelhas, jogando-as por trás do muro de uma casa. Todos agora estão de camiseta branca. Eles continuam correndo até o... ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Argumento Perceba que o argumento continua até a cena seguinte do roteiro. Isto acontece porque o argumento não obedece a divisão de cenas que será criada pelo roteiro. Além disso, todos os elementos importantes do filme estão presentes no argumento: os personagens, as locações e a ação. O argumento poderia ainda informar o estado de espírito em que os personagens fogem da polícia. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Argumento Outra forma de saber se o argumento está corretamente escrito é ver se responde a perguntas do tipo: - o objetivo do protagonista fica claro ? - qual é o clímax? possui impacto? - o que pretendemos explicar com esta história? - o problema levantado será capaz de gerar conflitos? - quais são as ações principais do protagonista? ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Argumento Com o argumento em mãos, prepara-se a viabilidade de um projeto em todas as suas facetas: - Produção: viabilidade econômica, custos do projeto - Mercado: há público para o projeto? Que faturamento ele pode representar? - Técnica Artística: existem técnicos e atores capazes de desempenhar com sucesso seus determinados papéis? - Autoria: capacidade e talento do roteirista ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Problemas de Argumento Os problemas de argumento dizem muito mais respeito à história em si do que à narrativa. Os principais erros encontrados em argumentos de roteiro são: falta de um conteúdo em que o público se identifique; o uso de fórmulas esgotadas; falta de relação com os interesses do público num determinado momento (ou seja, projeto não comercial) e a desproporção entre custo e atração (ou seja, projeto inviável). ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Problemas de Argumento Todos os problemas de argumento podem ser resumidos em dois: (1) assunto, tema ou estrutura muito parecidos com o que já vimos; (2) assunto, tema ou estrutura diferentes demais de tudo o que já vimos. Uma boa maneira de se evitar problemas de argumento é perguntando a si próprio: pra quê contar essa história? A resposta é difícil, mesmo para roteiristas veteranos, mas ela sempre existe. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Personagens: Introdução Personagens ou "quem" são aqueles que viverão o conflito idealizado pelo autor. São os responsáveis por passar ao público o que o autor está tentando expressar em sua narrativa. Personagem vem a ser algo assim como personalidade e aplica-se às pessoas com um caráter definido que aparecem na narração. O nascimento do personagem que vai começar a desenvolver o conflito é determinado no instante que se começa a escrever o argumento. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Personagens: Introdução Quando construimos um argumento, já temos a idéia de nossos principais personagens da história (protagonista, antagonista, ator coadjuvante, etc.). Personagem e história vivem uma interação perpétua. Às vezes começamos um argumento deslumbrados por um personagem e só depois procuramos a história; outras vezes, acontece exatamente o contrário. O importante é que o produto final resulte numa harmonia constante entre personagem e história (Ex.: Hannibal). ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Perfil de personagens: Nesta etapa os adjetivos tem preferência sobre os verbos. É a hora de você conhecer seus personagens. O perfil é um conjunto de informações físicas e psicológicas da personagem, podendo estar incluída a história ou antecedentes desta. Quando você conhece bem alguém é fácil prever suas reações. Por isso um perfil bem elaborado torna mais fácil a construção dos diálogos e do desenvolvimento da história. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Perfil de personagens: A quantidade de informações depende da importância do personagem. Quanto melhor e mais precisas as informações, mais força vital terá o personagem e, portanto, terá um forte respaldo emocional, ao ponto da personagem ter “vida própria”. Alguns roteiristas não se contentam em apenas descrever os personagens, chegam ao ponto de desenhá-los para chegar o mais próximo do seu objetivo. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Perfil de personagens: São três os fatores que temos de considerar na configuração de um personagem: -Fator Físico: idade, peso, altura, presença, cor do cabelo, cor da pele, saúde,....... - Fator Social: classe social, religião, família, origens, trabalho que realiza, nível cultural,...... - Fator Psicológico: ambições, anseios, frustrações, sexualidade, perturbações, sensibilidade, percepções,....... ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Perfil de personagens: Não podemos esquecer que a emoção de um personagem tem de coincidir com seu intelecto (Ex.: uma stripper - relação entre razão e emoção). A correspondência entre intelecto e emoções é o que dá identidade ao personagem. Também devemos ter presente na história o fator das transformações, ou seja, assim como o ser humano, o personagem nunca é estático, ele muda, modifica-se. Chama-se a este processo evolução do personagem.(Darth Vader/Star Wars,Mané Galinha/Cidade de Deus) ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Perfil de personagens: A caracterização dos personagens e a história são coisas independentes. A única relação entre elas é o objetivo dos personagens. E o objetivo, ou seja, o que o personagem quer, é o que acaba por caracterizar o personagem. Pelo objetivo dos personagens é que conseguimos entender suas atitudes durante a história. No filme “Rocky, um lutador”, o objetivo do personagem principal é ser bom o bastante para entrar no ringue com o campeão dos pesos pesados. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Perfil de personagens: Ter objetivos que ajudem na caracterização não são coisas apenas para o protagonista. Outras figuras importantes da história devem ter seus próprios desejos, de sucesso, de superar outros personagens, o que faz a história mais conflitante e intensa. Exemplo de perfil de personagem: - Cláudia Pinheiro – jovem empresária, morena, tem acessos de histeria por banalidades e é lésbica. Apesar disso, tem um grande coração e senso de humanidade. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Os vários estilos e formatos: Um bom critério para reconhecimento de um roteiro de dramaturgia, no papel, poderia ser a presença dos seguintes elementos: 1) a DIVISÃO DE CENAS claramente indicada; 2) a NARRAÇÃO de toda a ação do filme, na ordem cinematográfica; 3) breve DESCRIÇÃO física dos personagens e dos cenários quando eles aparecem pela primeira vez ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Os vários estilos e formatos: 4) as FALAS (diálogos e textos de narração) completos e destacados do restante do texto; 5) RUBRICAS ou indicações para os atores durante as falas. Após passar as etapas da idéia, da sinopse e do argumento, é hora de transformar em roteiro. A história contada no argumento deve ser diluída em cenas. