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Prevenção da Corrupção e Ouvidoria na Gestão Pública

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Aula 06
Ciência Política e Gestão Pública p/ AFC/CGU - Prevenção da Corrupção e Ouvidoria
Professor: Rodrigo Barreto
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SUMÁRIO PÁGINA 
1. Setor público e sociedade civil na gestão políticas 
públicas. 
1 
2. Processos participativos de gestão pública: conselhos 
de gestão, orçamento participativo, parceria entre 
governo e sociedade. 
12 
3. Questões comentadas 22 
4. Lista de questões 36 
5. Gabarito 46 
 
1. Setor público e sociedade civil na gestão políticas públicas. 
 
 É importante, para este primeiro momento, trazer à tona o 
pensamento de Maria do Carmo Albuquerque. 
 
 Conforme lembra a referida autora, o Brasil é um país marcado 
pela desigualdade e por uma cultura do privilégio e do favor que 
predominam sobre a consciência dos direitos. É nesse contexto que o 
empenho de setores democráticos da sociedade civil, especialmente os 
movimentos sociais vêm, desde as lutas contra a ditadura militar e 
pela conquista de uma Constituição Cidadã, em 1988, convergindo 
para a construção de políticas públicas inclusivas, que buscam garantir 
direitos universais e o direito da sociedade civil exercer um controle 
público sobre elas. 
 
 O Brasil compartilha com os demais países do Cone Sul uma 
herança colonial marcada pela dizimação dos povos indígenas e por um 
processo tortuoso de construção nacional vinculado aos interesses 
econômicos das metrópoles. Portugal, Espanha, Inglaterra e, mais 
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recentemente, os Estados Unidos polarizaram fortemente os 
movimentos e decisões econômicas e políticas nestes países. 
 
A implantação do Estado nacional ocorreu sobre nações que se 
constituíram a partir de sociedades indígenas, incluindo povos 
africanos, amalgamados sob relações autoritárias e violentas com 
povos europeus. Nestas condições se articularam formas tradicionais e 
formas ocidentais de relações sociais e concepções sobre o indivíduo, a 
sociedade e o poder que coexistem de forma complexa e contraditória 
até os dias de hoje. 
 
Apesar destas semelhanças, o Brasil se distingue dos vizinhos 
países de colonização hispânica por algumas características 
importantes. Entre elas a escravidão negra, que perdurou por quase 4 
séculos (até 1888) e desenvolveu-se de modo peculiar, abrangendo 
quase todo o território nacional. 
 
Ao contrário de outros países, as relações escravocratas no Brasil 
SURSLFLDUDP�XPD�FRQYLYrQFLD�DR�PHVPR�WHPSR�³IDPLOLDU´�H�FUXHO�HQWUH�
senhores e escravos que compartilhavam o mesmo espaço doméstico, 
gerando a cultura do chamado compadrio, do favor e da subserviência. 
Os filhos do senhor com as escravas ou os seus protegidos 
aprenderam que a docilidade era uma via de ascensão social ± que é 
assim entendida como favor e não como direito. Daí se desenvolve 
XPD�HVSpFLH�GH�³FRUGLDOLGDGH´�TXH�PDUFD�D�FXOWXUD�EUDVLOHLUD�FRP�XPD�
certa aversão ao conflito. 
 
No início do período colonial o país organizou-VH�HP�³FDSLWDQLDV�
KHUHGLWiULDV´��FXMD�IRUPD�GH�RUJDQL]DomR�IDYRUHFHX�D�LQGLVWLQomR�HQWUH�
o público e o privado. Ao longo dos primeiros séculos, os proprietários 
de terras e donos de empreendimentos privados converteram-se em 
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FKHIHV� SROtWLFRV�� FRQKHFLGRV� FRPR� ³FDXGLOKRV´� QR� Sul, ou como 
³FRURQpLV´�HP�PXLWDV�RXWUDV�UHJL}HV��HVSHFLDOPHQWH�QR�1RUGHVWH��RQGH�
a preponderância do exercício privado do poder chegou ao extremo em 
IHQ{PHQRV� FRPR� R� FKDPDGR� ³FDQJDoR´� HP� TXH� VH� GLVVHPLQRX� D�
atuação de milícias privadas nas disputas locais. Geraram-se então 
oligarquias locais, que dominaram o poder político nas províncias. 
 
