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caderno de empresarial

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Faculdade Baiana de Direito 2020.2 Rachel Abreu 
CADERNO DE EMPRESARIAL 
PROVA 01: 06/10 ao vivo
PROVA 02: 24/11 ao vivo 
Wpp: (71) 98103-8030 
E-mail: trabalhosdeempresarial@gmail.com
1ª UNIDADE
Datas e temas do seminário: 
15/09 – Legaltechs/lawtechs
22/09 – Analytics e jurimetria
29/09 – Conciliação on-line 
20/10 – Automatização de acórdãos o artigo deve ter: apresentação do tema; fundamentação; desenvolvimento dos problemas; ... e conclusão; entre 15 e 25 páginas; regras das ABNT; valor de 3,0 pontos 
27/10 – Criptomoedas e blockchain
03/11 – advocacia e AI
10/11 – IOT (internet das coisas) e BIGDATA
17/11 – automação e gestação de documentos 
AULA 01 
O mundo hoje em dia se tornou capitalista porque é o sistema que melhor se adapta a essência do ser humano, uma vez que o ser humano sempre busca uma completude que o capitalismo pode promover. O que não se sabe é ate quando o mundo vai aguentar a exploração desse capitalismo. 
O direito empresarial é o ramo do direito que visa estudar as atividades empresariais e suas vertentes. 
- Inicialmente será tratada duas teorias que serviram como base para o direito empresarial atual: 
TEORIA DOS ATOS DE COMERCIO: surgiu em 1808 na França; os burgueses criaram uma cultura jurídica – a cultura dos códigos, que nasce para regulamentar a vida (código civil e o código comercial); nesse momento o poder passa a emanar da lei e não mais da divindade. O direito do comercio era visto como um direito de classe, feito pelos próprios burgueses e por isso muitos privilégios eram concedidos aos comerciantes da época, por isso essa cultura de privilégios permanece até os dias de hoje, existindo até os dias de hoje privilégios que existiam naquela época (ex: menos impostos para as pessoas jurídicas; no ordenamento existem 2 formas de reorganização da atividade empresarial em crise); primeira característica dessa teoria foi a bipartição do direito em dois ramos (direito civil e comercial - o direito comercial é destinado a regulamentar as relações estabelecidas entres os burgueses, já ao direito civil, coube regulamentar as relações estabelecidas entre os nobres. O direito comercial da época nasce com uma feição classista, ou seja com a intenção de proteção da classe dos burgueses.);a outra característica foi não trazer nenhum conceito estruturante com essa teoria para não se limitar conceitos da matéria para os nobres não obterem os privilégios do direito comercial; a opção dessa teoria foi simplesmente listar os atos considerados de comercio, pois eram os atos praticados pelos burgueses (comércio em sentido estrito; a indústria; os bancos; e os seguros – atividade de assunção de riscos) Para Rocco atos que comercio eram aqueles marcados essencialmente marcados pela interposição; porem a interposição é muito abrangente e pega muitas outras relações que não são empresariais, por isso essa sua ideia foi muito criticada; com isso, surge a próxima teoria.
TORIA DA EMPRESA: surgiu em 1942 na Itália; o objetivo dessa teoria é corrigir os defeitos e preencher as lacunas da teoria anterior; a maior lacuna foi a ausência de um conceito fundamental, que vai aparecer nessa; o código civil italiano no art. 2082 apresentou o conceito de empresário, assim como o código civil brasileiro no seu art. 966 – as duas diferenças desses conceitos são: idiomas e verbos que iniciam a frase – no brasil é considerar e no italiano é ser; o outro problema da teoria anterior era a bipartição do direito em dois grandes ramos, nessa teoria vai haver a reunificação do direito privado com o Código Civil italiano, mas no final esses ramos não foram reunificados por conta do tempo que eles ficaram separados o que gerou a superespecialização dos dois ramos inviabilizando essa união, ou seja, as duas disciplinas continuam autônomas. Quem mais defendeu a reunificação foi um professor chamado Cesare Vivante; o primeiro a propor essa reunificação foi um professor brasileiro, baiano Augusto Teixeira de Freitas em 1864 (fixação de um conceito e tentativa de reunificação do direito privado) 
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
- Esse é o artigo que estabelece a distinção entre o direito civil e o direito empresarial. 
- ELEMENTOS DO CONCEITO DE EMPRESÁRIO: 
- Profissionalmente (habitualidade; pessoalidade e o monopólio de informações)
· Ser habitual 
· A pessoalidade significa que aquela atividade deverá ser exercida em nome daquele empresário, tanto ele ou quem ele contratar
· O monopólio das informações significa que o empresário precisa saber todas as informações relacionadas ao consumo ou serviço que ele oferece, pois ele é obrigado a compartilhar com seus consumidores essas informações (eventuais riscos que o produto oferece; defeitos...)
O empresário comporta 3 espécies: 
- O empresário individual = sem divisão entre a PF e a PJ; com patrimônio ilimitado para responder sobre as obrigações do negócio 
- A sociedade empresário = é um PJ formada por sócios que podem ter responsabilidades limitadas ou ilimitadas pelas razoes sociais, porem esses sócios não confundem suas personalidades jurídicas com a sociedade 
- EIRELI Empresa Individual de Responsabilidade Limitada = é uma PJ formada por um único titular que não se confunde com a personalidade jurídica da EIRELI
- Atividade econômica com intuito lucrativo = atividades econômicas não são exclusivas das atividades empresariais, a diferença está no intuito lucrativo, a atividade empresarial está na obtenção do lucro; porém, existem algumas atividades civis que também perseguem o lucro (advocacia), para saber a diferença entre essas atividades, deve se observar os elementos de empresário trazidos pelo artigo do código; depois se afirmar que “quem não tem intuito lucrativo não é empresário”, ou seja, havendo intuito lucrativo, deve se observar se há o profissionalismo e a organização, caso haja, é uma atividade empresarial. 
- Organizada = é a articulação dos 4 fatores de produção (capital – pode ser próprio ou não; insumos – matéria prima empregada naquela atividade; mão de obra – direta (aquela que tem vínculo empregatício) ou indireta (aquela que NÃO tem vínculo empregatício); e tecnologia – aprimoramento da técnica para atender a demanda) 
- Para produção/circulação de bens e serviços (não para Glicério) 
OBS: Para Alberto Asquini a empresa teria 4 perfis: o subjetivo (empresário); objetivo (estabelecimento empresarial); funcional (empresa); corporativo (prepostos); já para Júlio Von Gierke, a empresa teria apenas os 3 primeiros perfis 
- O cc não conceitua empresa por não ser coisa nem pessoa, mas pode ser entendida como sinônimo de atividade. 
Para Vincenzo Buonocore: defendia que contratar mão de obra não poderia ser requisito para conceituar empresário 
Já para Evaristo de Morais Filho é imprescindível contratar mão de obra, por conta da gestão de negócios. Essa é a tese que prevalece hoje em dia 
