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HÉRNIAS DE PAREDE ABDOMINAL (POR REBECA ZILLI)

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HÉRNIAS DE PAREDE ABDOMINAL 
 POR 
 
Rebeca Zilli 
Hérnia é o escape de um ou mais órgãos por um orifício que se abriu, seja por 
má formação ou enfraquecimento, nas camadas de tecido protetoras dos 
órgãos internos do abdome. Para saber a causa ao certo devo avaliar se por 
trás da hérnia existe outra doença ou anormalidade anatômica. 
Essas hérnias podem ser: 
● Internas: bridas e diafragmáticas (mais comuns). 
● Externas: epigástrica, umbilical, femorais, inguinais e incisionais. 
Quanto ao seu comportamento, podem ser classificadas em: 
● Hérnia redutível: possível reposicionar o conteúdo da hérnia entre a musculatura circundante; 
● Hérnias irredutíveis ou encarceradas: não é possível reposicionar o conteúdo da hérnia; 
● Hérnias estranguladas: há comprometimento do suprimento sanguíneo para seus conteúdos (dor). 
 
HÉRNIA DIAFRAGMÁTICAS 
Ocorre entre cavidade abdominal e cavidade torácica, sendo a maioria de etiologia congênita, mas podendo 
ocorrer por trauma. A maioria apresenta clínica assintomática, mas pode gerar insuficiência respiratória 
em crianças (cirúrgico). 
Os defeitos congênitos podem ocorrem em 3 zonas: 
1. Posterolateral: Hérnia de Bochdaleck, predomina do lado esquerdo (maioria dos casos); 
2. Retroesternal: Hérnia de Morgagni, predomina do lado direito; 
3. Hiato Esofágico: Hérnia de Hiato, podendo ser por deslizamento, rolamento ou paraesofagiana. 
(esse paciente nem sempre terá refluxo; se não responde ao tratamento→ cirurgia) 
● Diagnóstico: sonda nasogástrica aparece em tórax; 
● Tratamento: deve se pesar os riscos e benefícios da abordagem cirúrgica. 
 
HÉRNIAS UMBILICAIS 
Em crianças são comuns e congênitas (deve fechar até os 5 anos→ se não, cirurgia); 
Em adultos são adquiridas e relacionadas a um fator predisponente (gravidez, obesidade, ascite, distensão abdominal). 
OBS.: é mais comum haver hérnia umbilical abaixo do umbigo (pressão maior e musculatura adjacente). 
 
● Tratamento 
Pequenos defeitos são fechados por aproximação dos tecidos, sem tela: Herniorrafia. 
Para defeitos > 3cm, o reparo é feito utilizando prótese de malha/tela: Hernioplastia. 
 
Deve ser feito controle da condição de base. 
 
HÉRNIAS INCISIONAIS 
São relacionadas a cirurgia prévia, como resultado de tensão excessiva e cicatrização inadequada da 
incisão. Esse sítio é muito ligado à infecções, dor, obstrução intestinal, encarceramento e estrangulamento. 
Fatores de risco como obesidade, DPOC, tensão excessiva, idade avançada, doenças de base, infecção, 
desnutrição serão desencadeantes desta condição. 
● Tratamento: também será feita a abordagem cirúrgica, mas há alta taxa de recidiva. 
 
 
 
 
 
HÉRNIAS INGUINAIS 
Vão ser divididas de acordo com o local onde sai, com base no Triângulo de Hesselbach, formado pelos 
vasos epigástricos inferiores, ligamento inguinal e borda lateral do M. Reto Abdominal. 
 
 
 
► Hernia inguinal DIRETA: saco herniário localizado medialmente aos vasos epigástricos. 
(dentro do Triângulo) 
 
► Hernia inguinal INDIRETA: saco herniário localizado lateralmente aos vasos epigástricos. 
(sai do anel inguinal interno, onde o cordão espermático e o ligamento redondo saem do abdome) 
 
● Exame Físico 
 
 
Será feita a palpação digital com a ponta do dedo introduzida no anel inguinal 
superficial na bolsa escrotal e com o paciente em Valsalva: 
 
Se direta→ protusão palpada na polpa digital do dedo (medial→lateral). 
Se indireta→ protusão palpável na ponta do dedo (lateral→medial). 
 
