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Livro Propósito - Ramon Tessmann

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Prévia do material em texto

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Ramon Tessmann
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Direitos autorais 
Este material está protegido por leis de direitos autorais. 
Todos os direitos sobre a obra são reservados. Você não 
tem permissão para vender este material nem para 
copiar/reproduzir o conteúdo em sites, blogs, jornais ou 
quaisquer outros veículos de distribuição e mídia. Qualquer 
tipo de violação dos direitos autorais estará sujeita a ações 
legais. Caso você acredite que alguma parte deste material 
deva ser removida ou alterada, por favor, entre em contato 
conosco através do e-mail 
equipe@ramontessmann.com.br​. 
 
Copyright © Ramon Tessmann. Todos os direitos 
reservados. 
 
Histórico de atualizações 
 
● 22/12/2020​ | Finalização da produção do material. 
● 04/01/2021​ | Lançamento da versão 1.0. 
 
Caso você encontre alguma incorreção no material, por 
favor, envie um e-mail para 
equipe@ramontessmann.com.br​. 
 
Imprima este livro 
 
Para facilitar o estudo você pode imprimir uma cópia desta 
obra para uso pessoal. A leitura no papel será mais 
confortável e prazerosa. 
 
mailto:equipe@ramontessmann.com.br
mailto:equipe@ramontessmann.com.br
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicado a todos aqueles incomodados e 
famintos por descobrir seu propósito. 
2 
 
Sobre o autor 
 
 
Meu nome é Ramon, muito prazer! Sou casado com a                   
Amanda e sou pai da Laura. Desde muito cedo, tive inclinação                     
para os estudos. Não que eu fosse um grande aluno na escola.                       
Eu só gostava de estudar aquilo que me dava prazer. Aos doze                       
anos mergulhei na música. Passei a adolescência inteira em                 
cima do meu pequeno teclado. Aos dezessete, comecei a me                   
interessar por gestão, marketing e liderança. Era hora de                 
decidir qual curso seguir na faculdade. Decidi por               
administração e acabei me formando em 2004. 
Três anos depois, lancei o Aprenda Piano, uma escola                 
online que chegou a ter alunos em dezessete países. Meus                   
3 
 
anos ralando como professor particular de música chegaram               
ao fim. 
Em 2010, fundei uma agência de marketing digital, a                 
Blueberry, que se tornou uma das cinco melhores agências                 
PME do país, reconhecida pela gigante Google. 
Como nem tudo são flores, tive dois grandes fracassos:                 
uma agência de criação e uma ​lan house que só me trouxeram                       
dor de cabeça. Outros fracassos incluíram livros e CDs que não                     
venderam. Só quem escreve um livro sabe o trabalho hercúleo                   
envolvido. Imagine eu que já havia escrito dez livros, mas só                     
um deles vendeu. 
A despeito disso, em 2015, cheguei no auge da carreira                   
profissional. Como produtor de cursos online alcancei, com               
meus sócios, a independência financeira. Estava           
"aposentado" aos trinta e cinco anos. Que privilégio! 
Eu já disse que nem tudo são flores? Apesar da fé, do                       
sucesso, da saúde, da família, dos amigos e do conforto                   
financeiro, uma insistente dúvida me incomodava: "Será que               
a vida é só isso mesmo?" 
Sentia-me vazio. Eu não entendia o incômodo, pois tinha                 
tudo o que sonhava ter. A partir daí, enfrentei uma dura crise                       
existencial e depois de seis anos comecei a encontrar as                   
respostas que procurava. Os primeiros raios de luz iluminaram                 
meu caminho. Que alegria indescritível! 
Trilhei uma intensa jornada de fracassos e sucessos que                 
me propiciaram lições e princípios valiosos que carrego               
comigo até hoje. Essa bagagem compõe um conhecimento rico                 
4 
 
e útil para você que busca um sentido para sua vida.                     
Convivendo nos mais variados ambientes, ouvi as mesmas               
perguntas que eu mesmo fazia anos antes: "Como descobrir                 
minha jornada? Como me livrar do vazio e da angústia? Como                     
ter certeza do quê fazer? O que Deus quer de mim?" 
Os anos passaram e sempre fiquei com aquilo na cabeça:                   
"Um dia escreverei sobre esse tema". A hora chegou. Em meio                     
à segunda onda da pandemia de Covid-19 parei tudo o que                     
estava fazendo para cumprir mais uma missão na vida. Na                   
verdade, fui "fisgado" por essa missão. 
Nas páginas deste livro, meu propósito é ajudar você a                   
descobrir o seu. Reuni as principais lições que aprendi na                   
busca do meu propósito. Espero que a leitura ajude a limpar                     
algumas nuvens do seu caminho. Talvez até eliminar a                 
maioria delas. Assim espero. 
Atualmente, dedico-me a mentorear pessoas na Altitude,             
ajudando-as a alinhar suas vidas e explorar seus potenciais                 
para que vivam uma vida mais significativa e cheia de                   
realizações. Vê-las alinhando suas vidas é uma paixão para                 
mim. Eu acredito que quem se propõe a buscar respostas para                     
suas perguntas, encontrará o que precisa para viver uma vida                   
com propósito e sentido. 
Para saber mais sobre a Altitude, nossa comunidade               
online de crescimento pessoal, ​clique aqui​. 
   
5 
https://ramontessmann.com.br/altitude
 
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Índice 
Sobre o autor 3 
Conecte-se comigo 6 
Índice 7 
Introdução 10 
1. Crise existencial 12 
Noite dramática 13 
Elo perdido 14 
Sessenta anos 15 
Não fazia sentido 18 
O Dia da Marmota 20 
2. A origem 24 
"Cuspidos" no mundo? 25 
A Aposta de Pascal 26 
As 5 vias de Aquino 28 
A volta dos que não foram 31 
O maior propósito do universo 32 
As 2 chaves 34 
A conclusão do sábio 37 
3. Clareamento 39 
Canino ou molar 40 
Uma mesa com propósito 41 
7 
 
Os chamados de Mário 42 
Em busca da vocação perdida 45 
Descomplicando 46 
Exercício 48 
Antes da próxima fase 49 
4. Aventura singular 52 
Impressão digital 53 
Propósitos subordinados 54 
Cavalo de Troia 55 
Por que eu? 58 
Chiados e ruídos 60 
Cílios e pálpebras 63 
5. Instruções para o viajante 67 
Sobre fases 68 
Sobre conciliação 69 
Sobre sementes 72 
Sobre marshmallows 73 
Sobre intenção 76 
Sobre pessoas 78 
Sobre escolhas 80 
6. Descobertas maravilhosas 84 
A utilidade da gaveta 85 
Você recebeu algo 86 
Vire à direita 87 
Não ultrapasse 90 
Que tal uma live? 93 
8 
 
O que você ama? 94 
O que você odeia? 98 
Paralisou? 101 
O mundo pede socorro 104 
Exercício 106 
7. Mergulhando fundo 108 
Queimando formigas 109 
Aperte o cinto 111 
Esvazie a mochila 113 
Repartindo o fardo 115 
Mergulhe fundo 116 
Considerações finais 119 
 Sem despedidas, ok? 120 
Fontes bibliográficas 121 
 
9 
 
Introdução 
 
 
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo 
o propósito debaixo do céu. - Eclesiastes 3:1 
A ideia foi escrever um livro provocador. Talvez é                 
exatamente o que você precisa no momento. Eu pagaria uma                   
fortuna para poder tê-lo lido em 2010. Teria me privado de                     
tanto sofrimento! 
Como eu conto nas páginas a seguir, há propósito para                   
todas as coisas debaixo do céu, inclusive para o sofrimento.                   
Portanto, consolo-me em saber que sem a dor este projeto                   
nunca viria a existência.Não escrevi para oferecer respostas diretas e absolutas               
para suas dúvidas existenciais. Quão pretensioso eu seria se                 
tentasse lhe dizer: "Faça isso, não faça aquilo". Estou mais                   
interessado em provocar você.  
Me ponho ao seu lado, onde compartilho minha história                 
e levanto algumas questões sobre a sua. Há conselhos, dicas e                     
sugestões práticas? Evidentemente. Descobrir seu propósito,           
entretanto, é uma jornada pessoal. Você terá que investigar.                 
Escrevi especialmente para quem deseja: 
 
● Compreender o sentido da vida. 
● Saber se há um propósito de Deus para sua existência. 
10 
 
● Compreender as relações entre propósito, chamado e             
vocação. 
● Realinhar a vida. 
● Resolver o sentimento de vazio e angústia, embora               
tenha conquistado muitas coisas. 
● Saber o que escolher diante das várias opções               
disponíveis. 
● Viver uma vida intensa e cheia de significado. 
● Construir um negócio com propósitos e princípios bem               
definidos. 
● Deixar um legado na sua geração. 
● Ter maior clareza nas decisões do dia a dia. 
● Saber quais cursos, faculdades ou trabalhos estão mais               
alinhados com o propósito. 
● Chegar ao fim da vida sem acumular arrependimentos               
do tipo "Ah! Se pudesse voltar atrás!" 
 
Recomendo que você imprima este livro porque a leitura                 
será mais agradável. Leia, sublinhe e rabisque. Faça boas                 
anotações. Releia quantas vezes achar necessário. Se gostar,               
compartilhe com os amigos e espalhe as boas novas. Boa                   
leitura! 
 