- HIPOTESES DE ATIVIDADE CIVIL: aqueles que não são empresários 
1ª – EXCLUDENTE: não será empresário aquele que não atender a qualquer dos requisitos do artigo 966, CC. 
2ª – PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 966, CC: profissional intelectual = Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. (médico; músico; advogado; pintor; escultor...) essa regra do profissional intelectual pode ser aplicada para advocacia, integralmente? 
RESPOSTA: o escritório pode ser estruturado de forma empresarial,desde que o referencial seja a instituição que ele faz parte e não o próprio advogado. 
3ª – AQUELES QUE EXERCEM UMA ATIVIDADE RURAL: o fator determinante de quem exerce uma atividade rural é o registro que pode ser feito pelo RCPJ (registro civil de pessoa jurídica) ou pela junta comercial – se pela junta comercial, será uma atividade empresarial, já se o registro for pelo RCPJ, será uma atividade simples – e caso esse registro seja RCPJ pouco importa se ele segue todos os requisitos do art. 966; e se uma pessoa fez o registro na junta comercial e mesmo assim não segue os requisitos do art. 966, ainda assim ele será considerado um empresário. 
4ª – COOPERATIVAS: não há forma de organização; será sempre uma sociedade simples sempre se submeterá ao direito civil, devem realizar seu registro na junta comercial, por expressa determinação legal do art. 982 do CC, já as sociedades por ações, serão sempre sociedades empresarias (sociedade anônima e sociedade em comandita por ações) Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.
- VEDAÇÕES AO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL: quem não pode ser empresário 
1ª – INCAPACIDADE 
· O civilmente incapaz não poderá começar uma atividade empresarial, podendo apenas continuá-la, se for uma atividade deixada por herança, ou iniciada por ele, quando ele era capaz. Para ele começar, ele deverá estar assistido ou representado e ele precisará de uma autorização judicial constante de alvará e nesse alvará o juiz vai listar os bens particulares do incapaz ao tempo da sucessão, pois os bens particulares estarão protegidos de um eventual insucesso do negócio. Mas caso o bem seja utilizado no desenvolvimento do negócio, ele perde a proteção desse bem concedida pelo alvará. Se o representante ou assistente estiver impedido de prestar essa atividade empresarial em nome do incapaz, deve ser nomeado um gerente para fazer isso em seu lugar. 
· O incapaz pode ser socio de uma atividade empresarial desde o seu começo, desde que atenda 3 requisitos, presentes no §3º do art. 974, CC: 
1 - Ele deve estar representado – o absolutamente incapaz; ou assistido – o relativamente incapaz;
2 – O incapaz não poderá exercer a administração da sociedade
3 – O capital social deverá estar integralizado 
A incapacidade existe para protege o indivíduo que não possui condições de atuar em uma atividade empresarial 
2ª – PROIBIÇÕES: existe para proteger a coletividade daquele indivíduo que já se mostrou nocivo 
· FALIDO – pelo menos até que seja reabilitado – reabilitado estará quando suas obrigações forem extintas 
· CONDENDADO POR CRIME INCOMPATÍVEL COM O EXERCICIO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL – até a extinção da sua punibilidade (são os tipos penais potencializados quando do exercício da atividade empresarial, quando a pena veda o exercício da atividade empresarial) 
· LEILOEIRO – por ter acesso a informações privilegiadas e para evitar que use isso a seu favor 
· DEVEDOR DE TRIBUTOS – só pode começar uma nova atividade empresarial quando quitar seus débitos tributários 
· ESTRANGEIRO – possui restrição a algumas atividades empresarias aqui no Brasil, ligadas a segurança nacional, por exemplo. O art. 222, CF estabelece que o estrangeiro não pode ter participação superior a 30% de empresas jornalísticas e de radiodifusão e não podem exercer cargos de direção ou coordenar a programação – por entender que esses cargos influenciam a opinião pública sobre o próprio País.
· FUNCIONÁRIO PÚBLICO – as proibições vão variar conforme o regime jurídico de cada servidor público; na maioria das vezes os servidores públicos federais da ativa não podem ser empresários individuais ou sócios administradores de sociedade; na MP do PDV (MP 792) decidiu que o servidor público federal da ativa que solicitasse a redução da carga horaria não mais se submeteria a essa condição, quando a MP estava em ativa. 
PREPOSTOS DO EMPRESÁRIO: são aqueles que exercem a atividade em nome do empresário. É toda mão de obra utilizada pelo empresário, tanto a mão de obra direta (com vínculo empregatício) quanto a indireta (sem vínculo empregatício). 
Os atos praticados por eles repercutem para o empresário? Depende! Para que isso aconteça, dois requisitos precisam ser atendidos: objeto e lugar – o ato tem que ser praticado no lugar em que a atividade é exercida e tem que ter relação com o objeto da atividade que se pretende exercer. (EX: uma pessoa compra uma cadeira e ao comprar essa cadeira a pessoa decide que deveria ir a uma loja de imóveis para escolher melhor, só que o dono da loja tinha proibido os vendedores de negociar a cadeira que a pessoa gostou, por estar quebrada mas mesmo assim o vendedor negocia e vende a cadeira. Ao chegar em casa o consumidor cai da cadeira e vai para a UTI por conta da queda. 1 ano depois disso, após sair do hospital o consumidor pode propor uma ação de indenização contra o dono da empresa? Nesse caso poderia sim! Pois o ato foi praticado no lugar da atividade e tem ligação com o objeto da atividade. Obviamente, existe o direito de regresso do empresário sobre o vendedor)
Se a empresa oferecer serviço de entrega em domicílio (delivery), o lugar da atividade também se estende até o domicílio do cliente. O direito do consumidor explica que: se o valor da oferta for feito por engano e for irrisório, este valor não obrigará o empresário. Se fala em valor irrisório se ele é totalmente fora dos valores de mercado (carro 0 com 50% de desconto). 
- O preposto NÃO pode concorrer com o empresário = isso configura crime de concorrência desleal. Isso só pode acontecer com autorização do empresário ou se por conta da natureza da atividade houver a possibilidade de multiplicidade de seu exercício. 
GERENTE: preposto com poderes de chefia; o empresário pode limitar esses poderes, mas para que essa limitação produza efeitos para terceiros ela deve ser feita por escrito e arquivada na junta comercial. O gerente não precisa ter nenhuma formação especifica para ocupar esse cargo, deve ser apenas uma pessoa capaz civilmente, até porque o gerente é um preposto facultativo. 
CONTADOR: é um preposto obrigatório. Não precisa ser empregado, mas deve existir em toda empresa e deve ter formação específica em contabilidade. Ele cuidará da escrituração do empresário. Ele não é obrigatório nas localidades que não existir contador, ou se o próprio empresário tiver formação em contabilidade. 
 