A Independência foi proclamada em 1822 e pouco se alteraram 
as relações políticas. Ao contrário dos demais países, o Brasil viveu 67 
anos num regime monárquico que consolidou, dominando inúmeras 
revoltas e guerras regionais, um extenso Império fortemente 
centralizado. 
 
A República, em 1889, finalmente acolhe o pensamento liberal 
em voga na Europa pós-revolução francesa, o qual permanece em 
conflito durante longas décadas com as tradições patrimonialistas, 
coronelistas e caudilhescas que predominam nas províncias. A 
FKDPDGD�³SROtWLFD�GRV�JRYHUQDGRUHV´�FDUDFWHUL]D�HVWH�SHUtRGR�������D�
1930), marcado pelo predomínio de alguns governadores (São Paulo e 
Minas Gerais) no comando do Estado nacional. 
 
O início da industrialização e da urbanização gera o surgimento 
de uma pobreza urbana acompanhada de doenças e epidemias. Até 
então a filantropia de base religiosa e o controle sobre os pobres 
caracterizam as políticas sociais voltadas, por exemplo, à saúde e aos 
FKDPDGRV�³PHQRUHV�GH�LGDGH´��1D�YLUDGD�SDUD�R�VpFXOR�;;��R�DQDUFR-
sindicalismo e o ideário socialista marcam movimentos sociais que 
RUJDQL]DP�� SRU� XP� ODGR�� IRUPDV� GH� ³DX[tOLR� P~WXR´� H�� SRU� RXWUR��
reivindicam maior proteção social por parte do Estado. 
 
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Somente na Segunda República, que se inicia com a chamada 
Revolução de 30 e a Era Vargas, começa a delinear-se um projeto de 
Estado nacional. Nesse período ocorreu uma forte centralização do 
Estado, que passou a intervir na economia e nas relações sociais de 
forma marcante, auxiliado por um processo de burocratização da 
administração apoiado no autoritarismo. Durante os quinze anos da 
ditadura de Getúlio Vargas (1930 a 1945), o Estado brasileiro passou 
de uma estrutura de Estado federal-oligárquica, na qual os 
governadores gozavam de significativo poder e autonomia, para um 
modelo nacional-centralizado. 
 
Entre o final dos anos 50 e o início dos anos 60 houve uma forte 
mobilização sindical, camponesa e social, que se associa ao chamado 
movimento pelas reformas de base. Foram antecedentes de 
movimentos que persistem até hoje na sociedade como o movimento 
pela reforma agrária, reforma urbana, reformas na educação e o 
movimento sanitarista. O golpe militar de 64 interrompeu estas 
mobilizações e reorientou estas propostas, restando a unificação dos 
institutos de saúde, aposentadoria e pensões e o surgimento do 
Sistema Financiamento da Habitação (SFH), que produziu uma política 
habitacional forte e centralizada. A centralização também caracterizou 
SROtWLFDV�YROWDGDV�DR�³PHQRU´� 
 
A resistência e a luta contra a ditadura provocaram o surgimento 
de novas formas de organização na sociedade brasileira. A perseguição 
aos partidos de esquerda e aos movimentos sindical, camponês e 
estudantil gerou a politização de novos espaços de organização social 
como os bairros, as questões de gênero, de etnias, do meio ambiente, 
das crianças e jovens marginalizados. Estes novos movimentos sociais 
emergiram na cena pública questionando o autoritarismo e o 
centralismo da ditadura militar e colocando em pauta a exigência de 
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direitos ± civis, sociais e políticos ± e o direito de participar da 
definição das políticas que viessem a garantir esses direitos. 
 