Pessoa alguma pode dizer à outra o que é esse propósito. 
Cada um deve descobri-lo por si mesmo aceitar a 
responsabilidade que sua resposta implica. - Gordon 
Allport   
11 
 
Capítulo um. 
1. Crise existencial 
 
 
 
 
Uma noite quente, o elo perdido e o Dia da Marmota. 
12 
 
Noite dramática 
Quando um homem descobre que seu destino lhe reservou 
um sofrimento, tem que ver nesse sofrimento também 
uma tarefa sua, única e original. - Viktor Frankl 
Novembro de 2011. Mais uma madrugada abafada em               
Criciúma. Estou deitado no piso morno na sala do nosso                   
apartamento lutando contra uma forte dor no peito.               
Respiração controlada e aflita. A dor lancinante me impede de                   
respirar normalmente. 
Entre as inspirações e expirações incompletas começo a               
me perguntar o óbvio. "Será essa a dor que sentem os que                       
passam por um infarto? Não sei. Talvez seja uma crise de                     
estresse ou de ansiedade. Será que estou trabalhando demais?                 
Será uma opressão espiritual? Psicológica? Talvez seja o               
refrigerante que bebi no almoço. Acho que não." 
Me arrasto até a cozinha e tomo mais um copo de água                       
fria. 
Quem já passou por uma situação agonizante sabe que                 
minutos se transformam em horas. O tempo não passa. Minha                   
teimosia também não. Se existe alguém que resiste a uma                   
visita ao hospital esse alguém sou eu. A despeito da                   
resistência, sou vencido pelo medo de que fosse algo                 
realmente ruim. 
13 
 
Toda aquela bobagem do "não é nada, vai passar!" é                   
evaporada pelo medo da morte. A hipótese de infarto parece                   
ganhar força. "Dor aguda no peito. Só pode ser isso." 
Grito para minha esposa que dorme no quarto: "Amor, tô                   
mal! Me leve no hospital, por favor!" 
 
Elo perdido 
São quatro da manhã no hospital. Faço alguns exames.                 
"E então, doutor, o que eu tenho?" Espero receber o                   
diagnóstico. Fico curioso porque aquelas dores só podiam               
apontar para algo muito sério. "Não é nada", diz o médico.                     
Reajo rápido: "O quê? Como assim não é nada? Doutor, não é                       
possível. Pensei que eu ia morrer. Não pode simplesmente não                   
ser nada!" 
Ele retruca: "Não apareceu nada. Passe na farmácia,               
compre esses remédios. Se acontecer de novo volte aqui."  
Provavelmente, você já passou por isso. Todo mundo já                 
foi ao hospital pensando estar morrendo só para sair de lá com                       
uma receita de paracetamol. 
Essa era a minha vez. 
A essa altura eu não sentia nenhuma dor. Fiquei aliviado                   
por poder respirar normalmente de novo. Voltamos para casa                 
e vou para a cama pensando: "Meu Deus, o que foi que                       
aconteceu hoje? E se a dor voltar? E se não descobrirem o                       
problema?" 
14 
 
No fundo, eu tinha uma vaga ideia do que poderia ser.                     
Ninguém mais sabia disso. O médico. Minha esposa. Meus                 
familiares. Absolutamente, ninguém. Durante um bom tempo             
a questão martelou em minha cabeça: 
"Será que as dores no peito, as noites mal dormidas, o                     
estresse, o incômodo na alma... Será que tudo isso está ligado                     
àquele problema que começou um ano e meio atrás?" 
Vamos voltar um pouco para descobrir. 
 
Sessenta anos 
É inerente ao homem o anseio por descobrir um ‘para 
quê’, uma finalidade última para existência, algo pelo 
qual valha à pena entregar a vida. - Sílvia Brandão 
Maio de 2010. Maio é o mês do meu aniversário e naquele                       
ano eu completaria trinta anos. Me lembro de ter escutado                   
uma lenda sobre uma tal "crise dos trinta", uma espécie de                     
crise existencial que acomete parte da população que se dá                   
conta de que a vida tem um fim. Uns enfrentam fases assim                       
aos quarenta. Outros, aos cinquenta. Tem os que são                 
"capturados" bem cedo. 
Eu sempre considerei tais crises uma grande bobagem.               
Para mim, era coisa de gente que não tinha o que fazer. Crise                         
existencial era para os fracos e problemáticos. Talvez para                 
alguém com a vida sofrida e cheia de problemas complexos                   
15 
 
para resolver. Pensava assim até que eu mesmo fui pego de                     
surpresa: enfrentei uma séria crise de propósito. 
Aquilo que eu considerava a maior bobagem me               
aprisionou. Tudo começou da maneira mais boba que você                 
possa imaginar: uma simples conta matemática de adição em                 
que o resultado teimava em dar sessenta. Esse foi o gatilho.                     
Vou contar como aconteceu. 
Prestes a fazer trinta anos me dei conta do quão rápido                     
minha vida passara até ali. Foi um sopro. Um dia, caí no erro                         
de dobrar minha idade para concluir que se vivesse o mesmo                     
tanto chegaria aos "longínquos" sessenta anos. Sessenta anos               
de idade! 
A crise bateu aqui. 
Eu sempre ouvia dizer que quanto mais velho mais                 
rápido o tempo passa. É evidente que é só uma questão de                       
percepção. O relógio parece cada dia mais implacável, não                 
menos. A gota que faltava para encher meu cálice da agonia foi                       
uma simples dedução: 
 
Se chegar aos trinta foi um sopro, chegar aos sessenta será 
menos que um sopro. "Se" chegar... 
 
A conclusão é que provavelmente eu já passara da                 
metade da vida. Até os vinte e nove eu raramente pensava na                       
possibilidade de morrer. Nem sequer pensava que iria               
envelhecer. Agora, pelo menos superficialmente, eu tinha me               
16 
 
dado conta da efemeridade da minha existência na Terra e da                     
cruel realidade da morte: 
 
"Um dia vou morrer. Quandoa hora chegar, o que terei feito 
com minha vida?" 
 
Essa dedução começou a engatilhar uma série de               
questões que volta e meia vinham me assombrar: 
 
● Qual é o sentido da minha vida? Para quê fui criado? 
● Será que estou fazendo o que deveria estar fazendo?                 
Estou na jornada que deveria estar? 
● Minha vida tem algum significado para as pessoas?               
Estou impactando os outros? Será que não sou egoísta                 
demais, preocupado apenas em construir um reino             
próprio? 
● Porque tenho a sensação de que falta alguma coisa ou                   
que "algo está errado"? Porque minha vida parece estar                 
desalinhada? Será que meu propósito, chamado e             
vocação não estão em direções divergentes? 
● Será que estou na cidade certa? Na igreja certa? Na                   
profissão certa? Nos projetos certos? Com os             
compromissos certos? 
● Porque não sou como as outras pessoas que parecem ter                   
tanta clareza na caminhada? 
● A vida é isso mesmo? 
 
17 
 
Não fazia sentido 
É estranho que alguém como eu estivesse ponderando               
sobre questões dessa natureza. Não que eu me considerasse                 
alguém especial. Longe disso. Todavia, além de sempre ter                 
considerado tais crises uma grande bobagem eu não tinha a                   
menor razão para ter uma. Eu tinha tudo o que uma pessoa da                         
minha idade desejaria ter. Não fazia sentido. 
Se fosse fazer um checape da minha vida dificilmente                 
encontraria um grande problema. Eu passaria incólume (e               
com louvor) em qualquer sessão de aconselhamento, seja ela                 
espiritual, matrimonial, profissional, financeira ou qualquer           
outra. Tudo ia bem. 
Minha fé sempre foi firme em Deus. Minhas questões                 
nada tinham a ver com a vida no porvir. Desde os meus                       
quatorze anos, nunca deixei de servir minha igreja local.                 
Sempre tive uma família incrível. Casei com a mulher dos                   
meus sonhos. Nenhum problema de saúde. 
Na época, alguém poderia notar minha angústia e               
argumentar: "Já sei. Você está com problemas financeiros.               
Está aí a razão do estresse e da insônia". O argumento tem                       
validade já que é comum vermos pessoas perderem o rumo                   
diante de um fracasso financeiro ou profissional. Meu caso,                 
entretanto, era exatamente o oposto. 
No livro ​Em busca de sentido​, Viktor Frankl menciona                 
uma pesquisa da Universidade John Hopkins realizada com               
7.948 alunos de diversas instituições. A pergunta era sobre o                   
18 
 
que eles consideravam "muito importante" na vida. Pasme:               
16% dos estudantes respondeu "ganhar muito dinheiro e 78%                 
respondeu que o seu principal objetivo era "encontrar um                 
propósito para minha vida". Assim como a maioria dos alunos                   
entrevistados, minha questão não era financeira. 
Durante os seis anos em que enfrentei essa crise de                   
propósito eu trabalhei duro e fiz dinheiro. Muito dinheiro. No                   
marketing digital brasileiro, colecionei algumas vitórias que             
me levaram à independência financeira aos trinta e cinco anos                   
e ​status de semi celebridade em alguns círculos. Quem é do                     
meio vai lembrar da era dos "gurus digitais". Acrescento que                   
sempre tive ao meu lado dois sócios incríveis, meu cunhado                   
Sílvio e meu irmão Tiago, cujo entrosamento sempre foi                 
impecável. Eu não podia desejar sócios melhores. 
Olhando de fora, era a vida perfeita. Eu deveria estar                   
vivendo intensamente, com alto grau de felicidade e               
realização. Podia comprar praticamente tudo o que queria.               
Podia viajar, fazer cursos ou morar no exterior. Podia                 
desfrutar da família, ajudar a igreja ou tirar um longo período                     
de férias, porém, as coisas começaram a "perder o gosto".                   
Havia dentro de mim um incômodo retumbante: "É para isso                   
que estou aqui?" 
 