 
OBRIGAÇÕES DO EMPRESARIO: 
- Registrar – se na junta comercial: é a obrigação de informar ao estado que ele, o empresário, vai iniciar uma atividade econômica organizada; a regra é da liberdade de iniciativa econômica e nessa livre iniciativa o estado não pode impedir uma atividade empresarial, só que em determinadas atividades o Estado acaba intervindo e se posiciona de maneira diferente e nesses casos há uma necessidade de submissão do empresário para o Estado. 
- HISTORICO: a primeira notícia que se tem sobre registro é das corporações de oficio medievais onde os artesões e aprendizes faziam a inscrição; no brasil, o registro chega em 23/08/1808 com o tribunal da real junta do comercio agricultura fabrica e navegação que tinham duas funções: judicante e executiva – registrava as atividades e julgava os litígios dos comerciantes. Com o código comercial de 1850 um problema foi resolvido e esse tribunal passou a ser o tribunal do comércio (que ficavam nas capitais) e passou a existir os tribunais de relação (que ficavam nos interiores). O fato desse tribunal ficar com essas duas funções era muito errado e por isso, um tempo depois a função do registro passou a ser das juntas comerciais, nas capitais e das inspetorias, nos interiores. 
Com a republica o registro passa a ser de responsabilidade dos Estados o que gera outro problema, pois cada estado passa a fazer registros a sua maneira e é aí que após a constituição de 1946 ao o registro passa a ser da união e os estados fazem apenas a sua execução – e esse é o sistema atual de registro, o SINREM:- Dividido em duas esferas: na federal (DREI: DEPARTAMENTE NACIONAL DE REGISTRO EMPRESARIAL E INTEGRAÇAO - vinculado ao ministério da economia e é ele que diz como o registro deve ser feito, através de instruções normativas) regulamenta 
Na estadual (JUNTAS – executa o registro com base nas instruções normativas do DREI. Subordinação técnica ao DREI e subordinação administrativa ao governo estadual, já que é ele que mantem seu funcionamento) 
OBS: A única junta que não existe dupla subordinação quanto as juntas, é o DF. Se subordina apenas ao DREI 	 
- ATOS DE REGISTRO 
- MATRÍCULA: é o ato de registro dos auxiliares dos empresários (tradutores públicos; intérpretes comerciais e os leiloeiros – todos devem ser matriculados na junta comercial) 
- ARQUIVAMENTO: é o ato de registro do empresário; tanto do empresário individual, quanto da sociedade empresaria, como da EIRELI (empresa individual de responsabilidade limitada). Existe um prazo para esse arquivamento: 30 dias a contar da pratica do ato (assinatura do contrato) para requerer o arquivamento na junta comercial; se ele faz o pedido dentro do prazo, este arquivamento produzirá efeito retroativo convalidando todos os atos que ele praticou antes (ex tunc); se ele fizer o pedido fora do prazo, ele não produzirá efeito retroativo (ex nunc), serão considerados atos praticados por um empresário irregular e não serão convalidados. 
Ex: se o empresário pede o arquivamento dentro do prazo, mas o deferimento só é feito fora do prazo, isso não tem problema, pois os efeitos do deferimento atingem o momento do pedido, e nesse caso o efeito vai ser ex tunc. 
 
- AUTENTICAÇÃO: está relacionada a veracidade e com a regularidade do ato praticado. A junta comercial confere veracidade a cópia um documento – atribui fé pública a um documento; além disso, alguns documentos somente serão considerados regulares se devidamente autenticados – é um requisito de regularidade daquele documento, situação que acontece para que se evite a fraude. 
- PROCESSO DECISORIO NA JUNTA COMERCIAL: 
Como um pedido de registro é aprovado na junta comercial? Os atos do registro são divididos em duas categorias: 
- Os de maior complexidade: aqueles que dependem de ‘decisão colegiada do plenário – decide os recursos das decisões das turmas e do presidente, ou das turmas – julgam as operações societárias; atos relacionados a grupos de sociedades e consórcios de empresas; atos relacionados a constituição da sociedade anônima. Esses atos têm um prazo de 5 dias uteis para serem resolvidos
 
- Os de menor complexidade: aqueles que dependem de decisão singular do presidente da junta comercial (decisão delegada). Tudo que não for constituição de empresa, os demais arquivamentos de outras sociedades, a matrícula e a autenticação. Esses atos têm um prazo de 2 dias uteis para serem resolvidos 
- Os atos de menor complexidade que contarem com a consulta previa da viabilidade do nome empresarial e da viabilidade de localização, quando o ato exigir, e quando for utilizado pelo requerente o instrumento padrão estabelecido pelo DREI, este pedido será automaticamente aprovado – HIPOTESE DE DEFERIMENTO AUTOMATICO. Ele vai ser objeto de exame, mas se tiver algum vicio, ele não vai ser indeferido e sim convertido em diligência ou anular o registro (atos feitos pelo julgador)
O vicio insanável é aquele que atinge a validade do ato e nesse caso o pedido é indeferido
E o vício sanável atinge a eficácia do ato e nesse caso o pedido não precisa ser indeferido 
- PROCESSO REVISONAL: quando se busca administrativamente a solução de um problema que não foi resolvido na junta comercial. São três atos: 
- Pedido de reconsideração: pede-se que o próprio órgão julgador reavalie o que decidiu
- Recurso ao plenário: se avalia o recurso de pedido de reconsideração anteriormente negado pela junta 
- Recurso ao ministro de estado: direcionado ao ministro da economia. Quem julga é o DREI 
Para todos esses recursos o prazo é de 10 dias uteis a contar da publicação ou da intimação na junta 
- Manter uma escrituração regular nos livros comerciais: 
- Levantar balanços periódicos
ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
- CONCEITO: O estabelecimento é o conjunto de bens materiais e imateriais do empresário destinado ao exercício da atividade econômica organizada. 
O estabelecimento não se confunde com patrimônio empresarial, pois patrimônio é tudo que pertence ao empresário, ao passo que o estabelecimento é a parcela do patrimônio que se destina ao exercício da atividade econômica organizada. A diferença entre o patrimônio e o estabelecimento empresarial é a destinação dos bens. 
- É possível que seja valorado economicamente esse conjunto de bens que fazem parte do estabelecimento empresarial, essa valoração é feita com a soma do aviamento – (valor agregado ao estabelecimento comercial em razão de sua organização) + o valor dos bens que compõem o estabelecimento. 
OBS: O aviamento é calculado de acordo a rentabilidade do negócio – vários métodos podem ser utilizados para calculá-lo.
 