 Posteriormente, de acordo com Arretche, uma das grandes 
reivindicações democráticas dos anos de 1970 e 1980 consistia na 
descentralização das políticas públicas. A avaliação unânime de que a 
excessiva centralização decisória do regime militar havia produzido 
ineficiência, corrupção e ausência de participação no processo decisório 
conduziu a um grande consenso, que reunia, na verdade, correntes 
políticas à esquerda e à direita, em torno das virtudes da 
descentralização. 
 
 Esta última, em tese, ao menos, produziria eficiência, 
participação, transparência, accountability, entre outras virtudes 
esperadas da gestão pública. Assim, no Brasil dos anos de 1980, 
centralização e autoritarismo eram ambos encarados como filhos da 
ditadura, ao passo que descentralização, democratização do processo 
decisório e eficiência na gestão pública andariam automaticamente 
juntas. 
 
 Segundo Arretche, no Brasil, ocorreram dois fenômenos: 
reformas das instituições políticas ao longo dos anos de 1980, 
particularmente, a retomada de eleições diretas em todos os níveis de 
governo a partir de 1982 e as deliberações da Constituição Federal de 
1988 ± recuperaram as bases federativas do Estado brasileiro, 
suprimidas durante a ditadura militar; e, posteriormente, já nos anos 
de 1990 e já completada a institucionalização do Estado federativo, 
implementou-se um extensivo programa de descentralização, 
particularmente na área das políticas sociais. 
 
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 Aprovaram-se então, em decorrência da nova Constituição, a lei 
federal que criou o Sistema Único de Saúde (SUS), o Estatuto da 
Criança e do Adolescente (ECA) e a Lei Orgânica da Assistência Social 
(LOAS). Somente em 2001 se conseguiu aprovar o Estatuto da Cidade, 
que possibilita a constituição de um sistema descentralizado e 
participativo de política urbana, semelhante aos demais. Estas políticas 
foram escolhidas por nós como representativas do engajamento de um 
setor dos movimentos sociais e da sociedade civil brasileiros na 
ampliação dos direitos e da democracia em nosso país. 
 
 Assim, a Constituição Federal de 1988 consolidou uma agenda de 
reformas, que ganhou força nos anos 80 atendendo, principalmente, 
aos movimentos por democratização do Estado e garantia de direitos. 
A constitucionalização de direitos sociais evidenciou as aspirações de 
um modelo universalista e redistributivo, com políticas sociais 
majoritariamente providas pelo Estado. 
 
 Franzese lembra que, no campo organizacional, a agenda 
democrática levou à defesa da descentralização e da participação 
popular, afirmando a ideia de que democratização e descentralização 
caminhariam lado a lado. Esse movimento teve como consequência um 
fortalecimento dos municípios brasileiros fazendo com que, a partir de 
1988, o Brasil se tornasse um caso único de federação tríade, onde os 
municípios são considerados entes federativos ao lado dos estados e 
da União. 
 
 A elevação dos municípios ao status de ente federativo deu a 
eles maior autonomia política, administrativa e financeira, sendo esta 
última acompanhada por uma descentralização tributária relevante que 
levou a uma redistribuição de receitas, não só em prol dos municípios, 
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mas também dos estados, principalmente via aumento de 
transferências federais por meio dos fundos de participação. 
 
 De fato, dentre as propostas da agenda democrática dos anos 
80, a descentralização pode ser considerada uma das que mais 
avançou. Apesar de constitucionalizados, os direitos sociais ± que 
dependiam de políticas e investimento de recursos públicos ± não 
foram efetivamente implementados pelos governos pós 88, cuja 
omissão foi juridicamente justificada pela concepção de que a garantia 
de direitos como saúde e educação na Constituição, se dava por 
normas programáticas, com implementação gradual e cuja execução 
não poderia ser exigida imediatamente. 
 