A vida pode ser cheia de tudo, parecer perfeita, mas estar 
vazia de propósito. 
 
19 
 
Era isso o que eu não entendia: ter alcançado tudo o que                       
alcancei e me deparar com o vazio. Parecia que a vida era                       
apenas uma sucessão de dias bons e ruins que passavam                   
diante dos meus olhos sem qualquer sentido até o fim                   
inexorável de todos. 
O renomado neuropsiquiatra Dr. Viktor Frankl em certa               
entrevista disse que frequentemente doentes terminais           
encontram um sentido para suas vidas mais facilmente do que                   
pessoais saudáveis que vivem com abundância e             
tranquilidade. Recentemente, ao assistir essa entrevista me             
lembrei daquela noite quente de novembro. De fato, eu parecia                   
ter "tudo" sem conseguir enxergar sentido, enquanto outros               
encontravam sentido, quando nada restava a não ser partir                 
para o estado eterno. 
 
O Dia da Marmota 
O Dia da Marmota é uma festa comemorada na cidade                   
americana de Punxsutawney. A tradição é baseada na lenda de                   
que marmotas podem prever a duração do inverno, bastando                 
as pessoas notarem o comportamento delas para saberem a                 
duração da estação. 
O filme ​Feitiço do Tempo explorou esse tema em 1993,                   
onde o meteorologista Phil Connors (Bill Murray) acorda               
todos os dias no mesmo dia, exatamente no Dia da Marmota,                     
em Punxsutawney. 
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Se você não lembra desse filme, deve lembrar da comédia                   
Como Se Fosse a Primeira Vez​, com Adam Sandler. Na trama,                     
Henry (Sandler) se apaixona por Lucy (Drew Barrymore), que                 
tem um grave problema. Toda vez que ela dorme, o dia                     
anterior é apagado da sua memória e ela revive sempre o                     
mesmo dia enquanto todos fazem de tudo para que ela não                     
descubra o problema. O que esse tipo de trama tem a ver com                         
propósito? Chegaremos lá. 
Cerca de seis anos depois daquela noite no hospital,                 
alguns raios de luz começaram a clarear meu caminho.                 
Comecei a enxergar com mais clareza meu papel nesta grande                   
peça chamada existência. Sair da neblina sufocante não foi                 
nada parecido com uma ciência exata. Não foi tão simples                   
quanto uma conta de dois mais dois, mas uma longa jornada                     
descobertas cujas lições compartilho nesta obra. Não quero               
dar ​spoiler​ agora. 
É importante que você sublinhe isso: não se trata de um                     
ato único, de um ​insight ou de uma dica quente. Encontrar                     
propósito é um processo. Para muitos, um longo processo. Por                   
isso, não dê crédito a quem vende fórmulas prontas para a                     
vida. Cuidado com os livros de auto-ajuda que vendem                 
supostas fórmulas milagrosas para a felicidade e para o                 
sentido da existência. 
 
Quem tenta aliviar sua dor rapidamente costuma ser um 
alvo fácil daqueles que vendem atalhos, mas não 
entregam. - Joel Moraes 
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Meu conselho é que você esteja disposto a partir em                   
busca do seu propósito sem atalhos fajutos. Para mim, valeu à                     
pena ter iniciado a jornada e não ter desistido. Foram anos de                       
dúvidas e de turbulências, mas de reflexões e aprendizadosque me posicionaram no meu destino. Que deliciosa sensação!                 
Que maravilhosa paz! 
Hoje me sinto na jornada que deveria estar trilhando.                 
Talvez dois centímetros à direita ou quem sabe cinco a                   
esquerda. A correção de rota é contínua, mas prossigo para o                     
alvo, continuo no processo. Nem preciso dizer que as dores no                     
peito, a insônia, o estresse, o incômodo na alma, a sensação de                       
vazio, tudo isso sumiu. Minha desconfiança se confirmava. O                 
elo perdido foi encontrado. 
Quão incrível é enxergar sentido na existência e               
descobrir que há muito mais do que os olhos podem ver. Saber                       
que posso encontrar propósito em cada habilidade natural, em                 
cada característica da personalidade, em cada traço físico, em                 
cada centavo conquistado, em cada relacionamento, em cada               
porta que se abre. Saber que tudo isso aponta para algo maior                       
do que mim mesmo, tudo isso traz uma indescritível sensação                   
de pertencimento e completude. 
 
Você faz parte de algo inimaginavelmente grande e ainda 
pode contribuir deixando sua marca na história de alguém. 
Que privilégio! 
 
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Uma instabilidade existencial tentava me condenar a             
viver as mesmas coisas todos os dias. Em ​Feitiço do Tempo​,                     
Phil Connors até tenta se aproveitar da situação inusitada no                   
início, mas, logo se cansa da rotina. É o que acontece com                       
quem vive como um autômato, com um comportamento               
maquinal sem sentido. Uma hora cansa e adoece. 
 
Você não foi criado para viver preso no Dia da Marmota. 
 
Não sei qual parte da jornada você trilha hoje. Você pode                     
estar vivendo a sua madrugada sufocante no hospital, ouvindo                 
que os exames não acusaram nada, a despeito da sua                   
lancinante dor no peito. Você pode estar naquela fase em que                     
pensa que não sabe seu papel no mundo, mas, no fundo, sabe.                       
Só está com medo. Talvez você até sabe sua missão, mas não                       
sabe como vivê-la. Quem sabe você se considera "velho"                 
demais ou padece de uma doença terminal, cujos dias foram                   
penosamente abreviados. 
Não sei em qual parte da jornada você está, mas se está                       
lendo estas palavras há uma esperança, nem que seja uma                   
fagulha. Há propósito para cada minuto que lhe resta. Você                   
pode decidir descobrir sentido neles. As próximas páginas               
podem lhe ajudar nessa tarefa. Caminharemos juntos por elas! 
 
Que você possa chegar ao fim de sua vida sem remorso, 
sem arrependimentos, tendo certeza de que deu tudo o 
que tinha, de que atirou todas as flechas que podia. - 
Erwin MacManus   
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Capítulo dois. 
2. A origem 
 
 
 
 
Se Ele existe tudo muda. 
O sentido da vida para alguns sábios, 
filósofos, cientistas e eu.   
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"Cuspidos" no mundo? 
No século XIV, Soren Kierkegaard defendeu que cada               
pessoa deveria descobrir a sua própria verdade (propósito da                 
vida), encontrando assim uma razão pela qual viver e morrer.                   
Kierkegaard foi um filósofo existencialista dinamarquês. Ele             
via o homem como o definidor de sua existência, cabendo a ele                       
viver de forma sincera e apaixonada, apesar dos obstáculos da                   
vida. 
 
A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás. 
mas só pode ser vivida, olhando-se para frente. - Soren 
Kierkegaard 
No entanto, por causa da liberdade de escolha, o homem                   
pode encontrar sofrimento, já que a possibilidade de escolha                 
entre os vários caminhos causa angústia: "Devo cursar               
engenharia ou direito? Abro um negócio próprio ou continuo                 
no emprego atual?" 
Para Kierkegaard, a pessoa não deve buscar um caminho                 
ideal para si (uma trilha pré-determinada), mas sim construir                 
sua própria história de vida. Ela é quem dá o sentido de sua                         
existência. 
No século XX, Sartre, outro filósofo existencialista,             
argumentou a favor da inexistência de Deus. Por isso, o                   
homem nasce completamente "despido" de qualquer           
propósito. A existência precede a essência. Assim, o homem                 
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vem ao mundo, se descobre e só depois se define por meio de                         
suas ações. Se Deus não existe, o homem está livre e é                       
totalmente responsável pela sua existência. 
Sob essa ótica, você e eu apenas "surgimos" no mundo.                   
Não há um Criador. Não há nenhum sentido ou propósito e                     
agora cabe a nós fazermos nossas escolhas. Fomos               
simplesmente "cuspidos" à existência. Brotamos ao acaso. 
Se decido ser um jogador de futebol, elimino as                 
possibilidades de ser um cantor ou um bancário. O                 
responsável sou eu, não há a quem culpar. Não há um Deus a                         
quem posso interrogar: "O que estou fazendo aqui?". Eu                 
mesmo devo resolver essa questão com minhas escolhas e                 
ações. 
Diferente de Sartre, Kierkegaard não foi ateu. O               
Existencialismo pode parecer um sistema de pensamento             
completamente ateu, mas o próprio Kierkegaard foi um               
cristão fervoroso. 
 