- TRESPASSE: é a alienação do estabelecimento empresarial. É também a principal garantia dos credores, por ser o bem mais importante dos credores e por isso algumas regras precisam ser atendidas. 
REQUISITOS DO TRESPASSE: 
1 – Contrato escrito: para que possa ser arquivado na junta comercial 
2 – Publicação na impressa oficial 
3 – Anuência ou concordância de todos os credores 
 Existe alguma maneira de se vender o estabelecimento sem a necessidade de anuência dos outros credores? Sim! Caso o patrimônio restante seja solvente. 
Quando um bem coletivo é vendido, tudo que se liga a ele o acompanha, inclusive as dívidas, por isso, em regra, as dívidas são transferidas ao alienante, mas permanecerá o vendedor solidariamente responsável por elas por um 1 ano, a contar do trespasse para as dívidas vencidas e a contar do vencimento para as dividas vincendas. 
Existem duas exceções a essa regra: para dívidas trabalhistas e para as dívidas tributarias
Dívidas trabalhistas – seguem aquilo que é defino no art. 448 - A da CLT: 
Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores prevista nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor.
Para Glicério, o mais correto seria a aplicação do CC para que se defenda o empregado e não o empregador, nesses casos. Pois o artigo defende a irresponsabilidade do empregador
Dívidas tributarias – seguem o que estabelecido no art. 133 do CTN: 
Caso o vendedor abandone a empresa, as dívidas passam a ser de responsabilidade integral do comprador. Mas se o vendedor continuar com alguma atividade econômica, ele que responde pelas dívidas tributarias, e o comprador tem apenas responsabilidade subsidiaria por elas. Se o vendedor parar a atividade empresarial por 6 meses, é como se ele não tivesse parado, e ele continua responsável; se ele parar e voltar depois de 6 meses, é como se ele não tivesse voltado a atuar e não responderá mais pela divida e a divida será integralmente do comprador. 
Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato:
I - Integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade;
II - Subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.
§ 1o O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese de alienação judicial
I – Em processo de falência
II – De filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperaçãojudicial. 
§ 2o Não se aplica o disposto no § 1o deste artigo quando o adquirente for
I – Sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou sociedade controlada pelo devedor falido ou em recuperação judicial; 
II – Parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consanguíneo ou afim, do devedor falido ou em recuperação judicial ou de qualquer de seus sócios; ou 
III – identificado como agente do falido ou do devedor em recuperação judicial com o objetivo de fraudar a sucessão tributária. 
§ 3o Em processo da falência, o produto da alienação judicial de empresa, filial ou unidade produtiva isolada permanecerá em conta de depósito à disposição do juízo de falência pelo prazo de 1 (um) ano, contado da data de alienação, somente podendo ser utilizado para o pagamento de créditos extraconcursais ou de créditos que preferem ao tributário. 
 
- PONTO EMPRESARIAL (LOCAÇÃO EMPRESARIAL): lugar em que a atividade empresarial é exercida. Lugar de exercício da atividade empresarial. 
Qual a relação do empresário com esse ponto comercial? Hoje em dia, cada vez menos os empresários são proprietários dos seus pontos, hoje eles preferem estabelecer um contrato de locação. Isso acontece por várias razões, inclusive razões tributarias, sem dizer que, dessa forma, ele não imobiliza o capital. 
Uma vez não proprietário como fica a relação do proprietário e do terceiro? Será um contrato de locação que é regida pela Lei 8245/91 – com a previsão de 2 tipos de locação: residencial e não residencial. Na residencial o imóvel é utilizado para moradia e na não residencial o imóvel é utilizado pra uma finalidade econômica. A locação não residencial possui um tratamento mais protetivo do que a locação residencial e isso se deve ao fato de que o direito à moradia é o direito de se ter alguma moradia e não aquela moradia em especial; já na locação não residencial há um investimento para que se esteja naquele imóvel, e não adianta que ele esteja naquele imóvel sem que a sua clientela não saiba disso, o que faz com que haja um gasto maior com publicidade e propaganda, e essa pode ser a ação mais importante dentro da locação não residencial – pois essa vinculação que ele cria com o local da empresa é muito importante para ele, e essa vinculação/referência pode ultrapassar gerações – fabrica da coca – cola em salvador. 
 