 Desse modo, no início dos anos de 1990, quando já estavam 
consolidadas no Brasil as instituições federativas, os defensores do 
federalismo fiscal no Brasil acreditavam que a descentralização fiscal 
seria suficiente para que a descentralização de políticas sociais 
ocorresse. As evidências de que havia ocorrido descentralização do 
gasto social pareciam indicar que havia também ocorrido 
descentralização das políticas sociais. 
 
 No Brasil, no entanto, as políticas sociais, entendidas como um 
compromisso dos governos com o bem-estar efetivo da população, não 
estão no centro dos mecanismos de legitimação política dos governos. 
Por esta razão, a descentralização dessas políticas não tende a ocorrer 
por uma disputa política entre os níveis de governo, mas por indução 
do governo federal. Desse modo, a descentralização dessas políticas 
ocorreu quando o governo federal reuniu condições institucionais para 
formular e implementar programas de transferência de atribuições 
para os governos locais. 
 
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 É importante, ainda, ressaltar que descentralização não foi o 
único, mas provavelmente foi o mais importante ponto de 
convergência entre a agenda democratizante e a concepção 
universalista de direitos presente na Constituinte e a agenda de 
redução do Estado e ajuste fiscal dos anos 90. 
 
 Importante ressaltarmos, ainda, com fulcro em Maranhã e 
Teixeira, o histórico das relações entre a sociedade civil e o Estado no 
que concerne a políticas públicas. Isso porque as práticas de 
participação sempre existiram na história brasileira. Contudo, os 
sentidos que estas práticas adquiriram ao longo desta história são 
bastante diferentes. Estes sentidos estão relacionados às questões 
reivindicadas pelos grupos mobilizados e aos contextos nos quais esta 
participação esteve inserida, conforme ressaltam os autores em 
questão. 
 
 Primeiramente, cumpre lembrar que o processo de 
industrialização do país, impulsionado a partir dos anos 1930, foi um 
importante marco na definição de um tipo de relação entre Estado e 
sociedade civil. A formação do Estado brasileiro foi responsável pelo 
estabelecimento de um padrão corporativo, clientelista e tutelar de 
relação com os movimentos sociais existentes na época. Estes eram, 
sobretudo, de operários de inspiração anarquista e socialista e de 
trabalhadores rurais. 
 
 Este período afirmou os traços autoritários e conservadores 
constitutivos da sociedade brasileira. Nas palavras de Chauí, ³XPD�
sociedade verticalizada e hierarquizada (embora não o percebamos) na 
qual as relações sociais são sempre realizadas ou sob a forma da 
cumplicidade (quando os sujeitos sociais se reconhecem como iguais), 
ou sob a forma do mando e da obediência entre um superior e um 
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inferior (quando os sujeitos sociais são percebidos como diferentes, a 
diferença não sendo vista como assimetria, mas como desigualdDGH��´. 
Desse modo, a participação neste momento era bastante restrita e 
grande parte dela estava sob a tutela estatal, respondendo a uma 
concepção autoritária e paternalista do conflito. 
 
 A radicalização social e política foram crescentes nestes anos. 
Mas a correlação de forças não era favorável à aprovação das reformas 
de base formuladas pelo então presidente João Goulart, que obtivera 
apoio dos movimentos sociais. O presidente não tinha apoio no 
Congresso Nacional e setores da sociedade estavam cada vez mais 
preocupados com a radicalização destas propostas. É neste contexto 
que os militares dão um golpe de Estado e assumem o poder em 
março de 1964. O Estado militar fechou até mesmo as precárias 
esferas de interlocução com a sociedade civil existentes e, a partir de 
1966 com a edição dos Atos Institucionais (AIs), intensificou a 
repressão e a violência aos movimentos sociais e a todos os militantes 
de esquerda, por meio da cassação às liberdades civis e políticas. 
 