A Aposta de Pascal 
Voltando um pouco no tempo, chegamos ao século XIV,                 
no tempo do filósofo e matemático Blaise Pascal. Talvez você                   
já deva ter ouvido falar sobre a controversa Aposta de Pascal,                     
que visou derrubar o mito de que não existem razões lógicas                     
para a crença na existência de Deus. 
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Em linhas gerais, Pascal lançou um sistema de raciocínio                 
em que a crença em Deus poderia levar a apenas dois                     
resultados possíveis: 
 
1. Ganho infinito:​ significa a vida eterna. 
2. Perda finita: engloba todos os sacrifícios que a religião                 
demanda do fiel durante sua vida. 
 
Segundo Pascal, não acreditar em Deus também levaria a                 
apenas dois resultados possíveis: 
 
1. Perda infinita:​ significa o sofrimento eterno no inferno. 
2. Ganho finito: engloba todos os prazeres que o               
incrédulo pode usufruir na vida sem os esforços que a                   
religião exige. 
 
A defesa de Pascal é que racionalmente não valeria a                   
pena não crer na existência de Deus, pois ela oferece o melhor                       
"custo-benefício". Como era de se esperar, isso levantou               
muita polêmica e Pascal acabou sendo atacado por crentes e                   
incrédulos. Os crentes condenaram a racionalização da fé e os                   
incrédulos tentaram apontar supostas falhas lógicas no             
raciocínio dele. Contudo, não é minha pretensão aprofundar               
tais questões aqui. 
Apenas ressalto que no campo da fé e da razão os debates                       
atravessam os séculos. Se voltarmos um pouco mais no                 
tempo, lá para o século XIII, encontraremos outra               
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personalidade que contribuiu muito nesses debates: Tomás de               
Aquino. 
 
As 5 vias de Aquino 
Aquino foi um frade italiano que partiu da filosofia                 
aristotélica para escrever cinco pontos que visam "provar" a                 
existência de Deus. Muito resumidamente, são elas: 
 
1. Primeiro motor: tudo o que se move no mundo foi                     
movido por alguém e este alguém não pode ser imóvel. Logo,                     
há um primeiro motor quedeu início ao movimento existente,                   
ou seja, Deus. 
 
2. Causa eficiente: todas as coisas que existem no mundo                   
são fruto de uma causa. Não há efeito sem causa. Se                     
retrocedermos ao infinito, devemos chegar a uma causa               
primeira que por ninguém foi causada, ou seja, Deus. 
 
3. Ser necessário: todas as coisas que existem no mundo                   
podem deixar de existir, logo, houve um momento em que                   
elas não existiam. Conclui-se que deve haver um ser eterno                   
que seja a causa de tudo. 
 
4. Ser perfeito: conseguimos enxergar graus de             
perfeição, bondade e beleza nos seres. Diariamente, fazemos               
comparações, como, por exemplo, algumas coisas são mais               
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belas do que outras. Logo, deve haver um ser que seja o padrão                         
máximo de perfeição, a referência, que é a causa da perfeição                     
dos demais seres. 
 
5. Inteligência ordenadora: existe uma ordem no             
universo, em que cada coisa cumpre uma finalidade, um                 
objetivo. Não se chega à ordem pelo acaso ou pelo caos. Logo,                       
Deus organizou o universo e governa sobre todas as coisas                   
para que elas cumpram seu propósito. 
 
Sobre o ponto cinco, o professor de filosofia Luiz Cláudio                   
argumenta: 
 
O que justifica o fato da natureza ser “tão perfeita” no seu 
equilíbrio, cada coisa fazendo uma função específica, que 
no final dá um equilíbrio para tudo? O filósofo (Aquino) 
usa o argumento da flecha para exemplificar. Uma flecha 
não tem consciência, mas consegue seguir seu rumo e 
chegar em um objetivo se disparada por um arqueiro, esse 
sim, um ser consciente. 
Ele continua: 
 
Da mesma forma, a natureza é governada por uma 
inteligência superior, por trás dela, que lhe dá o 
direcionamento e a ordem do que fazer e para onde ir. A 
natureza não é um caos nem um acaso, ela é ordenada. E 
quem dá essa ordem é um ser supremo, que está para 
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além de todo o universo, regendo-o. Esse ser é Deus. - 
Luiz Cláudio (Nau dos Loucos) 
Meu intuito não é convencer você a crer em Deus,                   
embora o meu desejo é que todos creiam. Aliás, se nem fatos                       
conseguem mudar certas opiniões, eu não teria esse poder de                   
persuasão. Eu não conseguiria convencer um fumante a               
abandonar o cigarro, mesmo provando cientificamente que             
uma morte horrível o espera como fruto do seu vício                   
destrutivo. Que dirá convencer alguém sobre um tema tão                 
elevado, acima de todas as minhas limitações! Meu intuito                 
aqui é anunciar uma boa notícia: 
 
Existe um Criador e Ele é o ponto de partida. 
 
Ao contrário de Sartre, não creio que tenhamos               
"brotado" no mundo desprovidos de sentido ou de missão,                 
embora haja certa liberdade de escolha. Particularmente, não               
creio ser possível conversar sobre propósito de vida sem falar                   
sobre Deus. Sem Ele, seríamos apenas resto da poeira das                   
estrelas. A vida seria um absurdo. Não creio assim. Creio que                     
fomos criados e esse é o nosso ponto de partida. 
 
A volta dos que não foram 
O Senhor confia o seu segredo aos que o temem [...] - 
Salmos 25:14 
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A densa neblina das minhas dúvidas existenciais             
começaram a se dissipar lentamente quando me voltei para                 
Deus. Se há um Criador que criou tudo com um propósito, Ele                       
poderia dar indícios do meu. 
"Senhor, sob tua palavra lançarei as redes", assentiu               
Pedro. Depois de uma pescaria frustrada, coube ao contrariado                 
pescador seguir o estranho conselho de Cristo. As redes de                   
Pedro ficaram cheias de peixe. 
Sair em busca de um propósito para a vida é antes de                       
tudo uma jornada de retorno à origem. Se fui criado à imagem                       
e semelhança, carrego algo da natureza do Criador. "Ele tem                   
as respostas. Preciso voltar à fonte". 
 
O Senhor fez todas as coisas para determinados fins [...] - 
Provérbios 16:4 
Foram muitas perguntas feitas a Deus no mais absoluto                 
silêncio. Conversar com Ele difere de conversar com uma                 
pessoa que você vê bem em sua frente. Muitos perguntam                   
sobre como reconhecer a voz de Deus. Sempre me lembro do                     
meu falecido avô, que tinha um ouvido fino para o canto dos                       
pássaros. Diferente de mim, ele conseguia diferenciar um               
canário de um curió apenas pelo canto, mesmo de bem longe.                     
É o que acontece com alguém que passa anos "afinando o                     
ouvido". É o mesmo com Deus. Discernir sua voz requer                   
relacionamento e tempo. Você precisa experimentar. 
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Foi assim que os primeiros raios de luz começaram a                   
aparecer para mim. No caminho, descobri o seguinte: "Há um                   
propósito mais elevado para toda a criação". 
Entendi esse propósito como o maior e mais importante                 
que existe, comum a todas as criaturas. Não é sobre qual                     
faculdade ou carreira seguir. Não é sobre o momento certo de                     
casar ou de ter filhos. É sobre algo muito mais elevado.                     
Precisamos conversar sobre isso, antes de falar sobre missão,                 
chamado e vocação. 
 
O maior propósito do universo 
Todas as coisas não são somente dEle e por meio dEle, 
mas também “para Ele.” Portanto, “a Ele seja a glória.” 
Nossas vidas devem ser vividas voluntariamente para a 
glória de Deus, ou então serviremos a Sua glória 
involuntariamente em nossa condenação. Fomos criados 
e chamados para tornar a beleza e grandeza de Deus 
conhecidas no mundo. A razão de existirmos é para 
valorizar Deus, e levar todas as nações a confessar que 
Jesus é Senhor “para a glória de Deus o pai.” (Romanos 
11:36, Filipenses 2.11). - John Piper 
O propósito da criação é a glória de Deus. Tudo o que você                         
vê na natureza existe primeiro para a glória de Deus. Esse é o                         
porquê principal de toda a criação. Quer você acredite ou não,                     
você foi criado para resplandecer a beleza e a glória de Deus.                       
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Com essa consciência, nossa perspectiva sobre a vida toma                 
outra dimensão. O próprio Cristo diz: 
 
Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua 
justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas. 
Mateus 6:33 
Em certo sentido, Cristo estabelece prioridades:           
primeiro, o Reino de Deus, primeiro, a vontade e a glória de                       
Deus. Suas palavras gritam: “Primeiro, se voltem para o                 
Criador e para o seu Reino!” Só depois, vêm as outras coisas.                       
Primeiro vem a vontade dEle, o seu Reino e a sua justiça,                       
depois o resto. 
Paulo diz: 
 
Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer 
outra coisa, façam tudo para a glória de Deus. - 1 
Coríntios 10:31 
Seu maior porquê é viver para a glória de Deus. Esse é o                         
ponto de partida, é o porquê sob o qual os porquês ulteriores                       
estão submetidos. Se você não se alinhar a isso não viverá tudo                       
o que poderia viver. Você pode ser o melhor médico ou                     
advogado do mundo, mas se viver apenas para si mesmo e                     
para glória própria, terá se entregue a algo muito pequeno.                   
Sua vida será muito aquém do que poderia ser. 
 