Qual a proteção que a legislação confere ao empresário que tem um contrato de locação no ponto de sua atividade? É o direito de inerência ao ponto – direito de renovar o contrato mesmo que o locador não queira – uma renovação compulsória. Trata-se de uma situação excepcional, a regra é que essa renovação dependa do acordo de vontade. 
A exceção é aplicada nos casos de direito de inerência ao ponto, desde que presentes alguns requisitos: 
1 – Contrato escrito e com prazo determinado. 
2 – O prazo da locação tem que ter pelo menos 5 anos ininterruptos de contrato ou contratos, inclusive com diferentes titulares. (pode ser a hipótese de vários contratos que somados deem pelo menos 5 anos), desde que entre eles se tenha mantido o vínculo jurídico intervivos ou mortis causa. Um filho pode usar o tempo de locação do pai para o seu direito de inerência, caso o pai tenha morrido e deixado a empresa de herança – vínculo mortis causa. Ou caso haja a continuação da atividade já exercida anteriormente, caso o local seja vendido para um terceiro – vínculo intervivos.
Apesar da lei falar em 5 anos ininterruptos, já se adite uma interrupção: ex: contrato de 4 anos para que o locatário não tivesse direito a inerência, mas esse locatário era ótimo e a melhor escolha seria deixar ele lá. Então chega o fim do contrato e não há a renovação expressa do contrato, mesmo que o locatário tenha continuado lá sem oposição do locador – renovação tácita por prazo indeterminado do contrato de locação. Depois de um tempo eles firmam novamente um contrato de 4 anos, nesse caso, os tribunais concluíram que essa interrupção para renovação do contrato não descaracteriza o direito de inerência ao ponto. Essa interrupção não tem uma pre definição de tempo, ou seja, pode durar qualquer tempo (30, 90, 120 dias ou mais) 
3 - Ter o locatário pelo menos 3 anos ininterruptos de efetivo exercício da mesma atividade, quando da propositura da ação renovatória. O empresário tem que propor essa ação em um prazo que vai de 1 ano há 6 meses anteriores ao fim do contrato de locação. 
- Caso o locatário ajuíze a ação e ela é acatada pelo juiz, o contrato é renovado por igual período = igual período foi entendido pelos tribunais como 5 anos. 
- Não há limites para o número de ações renovatórias. 
- Existem as hipóteses de exceção de retomada: 
1 - Caso o locador queira o imóvel para uso próprio. Não podendo exercer a mesma atividade que o locatário exercia, por 5 anos, salvo se o locador já exercia aquela atividade naquele imóvel antes da locação. 
2 – Reforma substancial do prédio locado. Essa reforma tem que começar em até 3 meses após a entrega do imóvel. 
3 – Proposta de renovação insuficiente em relação ao valor de mercado
4 – Proposta melhor de terceiro. Mas nesse caso, o locador deve indenizar o locatário pela perda do ponto, respondendo o locador e o terceiro proponente solidariamente perante o locatário por essa indenização.
5 - Transferência de estabelecimento existente a mais de um ano do cônjuge, ascendente ou descendente do proprietário para o seu imóvel. 
2ª UNIDADE
DIREITO CAMBIAL 
HISTÓRICO 
OBJETIVO DE TÍTULO DE CRÉDITO: FACILITAR A CIRCULAÇÃO DAS RIQUEZAS 
TITULO DE CRÉDITO
- CONCEITO: tecnicamente, título é aquilo que representa uma relação jurídica e credito significa crer/acreditar; credito é a troca de um bem presente por um bem futuro, do ponto de vista econômico.
Título de credito é então, o documento representativo de uma obrigação pecuniária futura pautada na confiança. 
- o outro conceito é o do art. 887, do CC – é o documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele mencionado. Cartularidade, autonomia e literalidade são apresentadas nesse conceito – uma vez que são os três princípios mais importantes do direito cambiário:
- PRINCIPIO DA CARTULARIDADE: é a exigência de posse do original do título de credito para o exercício dos direitos que dele emanam, existem situações que ele não se aplica: em caso de perda ou extravio – onde pode se utilizar dos direitos que emanam dos títulos de credito com o uso da cópia ou cópia autenticada; em caso de títulos eletrônicos para a doutrina clássica; em caso de duplicatas lei. 5474, art. 15, §2º, autoriza o uso dos direitos que emana de uma duplica mesmo sem que exista uma duplicata 
- PRINCIPIO DA LITERALIDADE: exigência de pratica de atos jurídicos no próprio título para que estes produzam efeitos
- PRINCIPIO DA AUTONOMIA: é a independência entre si das obrigações constantes em um título de crédito, ou seja, se eventualmente uma obrigação for anulada, a outra não necessariamente será, já que elas são autônomas entre si e o credor terá de quem cobrar. Essa autonomia se subdivide em: abstração - que é a independência do título em relação a sua causa, e em inoponibilidade de exceções pessoais – o devedor não poderá opor ao terceiro credor de boa-fé defesas que tenham como fundamento a sua relação com o credor originário (exemplo do relógio com nota promissória – leo, rachel e serena) 
- CLASSIFICAÇÕES DO CRÉDITO: pode ser estruturada em pelo menos 3 critérios: 
1º - QUANTO AO MODELO: 
· LIVRE: aquele cuja forma não é determinada pela legislação; desde que ele contenha todos os elementos essenciais 
· VINCULADO: aquele cuja forma é determinada pela legislação; a inobservância dessa forma estabelecida acarreta a invalidação do título (cheque – só pode ser confeccionado por uma instituição financeira autorizada; e duplicada) 
2º - QUANTO A ESTRUTURA
· ORDEM DE PAGAMENTO: a ordem de pagamento pressupõe três posições/situações jurídicas distintas: o sacador, o sacado (destinatárioda ordem) e o tomador; o sacador emite a ordem (eu) contra o sacado (leo) em benefício ao tomador (bia). A letra de cambio, o cheque, e a duplicada são exemplos de ordens de pagamento. 
 
· PROMESSA DE PAGAMENTO: pressupõe apenas duas posições/situações jurídicas distintas: aquele que promete pagar (promitente ou sacador) e aquele que vai ser beneficiário da promessa (promissário ou tomador); a nota promissória é um exemplo de promessa de pagamento.
 
3º - QUANTO A CIRCULAÇÃO: 
· AO PORTADOR: não identifica o beneficiário, ou seja, não diz quem será beneficiado por ele, e assim será quem terá a sua posse; para que a pessoa tenha o crédito, basta transferir a posse 
· NOMINATIVO: indica o nome do beneficiário; pode conter a cláusula à ordem de forma expressa ou tácita – autoriza a transferência do crédito através de endosso; já a cláusula não à ordem tem que ser expressa e proíbe a transferência do crédito mediante endosso. Se a clausula for não à ordem, o crédito será transferido através da cessão civil de crédito (nota promissória) 
 - CONSTITUIÇÃO DO TÍTULO DE CAMBIÁRIO: é a origem do crédito 
· SAQUE: é o ato de criação e emissão do título de crédito; se uma pessoa reconhece que um crédito existe, você se torna responsável pela solvência dessa titulo (com a assinatura dessa título), se torna devedor desse titulo e isso acontece porque o direito cambiário pretende proteger o credor. O saque vincula o sacador ao cumprimento da obrigação (o sacador passa a ser um dos devedores do título) 
· ACEITE: é o ato pelo qual o sacado acata a ordem incorporada pelo título; e quem aceita a ordem passa a ser o aceitante (o sacado passa a ser o aceitante) e ele passa a ser o principal devedor da obrigação cambial; o aceite é um ato de livre vontade, é uma declaração sucessiva (após o saque), eventual e facultativa; a recusa do aceite gera como consequência a antecipação do vencimento da obrigação em relação ao sacador e o tomador pode cobrar do sacador imediatamente o valor do título. O aceitante pode aceitar apenas parte da obrigação incorporada pelo título, e esse fenômeno é conhecido como aceite parcial; o aceite parcial pode ser limitativo (quando o aceitante concorda com apenas parte da obrigação) e/ou modificativo (quando o aceitante modifica o prazo para o pagamento da obrigação). A recusa/aceite parcial gera como consequência o mesmo efeito da recursa total que é a antecipação do vencimento de toda a obrigação em relação ao sacador. Por ser um ato de livre vontade, o aceitante só se vincula ao título nos estritos limites do seu aceite. Se o sacador incluir a cláusula “não aceitável” o título passa a ser impedido de ter o seu vencimento antecipado em relação ao sacador. 
 