 A partir da segunda metade dos anos 70, os movimentos sociais 
protagonizam o alargamento do espaço da política por meio da 
politização de suas práticas cotidianas. Nas reuniões de bairro, em 
clubes de mães, no chão das fábricas, nos salões de Igrejas, as 
necessidades privadas adquirem um sentido público quando as pessoas 
³VH� RUJDQL]DP� SDUD� H[SUHVVDU� R� GHVHMR� GH� LQWHJUDU-se a uma outra 
esfera de poder, aquela que pertence à ordem da cidadania e dos 
GLUHLWRV´�� GH� DFRUGR� FRP� 3DROL�� Lembramos que diferentes atores se 
mobilizavam na crítica ao Estado centralizado e questionavam a 
concepção deste ser o único espaço de formulação de um projeto de 
sociedade. A mobilização social lutava pela descentralização política e 
pela inclusão de sua participação no processo decisório. 
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 O movimento pelas Diretas Já (1984) deve ser considerado outro 
importante marco para a contextualização da participação na 
sociedade brasileira. Mesmo com a derrota da emenda que asseguraria 
eleições diretas para presidente ainda em 84, o que só viria a 
acontecer em 1989, a mobilização para discutir os rumos do país foi 
emblemática na luta pela construção da cidadania brasileira. 
 
A atuação dos movimentos sociais em relação à democracia 
sofreu uma importante mudança neste contexto, já que a 
institucionalidade democrática passou a ocupar as suas pautas de 
discussão. Nesse contexto, a participação popular também se fez 
presente durante a convocação para a nova Constituinte, em 
novembro de 1986. Inúmeros fóruns de debate foram consolidados, 
das mais diversas áreas, com o objetivo específico de legitimar 
institucionalmente a participação popular. 
 
 O marco legal da Constituição de 1988 permitiu a organização de 
sistemas nacionais de gestão participativa das políticas sociais. Por 
meio da aprovação posterior de leis federais específicas de cada área 
(Lei Orgânica da Saúde, Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 
Orgânica da Assistência Social, Estatuto da Cidade, etc.), criaram-se 
espaços de negociação e cogestão destas políticas, conforme foi 
discutido nos artigos anteriores deste livro. A sociedade civil or-
ganizada desempenhou papel fundamental para a constituição e 
aprovação de todas estas leis. 
 
 Teixeira e Maranhão lembram que, além da abertura e 
consolidação destes canais de participação em políticas sociais como os 
conselhos gestores de políticas, a Constituição de 1988 forneceu 
capacidades financeiras e legais aos municípios, que permitiram que 
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atores locais e governos (especialmente partidos de esquerda, como o 
recente Partido dos Trabalhadores) criassem experiências 
participativas locais. O Orçamento Participativo, que ficou amplamente 
conhecido em todo o mundo a partir da experiência de Porto Alegre, foi 
uma dessas experiências, entre outras que procuraram democratizar o 
acesso da população ao orçamento público, abrindo as contas públicas 
e ampliando a participação cidadã. 
 
 Nesse sentido, a passagem dos anos 1980 para os anos 1990 foi 
o momento em que diferentes forças políticas procuraram desenvolver 
propostas de um novo padrão de relação entre Estado e sociedade, 
cada uma delas afirmando como deveria ser a construção democrática 
no Brasil. A participação adquiriu sentidos diversos, de um lado trata-
se de uma força que interpela o Estado na aposta da democratização 
das políticas públicas, de outro não passa de um instrumento que 
legitima a pRSXODomR�FRPR�³S~EOLFR-DOYR´�GH�SROtWLFDV�FRPSHQVDWyULDV� 
 
 Os canais de participação e formulação de políticas públicas em 
torno aos direitos conquistados coexistiram com políticas federais e 
locais de ³desrresponsabilização´ do Estado, implementadas a partir da 
Reforma do Estado neoliberal que tomou lugar nos anos 90. A década 
foi palco ainda da criação de várias organizações não-governamentais 
�SDUWH�GHODV�FRP�R�LQWXLWR�GH�UHDOL]DU�³SDUFHULDV´�FRP�JRvernos) e do 
DXPHQWR� GH� LQLFLDWLYDV� GD� FKDPDGD� ³UHVSRQVDELOLGDGH� HPSUHVDULDO´��
por meio de vários institutos e fundações. 
 