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Há muitos planos no coração do ser humano, mas o 
propósito do Senhor permanecerá. - Provérbios 19:21Você pode ter muitos planos e alcançar certo êxito                 
através dos seus esforços. Sua capacidade intelectual pode até                 
leva-lo a conquistar feitos admiráveis. Contudo, as realizações               
meramente humanas serão sempre limitadas e deixarão muito               
a desejar se comparadas ao que Deus pode fazer através de                     
uma pessoa. A obra humana passa e facilmente vira pó,                   
enquanto o que Ele faz através de você é estabelecido                   
permanentemente. 
Talvez esse seja um dos fatores que fazem os bem                   
sucedidos encherem os consultórios de psicologia. A saúde, a                 
fama, o dinheiro, a família, os amigos, nada disso preenche a                     
sensação de vazio. Aconteceu comigo. As fases mais               
angustiantes foram as que eu me encontrava com a fé fria,                     
vivendo pela minha glória e não como um instrumento da                   
glória de Deus. 
 
As 2 chaves 
Se você luta por si mesmo, você se entregou a algo muito 
pequeno. - Erwin MacManus 
Ao responder um especialista da lei mosaica que o                 
indagava sobre qual seria o maior dos mandamentos, Cristo                 
aponta para duas chaves que são a base da ética cristã: 
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1. Ame a Deus. 
2. Ame o seu próximo. 
 
Se você quer entender seu papel no mundo, se realmente                   
quer ter mais clareza sobre sua missão nesta existência, deve                   
fundamentar sua busca e sua vida nestas duas chaves: (1)                   
voltar-se ao Criador e (2) dedicar-se ao próximo. 
 
Quanto mais você se relaciona com Deus, mais indícios sobre 
o seu propósito você terá. 
 
Se você seguir esses dois mandamentos não só estará                 
agradando a Deus e cumprindo a elevada lei de Cristo como                     
terá mais clareza para tomar melhores decisões no decorrer da                   
caminhada. Nos últimos dez anos, as grandes decisões da                 
minha jornada foram pautadas na sabedoria das Escrituras,               
tendo em vista os dois mandamentos, e assim saí de uma                     
grande crise de dúvidas para uma vida cheia de sentido e                     
propósito. Isso teve impacto até mesmo nas menores decisões. 
 
Quanto mais a pessoa esquecer de si mesma, 
dedicando-se a servir uma causa ou a amar outra pessoa, 
mais humana será e mais realizará. - Viktor Frankl 
Lembro muito bem que quando fazia atendimentos na               
Blueberry o senso de "amor ao próximo" pautava até mesmo o                     
nível de sacrifício dedicado a um cliente que estava precisando                   
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dos meus conhecimentos. Passei a fazer muitas coisas por                 
puro amor, por querer o máximo bem de um cliente                   
necessitado, sem ganhar um centavo a mais e no completo                   
anonimato. Muitos deles nem sabem que fiz mais em suas                   
campanhas do que eles haviam me pago. Por quê? Porque                   
agora minha empresa compreendia haver um propósito maior               
do que uma simples transação comercial. 
 
O amor não é um sentimento afetuoso, mas um desejo 
constante pelo bem maior da pessoa amada até onde for 
possível obtê-lo. - CS Lewis 
Agora, se eu fosse apenas um amontoado de células                 
oriundas de reações químicas, um mero filho do caos ou fruto                     
do acaso, algo como um propósito maior não faria sentido.                   
Nesse caso, o sentido óbvio seria se empenhar em um projeto                     
egoísta, em um reino próprio e aproveitá-lo ao máximo                 
enquanto há fôlego nos pulmões. Se o nosso destino é o nada o                         
negócio é aproveitar o mundo da matéria enquanto há tempo.                   
É a filosofia de vida de muitas pessoas. Converse com doentes                     
terminais e pessoas em idade avançada e você encontrará                 
lamentos: "O que eu fiz com a minha vida? Ah! Se eu pudesse                         
voltar no tempo!" Uma tonelada de arrependimentos. 
Não precisa ser um moribundo no hospital para chegar a                   
conclusões assim. Talvez você esteja lendo este livro               
justamente porque chegou no topo, mas sua alma continuou                 
incomodada. 
 
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Quem sabe, assim como eu, você alcançou tudo o que sempre 
desejou, mas se deu conta de que suas conquistas não 
preencheram a "lacuna". 
 
Quando abri a primeira turma da Altitude fiz uma                 
pesquisa de satisfação com os membros e identifiquei               
exatamente isso. A maioria dos trinta e oito assinantes já                   
havia alcançado certo sucesso na vida, mas ainda buscavam                 
compreender o propósito de sua existência. 
As respostas da pesquisa quase sempre concluíam algo               
como "eu sei que há algo maior, quero descobrir o quê". Nas                       
aulas e mentorias da comunidade, ficou cada vez mais claro                   
que elas encontravam o que procuravam quando se voltavam                 
para Deus e reposicionavam suas vidas para servir o próximo                   
com aquilo que tinham nas mãos. 
Cristo sempre teve razão. 
 
A conclusão do sábio 
Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de 
vaidades! Tudo é vaidade. Que proveito tem o homem, de 
todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol? — Salomão 
em Eclesiastes 1:2,3 
Busquei responder minhas dúvidas existenciais com           
mais tarefas, mais projetos, mais compromissos, mais             
dinheiro e mais qualquer outra coisa. Quis preencher o vazio                   
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com mais vazio. Sobrou aquilo que sobra quando se estoura                   
uma bolha de sabão. Tudo é vaidade. 
 
Para compreender o sentido de uma música, posso perguntar 
para o compositor. Se quero saber o sentido da vida, devo 
perguntar ao Autor da vida. 
 
O grande Salomão tentou viver à sua maneira, encontrou                 
terrível angústia, só para concluir em avançada idade que a                   
única vida que valia a pena ser vivida era uma vida ligada a                         
vontade de Deus. Quer descobrir o sentido da sua vida? Voltar                     
ao Criador é o primeiro passo.   
38 
 
Capítulo três. 
3. Clareamento 
 
 
 
Caninos, Mario Bros e o resgate da princesa Cogumelo. 
 
   
39 
 
Canino ou molar 
● "O que está acontecendo?" - pergunta o médico. 
● "Meu peito está doendo!" 
 
Ninguém vai ao hospital para esconder uma informação               
como essa. Rapidamente, aponto para onde dói.             
"Provavelmente, o problema está aqui." Ocorre o mesmo no                 
dentista. Seria tolice correr ao dentista e se negar a apontar                     
exatamente onde dói. Na consulta, a pergunta surge               
rapidamente: "Qual dente está doendo?" 
Você só não apontaria a fonte da dor se por algum motivo                       
não conseguisse identificá-la. Do contrário, a resposta é               
rápida. "É este aqui, doutor. É bem aqui. Chega a latejar!" 
Eu costumava fazer confusão com os significados dos               
termos relacionados ao tema propósito. O escritor             
norte-americano Simon Sinek tornou famoso o conceito de               
Círculo de Ouro em seu livro Comece Pelo Porquê. Um dos                     
grandes temas da filosofia é o sentido da vida. Nos círculos                     
religiosos, ouvimos com frequência a palavra chamado. Nos               
consultórios de psicologia, nas entrevistas de emprego e nos                 
eventos motivacionais emprega-se o termo vocação. 
A infinidade de termos usados, muitas vezes com               
significados bastante diferentes dependendo do contexto,           
pode ser uma pedra no sapato de quem busca compreender                   
seu papel no mundo. Propósito, chamado, vocação, causa,porquê, missão, sentido, destino — será tudo a mesma coisa?                   
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É possível distinguir esses termos? Isso sempre me atrapalhou                 
um pouco. "Preciso parar e remover esse pedregulho." 
Se não distingo bem as coisas, posso me encontrar                 
fazendo um teste vocacional para resolver uma dúvida sobre                 
um chamado divino. Posso buscar livros sobre o sentido de                   
vida para resolver uma desmotivação no trabalho. Posso ouvir                 
conselhos inadequados de um eletricista sobre os tipos de                 
tratamentos dentários que deveria escolher. As palavras e os                 
problemas precisam ser distinguidos. Pelo menos um pouco.               
Preciso saber diferenciar um canino de um molar. Depois,                 
atacamos o problema. 
O resultado será mais clareza na caminhada.  
 