· ENDOSSO: é o ato de transferência do crédito cambiário, constante de um título nominativo e com a clausula “a ordem”. Só cabe endosso se o título for nominativo; A cláusula “não a ordem” proíbe o endosso; o sujeito que transfere o crédito é chamado de endossante/ endossador; e o beneficiário dessa transferência é chamado de endossatário. A índole do direito cambiário é a de proteção do credor, por isso que aquele que reconhece a existência do crédito (que acontece quando se assina o título) também se responsabiliza pela sua solvência. O endossante é aquele que assina e se torna responsável pela solvência do título. 
OBS: o endosso além de transferir o crédito cambiário também produz o importante efeito de vincular o endossante ao cumprimento da obrigação, ou seja, o endossante se torna um dos devedores do título de crédito. Para que isso não aconteça, deve constar no título a cláusula “sem garantia”. 
Existem várias modalidades de endosso: 
- ENDOSSO EM PRETO/ESPECIAL: o endossante identifica o endossatário 
- ENDOSSO EM BRANCO/GERAL: o endossante não identifica o endossatário, e nesse caso, será endossatário quem tiver a posse do título. A responsabilidade pela solvência do endossante continua a mesma, e mesmo com as várias transferências, a responsabilidade é de quem assinou
- ENDOSSO PRÓPRIO: aquele que efetivamente transfere o crédito cambiário
- ENDOSSO IMPRÓPRIO: aquele que produz outros efeitos que não necessariamente é a transferência do crédito cambiário, podendo ser divido em: 
· ENDOSSO PROCURAÇÃO/MANDATO: não há a transferência do crédito; o que há é a transferência dos poderes relacionados com o exercício do direito de crédito. Pedir a outra pessoa para que receba o valor da dívida constante de um título, desde que estipulado no título esse poder de receber. Nesses casos de endosso procuração, a pessoa que foi autorizada a receber o crédito, se torna também credora do título, para que isso não aconteça, deve ficar claro que esses direitos foram transmitidos “por procuração”, e assim a pessoa terá apenas os direitos de receber, da quitação ou cobrar judicialmente/extrajudicialmente
 
· ENDOSSO CAUÇÃO/GARANTIA/PENHOR: não transfere o crédito para o terceiro; o título é dado em garantia de uma outra obrigação ate certa data, caso o crédito não seja quitado ate essa data estipulada, o crédito se consolida na mão do terceiro que recebeu o credito em garantia. Nesses casos, a pessoa que vai receber em garantia só pode cobrar seu crédito após a data estipulada. 
· AVAL: é o ato de garantia fiduciária ou fidejussória do crédito cambiário. Além do patrimônio do devedor, que é a garantia geral das obrigações, existe a possibilidade de algumas garantias extras/adicional: garantia real (bem específico do devedor como garantia) e garantia fiduciária (patrimônio de outra pessoa). O garantidor da obrigação é chamado de avalista; e aquele que tem sua obrigação garantida é chamado de avalizado. 
- AVAL EM PRETO: aquele que identifica o avalizado 
AVAL EM BRANCO: aquele que não identifica o avalizado. Se isso não acontece, a obrigação garantida é a obrigação do sacador do título (art. 31 da LUG – lei uniforme de Genebra – decreto 57.663/66 o responsável por introduzir a lug ao direito brasileiro). 
A simples assinatura no anverso pode configurar o aval – caso seja feita por um terceiro
- DIFERENÇAS ENTRE AVAL E FIANÇA:
- a relação entre avalista e avalizado é uma relação solidaria. Os dois são devedores da obrigação na mesma medida. O credor pode exigir o cumprimento da obrigação de qualquer um deles dois, sem benéfico de ordem, já que é uma relação solidaria. 
- na fiança existe o benefício de ordem e no aval não existe esse beneficio
- o aval é marcado pela autonomia e na fiança não há essa autonomia por ser uma obrigação acessória
- SEMELHANÇA: 
- as duas são obrigações fiduciárias/fidejussórias fixadas em razão da segurança 
IMPORTANTE PARA A PROVA:
- EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO CAMBIÁRIO: é o momento de exercício dos direitos
 - Os devedores de um título de crédito podem ser divididos em duas categorias: 
· Devedor principal: no título de crédito com aceite, o devedor principal é o aceitante; e no título de crédito sem aceite o devedor principal é o sacador; se houver avalista de aceitante, ele é principal 
· Devedor coobrigados: o sacador (para títulos com aceite) e os endossantes – com ou sem aceite; se houver avalista de sacador ou de endossante, ele será coobrigado 
· O avalista sempre deve ser enquadrado na mesma categoria do avalizado (o avalista do aceitante também é devedor principal; e o avalista do sacador é coobrigado; o avalista dos endossantes também serão coobrigados)
- o requisito de exigibilidade do credito cambiário contra o devedor principal é o vencimento; já para se cobrar dos coobrigados é necessário o vencimento e o protesto (ato formal que comprova a negativa de pagamento por parte do devedor principal, feito por um agente público)
- os devedores de um título de credito podem ser organizados em cadeia: 
· 1º - aceitante +avalista = devedores principais 
· 2º - sacador e avalista 
· 3º - os endossantes em ordem cronológica e seus respectivos avalistas 
OBS: 
- a relação estabelecida entre avalista e avalizado é de solidariedade civil
- a relação estabelecida entre devedor principale coobrigados, ANTES DO PROTESTO, é de subsidiariedade. A relação entre todos os devedores DEPOIS DO PROTESTO, é de solidariedade empresarial = o credor poderá exigir o cumprimento de qualquer devedor, surgindo para esse devedor demandando a extinção da sua obrigação e de quem estiver depois dele na cadeia, surgindo o direito de regresso contra quem estava antes dele, até que se chegue ao devedor principal. 
- VENCIMENTO: é o requisito de exigibilidade por excelência. É o ato ou fato determinado em lei que torna o crédito exigível. Existem duas espécies de vencimento ordinário (a vista e a prazo); e existem ainda os vencimentos extraordinários (a falência do aceitante e a recusa do receite). A regra mais importante do prazo de vencimento é que prazo não se converte e deve ser contado na mesma unidade que ele foi estabelecido, salvo se a unidade não estiver inteira (meio mês = 15 dias). O meio do mês é sempre o dia 15 daquele mês. O início do mês será sempre o dia 01 e o final do mês é sempre o último dia do mês. Se o último dia do prazo cair em dia não útil, ele é prorrogado para o primeiro dia útil subsequente (a LUG fala em dois dias uteis, mas o brasil faz uma ressalva sobre isso e estabelece o que está no decreto 2.044/1908 que fala em primeiro dia útil subsequente) entende-se por dia útil como aquele em que acontece expediente bancário integral. 
 
- PAGAMENTO: é a forma natural de extinção das obrigações, é o adimplemento obrigacional, o cumprimento da obrigação. Ao realizar o pagamento cautelas especificas devem ser adotadas, além das cautelas do direito obrigacional: exigir que a quitação seja dada no próprio título, por conta do princípio da literalidade; exigir que o título seja entregue ao devedor, por conta do princípio da cartularidade. 
O pagamento pode ser classificado em 3 formas distintas: 
- PAGAMENTO LIBERATORIO/EXTINTIVO: o pagamento feito pelo devedor principal 
- PAGAMENTO RECUPERATORIO: aquele feito por um coobrigado
-PAGAMENTO POR INTERVENÇÃO: aquele realizado por um terceiro estranho aquela relação jurídica cambial. 
 