 
 
● Diagnóstico: clínico, sendo a principal queixa o abaulamento em região inguinal ao esforço físico e dor. 
Só solicito USG se há dúvida (se fizer a princípio, pode dar falso +). 
De diagnóstico diferencial, os que mais dificultam o diagnóstico são: 
1. Hidrocele: transiluminação mostra luz propagada na bolsa escrotal (na hérnia fica escuro). 
2. Linfadenomegalia: tem história de infecção, não redutível; 
 
 
● Classificação de Nyhus 
 
Tipo I: hérnia sem alteração 
 
Tipo II: dilatação do anel inguinal profundo; 
 
Tipo III: dilatação do anel e destruição da parede posterior; 
 Pode ser direta, indireta ou femoral. 
 
 
 
Tipo IV: hérnia ressurge mesmo após abordagem cirúrgica. 
● Tratamento 
A abordagem é cirúrgica, o mais precoce possível para evitar encarceramento ou estrangulamento. Não 
faço em pacientes com alto risco, tento tratamento conservador. 
 
Tipos de cirurgias a serem feitas para correção: 
A mais utilizada é Técnica de Lichtenstein, que utiliza tela, mas Correção por Videolaparoscopia é 
uma técnica que tem sido muito feita. Outras são: 
 Técnica de Marcy (hérnias pequenas, sem tela – tipo I, II) 
 Técnica de Bassini (utiliza musculatura para rafia da hérnia) 
 Técnica de McVay (mais para hérnia femoral – fecha o ligamento femoral) 
 
OBS.: abordagens sem tela implicam em um índice de maior recidiva. 
 
A principal complicação são hematomas. 
 
Atenção aos triângulos ao lado, pois detém 
estruturas nobres que podem ser lesadas 
durante a cirurgia: 
 
▲Triângulo da Tragédia/Triângulo de DOOM 
onde passa a A. Ilíaca e V. Ilíaca 
 
▲Triângulo da Dor onde passam os nervos 
hipogástricos, inguinal, genitofemural. 
(lesão aqui o paciente passa a ter dor crônica) 
 
 
 
 
● Hérnia estrangulada: complicação em que vemos uma tumoração distendida, dura, com sinais flogísticos 
e tensão, provocando fortes dores na tentativa de redução. Asculta abdominal com RHA ausentes. 
 
● Cuidados a serem tomados 
1. Pesquisar outras hérnias; 
2. Avaliação bilateral; 
3. Corrigir tosse (piora o quadro); 
4. Repouso; 
5. Tratar infecções antes de abordar. 
 
 
 
 
HERNIAS FEMORAIS 
Hérnias inferiores ao ligamento inguinal, que saem pelo canal femoral. São pouco frequentes, com 
predominância à direita (como as indiretas), ocorrendo mais em mulheres obesas acima dos 45 anos. 
Ocorre rigidez do canal femoral, o que implica em risco de estrangulamento se comparadas às hérnias 
inguinais. 
 
● Tratamento 
Existe uma alta incidência de estrangulamento, portanto todas as hérnias femorais devem ser reparadas 
assim que identificadas. 
 
 
 
 
 
 
 
HERNIA DE SPIEGEL 
Condição de difícil diagnóstico, ocorrendo através da 
aponeurose spigeliana, entre a linha semilunar 
(que marca a transição do músculo para a 
aponeurose no músculo transverso abdominal) e a 
borda lateral do músculo reto. 
 
● Diagnóstico: quando vemos herniação nesta 
topografia, geralmente já se solicita TC para 
elucidação diagnóstica. 
 
● Tratamento: tendo em vista o alto risco de 
complicação (como encarceiramento), o tratamento 
é abordagem cirúrgica, de preferência com a 
colocada de tela para evitar recidiva. 
 
 
 
HERNIAS EPIGÁSTRICAS 
Abaulamentos que ocorrem supraumbilical, em linha alba, que causam muita dor no paciente e fazem 
diagnóstico diferencial com lipoma→ para diferencial, coloco o paciente deitado, se sumir, é hérnia, se 
manter, provavelmente é um lipoma. 
 
● Tratamento: faz-se geralmente herniorrafia (sutura do orifício herniário apenas), mas se for um orifício 
muito grande, pode ser feita hernioplastia (colocada de tela).

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