Uma mesa com propósito 
[...] e o enchi do Espírito de Deus, de habilidade, de 
inteligência e de conhecimento, em todo artifício, para 
elaborar desenhos e trabalhar em ouro, prata e bronze 
[...] - Êxodo 31:3,4 
A palavra propósito tem sua origem em termos que                 
fizeram uma longa viagem pela história, desde o grego, o                   
latim, o francês antigo, entre outros. Alguns significados               
apontam para alvo, fim, finalidade, sentido, objetivo,             
intenção, vontade e assim por diante. 
Quando o marceneiro constrói uma mesa ele tem uma                 
intenção. Antes mesmo de escolher a madeira, dedica algum                 
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tempo para reflexão. Ele imagina a mesa em sua cabeça, pensa                     
na finalidade dela, em como será usada entre outras questões.                   
Como todas as outras, é uma mesa que vai servir a um ou mais                           
propósitos depois que ficar pronta. Há, no mínimo, uma boa                   
razão para a existência dela. Quando terminar o trabalho, o                   
marceneiro orgulho vai pensar: "Ficou muito bom! Esta mesa                 
ficará perfeita na minha sala de jantar!" 
Certamente, você conhece alguém cujo propósito de vida               
é tão evidente que provoca afirmações do tipo: "Parece que                   
fulano nasceu para aquilo". Por outro lado, imagine a família                   
do marceneiro usando a nova mesa como cadeira e todos                   
sentados nela. É possível alguém sentar sobre uma mesa? Sim,                   
mas não faria muito sentido. Seria uma mesa muito mal                   
utilizada! É o que acontece quando olhamos para alguém e                   
pensamos: "Fulano não tem nada a ver com aquilo. Por que ele                       
se meteu nessa?" 
Apesar de polímata, um gênio com conhecimento em               
várias áreas, Leonardo da Vinci foi uma pessoa que qualquer                   
um poderia olhar e dizer: "Esse cara nasceu para ser pintor!"  
Na perspectiva cristã, Deus é o Marceneiro que criou tudo                   
com um propósito e viu que tudo o que criou era bom. 
 
Os chamados de Mário 
[...] disse o Espírito Santo: Separem-me Barnabé e Saulo 
para a obra a que os tenho chamado. - Atos 13:2 
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Na minha infância, eu era viciado em um jogo da                   
Nintendo chamado Super Mario Bros. Foi um divertido               
entretenimento por muito tempo da minha vida. Agora pense                 
comigo, para quê os jogos de video games são criados? Os                     
propósitos podem incluir entretenimento, diversão, aliviar o             
estresse, reunir os amigos entre outros. Os desenvolvedores               
de jogos podem ter esses alvos em mente ou também podem                     
criar jogos apenas para ganhar dinheiro e fazer fortuna.                 
Depende da visão, dos valores e dos princípios da empresa e de                       
cada um dos envolvidos. 
Agora, olhemos um pouco para o personagem Mario.               
Qual é o objetivo dele no jogo? Segundo o enredo, Mario parte                       
em uma jornada para salvar a princesa Peach Cogumelo e                   
libertar o reino de Bowser, o vilão. Para cumprir esse                   
propósito, Mario deve cumprir várias missões que incluem               
perigos diversos, inclusive derrotar Bowser. Se o propósito de                 
Mario é resgatar a princesa e libertar o reino, suas missões no                       
jogo podem ser comparadas ao que nos referimos por                 
chamado. Pelo menos em certo aspecto. 
 
Mario tinha um propósito maior, mas para chegar nele 
precisou cumprir propósitos menores. 
 
Não posso dizer quais são os seus propósitos, mas posso                   
dizer que certamente você terá vários chamados. Nas               
religiões, o termo chamado está mais ligado ao divino, às                   
questões espirituais. No cristianismo, Deus chama as pessoas               
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para missões específicas de acordo com sua vontade. Assim,                 
me parece que o termo chamado refere-se mais               
frequentemente a uma convocação espiritual, uma missão             
divina ou algo parecido. 
Um exemplo é o chamado comissional aos cristãos. "Vão                 
e façam discípulos" é entendido como um chamado comum a                   
todos os cristãos, sem exceção. Como cristão, não preciso                 
buscar uma confirmação sobrenatural para esse chamado, ele               
simplesmente já foi feito. É só questão de obediência. 
Existem também as designações específicas. Pedro foi             
chamado para ser um dos doze apóstolos de Cristo. Paulo foi                     
chamado para ser apóstolo entre os gentios. Há quem seja                   
chamado para o matrimônio, como também há quem seja                 
chamado para o celibato. Uma pessoa provavelmente terá de                 
cumprir muitas missões na vida, o que pode incluir crescer,                   
estudar, trabalhar ou ter filhos. Falo isso porque é comum                   
associarmos todo e qualquer chamado aos chamados de               
Moisés ou de Maria, envoltos em visões e grandes sinais                   
sobrenaturais. Você não precisa disso para ter um chamado. 
Madre Teresa recebeu a missão de viver entre os pobres e                     
doentes. Foi em 1946, durante uma viagem de trem na Índia,                     
que ela recebeu o "chamado dentro de um chamado". Além da                     
grandiosa missão que ela já desempenhava agora ela havia                 
recebido uma nova missão que sabemos que cumpriu com                 
louvor. Durante a vida, receberemos chamados de várias               
formas diferentes. 
 
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Em busca da vocação perdida 
Vocação refere-se mais a um "chamado natural", muitas               
vezes entendido como inclinações pessoais, gostos,           
habilidades naturais, entre outros. O uso corrente do termo                 
está bastante ligado a escolha de um curso ou de uma carreira                       
profissional, o que para muitos é reduzir o conceito. Para fins                     
didáticos, me focarei mais no aspecto popular do termo.  
Normalmente, quando as pessoas falam em vocação elas               
estão se referindo a uma atividade que gostam, uma                 
inclinação ou uma profissão. Talvez você já tenha ouvido de                   
alguém: "Trabalho nesse emprego, mas não é minha               
vocação". Ou quem sabe: "Não tenho vocação para               
matemática". Essas são as conotações populares. Quem nunca               
passou por um teste vocacional na escola? 
Partindo desse ponto, por curiosidade, observe alguns             
personagens bíblicos e suas profissões: 
 
● Paulo:​ fabricante de tendas. 
● José:​ carpinteiro. 
● Dorcas:​ costureira. 
● Neemias:​ copeiro. 
● Lucas:​ médico. 
● Mateus:​ cobrador de impostos. 
● Pedro:​ pescador. 
● Amós:​ agricultor. 
● Daniel:​ político. 
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● Josué:​soldado. 
 
Vocação tem a ver com quem a pessoa é, o que inclui suas                         
características e inclinações inatas. Para muitos especialistas,             
não é uma coisa a ser escolhida, mas a ser descoberta. É algo                         
que Deus lhe deu de presente. 
Você não escolheu nascer na cidade em que nasceu assim                   
como não escolheu as habilidades que possui. Não decidiu                 
preferir tomate em vez de cebola. Você descobriu tudo isso                   
vivendo, prestando atenção, experimentando, se conhecendo.           
Portanto, na jornada da vida você descobre sua vocação e                   
então pode escolher segui-la ou rejeitá-la, se encaixar a ela ou                     
lutar contra ela. 
 
Descomplicando 
Deixo claro que o sistema de definições que apresento                 
neste capítulo começou meramente como um projeto pessoal.               
Ele foi sendo construído lentamente como a montagem de um                   
grande quebra-cabeças cujo objetivo era facilitar meu             
processo de auto-conhecimento. Tenho certeza que pessoas             
mais capacitadas do que eu, nas mais diversas áreas do                   
conhecimento, podem dar definições mais precisas sobre cada               
um dos termos. Dito isso, apresento alguns exemplos bíblicos                 
de acordo com meu sistema de definições: 
Se eu pensar no propósito de vida de ​Moisés​,                 
inevitavelmente surgem palavras como libertador, guia,           
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legislador, profeta, entre outros. Para viver seu propósito, ele                 
cumpriu diversos chamados como: comparecer diante de             
Faraó, entregar a lei de Deus, conduzir o povo pelo deserto e                       
assim por diante. A vocação de Moisés apontava para                 
liderança, política, intelectualidade e comunicação. 
Maria nasceu para ser a mãe de Jesus (Gênesis 3:15).                   
Dentre os seus chamados estavam gerar, criar e cuidar de                   
Jesus, o que ela fez até o último suspiro dele na cruz. É comum                           
ouvirmos sobre a "vocação de Maria", mas não no sentido de                     
uma profissão ou de uma atividade que ela desempenhasse,                 
mas como um sinônimo de chamado. É fácil perceber que                   
popularmente os termos e os significados se misturam. 
O próprio ​Cristo veio à Terra com o propósito bem claro                     
de nos salvar. Qualquer cristão responderia facilmente sobre o                 
principal motivo de Cristo descer entre nós. Para cumprir seu                   
propósito, ele foi chamado para morrer na cruz, missão que                   
ele decidiu obedecer até o fim: 
 
[...] foi precisamente com este propósito que eu vim para 
esta hora. - Jesus Cristo em João 12:27 
Durante sua vida, Cristo estudou, trabalhou, escolheu e               
treinou discípulos, operou milagres e muito mais. A Bíblia não                   
indica a profissão dele com clareza absoluta, embora fosse                 
comum que os filhos ajudassem o pai no trabalho. Em todo                     
caso, percebemos que Jesus tinha familiaridade com             
elementos da construção civil, conforme os exemplos que               
dava em suas pregações. 
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A ​mesa que citei anteriormente tem como propósito ser                 
uma mesa de jantar. Um dos seus chamados é servir como                     
ponto de encontro da família nas segundas-feiras quando               
todos jantam juntos. Ela também já foi "chamada" para servir                   
como a mesa principal de uma festa de aniversário. Que honra!                     
E quanto a vocação? Ah! Trata-se de uma bela mesa de                     
madeira, grande, forte, com duas gavetas embaixo e que                 
encaixa perfeitamente na sala de jantar do marceneiro que a                   
construiu. Temos aqui uma mesa muito bem alinhada com seu                   
propósito de existência! 
 