- PROTESTO: é o ato formal para a comprovação de determinada situação jurídica. É o agente público declarando a negativa daquela situação. São 3 tipos de protesto: 
- PROTESTO POR FALTA DE ACEITE 
- PROTESTO POR FALTA DE DATA DO ACEITE: diante da negativa de alguém o sujeito tem 3 opções: o preenchimento por parte do credor; pode deixar em branco e deixar o prazo de aceite ou pode fazer o protesto. 
- PROTESTO POR FALTA DE PAGAMENTO: permite que os coobrigados possam ser cobrados, aumento a margem de chance de recebimento. Ele só tem essa função se ele for requerido no prazo, que é de 1 dia útil após o vencimento do crédito. O protesto feito depois do prazo não conserva o direito de crédito contra os coobrigados. 
- AÇÃO CAMBIAL: não existe uma ação com esse nome, o que se chama de ação cambial é o conjunto de medidas judiciais para o exercício dos direitos que emanam de um título de crédito. 
O titulo de credito é um titulo executivo e por isso a primeira medida que pode ser exercida sobre esse título é a execução, e para essa execução o prazo muda dependendo de quem seja o executado; se for contra o devedor principal, o prazo é de 3 anos a contar do vencimento; já se for contra os coobrigados o prazo é de 1 ano a contar do protesto; se o direito de regresso for ser utilizado, o prazo é de 6 meses a contar do pagamento. 
Existe uma cláusula que se chama sem protesto ou sem despesa que faz com que o protesto seja dispensado e ele não vai ser necessário para conservar o direito de crédito contra os coobrigados. 
Os efeitos do protesto são transferidos para o vencimento caso o título tenha essa cláusula e o prazo passa a ser contado do vencimento. 
Se o prazo para a execução foi perdido, cabe uma ação monitoria – reestabelecer a executividade do título e o prazo para essa ação é de 5 anos, a contar do vencimento do título. (sumulas 503 e 504 do STJ) se o prazo da monitoria for perdido, pode ser proposta uma ação ordinária de cobrança que terá como fundamento o fato que deu origem ao título de crédito. Se o prazo da ação ordinária de cobrança for perdido, mas nada pode ser feito. 
- ESPÉCIES DE TÍTULO DE CRÉDITO:
 
- LETRA DE CAMBIO: ainda é regida pela LUG, mas em casos de convergência entre a LUG e o CC, o que irá prevalecer é a LUG (art. 903 do CC). É uma ordem incondicional de pagar quantia determinada. Tudo visto até agora se aplica a letra de cambio
 
- NOTA PROMISSORIA: ainda é regida pela LUG, mas em casos de convergência entre a LUG e o CC, o que irá prevalecer é a LUG (art. 903 do CC). É a promessa incondicional de pagar quantia determinada. E as regras da letra de cambio se aplicam as notas promissórias, exceto aquelas incompatíveis com a sua estrutura – que são as regras relacionadas com o aceite, inclusive os dois primeiros tipos de protesto. 
AULA EXTRA:
- NOME EMPRESARIAL: é importante para fins de identificar o empresário; para isso pode ser tratado de forma comparativa com o nome civil da pessoa física. Serve para individualizar a empresa e passa a ter uma ligação com o empresário. Sabendo que o empresário tem mais de uma faceta (PJ e PF), é importante saber que o nome também atribui individualização da sua atividade. Muitas vezes o nome revela o tipo de atividade exercida pelo empresário, qual o tipo de sociedade também é apresentado através do nome. E isso é importante porque no momento de realizar NJ, o sujeito está ali contratando o furto da vontade de pessoas, o que engloba a vontade dos sócios, o que determina se a responsabilidade será limitada ou ilimitada. 
- Outra função importante do nome empresarial é o fato de revelar o objeto social da empresa, qual a atividade ela propõe a desenvolver. 
 
-PROTEÇÃO JURIDICA DO NOME EMPRESARIAL: ocorre quando a pessoa tem a possibilidade de realizar a inscrição da empresa individual; outra forma de proteção é o arquivamento do contrato social para a sociedade empresarial – por meio de registro público; outra forma é a alteração contratual – com respaldo na CF – é possível que o nome seja alterado por meio dessa alteração contratual (art. 5º, XXIX da CF e o art. 1.666, CC e a lei 8.934, art. 33). 
- DECRETO 1.800/96 = tem um importante papel pois regula a lei 8.934/94 sobre os arts. 61 e 62 dessa lei. Há uma instrução normativa do departamento nacional de registro de comercio de número 116 – impossibilidade de nomes idênticos no registro primário (Art. 1163 CC). 
- Concorrência desleal: decorre da proteção jurídica - lei 9279/96 art. 195, V = utilizar de maneira errada o nome de uma empresa alheia, comete crime de concorrência desleal. 
- REGRA GERAL DA PROTEÇÃO: decorre inicialmente da mera inscrição; uma vez realizada a inscrição a regra é de que o nome é protegido em todo o estado membro em que foi registrado. Existem situações que são excepcionais e fogem a regra de ter a proteção apenas no estado membro – essas situações têm a proteção em todo o território nacional por decorrência da lei. E por isso o nome pode até mesmo ter proteção internacional – proteção prevista no art. 1166 do CC. 
Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado.
Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território nacional, se registrado na forma da lei especial.
 