 
 
 
 
 
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2. Processos participativos de gestão pública: conselhos de 
gestão, orçamento participativo, parceria entre governo e 
sociedade. 
 
 Os processos participativos pressupõem atitudes de cooperação, 
integração e comprometimento com as decisões, em que se destaca o 
sentido educativo da participação, a qual, como prática, forma 
cidadãos voltados para os interesses coletivos e para as questões da 
política. Os defensores da democracia participativa inovam com sua 
ênfase na ampliação dos espaços de atuação dos indivíduos para além 
da escolha dos governantes e inovam também ao destacar o caráter 
pedagógico da participação. 
 
 Dessa forma, defende-se a tese de que há uma interrelação 
entre os indivíduos e as instituições, uma vez que a participação tem 
uma função educativa e os indivíduos são afetados psicologicamente 
ao participarem do processo de tomada de decisão, o que só é possível 
a partir do momento em que eles passam a tomar parte nos assuntos 
públicos e a levar em consideração o interesse público. Enfim, essa 
teoria assinala a importância da experiência nos processos 
participativos. 
 
 A ideia é que a participação tende a aumentar à medida que o 
indivíduo participa (ou seja, cada vez mais). Ela, assim, se constitui 
num processo de socialização e faz com que, quanto mais as pessoas 
participam, mais tendam a continuar neste caminho. Em outras 
palavras, é participando que o indivíduo se habilita à participação, no 
sentido pleno da palavra, que inclui o fato de tomar parte e ter parte 
no contexto onde estão inseridos. Na democracia
participativa há, 
portanto, uma exigência da participação dos cidadãos no processo de 
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tomada de decisão em uma sociedade democrática, porque ela tem um 
caráter pedagógico no aprendizado das relações democráticas, 
contribuindo para a politização dos cidadãos, o que é importante para 
eles exercerem um controle sobre os governantes. 
 
 Conforme ensina Gohn, a democracia participativa é um modelo 
de democracia que incorpora e defende a participação da sociedade 
civil no interior dos Estados democráticos, que busca restabelecer o 
vínculo entre democracia e cidadania ativa. Certamente que estas 
premissas têm um caráter teórico; elas poderão não se realizar ou se 
alterar na prática caso haja a presença de processos de controle, 
manipulação e regulação da participação fundados em interesses de 
grupos, interesses particulares, formas clientelistas etc. Ou seja, o 
PRGHOR� SDUWLFLSDWLYR� QmR� p� XPD� µUHFHLWD¶� TXH� VH� DSOLFD� H� JHUD� GDGRV�
resultados previsíveis. É um processo complexo, que precisa ser 
construído a partir de dadas intencionalidades e condicionalidades, de 
dadas premissas que coloquem os interesses públicos, dos cidadãos, e 
as carências efetivas existentes, como prioridades absolutas. 
 
 No Brasil, nas duas últimas décadas ocorreu a proliferação de 
práticas novas, advindas tanto da sociedade civil como da sociedade 
política, no campo do associativismo e das políticas públicas. Trata-se 
de processos participativos em movimentos populares, ONGs e outras 
entidades civis (fundações, associações, cooperativas etc.), com 
objetivos diversos, criadas a partir da sociedade civil. 
 