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Os vários estilos e formatos: Roteiros são escritos em diversos formatos, dependendo da mídia em que o programa será exibido, do formato do programa ou dramaturgia e do estilo do autor. Em Hollywood, os produtores convencionaram um padrão de roteiro, que ficou conhecido como padrão americano, master scenes (cenas mestres), standard format (formato padrão), spec script (roteiro de especulação), ou padrão WGA (em alusão ao Sindicato dos Roteiristas Americanos). Respeitadas as margens e tabulações, cada página equivale a um minuto de filme, pregam os produtores de Hollywood. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Os vários estilos e formatos: O formato master scenes possui uma série de vantagens práticas. Entre elas podemos destacar: • A facilidade de visualização da cena para os profissionais envolvidos no projeto. • Cada página de roteiro equivale (em média) a um minuto de obra gravada, o que dá ao roteirista uma idéia do tamanho e ritmo que seu texto deve ter. • Seguindo o modelo, o autor pode se dedicar exclusivamente a trama da história sem outras preocupações. • As regras são de fácil assimilação. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Os vários estilos e formatos: O roteiro é dividido em cenas e contém: a descrição dos ambientes e da ação, o nome dos ambientes e personagens, os diálogos e indicações para personagem, e , por último, a indicação de efeitos para transição de cenas. O formato de roteiro adotado é o ”master scenes”, que é o mais utilizado atualmente. Neste tipo de formato, cada informação tem seu local específico. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Os vários estilos e formatos: O cabeçalho da cena informa: o número da cena, onde se passa e a luz do ambiente (interior ou exterior, noite ou dia). Logo abaixo vem a descrição do ambiente e da ação que está ocorrendo. Centralizado, abaixo da descrição, o nome do personagem e embaixo dele a fala e a indicação para o personagem (quando necessária). Abaixo da fala pode ter outra descrição de ação ou o efeito de transição para outra cena. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Os vários estilos e formatos: Exemplo de uma cena escrita neste formato: Cena XX (ambiente/ locação) (luz do ambiente) (Descrição do ambiente) (Descrição da ação) (nome do personagem) (rubrica) (fala) (descrição da ação) (efeito de transição) ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Os vários estilos e formatos: CENA 13 Casa de Aderbal – sala int./dia A sala é pequena e tem poucos móveis. Um sofá velho e uma mesinha de centro. Aderbal está sentado no sofá, lendo uma revista. A porta se abre e Flávia entra. Aderbal joga a revista em cima da mesa. FLÁVIA Você queria falar comigo? ADERBAL (tímido) É que eu, eu. Flávia sai irritada e bate a porta com força. Aderbal joga a revista no chão. CORTA PARA: ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Os vários estilos e formatos: O uso da rubrica deve ser reduzido, pois, se a cena está bem escrita, o ator percebe que entonação dar a sua fala. Não se deve esquecer que o próprio ator que está dando vida ao personagem pode captar certas situações muito melhor que o autor, que simplesmente escreve. Procure sempre escrever a cena com começo, meio e fim. Não se esqueça que a descrição da ação ou ambiente, deve sempre se referir a imagens. Após uma cena sempre advém o corte de cena, onde o autor orienta o diretor para uma nova locação ou momento. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: O roteiro é formado por cenas e cada cena tem um espaço específico para cada informação. 1- CABEÇALHO OU DIVISÃO DE CENAS É indicada por uma linha, normalmente toda escrita em maiúsculas, separada do resto do texto por pelo menos uma linha em branco acima e outra abaixo, e contendo algumas informações essenciais para a visualização da cena. Nesta parte informa-se o número da cena, local onde se passa e a luz ambiente. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: Exemplos: CENA 31 - AUDITÓRIO - INT/DIA CENA 03 - CASA DE ADERBAL - INT./DIA Caso seja necessário pode-se ser mais específico com relação ao local. CENA 03 CASA DE ADERBAL – SALA INT./DIA A informação sobre a iluminação também pode ser mais específica. CENA 03 CASA DE ADERBAL – SALA INT./ FIM DE TARDE. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: (a) Número da cena: numerar as cenas facilita o trabalho do diretor e da produção (b) Interior ou exterior: Em alguns casos, fica difícil identificar uma cena como interna ou externa. Por exemplo, em cenas de automóvel: costuma-se colocar INT nas cenas com diálogo dentro do carro, eEXT quando a câmera está fora do carro, mas é bastante comum intercalarem-se estes dois pontos de vista. Eventualmente há cenas que começam INT e terminam EXT ou vice-versa (planos-seqüência atravessando portas, por exemplo) e devem ser indicadas INT-EXT. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: (c) Dia ou noite: É uma indicação de luz apenas, para ajudar o telespectador a visualizar a cena. (d) Nome do local onde se passa a cena: é apenas um nome, não uma descrição, mas pode e deve ser descritivo, na medida do possível. Às vezes, em uma sucessão de cenas muito curtas ou intercaladas, a linha de divisão de cenas deixa de ser útil e passa a atrapalhar a visualização do roteiro. É o caso, por exemplo, de algumas conversas telefônicas, ou daquele tipo de colagem rápida de cenas às vezes chamado de "montage sequence". Nestes casos, como sempre, deve prevalecer o bom senso. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: Cada vez que ocorrer uma passagem de tempo ou se mudar o lugar deve-se fazer um novo cabeçalho, pois, é uma cena nova. No caso do personagem sair para outro ambiente e voltar imediatamente ao ambiente anterior, pode-se apenas marcar esta passagem sem construir outro cabeçalho. Use sempre o mesmo nome para se referir a um mesmo lugar. Se Denise sai do INT. SALA para EXT. TERRAÇO, usamos um novo cabeçalho completo porque muda de lugar INT. para EXT. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: B) NARRAÇÃO OU DESCRIÇÃO DE CENA A descrição de cena é colocada logo abaixo do cabeçalho e se divide em descrição do ambiente e da ação. Para maior clareza em seu roteiro, pode-se colocar um parágrafo para descrever o ambiente e outro pra descrever a ação e os personagens. O tamanho da descrição depende de como o roteirista está imaginando a cena (e, portanto, de como ele quer que o leitor imagine a cena). ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: Exemplo: CENA 03 - CASA DE ADERBAL – SALA INT./DIA A sala é pequena, possui um sofá velho e uma mesinha de centro. A parede tem partes descascadas e sobre a mesinha há uma revista. Aderbal está sentado no sofá. Ele tem cerca de vinte anos. A porta se abre e Flávia entra, afobada. Ela tem a mesma idade de Aderbal. Caso seja necessário as descrições de Aderbal e Flávia podem ser mais detalhadas, mas só o suficiente para compreensão da história. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: Ao descrever o ambiente se atenha a informação necessária ao telespectador. Muitas vezes algumas características do ambiente são muito boas para mostrar dados sobre a personagem (classe social ou característica psicológica), mas não exagere em descrever estes objetos. Um dado que pode aparecer em letras maiúsculas é o som. Por exemplo: “Ouve-se um TIRO”. Obviamente isto não se refere ao som ambiente normal (o qual não precisa ser citado no roteiro), mas a um som inesperado e importante na história. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: O cabeçalho já informa o local onde se passa a cena, por isso não é necessário que se repita isto quando entrar algum personagem. Por exemplo: “Flávia entra”. Não é necessário dizer: “Flávia entra na sala”. Outro erro freqüente é se anunciar a fala. Por exemplo: “Flávia entra e comenta”. Neste caso deve-se apenas colocar “Flávia entra” e na seqüência sua fala. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: C) PERSONAGENS O nome do personagem é escrito em letras maiúsculas e deve ser chamado por um único nome, mesmo que os outros personagens se refiram a este de outra maneira. O roteiro tem que apresentar o personagem logo no início: dar o nome e associar a este nome algumas características (normalmente 3 ou 4, começando pela idade) que ajudem na sua visualização: "Mariana, 25 anos, loira, bonita, mancando da perna direita..." "O Capitão, 50 anos, grisalho, sério, barriga proeminente..." ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: Uma vez apresentado, o personagem só precisa voltar a ser objeto de descrição quando ocorrer alguma mudança em seu aspecto físico: "o Capitão, em traje de banho..." "Mariana, agora com uma grande cicatriz na testa...“. Em alguns casos o nome da personagem pode ser seguido de parênteses. São eles: • (V.O.) – Significa voice over é quando se escuta a voz, mas o personagem não está em cena. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: • (O.S.) – Significa off screen é quando o personagem está em cena, mas não é visível no momento • (Em OFF)- Este caso pode se referir aos dois anteriores, ou estar representando o pensamento do personagem. Também se encaixa quando a obra apresenta um narrador. • (cont.) ou (continuando) – Quando a fala foi interrompida por uma ação e continua de onde havia parado. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: Exemplo: O telefone toca e Aderbal atende. ADERBAL Alô? ALFREDO(V.O.) Alô! Aderbal? Aderbal, sou eu. Ouve-se a campainha tocar. ALFREDO(cont./V.O.) Aderbal? Fala alguma coisa. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: D) RUBRICAS A rubrica, apesar de ser um conceito que vem do teatro, tem em teledramaturgia um significado mais específico: é um trecho de frase, colocado entre parênteses antes ou dentro do bloco das falas, para indicar a intenção do personagem ao dizer a fala (rubrica de intenção), ou uma pequena ação realizada pelo personagem enquanto ele diz a fala (rubrica de ação simultânea). ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: A rubrica, como intenção ou como ação simultânea, refere-se sempre à frase que vem depois dela. Exemplos: PAULINHO Pode deixar. (irônico) Eu cuido dela como se fosse minha irmã. CARLA Ah, você está aí? (fechando a porta) Eu desisti de ir. ADERBAL (triste) Eu já tinha percebido. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: As indicações para o ator devem ser usadas somente quando estritamente necessário. De um modo geral quando a cena está bem escrita e possui clareza, o ator percebe qual entonação deve ser dada. Em alguns casos, quando a reação da personagem é contraditória com a sua fala, a rubrica é realmente necessária. Deve-se evitar rubricas excessivas, tanto em tamanho quanto em possibilidade de interpretação. Ex.: CARMEN (com ares de admiração e desconfiança na crença das reais possibilidades na execução do trabalho). ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: E) FALAS Tudo que é falado no filme deve estar no roteiro. Não são admissíveis num roteiro frases como "Janice e Gonçalves discutem a respeito de seu casamento", "Alfredo pede para ir ao banheiro". Para facilitar a visualização, as falas devem estar muito claramente destacadas do resto do texto, a ponto de constituir, visualmente, na página, dois blocos: o "bloco das falas" e o "bloco da descrição/narração". ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: Os principais aspectos para a criação dos diálogos são a coerência e o conteúdo das falas, e a maneira como se fala. Um roteiro com muitos diálogos sempre é ruim? Não, de forma alguma. “Doutor Fantástico” e “Noivo Neurótico e Noiva Nervosa” são dois excelentes roteiros recheados de diálogos. O importante é não deixar o telespectador indiferente à história.Por isso o diálogo sempre deve levar a história para frente. Sempre deve ter um propósito na trama. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: Um bom diálogo deve ter as seguintes características: - manter a individualidade e caracterizar o personagem que o diz e, ao mesmo tempo, fundir-se no estilo geral do roteiro. - refletir o estado de espírito do personagem que o diz. - algumas vezes, revelar as motivações de quem o diz ou uma tentativa de ocultar suas motivações. - Refletir o relacionamento de quem o diz com os outros personagens. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: - ser conectivo e levar a ação adiante. - algumas vezes, fazer exposições e prenunciar o que está por vir. - deve ser claro e inteligível ao público alvo do filme. Lembrete: Um filme ou uma teledramaturgia é uma experiência externa, que acontece numa tela colocada à nossa frente, a uma certa distância, com outras pessoas ou personagens. Por isso, em todo roteiro, a descrição da ação deve ser narrada em terceira pessoa. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: F) EFEITOS DE TRANSIÇÃO Esta é a última informação que contém na cena. Ela é referente à ligação entre uma cena e a cena seguinte. Deve sempre ser colocada no final da cena e à direita. EX.: CORTA PARA: As transições básicas, em teledramaturgia e filmes, podem ser: - CORTA PARA: se usa quando se quer o fim da cena e o começo da seguinte imediatamente. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: - FUSÃO PARA: quando a imagem vai desaparecendo ao mesmo tempo que se forma a imagem da cena seguinte. - CORTE RÁPIDO PARA: quando se quer que a passagem de uma cena a outra seja praticamente instantânea - FADE OUT: quando se quer que a imagem se escureça até desaparecer. A cena seguinte deve começar com FADE IN: Alguns autores não fazem uso de transições, acreditando que a opção seja do diretor da teledramaturgia. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: G) EFEITOS Raras, mas algumas vezes é necessário que se ocupe um pouco da função do diretor para que a história cumpra seu objetivo. Não é preciso dizer que os diretores detestam quando o roteirista pede determinados ângulos de câmera ou planos e seqüências. Para passar estas informações ao diretor deve-se usar termos específicos. Os principais exemplos são: P.O.V. e INSERT. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: - POV – Abreviação de Point Of View , pode ser traduzido como ponto de vista. Se usa quando quer se mostrar o que a personagem está vendo. Ex: Aderbal está lendo uma revista. Ouve-se gargalhadas vindo da rua. Ele se levanta e vai até a janela. POV DE ADERBAL Ele vê Flávia conversando com Alfredo. VOLTA À CENA Aderbal volta ao sofá e atira a revista no chão. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: - INSERT - Quando quer se inserir um detalhe em uma cena. Ex: (...) Aderbal segue pela rua em sua bicicleta. INSERT – RODA DA BICICLETA A roda da frente da bicicleta entra em um buraco. VOLTA À CENA A roda de trás da bicicleta se levanta e Aderbal cai no chão. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: Em ambos os exemplos é possível se induzir o diretor a fazer as cenas do modo desejado, sem dar as indicações acima. No exemplo 1, basta colocar: “Aderbal vê Flávia conversando com Alfredo”. No 2, coloca-se: “A roda da frente entra em um buraco, a bicicleta se vira e Aderbal cai”. Mas, se as cenas forem essenciais para a compreensão da história e o autor teme que o diretor as represente de outra forma, é melhor não arriscar. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Diagramação e harmonia visual: Todas essas regras de escritura do roteiro de dramaturgia geram muitas discussões entre os próprios roteiristas. Elas existem para fazer com que o roteiro seja visualizável. Sempre que a aplicação de uma das regras a um caso concreto estiver atrapalhando a visualização, a regra pode ser deixada de lado. O importante é ter bom senso e organizar o roteiro para que todos envolvidos entendam a mesma história. Roteiristas sempre vão ter suas preferências e pequenas variações particulares. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Dicas para um bom roteiro: 1) Use o mesmo nome das personagens e dos lugares em cabeçalhos, durante o roteiro inteiro. 2) Num roteiro, todos os verbos devem ser colocados no presente (ou, eventualmente, no gerúndio, que é um presente contínuo), mesmo no caso de um flashback. 3) Um roteiro não pode ter nada que não seja diretamente filmável. Esta é talvez a regra mais óbvia, e a menos observada. 4) Cuidado com a falta de controle do tempo. (Ex.: descrições longas = slow motion) ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Dicas para um bom roteiro: 5) Um bom roteiro deve se preocupar em SUGERIR uma decupagem. Até porque, de qualquer maneira, o leitor do roteiro vai visualizar o filme pela primeira vez orientado por uma espécie de "decupagem implícita" que está presente em qualquer texto narrativo. Essa decupagem implícita se manifesta no tamanho das frases, no uso do parágrafo, na pontuação e principalmente no conteúdo do texto. 6) Sempre use um novo cabeçalho quando mudar de tempo. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Dicas para um bom roteiro: 7) Corte a palavra "vemos". Em vez de "Vemos um casal andando...", escrever "Um casal está andando...". Evitar também a palavra "câmera", no sentido de: "A câmera mostra prateleiras de livros antigos, cheios de poeira, que vão do chão ao teto." Escrever simplesmente "Prateleiras de livros antigos, cheios de poeira, vão do chão ao teto.“ 8) Sempre use um novo cabeçalho quando mudar de lugar (INT. para EXT. ou vice versa). ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Dicas para um bom roteiro: 9) Não repita, na descrição, informação que já está no cabeçalho. Por exemplo, se estamos no "INT. COZINHA - DIA", não escrever durante a cena: "João ENTRA na cozinha e bate a porta". Escrever "João ENTRA e bate a porta". 10) Nunca escreva: "Sandra senta-se à mesa e comenta“, e sim, "Sandra senta-se à mesa," e em seguida a fala dela. 11) Evite excessivos olhares, do tipo "Jaime olha para Marisa"; "Katia olha para a sua mãe", etc., especialmente quando só existem duas pessoas na cena. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Dicas para um bom roteiro: 12) Cuidado com a falta de clareza na seqüência das ações: "Paulo senta e liga o computador após ter entrado na sala.“ - texto fora da “ordem fílmica”. 13) As ações essenciais (de maior importância) do roteiro devem ser narradas com o máximo de detalhes. 14) A história tem que possuir verossimilhança, ou seja, não podem existir furos ou quebras na lógica interna da história. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Dicas para um bom roteiro: 15) Não podem faltar no roteiro as emoções universais. 16) Um bom roteiro de ficção tem personagens bem caracterizados, um protagonista bem definido e personagens secundários com funções claras na história. 17) Evite o excesso de diálogos e os diálogos irrelevantes ou forçados. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Roteiro Literário: O roteiro literário (também chamado de pré- roteiro) é aquele que não contém indicações técnicas. No roteiro literário, a narrativa é dividida em sequências e cenas. Cada cena deve estar integrada ao todo e o desenrolar das cenas deve ter um ritmo. A harmonia do ritmo determinará a harmonia do conjunto da obra. O pré-roteiro é também a fase de fazer leituras dramáticas do texto,fazer revisões, ouvir feedbacks, refletir sobre o texto e reescrever as cenas e seqüências, caso necessário. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Roteiro Literário: Até se chegar ao roteiro final é necessário analisar todos os elementos dramáticos; é necessária uma auto-análise, além de uma análise de toda equipe envolvida. É importante lembrar que da mesma forma que escrevemos criticamente, temos que ler criticamente nosso roteiro. É um erro fundamental pensar que os grandes criadores criam obras-primas de primeira. Eles reescrevem, refazem cenas, às vezes até a exaustão. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Roteiro Literário: Podemos fazer uma análise final de um roteiro seguindo 3 estágios básicos: 1-) avaliar e dissecar todos os elementos do roteiro - ritmo, personagens, “plot”, estrutura, diálogos, etc. 2-) ver se o roteiro corresponde ao que foi proposto desde o início, ou seja, o roteiro corresponde à sinopse apresentada ? Ele está adequado para a linguagem de televisão ? 3-) encontrar saídas para as possíveis falhas. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Roteiro Literário: A seguir, uma lista de perguntas que podemos fazer para analisarmos um roteiro: - Como está o ponto de partida do roteiro ? Está impactante, o interesse é crescente ? - Existe emoção ? Há identificação conflito x telespectador ? - O conflito está colocado muito cedo ou muito tarde ? - As informações para acompanhar a história estão expostas de forma clara ? ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Roteiro Literário: - As exposições de motivos, fatos e ações estão explícitas ou implícitas ? - Tem flashback ? Está bem colocado ? - O protagonista age como protagonista ? - Há uma atenção crescente ? - A história não está confusa ? - O perfil dos personagens está bem descrito ? - Existe clímax ? Onde ? - Existe suspense ? Existe surpresa ? Onde ? ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Roteiro Literário: - O diálogo está natural ? - No diálogo, cada fala motiva a próxima ? - Cada cena motiva a próxima ? - Existe conclusão ? - Os personagens falam mais do que agem ? - A estrutura geral é criativa ? Existe uma harmonia visual no roteiro ? - O autor está satisfeito ? ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Roteiro Técnico: O roteiro técnico, também chamado de roteiro final é o roteiro que contém todas as indicações referentes à câmera, iluminação, som, etc. O roteiro final é um trabalho de equipe que requer a interação do roteirista com o diretor, a equipe de produção e até com o elenco. É hora de corrigir imperfeições e trabalhar as imagens mais a fundo, incluindo os movimentos de câmera e planos. Aqui também serão incluídos a iluminação, a trilha sonora, o elenco e outros detalhes de produção. Ao final deste trabalho o roteiro deve estar pronto para ser gravado. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Roteiro Técnico: Segundo o autor Doc Comparato “compete ao diretor e a sua equipe, converter o roteiro literário em roteiro técnico... Elaborar o roteiro final significa converter o Primeiro Roteiro – um texto – em uma ferramenta de trabalho que será entregue à equipe de produção para ser traduzida em imagens e sons". Resumindo, a definição e conhecimentos técnicos da linguagem de câmera é um problema do diretor e do câmera man. ROTEIRO TV - Formatação de Roteiros • Roteiro Técnico: É importante que o roteirista que escreve para cinema, televisão e vídeo, conheça os planos e movimentos de câmera, mas não cabe a ele definir todos os planos de cada cena. No roteiro literário, alguns movimentos poderão ser sugeridos ou descritos nas cenas-chave da ação ou para dar idéia do clima de uma seqüência. Ao se exceder na descrição dos planos de cada seqüência, o roteirista estará invadindo o campo de ação do diretor e da equipe de produção. ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Ação Dramática: Ação dramática é a maneira como vamos contar o(s) conflito(s) vivido pelos personagens. Ou seja, de que maneira vamos contar a história. Para trabalhar na ação dramática, somos obrigados a construir uma estrutura. A estrutura é um dos fundamentos do roteiro e a tarefa que maior criatividade exige do roteirista. Em resumo, ação dramática é o conjunto dos feitos e dos acontecimentos que formam a história. ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Ação Dramática: Embora existam diversas variáveis, a estrutura clássica de fragmentação de um roteiro é a divisão em 3 atos: - 1º ato: apresentação do problema - 2º ato: escolha e desenvolvimento do caminho - 3º ato: solução do problema, desfecho Em cada uma dessas etapas o personagem vai agir, criando conflitos, afinal, o conflito é o elemento de ligação entre as 3 etapas. O conflito espelha a vida, espelha o ser humano e sua relação com o mundo e consigo mesmo. ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Ação Dramática: Segundo os manuais de roteiros americanos, o primeiro ato envolve o telespectador com os personagens e com a história. O segundo ato aumenta o comprometimento emocional e o mantém envolvido. O terceiro ato amarra a trama e leva a um final satisfatório. Em resumo, isso significa que uma história tem um começo, meio e fim. Syd Field acrescenta que na passagem de um ato para o outro deve haver um ponto de virada, também conhecido como reviravolta dramática, que em inglês chama-se "plot point". ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Ação Dramática: Para que o roteiro tenha qualidade, o conflito deve envolver o telespectador, criando uma cumplicidade, uma correspondência; é preciso que tenha uma razão de ser. E quando o telespectador percebe que aquele conflito do personagem também poderia ser seu, cria-se o que chamamos de ponto de identificação (rir, chorar, vibrar, odiar, etc). O ideal é que toda ficção nos leve a esse ponto; que o telespectador sempre se emocione com nossa história. ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Ação Dramática: Algumas das situações dramáticas de conflito que podem existir em uma história: o salvador, vingar parente por parente, desastre, vítima de, revolta, o enigma, o rapto, ódio de parentes, crime de amor involuntário, adultério mortal, loucura, imprudência fatal, sacrificar-se pelo ideal, sacrificar tudo pela paixão, rivalidade entre desiguais, crimes de amor, adultério, amores proibidos, amar um inimigo, a ambição, luta contra Deus, ciúme equivocado, erro judiciário, reencontro, perder a família, etc. ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Plot e suas divisões: O centro da ação dramática é chamado de plot. O plot é a espinha dorsal de uma história, o núcleo central da ação dramática, ou seja, as ações organizadas de maneira conexa, de forma que, se suprimimos ou alteramos alguma, alteramos o conjunto. Em um roteiro de ficção podem existir vários tipos de “plots”: - Plot principal: é a história principal, em resumo, a story-line. - Subplot: é uma linha secundária de ação utilizada como reforço ou contraste do plot principal. ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Plot e suas divisões: - Multiplot: normalmente usado em telenovelas, é caracterizado por não existir um plot principal, mas várias histórias acontecendo ao mesmo tempo. - Plot paralelo: são duas ou mais histórias de igual importância, acontecendo paralelamente, sem ligações aparentes entre si, e que interagem por comparação ou contraste. Cada plot tem uma curva dramática, e organizá- las é tarefa do roteirista. Para a construção de uma curva dramática perfeita é preciso sempre analisar 4 pontos: ponto de partida, ponto de clímax, ponto sem retorno (crise) e ponto de identificação. ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Núcleo dramático: Núcleo dramático é uma reunião depersonagens (protagonista e coadjuvantes) ligados entre si pela mesma ação dramática, organizados num “plot”. A maioria dos autores desenvolvem mais de um núcleo dramático. O clássico de uma novela são três núcleos dramáticos (Ex.: Gilberto Braga - divisão em núcleo dramático proletário, classe média e rico). ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • A estruturação dramática: Existem alguns mecanismos básicos para se estruturar dramaticamente um roteiro: - Antecipar-se: utilizar a qualidade que o público tem de prever uma situação e criar uma expectativa. Por exemplo: uma personagem diz que matará outra. - Suspense: é uma antecipação urgente. Por isso, o suspense aumenta ou diminui segundo a simpatia ou empatia do público por uma determinada personagem. ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • A estruturação dramática: - Inversão de expectativas: o público está à espera de algo e apresentamos um fato completamente inesperado. Dentro desse fator surpresa está aquilo que chamamos de “gimmick”, isto é, uma alteração arbitrária dos elementos familiares com a intenção de surpreender o público. Ex.: “Eu sou teu pai” em tom de revelação. Existem ainda dois ingredientes que podem ser acrescentados a qualquer roteiro de ficção, e que enriquecem a história: humor e erotismo. ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Como fazer sua própria telenovela: O sucesso de uma telenovela no Brasil passa pelos seguintes itens: 1) O amor está acima de tudo. Crie o conflito amoroso dos protagonistas e desenhe a trajetória que eles irão traçar durante os cerca de 200 capítulos. Incestos, status diferentes, famílias inimigas, mortes misteriosas e desencontros são os empecilhos mais comuns. Eles nunca podem ser mais fortes que o amor. Exemplo: se a vontade de conhecer os EUA for maior que a de viver com seu amado, a personagem vai ser recusada pelo público, como aconteceu com Sol no início de América. ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Como fazer sua própria telenovela: 2) O casal protagonista jamais pode ter objetivos egoístas, como fazer fortuna no exterior. Se quiser ganhar dinheiro, tem de ser para pagar o tratamento de câncer do pai ou para voltar à Itália e rever seu grande amor. Os dois precisam ter atitudes sempre morais e legais. 3) Colocar o “mocinho” e a “mocinha” em classes sociais diferentes sempre cria a possibilidade de novos conflitos. 4) Uma grande variedade etária enriquece os diálogos. ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Como fazer sua própria telenovela: 5) Para aliviar a tensão dos momentos tristes ou polêmicos, crie um núcleo de humor. Pode ser um bar de periferia, como em “O Clone” e “América”. Ou soluções delirantes, como as flores de Jorge Tadeu – que encantavam as mulheres em “Pedra sobre Pedra”. 6) Tente captar o ambiente que está quente na sociedade: uma tendência pode virar moda arrasadora, como aconteceu com o mundo das discotecas na novela “Dancin’ Days”, de 1978. Começar com um fundo histórico, como a luta contra a ditadura militar, dá uma aparência de que a novela é importante, que serve pra alguma coisa. ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Como fazer sua própria telenovela: 7) Qualquer que seja o contexto da novela, lembre-se de que você precisa conquistar todo tipo de público. Se a novela acontece no campo, crie um ou outro núcleo urbano. A dica vale também para os personagens. As falas devem ser as usadas no dia-a-dia, com as gírias de rua e expressões de cada época, de cada ambiente. 8) “O autor é o deus de sua novela”, costuma dizer Manoel Carlos. De acordo com a resposta da audiência, você pode matar personagens, mudar sua personalidade, roupas e até o jeito de falar. Prolongue as tramas e a aparição daqueles que estão fazendo sucesso. ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Como fazer sua própria telenovela: 9) Lembre-se de que, no Brasil, novelas fazem parte do espaço público. Fique à vontade para inserir problemas sociais, tabus e o merchandising social, como incentivar a doação de órgãos. Mas preocupe-se em amarrá-los bem ao melodrama. Se você quiser discutir o Movimento dos Sem-Terra, coloque-os entre as tramas de amor, como aconteceu em “O Rei do Gado” entre a sem-terra Luana (Patrícia Pillar) e o fazendeiro Bruno Mezenga (Antônio Fagundes). ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Como fazer sua própria telenovela: 10) Guarde um personagem para aparecer, somente, no meio da novela e reverter o rumo da história. Geralmente, esta personagem traz informações inusitadas sobre a trama ou as outras personagens. 11) E se der errado? “Acelere a narrativa, faça umas duas semanas de acontecimentos muito fortes”, diz Gilberto Braga. Se a novela for um desastre lastimável, o jeito é arranjar uma tragédia para matar metade da turma e começar do zero. Em “Torre de Babel”, de 1995, a saída foi explodir um shopping com todos os personagens recusados pelo público. ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Tempo dramático: O tempo de um roteiro de TV ou de cinema, é o tempo dramático de uma cena. O tempo dramático é a síntese do tempo real e se caracteriza por resumir várias horas, meses ou anos em apenas 1 hora de uma obra audiovisual. O tempo dramático não define se uma cena é longa ou curta, mas a intensidade dramática da cena. Uma cena de 30 segundos, se bem colocada, pode ter um tempo dramático muito intenso. Existem no entanto algumas exceções, ou seja, roteiros escritos no tempo real da ação, como por exemplo a série 24 horas. ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Divisão do roteiro: Toda a ação dramática se divide em cenas. O roteiro para teatro é dividido em Atos. Em cinema, o formato mais comum é o seqüenciado (dividido em seqüências). Em televisão, o roteiro divide-se em blocos por causa dos intervalos comerciais, que se subdividem em seqüências. Em roteiros para mídia digital, a divisão ocorre através de um menu com assuntos opcionais. Em cinema e televisão, a forma mais utilizada para dividir as seqüências é a mudança de ambientação, ou seja, muda a locação da filmagem, muda a cena. No teatro, as cenas mudam com a entrada e saída de personagens. ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Roteiro original / Roteiro adaptado: O roteiro original é assim chamado quando a história é escrita originalmente para a televisão, cinema ou teatro. Neste caso o roteirista produz a trama baseado apenas na sua capacidade de criar histórias (Ex.: Fargo, Pulp Fiction, etc). O roteiro adaptado, é quando a história é adaptada de alguma obra literária ou peça teatral para o cinema ou para a televisão. Neste caso, o roteirista transporta para as telas uma história feita para ser lida ou encenada em teatro. A missão de um roteirista que se propõe a adaptar um livro muitas vezes é ingrata, principalmente quando a obra em questão é um best-seller (Ex.: O Código da Vinci, Lolita,etc). ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Roteiro original / Roteiro adaptado: Num roteiro adaptado, o bom senso é mais importante que qualquer regra. Uma adaptação é uma transcrição de linguagem. Uma adaptação implica um limite criativo, já que o roteirista tem que se ater ao conteúdo da obra. Stanley Kubrick era um mestre em suas adaptações, quase todos seus filmes são adaptações: Laranja Mecânica, De Olhos Bem Fechados, Barry Lyndon, só para citar alguns. Para adaptar uma outra forma de arte para o cinema, a primeira coisa a se fazer é ter total "desrespeito" pelo autor da obra original. ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Roteiro original / Roteiro adaptado: Qualquer roteiro adaptado que tenta manter as mesmas qualidades de sua obra original está fadado a tornar-se um fracasso. Você poderá e, provavelmente terá, que criar novas cenas, mudarcenas e cortar cenas da obra original, aumentar ou diminuir o período de tempo em que acontece toda a história ou parte dela, como aconteceu em Os Três Dias do Condor, que na obra original eram sete. Ao adaptar, você deve estar ciente que está escrevendo um roteiro para a TV ou cinema. Um roteiro é para ser "visto", não para ser "lido". ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Diálogos e narração: Diálogo é a troca de discurso entre os personagens de uma história. O diálogo é a linguagem essencial do drama, e sua construção é considerada o teste crucial da habilidade de um roteirista. Um bom diálogo deve estar repleto das emoções dos personagens frente às situações e conflitos da história. Principalmente nos dias de hoje, existe uma ênfase das falas do cotidiano (uso de gírias, expressões e abreviações) na dramaturgia da TV brasileira. ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Diálogos e narração: Um erro bastante comum de roteiristas iniciantes é colocar todas as informações no diálogo. O diálogo é apenas um dos elementos da construção audiovisual. Afinal, o que é mais dramático: falar que um sujeito é manco ou mostrá-lo caminhando com dificuldade ? No filme “Melhor é Impossível”, por exemplo, o personagem de Jack Nicholson demonstra, através de seus atos, que é um obsessivo compulsivo. ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Diálogos e narração: Uma história pode ser narrada por diversos ângulos. A mais comum é aquela em que o escritor ou roteirista não interfere no enredo. Ele coloca-se no ponto de vista do telespectador e deixa a história rolar. Neste caso o único “olho” válido e confiável é o da câmera. O narrador pode estar oculto, ou pode participar da narrativa. As variações mais correntes de narração são: história contada sem interferência do autor, com o narrador em off (oculto), o narrador como personagem principal e a história contada por diversos narradores. ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Elipse: A elipse é uma contração, uma passagem muito rápida do tempo e de forma rítmica. As elipses servem para acelerar o ritmo e reservar surpresas para o telespectador. Um exemplo é a elipse usada no filme "Reviravolta", dirigido por Oliver Stone. O personagem interpretado por Nick Nolte narra a Sean Pean o modo que ele deve agir para conquistar sua esposa e, em seguida, assassiná-la. Enquanto ele faz a narração, as imagens de Sean Pean seguindo suas instruções são exibidas ao espectador. Ao final da narração (em Off), já estamos no tempo em que Sean Pean vai executar o plano. ROTEIRO TV - Estruturação e Dramaturgia • Flashback: Flashback é um recurso narrativo usado para mostrar algo que aconteceu no passado do personagem.Um exemplo é “Cidade de Deus”. Basicamente, ele é justificado em 3 situações: - quando algum personagem lembra um fato - quando o personagem conta a outros fatos que acrescentam informações ou esclarecem enigmas - quando o filme começa pelo final, caso de Lolita,onde todo ele é um flashback O uso incorreto dos flashbacks pode tornar confusa a história, fazendo com que o telespectador perca o interesse. ROTEIRO TV - Roteiro para televisão • O roteiro para TV: O roteiro é a peça básica para a realização de um programa de TV. É com ele que planejamos a produção, fazemos os cálculos orçamentários, levamos os artistas a tomar conhecimento do conteúdo a ser transmitido, assim como todos os profissionais envolvidos na realização. Existem diversos estilos de roteiros e de roteiristas, cada um deles apresentando diversas características. Por exemplo, o roteiro de um telejornal não tem um só autor. Ele é fruto do trabalho de diversos redatores e repórteres que, durante todo o dia, estão em busca de fatos e textos para o roteiro final. ROTEIRO TV - Roteiro para televisão • O roteiro para TV: Mas, antes de começar o roteiro de um programa é importante conhecer todo o projeto por detrás do programa. Um programa de TV surge a partir da idéia de um produtor ou diretor, e que a partir desta surge o interesse de uma emissora na efetivação do programa. Esta idéia é passada para a direção de uma emissora através de um projeto, onde informações básicas se tornam necessárias para uma primeira análise (quantidade de blocos, formato, apresentação, estudo comercial, público-alvo bem definido, etc.). ROTEIRO TV - Roteiro para televisão • O roteiro para TV: Após esta primeira análise, parte-se para a realização do orçamento do programa que deve conter as seguintes viabilidades: - Ideológicas: se adequar aos fundamentos da emissora em que se pretende transmitir o programa. - Técnicas: relação de todos os equipamentos que se fazem necessários para a realização do programa (câmeras, edição, estúdio, áudio, pós- produção, etc.). ROTEIRO TV - Roteiro para televisão • O roteiro para TV: - Econômicas: levantamento de todos os custos que serão necessários efetivamente, levando em conta todos os gastos com equipamentos, locações e toda a parte pessoal. Com esta visão geral do processo de produção, podemos passar à análise do elemento mais importante do processo de produção: o roteiro. Existem programas semi-roteirizados e totalmente roteirizados. ROTEIRO TV - Roteiro para televisão • O roteiro para TV: Dentre os programas semi-roteirizados estão as entrevistas, debates, programas de auditório e programas de variedade. O roteiro de programas semi-roteirizados parece uma lista e contém apenas os blocos do programa e sua duração. São roteiros razoavelmente fáceis de escrever. Em contrapartida, os programas improvisados colocam uma grande pressão no diretor e no elenco da produção, que têm de providenciar, resolver e improvisar, à medida que o programa (ou gravação) acontece e fazer com que tudo funcione. ROTEIRO TV - Roteiro para televisão • O roteiro para TV: Em contraste, nos programas inteiramente roteirizados, o script mostra os segmentos de áudio e vídeo, para cada segundo. Neste tipo de roteiro, o conteúdo global, equilíbrio, andamento e ritmo podem ser imaginados, antes do início da produção, principalmente após a gravação de um programa piloto. As surpresas desagradáveis são grandemente minimizadas, mas não podem ser totalmente eliminadas). ROTEIRO TV - Roteiro para televisão • Modelo de roteiro para TV: A grande maioria dos programas de TV utiliza o chamado “modelo de 2 colunas” como roteiro. Apenas em dramaturgia que a TV prefere ainda o modelo “master scenes”. O roteiro de 2 colunas divide-se da seguinte forma: - Lado Esquerdo: todas as informações de vídeo. Enquadramento de câmeras, fitas que serão utilizadas com números, GCs, entradas e saídas das matérias (“deixa”), enfim, toda e qualquer informação referente ao vídeo. ROTEIRO TV - Roteiro para televisão • Modelo de roteiro para TV: - Lado direito: todas as informações de áudio do programa. Texto, locução, sonoras, BGs, etc. Para uma boa leitura, os roteiristas escrevem neste lado do roteiro em “caixa alta” e com um espaçamento diferenciado do resto do roteiro, para que não ocorram problemas e confusões junto à equipe. Há ainda a possibilidade de colocar uma coluna central que serve apenas para indicar VIVO (quando o programa ou o apresentador está ao vivo) e OFF (quando o apresentador ou repórter fala sobre as imagens, mas sem aparecer no vídeo). ROTEIRO TV - Roteiro para televisão • Modelo de roteiro para TV: programa emissora redator vídeo tec áudio 1 Para inserir os dados do cabeçalho clique duas vezes sobre o cabeçalho. Estes dados aparecerão e todas as páginas. Não altere o número de página pois é automática. Mas pode alterar os outros campos conforme a necessidade. Nesta parte faça a descrição do que deve aparecer na imagem.Se for caracteres, escreva: GC: NOME A SER INSERIDO Sublinhando a parte que deve ser escrita Procure descrever as imagens pretendidas ao lado do texto onde a imagem deverá ser inserida para facilitar a edição e proporcionar o sincronismo entre a imagem e a narração correspondente A medida que você escrever, tecle “enter” e nova página será criada no mesmo formato. VIVO OFF JÁ ESTÁ FORMATADO PARA SER CAIXA ALTA COM ESPAÇAMENTO ADEQUADO PARA SER EM TORNO DE 3 SEGUNDOS CADA DUAS LINHAS. SEMPRE