- Uma das distorções que pode acontecer é justamente a dupla inscrição, o que gera a obrigação de quem realizou a segunda inscrição que modifique algo nesse nome para distingui-los. 
 - Não há a possibilidade de se realizar a alienação do nome empresarial (art. 1164, CC) 
OBS: Tem um caso específico que envolve sociedades – quando há uma sociedade em que há a venda das cotas, aquele que a adquire também passa a ter responsabilidade sobre o nome, ou seja, o nome acompanha a sociedade nessa operação de vendas. 
Pode haver alguma irregularidade na inscriçãodo nome? Sim! Muitas vezes na inscrição ocorrendo uma violação de lei ou de contrato este nome pode vir a ser anulado por meio de uma ação judicial. 
- ISNCRIÇÃO E CANCELAMENTO DO NOME EMPRESARIAL: pode existir o cancelamento do nome quando houver a cessação do exercício da atividade empresarial; ou quando a sociedade empresária for liquidada. 
- MICROEMPRESA: a microempresa e a empresa de pequeno porte têm que ter a sua designação por extenso ou a abreviação “ME” ou “EPP” – lei complementar 123/0/2006 art. 72 
- EMPRESA DE PEQUENO PORTE: têm que ter a sua designação por extenso ou a abreviação “EPP” – lei complementar 123/0/2006 art. 72 
- Caso a microempresa ou a sociedade de pequeno porte não utilizem essas expressões pode gerar a pena de não poder utilizar ao regime jurídico do simples nacional – regime com simplificação do recolhimento dos tributos. 
- Nome empresarial é gênero e as espécies são: (art. 1155, CC) 
 firma – se relaciona com nome/assinatura, e por isso firma é mais utilizada por empresários individuais; 
- Caso o termo firma seja utilizado para sociedade é necessário que isso aconteça com o apontamento do nome civil de um dos sócios (arts. 1157 e 1158, parágrafo 1º); (art. 1156, CC) 
ou denominação – aqui tem que se fazer alusão ao objeto da sociedade, necessariamente; (art. 1158, §2º). Mesmo se tratando de denominação, é possível que o nome de um de todos os sócios seja utilizado, ou pode ser usada uma expressão fantasia. 
Algumas regras devem ser observadas para algumas sociedades limitadas: sempre conter o termo LTDA ou LIMITADA. Se a sociedade não utilizar essas expressões a responsabilidade dos sócios passará a ser ilimitada de forma solidaria. (art. 1158, §3º, CC). 
- nos casos de sociedades cooperativas: teve conter o termo “cooperativa” no nome (1159, §3º, CC) 
- Quando se trata de sociedade anônima ou empresas com capital aberto é necessário se fazer a alusão de “SA” ou “CIA” ou o nome sociedade anônimo (art. 1160, CC)
OBS: sociedade simples, fundações e associações gozam do mesmo modo de proteção do nome – a proteção jurídica do nome empresarial se aplica também para essas (art. 1155, CC). 
- TÍTULO DE ESTABELECIMENTO OU NOME FANTASIA: é a expressão que se utiliza para identificar o local que se exerce as atividades da empresa. Título de estabelecimento não se confunde com nome empresarial – o título pode ser uma expressão totalmente diferente do nome empresarial, sem identificação nenhuma entre um e outro. O título do estabelecimento/nome fantasia não goza da mesma proteção que tem o nome empresarial, sendo regimes jurídicos totalmente diferentes, o que não quer dizer que ele fica desprotegido, o nome fantasia não permite a usurpação indevida – proteção contra o ato ilícito. A outra forma de proteção se da por meio da lei de concorrência desleal (lei 9279, art. 209)
OBS: é comum se utilizar o nome fantasia no ato constitutivo e isso não quer dizer que a proteção jurídica vai acontecer. As pessoas fazem isso porque há a possibilidade de usar o nome fantasia no cartão CNPJ (documento utilizado com informações da empresa) ou por conta da possibilidade de ter como referência uma prova para quem queira usar esse nome posteriormente 
OBS: em alguns casos o tipo de estabelecimento se torna a marca empresarial (art. 124 da lei de concorrência desleal) 
- INSIGNI: é um símbolo que se utiliza (art. 122 da lei de concorrência) para o reconhecimento da empresa
- ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL: (art. 1179) é fazer a contabilidade da empresa; essa contabilidade é a feita com o registro patrimonial ou financeiro das empresas. Isso demanda o estudo do regime jurídico dessas demonstrações: através do balanço patrimonial ou o balanço do resultado econômico.
- Essas demonstrações contábeis obriga o empresário a fazer um levantamento anual dos números da empresa 
Obs.: o pequeno empresário não é obrigado a seguir esse modelo de estruturação
- BALANÇO PATRIMONIAL: deve ser uma cópia fiel da situação patrimonial da empresa; essa demonstração deve acontecer desde o início da empresa até o momento da sua realização. Balanço geral das atividades
- BALANÇO DO RESULTADO ECONOMICO: diz respeito a situação financeira da empresa por apenas um período. Isso é possível de se visualizar com as despesas e receitas desse período, até mesmo para se saber se houve lucros ou não na empresa. Balanço específico das atividades 
- LIVROS: existem dois tipos de livros – os livros obrigatórios e os facultativos.
Os obrigatórios são aqueles que devem seguir o estabelecido por lei e um deles é chamado de livro diário – onde todas as sociedades devem utilizá-lo, salvo microempresa, empresa de pequeno porte e MEI. Esse livro diário comporta uma alternativa de substituição que se dá através das fichas ou das folhas impressas – o que é chamado de livros de balancetes diários ou balanços. (art. 1185, CC)
Existem alguns livros que são obrigatórios para alguns empresários e em determinadas circunstâncias: o livro de duplicatas é um exemplo disso porque algumas empresas no curso de suas atividades emitem duplicatas. (lei 5476, art. 19); outro exemplo de livro assim são os aplicados as SA: registro de ações nominativas, registros de transferências dessas ações nominativas e registro das atas de assembleias. 
Outro exemplo de livro obrigatório é aquele aplicável as cooperativas – livro de matrícula, que do acesso ao registro de todos aqueles que compõe a cooperativa; atas do conselho fiscal e atas de assembleia geral (lei 8764/71, art. 22) 
Os facultativos são aqueles que ficam por conta da opção do empresário. Exemplo: livro razão – é um livro de traz uma melhor expressão das partidas dobradas = técnica de registro onde para cada entrada há uma saída (art. 1179, §1º, CC) 
- Os livros são importantes para fins de facilitar a escrituração e os atos tributários. São meios de provas para o empresário e por isso são tão importantes. (art. 226, CC) 
- CHEQUE - lei 7357/85: a doutrina faz referência ao cheque, sobre seu primeiro exemplar no ano de 1670, na Inglaterra; surgiu por conta da segurança jurídica que gerava.
- no brasil, a primeira referencia sobre o instituto foi na lei 1.063/1860; 
CONCEITO: é um titulo formal, pelo qual a PF ou PJ, com base em previa previsão de fundos em poder de banco ou instituição financeira, da uma ordem incondicional de pagamento a vista em seu próprio beneficio ou de 3º. 
- é um instrumento formal
- a ordem incondicional: ordem de pagamento –> sacador – sacado – tomador
Conta bancária: é o elo entre o sacador e o sacado
- é um contrato com a instituição financeira sacada e emitente 
- A devolução indevida de cheques é ato ilícito civil, podendo a instituição ser responsabilizada por eventuais danos econômicos e/ou morais (morte civil do correntista) 
- a emissão de cheque sem fundos pode constituir estelionato
MODALIDADES DO CHEQUE: 
- CHEQUE VISADO: banco lança declaração de suficiência de fundos, devendo reservar o valor pelo prazo de sua apresentação 
- CHEQUE ADMINISTRATIVO: sacado pelo banco contra um de seus estabelecimentos e deve ser nominativo 
- CHEQUE CRUZADO: aposição de dois traços paralelos no anverso do título, a identificar que o pagamento do cheque deve ser efetuado mediante crédito em conta (identificação do beneficiário) 
- CHEQUE PARA SE LEVAR EM CONTA: consta, por escrito, para ser creditado em conta, não podendo ser pago em dinheiro 
- DUPLICATA: lei 5474/1968

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