Exercício 
Baseado no que vimos neste capítulo, responda às               
questões a seguir: 
 
1. PROPÓSITO: escreva algumas palavras-chave que         
possuem conexão com seu propósito. Não precisa             
responder com exatidão. Exemplo: um médico poderia             
escrever "cuidar de pessoas, saúde, ONG, trabalho             
humanitário, pesquisa, cura, entre outros". 
2. CHAMADO: você já se sentiu impelido a iniciar ou                 
participar de algum projeto, causa, missão, ministério,             
entre outros? Descreva. 
3. VOCAÇÃO: liste algumas atividades que você ama fazer               
ou habilidades naturais que você possui. Exemplos:             
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liderar, cantar, vender, organizar, palestrar, escrever,           
empreender, aconselhar, entre outros. 
 
Um simples exercício como esse pode lançar luz sobre                 
seu propósito. Tome como exemplo esta obra que você lê. Ela é                       
fruto de perguntas como essas, após eu ter descoberto uma                   
paixão por servir pessoas através dos meus textos. Portanto, a                   
existência deste livro está cem por cento alinhada ao meu                   
propósito e a considero mais um chamado cumprido. 
 
Antes da próxima fase 
Você já está quase passando de fase. Antes, quero                 
compartilhar alguns pontos que respondem a dúvidas comuns               
ainda no tema. 
Primeiro​, não é possível traçar uma linha divisória clara                 
entre seu propósito, vocação e chamado. Em alguns casos, a                   
divisão pode ser nítida. Em outros, as coisas vão se misturar                     
completamente. Às vezes, encontro pessoas tentando fazer             
uma divisão tola: "Das oito às dezoito horas estou no trabalho                     
(vocação). A noite vou à igreja, onde sou voluntário                 
(chamado). Nos fins de semana, faço trabalho social               
(propósito)". Não recomendo fazer delimitações assim,           
especialmente porque quem faz isso frequentemente está             
comparando sua trajetória com a trajetória de outra pessoa. 
Segundo​, deixe o passado. Não raro, encontro pessoas               
angustiadas querendo voltar no tempo porque deixaram de               
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cumprir alguma missão ou chamado lá atrás. Isso não                 
significa que seu propósito foi cancelado. Se você viveu com a                     
vida desalinhada, se negligenciou algum chamado de Deus, se                 
arrependa, busque alinhamento e continue a caminhada. O               
que Davi, Elias, Pedro, Sansão, Moisés, Jacó, Jonas, Tomé e                   
outros personagens bíblicos têm em comum? Todos eles               
falharam, mas isso não os impediu de completarem suas                 
carreiras. 
Terceiro​, busque sabedoria para conciliar as várias             
esferas da vida. Muitos me perguntam sobre como concilio                 
profissão, família, ministério, lazer, estudo, entre outros. Esse               
é um assunto que trato em detalhes na Altitude, mas posso                     
adiantar o seguinte: o fato de Mario, personagem do jogo, ser                     
um encanador não o impediu de salvar a princesa, assim como                     
o fato de Paulo de Tarso ser um fabricante de tendas não o                         
impediu de pregar aos gentios. "Como assim, Ramon?" Fique                 
tranquilo. No capítulo cinco, volto nesse tema. 
Quarto​, reflita nas decisões que você toma diariamente.               
Não adianta você dizer que tem um propósito claro se não                     
convergir para ele. Se não há decisões alinhadas, pode ser que                     
nem você mesmo acredita no seu propósito. Pergunte-se               
todos os dias: "As decisões que estou tomando me aproximam                   
ou me afastam da jornada que devo estar trilhando?" 
Quinto​, mudesua perspectiva a respeito da sua               
profissão. Se você não gosta do seu trabalho, não fique                   
resmungando pelos cantos. Tome a responsabilidade de dar o                 
melhor de si e enxergue essa etapa como parte do seu                     
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aprendizado e crescimento. Você pode não ter escolhido seu                 
trabalho, mas pode tentar ver um propósito maior onde não                   
consegue enxergar. 
Tenho um tio que é dono de uma loja que vende                     
parafusos. Alguém poderia menosprezá-lo dizendo:         
"Parafusos?" A verdade é que ele não vende parafusos, mas                   
está ajudando a construir a cidade. Os parafusos que ele vende                     
contribuem para as casas e apartamentos que surgem               
diariamente para abrigar as novas famílias. A perspectiva               
muda completamente. Ao vender parafusos, meu tio está               
contribuindo para a sociedade e glorificando a Deus com sua                   
postura digna, honesta, dedicada e apaixonada. Quem o               
conhece sabe o quanto ele gosta de resolver os problemas dos                     
clientes. 
Trabalhei por cerca de oito anos com coisas que não                   
gostava. Foram quatro anos como estoquista na loja de auto                   
peças da família e quatro como professor particular de música.                   
Hoje, vejo que foi um tempo valioso de aprendizado e                   
desenvolvimento de várias habilidades que me prepararam             
para saltos maiores. Sou muito grato a Deus por aquele tempo. 
Se você não vê sentido no seu trabalho, que tal mudar sua                       
perspectiva sobre ele? Comece dando o melhor de si no que                     
você faz e continue na jornada até enxergar uma possibilidade                   
de mudança. Quem sabe você não precise mudar de trabalho,                   
mas de perspectiva. Seja grato e compreenda que tudo pode                   
estar servindo um propósito maior do que você imagina. 
51 
 
Capítulo quatro. 
4. Aventura singular 
 
 
Viagens no tempo, fitas cassetes e a 
importância das pálpebras. 
   
52 
 
Impressão digital 
Pois tu formaste o meu interior, tu me teceste no ventre 
de minha mãe. Graças te dou, visto que de modo 
assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas 
obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem. 
- Salmos 139:13,14 
A biologia garante que não há duas pessoas com                 
impressões digitais iguais. Cada um de nós possui mãos e                   
dedos com linhas diferentes, os sulcos interpapilares. Mesmo               
em casos em que duas pessoas têm digitais muito parecidas,                   
basta aos papiloscopistas — profissão que estuda as linhas                 
das mãos e dos pés — expandir um pouco a área de análise                         
para encontrar diferenças. Por essa razão, o uso de impressões                   
digitais para identificar uma pessoa remonta à Idade Antiga. 
No capítulo dois, vimos que o maior propósito da Criação                   
é a glória de Deus. Esse é o propósito universal de tudo o que                           
foi criado. O bramido das águas, o reluzir das estrelas, o canto                       
do galo, o afeto da mãe, o saborear de uma maçã - tudo isso                           
concorre para que Deus seja glorificado. 
 
O céu e a terra, o paraíso e o inferno, o deserto e os 
prados, rios e mares – todos têm seu modo próprio de 
prestar homenagem a Deus. - Paulo Brabo 
Debaixo do propósito universal para todas as pessoas, há                 
propósitos e planos divinos para cada pessoa na Terra. Isso                   
53 
 
quer dizer que os planos de Deus para a sua vida são únicos, e                           
que Ele quer lhe usar de um jeito específico. 
A estatística e a biologia afirmam o óbvio: não há                   
ninguém igual a você. Não existem duas pessoas a quem                   
podemos dizer: "São exatamente iguais". Logo, não haverá               
trajetórias iguais. As manifestações de glória e louvor da sua                   
vida diferirão das manifestações de qualquer outra pessoa na                 
história da humanidade. Assim como o salmista, o próprio                 
Deus teceu você no ventre de sua mãe, de uma maneira                     
assombrosamente maravilhosa. 
 
Propósitos subordinados 
[...] o Espírito Santo disse: — Separem-me, agora, 
Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado. - 
Atos 13:2 
Abaixo do propósito universal temos algo como             
propósitos subordinados. Me refiro a todas as missões,               
chamados, causas, vocações, atividades, tarefas, entre outros,             
que são particulares de cada pessoa. Abraão, Moisés, Isaías,                 
Pedro, Paulo — cada um deles trilhou uma jornada diferente.                   
Muitos apontam para essa trajetória única como o tão famoso                   
propósito de vida que tantos anseiam descobrir. 
 
A descoberta é uma combinação de auto-conhecimento 
(entender como Deus me criou), de relacionamento 
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(entender a vontade de Deus específica para mim) e de ações 
que respondem às questões que a vida me faz. 
 
Não se trata de uma jornada só de auto-conhecimento ou                   
só de relacionamento. No auto-conhecimento as coisas já são                 
dadas, você só precisa começar a se examinar. Não é                   
necessário Deus enviar um anjo para lhe falar sobre sua                   
inclinação para a matemática. Um simples teste vocacional               
resolve essa questão. Todavia, o entendimento de que você                 
deve mergulhar na matemática porque em três anos haverá                 
uma missão importante para cumprir pode vir do               
relacionamento com Deus. Foi assim que Barnabé e Saulo                 
descobriram sua nova missão. Não com um teste vocacional. 
Com isso em vista, fica claro que não é necessário tentar                     
saber todas as coisas. Compreender sua missão não se trata de                     
tentar prever o futuro. Longe disso. Trabalhe com o que você                     
já sabe sobre si e continue aprofundando seu relacionamento                 
com Deus e dessa forma, num trabalho a quatro mãos, você                     
descobrirá gradualmente a trajetória que deve viver. 
 