Na sociedade política tem ocorrido à criação ou implementação 
de novos canais de participação social, geradores de novas formas de 
sociabilidade e de fazer política - são os conselhos, câmaras e fóruns 
que atuam na esfera pública, articulando representantes da sociedade 
e dos organismos estatais na gestão de bens públicos. Com isso tem-
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se uma ampliação dos sujeitos sociopolíticos na cena pública e o 
estabelecimento de formas novas de relações sociais denominadas 
JHQHULFDPHQWH�FRPR�³SDUFHULDV�� 
 
 Os movimentos sociais passaram a atuar em rede e em parceria 
com outros atores sociais, dentro dos marcos da institucionalidade 
existente e não mais à margem do Estado, somente no interior da 
sociedade civil, como no período anterior, no regime militar. A nova 
fase gerou práticas novas, exigiu a qualificação dos militantes; ONGs e 
movimentos redefiniram seus laços e relações. No urbano os 
movimentos com matizes político-partidárias fortes se enfraqueceram, 
fortaleceram-se os movimentos com perfil de demandas mais 
universais, mais plurais em termos de composição social como os 
ecologistas e pela paz. 
 
 O exercício de novas práticas associativistas, ainda conforme 
Gohn, trouxe também um conhecimento mais aprofundado sobre a 
política estatal, sobre os governos e suas máquinas. Demandas pela 
ética na política e uma nova concepção de esfera pública foram um dos 
saldos dessa aprendizagem. O associativismo alterou-se, assim como a 
forma dos governos relacionarem-se com os grupos e movimentos 
organizados. Participação e controle social passaram a ser diretrizes e 
normativas, regulamentadas por leis e programas sociais. Tornaram 
políticas públicas, em alguns casos, buscam transformarem-se em 
políticas de governo. Uma intrincada arquitetura foi desenhada para 
redirecionar ou pautar formas de tratamento às questões sociais. 
 
 Conselhos de gestão. Os conselhos estão inscritos na 
Constituição de 1988 na qualidade de instrumentos de expressão, 
representação e participação da população. As novas estruturas 
inserem-se, portanto, na esfera pública e, por força de lei, integram-se 
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com os órgãos públicos vinculados ao poder Executivo, voltados para 
políticas públicas específicas, responsáveis pela assessoria e suporte 
ao funcionamento das áreas onde atuam. 
 
 Segundo Gohn, os conselhos gestores são diferentes dos 
conselhos comunitários, populares ou dos fóruns civis não 
governamentais porque esses últimos são compostos exclusivamente 
de representantes da sociedade civil, cujo poder reside na força da 
mobilização e da pressão e não possuem assento institucional junto ao 
poder público. Os conselhos gestores são diferentes, também, dos 
conselhos de "notáveis" que já existiam nas esferas públicas no 
passado, compostos exclusivamente por especialistas. 
 
 Os conselhos gestores são novos instrumentos de expressão, 
representação e participação; em tese, eles são dotados de potencial 
de transformação política. Se efetivamente representativos, poderão 
imprimir um novo formato às políticas sociais, pois relacionam-se ao 
processo de formação das políticas e tomada de decisões. Com os 
conselhos gera-se uma nova institucionalidade pública, pois eles criam 
uma nova esfera social-pública ou pública não-estatal. Trata-se de um 
novo padrão de relações entre Estado e sociedade porque eles 
viabilizam a participação de segmentos sociais na formulação de 
políticas sociais e possibilitam à população o acesso aos espaços nos 
quais se tomam as decisões políticas. 
 
 Gohn lembra que, apesar de a legislação incluir os conselhos 
como parte do processo de gestão descentralizada e participativa, e 
constituí-los como novos atores deliberativos e paritários, vários 
pareceres oficiais têm assinalado e reafirmado o caráter apenas 
consultivo dos conselhos, restringindo suas ações ao campo da 
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opinião, da consulta e do aconselhamento, sem poder de decisão ou 
deliberação. 
 