TERMINE O PARÁGRAFO EM PONTO FINAL E INICIE NOVO PARÁGRAFO PULANDO UMA LINHA. ISTO FACILITA A LEITURA E PERMITE MELHOR INTERPRETAÇÃO. ROTEIRO TV - Roteiro para televisão • Modelo de roteiro para TV: Na parte superior da lauda de roteiro há um cabeçalho que deve ser preenchido: data, redator, tempo, programa e emissora. Também pode ser indicado no canto superior direito, o bloco, ou mesmo, uma “marcação” que identifique mais rapidamente o que é importante na lauda. Pode ser uma matéria, uma entrevista, uma escalada, uma vinheta, uma música, enfim, algo que seja marcante naquela lauda. As laudas de um roteiro devem ser numeradas de acordo com a ordem de gravação. Nos telejornais e em alguns programas, a lauda do roteiro é utilizada no tele prompter. ROTEIRO TV - Roteiro para televisão • Escrevendo para TV: Roteiros de vídeo têm um estilo próprio, ou seja, se caracterizam por frases curtas, concisas e diretas. Na televisão, devemos evitar as palavras desnecessárias. Por exemplo, ao invés de, "neste momento " prefira "agora". Ao invés de "curta distância ", use "perto". Também utilizamos pontuação extra, especialmente vírgulas, para ajudar na leitura dos textos de narração. As vírgulas sinalizam as pausas. Apenas lembre-se o que, e para quem, você está escrevendo quando se sentar no seu computador. ROTEIRO TV - Roteiro para televisão • Escrevendo para TV: As atribuições - ao contrário do jornal impresso - devem vir no começo da frase, ("Segundo o Ministro da Saúde..."). Na televisão, queremos saber logo de cara "quem foi que disse". Sempre que for necessário explicar, aprofundar idéias ou estabelecer ligações (criar "ganchos") entre os segmentos do programa, devemos utilizar a narração. O texto é lido pelo locutor (em off) e coberto com imagens. Ao escrever o roteiro devemos procurar, a cada momento, utilizar os meios mais efetivos para a representação audiovisual de nossas idéias. ROTEIRO TV - Roteiro para televisão • Documentários: O termo documentário sempre foi muito abrangente e sua tradição está profundamente enraizada na capacidade de ele nos transmitir uma impressão de autenticidade. Hoje em dia, porém, este conceito foi bastante alterado já que o objetivo é expandir esta definição tradicional de documentário – audiovisual que mostra a realidade do mundo – para filmes/vídeos que querem fazer uma reflexão sobre o mundo. Quando falamos em documentário temos de pensar na grande abrangência desse termo. ROTEIRO TV - Roteiro para televisão • Documentários: O documentário pode ser científico, pode ser educativo (Discovery Channel / National Geografic), pode ser sociológico, político, de cultura popular, etnográfico, de denúncia, sobre arte ou de arte, entre outros exemplos. É uma obra inteiramente factual, embora possa também expressar opiniões sobre os fatos que expõe. O documentário nasceu do conceito de cinema- verdade. Segundo Bill Nichols, um documentário se destaca por quatro modalidades de representação como formas de organização, em torno das quais se estrutura a maioria dos textos audiovisuais: expositiva, de observação, interativa e auto- reflexiva. ROTEIRO TV - Roteiro para televisão • Documentários: O modo expositivo corresponde ao documentário clássico, em que um argumento é veiculado por letreiros ou pelo comentário em off, servindo as imagens de ilustração ou contraponto. Como exemplo, podemos citar as produções de Robert Flaherty (Nanook of the North – 1922, considerado o primeiro documentário), John Grierson e Marcelo Masagão (Nós que aqui estamos, por vós esperamos – um filme-memória do século XX realizado com imagens representativas e históricas). ROTEIRO TV - Roteiro para televisão • Documentários: Já o modo observacional pode ser expressado pelo cinema direto norte-americano (Robert Drew), que procurou comunicar um sentido de acesso imediato ao mundo, situando o espectador na posição de observador ideal. Esse cinema defendeu radicalmente a não intervenção, desenvolveu métodos de trabalho que transmitiam a impressão de invisibilidade da equipe técnica e minimizava o trabalho do diretor renunciando a qualquer forma de controle sobre os eventos que se passavam diante da câmera. Ex.: Assassinato numa manhã de domingo (2001). ROTEIRO TV - Roteiro para televisão • Documentários: O modo interativo, ao contrário, enfatiza a intervenção do cineasta. A interação entre a equipe e os autores sociais assumem o primeiro plano. A câmera não é escondida, aliás, assume o papel de participante e provocador. Sua principal escola é o cinema-verdade criado por Jean Rouch (Ex.: Crônica de um Verão – 1961, um documentário sobre a vida cotidiana dos jovens parisienses). Eduardo Coutinho, considerado o maior e mais importante documentarista brasileiro, também segue a escola da interatividade na maioria dos seus trabalhos. Ex.: Cabra Marcado para Morrer, Edifício Master e Babilônia 2000. ROTEIRO TV - Roteiro para televisão • Documentários: A produção internacional e brasileira de documentários esteve em constante crescimento nas duas últimas décadas. Isto se deve a equipamentos mais portáteis, mais baratos e uma redução da equipe de produção. E também a uma possibilidade maior de difusão - veiculação nas salas de cinema e festivais, além da televisão a cabo e DVD. Além dos documentários tradicionais que conhecemos, há dois tipos de documentários que merecem destaque: os docudramas e os mockumentários ou falsos-documentários. ROTEIRO TV - Roteiro para televisão • Documentários: O docudrama, embora se baseie em eventos reais e tipicamente contenha determinadas porções verídicas, é antes de tudo uma história dramática. Não há necessidade de que seja integralmente baseado nos fatos, e admite-se certa licença dramática para alterar e/ou inventar acontecimentos a fim de tornar a história mais atraente. Essencialmente, um docudrama é uma história de ficção que emprega eventos históricos reais que lhe sirvam de contexto. Ex.: Por toda a minha vida (Globo). Alguns filmes também são classificados como docudramas: “United 93” e “O Grupo Baader- Meinhof” são alguns dos exemplos. ROTEIRO TV - Roteiro para televisão • Documentários: Os “mockumentários” são também conhecidos como pseudo-documentários ou falso- documentários. É o termo para definir os documentários de “brincadeira” (mock quer dizer uma imitação satírica), normalmente puxando para o lado do humor. Quando realidade (documentário) e ficção (mock) se fundem, cada cena do filme é uma tentativa de decifrar se foi uma reação legítima ou algo combinado. Hoje em dia, este tipo de linguagem é utilizado pela propaganda no chamado marketing viral. Um exemplo recente é o documentário “The Ramp”, produzido pela BMW, para divulgação de uma linha de carros. ROTEIRO TV - Roteiro para televisão • Documentários: O precursor foi Orson Wells com "A Guerra dos Mundos". Exs: Borat, Forgotten Silver (de Peter Jackson, sobre uma descoberta das primeiras filmagens de um cinegrafista pioneiro na Nova Zelândia), Farce of the penguins, CB4 (com Chris Rocky, sobre um grupo de rap) e Old Negro Space Program (sobre um grupo de astronautas negros). O cinema também utiliza este conceito de forma
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