Cavalo de Troia 
Um abismo de abstrações pode desconectar você do               
mundo real. Certos questionamentos podem mais atrapalhar             
do que ajudar, por isso, eles precisam ser identificados. Ficar                   
absorto em questões sem sentido é um obstáculo para as                   
questões que lhe dariam sentido. Para alguns, é um desafio                   
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escolher as reflexões que de fato frutificarão em melhores                 
decisões e ações. 
 
● Por que nasci assim, com este cabelo, nariz e boca? 
● Por que nasci com esta personalidade? 
● Por que nasci nesta família? 
● Por que nasci nesta cidade? 
 
Frequentemente, abro a caixa de perguntas no meu               
Instagram​ e recebo perguntas como: 
 
● Vai ter cachorro no céu? 
● Jesus tinha barba? 
● Quantos anjos existem ao todo? 
● Quem é o anticristo? 
 
Me lembro que em 2004 caí em um website americano                   
sobre conspirações e quase fiquei maluco, acreditando em               
viagens no tempo e invasões alienígenas. Desperdicei um ano                 
da minha vida fuçando tudo o que podia encontrar naquelas                   
páginas fantasiosas de mau gosto ímpar. Foram horas e horas                   
por dia vasculhando um verdadeiro buraco negro de               
informações obscuras. Isso só me trouxe uma coisa:               
arrependimento (e vergonha). 
Não foi a primeira vez. No fim da década de noventa, eu li                         
um livro chamado Operação Cavalo de Troia, do espanhol J.J.Benítez. O enredo "provava" uma incrível viagem no tempo à                   
Palestina do primeiro século realizada pela Força Aérea               
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https://www.instagram.com/ramon_tessmann/
 
Americana. A obra me envolveu tanto e fornecia tantas                 
"provas" que cheguei a acreditar que fosse verdade. Cheguei a                   
entrar em discussões sobre o livro. O problema é que a obra                       
(vendida até hoje) se trata de pura ficção. Benítez ficou                   
conhecido por fazer muito de seus leitores acreditarem em                 
suas estórias fantasiosas. Pelo menos não fui o único. 
 
Quanto tempo você está desperdiçando com bobagens 
sem sentido? 
 
Enquanto você busca saber o que existia antes do Big                   
Bang o mundo lá fora anseia pela manifestação do seu                   
propósito. Você é a solução viva para alguém! Agora mesmo,                   
existe uma pessoa que poderia ser ajudada através do seu                   
propósito, mas alguns devaneios inúteis estão tirando você do                 
mundo real. A atual época de desinformação não tem tido                   
piedade e está lhe "puxando" para a confusão de pensamento. 
Você não tem tempo para visitar um orfanato, mas é                   
capaz de passar uma semana assistindo a vídeos               
intermináveis sobre supostos anticristos. Por mim, tudo bem               
se é esta a vida que você escolheu viver. Todavia, ler esta obra                         
prova que você não quer investir sua vida fazendo dancinhas                   
no TikTok. Você decide como vai se posicionar diante disso                   
tudo. 
 
Embora eu não tenha controle sobre qualquer talento, 
habilidade, inteligência, vantagens ou desvantagens com 
as quais nasci, assumo a responsabilidade de maximizar 
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qualquer potencial de Deus tenha me dado para cumprir a 
minha missão. - Erwin MacManus 
Meu conselho é que você escolha bem onde vai investir                   
seu tempo. Escolha bem até mesmo as questões que você vai                     
investigar. "Por que nasci com duas mãos e cinco dedos?" Não                     
sei. Só sei que vou usá-los do jeito mais proveitoso que puder.                       
Tudo o que recebi é fruto da multiforme sabedoria de Deus.                     
Cabe a mim aceitar essa realidade e partir para a jornada com                       
as ferramentas que me foram dadas. Com tudo o que sou e                       
tenho, decido glorificar a Deus e servir as pessoas que Ele                     
colocar em meu caminho. 
 
Por que eu? 
Quem sou eu para ir a Faraó e tirar do Egito os filhos de 
Israel? - Moisés em Êxodo 3:11 
A pergunta de Moisés representa a pergunta de muitos:                 
"Por que eu?" O medo, o sentimento de incapacidade, a                   
incredulidade, a baixa autoestima, a falsa humildade — são                 
alguns dos motivos prováveis para retrucarmos: "Por que não                 
fulano?" 
Você lembra que no primeiro capítulo contei que minha                 
crise durara seis anos? Vou lhe contar mais detalhes. Foi no                     
Chile onde Deus usou a boca de um homem para revelar meu                       
novo chamado. "Calma, o caminho é por ali." 
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A densa neblina começava a se dissipar mais               
precisamente no dia dez de março de 2016 em um hotel no                       
centro de Santiago. Eu havia sido convidado para ministrar                 
duas palestras para um grupo de duzentos líderes e                 
empresários, mas chegando lá o ministrado fui eu. Após o                   
evento tive uma experiência marcante que apontaria minha               
nova missão. Era a resposta que buscava por anos. 
Sabe qual foi a primeira pergunta que fiz depois disso? A                     
mesma de Moisés: "Quem sou eu? Por que eu?" Talvez você já                       
tenha cometido esse mesmo erro. Você buscou tanto uma                 
resposta e quando ela apareceu, sua a reação foi: 
 
● Ah! Isso não é para mim! 
● Tem outras pessoas para visitar o asilo hoje! 
● Tem gente mais capacitada para aconselhar aquele             
jovem! 
● Há funcionários melhores para este projeto! 
● Outros já pensaram nesta ideia! 
● Quem sou eu para liderar esta equipe! 
● Outras pessoas já escreverem um livro assim! 
● Já tem muita gente fazendo isso! 
 
Existem aqueles que têm boas ideias para si, mas são 
covardes o suficiente para jogá-las no colo do outro. "Tive 
uma excelente ideia, toma faz você!" 
 
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As desculpas são várias e todas elas são filhas da                   
covardia. Se o Marceneiro lhe chamou a única resposta é                   
"Sim" e o único sentido é para frente. Não jogue no colo dos                         
outros aquilo que lhe cabe fazer. Não fique buscando                 
informações sobre seu propósito só para depois querer que                 
outra pessoa o viva. É como se você dissesse a Deus: "Obrigado                       
por me revelar tudo isso. Agora, envie fulano!" 
 
Chiados e ruídos 
Todas as viúvas o rodearam, chorando e mostrando-lhe 
os vestidos e outras roupas que Dorcas tinha feito quando 
ainda estava com elas. - Atos 9:39 
Uma coisa interessante sobre as fitas cassetes de               
antigamente era que uma cópia sempre tinha qualidade               
inferior a da original. A diferença entre a original e a cópia era                         
bastante perceptível. Os chiados e ruídos revelavam quem era                 
quem. Isso significava que a cópia da cópia ficava ainda pior e                       
assim por diante. 
No afã de ter uma vida mais significativa eu já caí no erro                         
ser aquela cópia mal feita, que todos percebiam não ser a                     
original. Já imitei estilos que nada tinham a ver comigo, já                     
mudei meu jeito de falar e de me vestir, já preguei mensagens                       
que não eram minhas, já comprei coisas que não precisava,                   
etc. — tudo na tentativa de ser quem não nasci para ser.                       
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"Quem sabe assim chego no sucesso." Quantas decisões               
estúpidas! 
 
Existe apenas um de você [...] Se você bloquear sua 
expressão, ela nunca existirá por meio de outra pessoa e 
isso será perdido. - Martha Graham 
Imagine o agitado canteiro de obras de uma bela casa de                     
campo. Uma pequena confusão se instala quando dois               
carpinteiros tentam dar os acabamentos na obra. Um deles                 
precisa fixar um último prego na varanda, mas ao apanhar o                     
martelo o serrote "pula na frente" e se oferece para a missão.                       
O carpinteiro desconfiado apanha o serrote e começa a golpear                   
o prego. 
O segundo carpinteiro chega e requer o serrote para                 
serrar um pedaço de madeira que completará o forro. Todavia,                   
ele descobre que o serrote está "ocupado" servindo como                 
martelo. Ele decide, então, levar o martelo para tentar serrar a                     
madeira. Instala-se o caos. 
A conclusão da história é que a casa ainda não foi                     
terminada. Os dois carpinteiros ainda estão lá, pregando com                 
o serrote e serrando com o martelo. Pode ser que eles                     
terminem a casa, mas ela não ficará tão bem acabada e bela                       
como no projeto. No mínimo, será um serviço mal-feito.                 
Muito mal-feito. 
É isso o que acontece quando estamos fora de propósito:                   
desperdício, obras mal-feitas, angústia e confusão. Eu já fui                 
aquele serrote querendo servir como martelo. Seja porque eu                 
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admirava a trajetória de alguém, seja por inveja ou por                   
insegurança. Posso dizer é que isso só me trouxe frustração.

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