 A autora em questão coloca que existem duas posições em 
relação ao papel central dos conselhos, a saber: a primeira 
circunscreve-os ao plano da consulta, preocupa-se com a demarcação 
de sua atuação em relação ao Legislativo, defende que eles se limitem 
a ser auxiliares do poder Legislativo. 
 
A segunda postula que eles atuem como órgãos de fiscalização 
do Executivo, segundo uma perspectiva e um modelo de gestão 
descentralizada desse Executivo; preconiza-se que eles operem dentro 
das decisões que são tomadas em sua área. Essa segunda posição 
implica um estilo de governo que tenha como diretrizes e eixos 
fundamentais as questões da participação e da cidadania; um governo 
que aceite os conflitos como parte do jogo de interesses numa 
democracia. Portanto, o papel dos conselhos incide na discussão sobre 
as estratégias de gestão pública de uma forma geral e sobre o caráter 
das próprias políticas públicas em particular. 
 
Orçamento participativo. O orçamento participativo é um 
importante instrumento de complementação da democracia 
representativa, pois permite que o cidadão debata e defina os destinos 
de uma cidade.
Nele, a população decide as prioridades de 
investimentos em obras e serviços a serem realizados a cada ano, com 
os recursos do orçamento da prefeitura. Além disso, ele estimula o 
exercício da cidadania, o compromisso da população com o bem 
público e a co-responsabilização entre governo e sociedade sobre a 
gestão da cidade. 
 
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Conforme ensina o querido mestre Sérgio Mendes, ³o orçamento 
participativo (...) trata-se de um instrumento que busca romper com a 
visão política tradicional e colocar o cidadão como protagonista ativo 
da gestão pública. Objetiva a participação real da população no 
processo de elaboração e a alocação dos recursos públicos de forma 
eficiente e eficaz segundo as demandas sociais. Dessa forma, 
democratiza-se a relação Estado e Sociedade e são considerados os 
diversos canais de participação, por meio de lideranças e audiências 
públicas´. 
 
Mendes prossegue colocando que ³o processo de orçamento 
participativo tem a necessidade de um contínuo ajuste crítico, baseado 
em um princípio de autorregulação, com o intuito de aperfeiçoar os 
seus conteúdos democráticos e de planejamento, e assegurar a sua 
não estagnação. Assim, não possui uma metodologia única. Além 
disso, os problemas são diferentes de acordo com o tamanho dos 
municípios, principais implementadores do processo´. 
 
Desse modo, ressalta-se que, apesar de algumas experiências na 
esfera estadual, na experiência brasileira o Orçamento Participativo foi 
concebido e praticado inicialmente como uma forma de gerir os 
recursos públicos municipais. No nosso país, destaca-se a experiência 
da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Não há perda da participação 
do Legislativo e nem diretamente de legitimidade. Há um 
aperfeiçoamento da etapa que se desenvolveria apenas no Executivo. 
No orçamento participativo, a comunidade é considerada a parceira do 
Executivo no processo orçamentário. O que ocorre é que muitas vezes 
desigualdades socioeconômicas tendem a criar obstáculos à 
participação dos grupos sociais desfavorecidos. 
 
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Quando a decisão está nas mãos de poucos, torna-se mais rápida 
a mudança de direção ou de opiniões. Em um orçamento como o 
participativo, são feitas várias reuniões em diversas regiões para se 
chegar a uma conclusão. Em caso de necessidade de mudanças, é 
muito trabalhoso efetuá-las. Por isso no orçamento participativo 
considera-se que há uma perda da flexibilidade. Ocorre uma maior 
rigidez na programação dos investimentos, pois se tem uma decisão 
compartilhada com a comunidade, ao contrário da decisão 
monopolizada pelo Executivo no processo tradicional. 
 
Por fim, trago definição de Wampler, para quem o programa 
brasileiro de Orçamento Participativo (OP) é uma instituição 
participativa de amplo alcance, cuja iniciativa coube a governos 
municipais e a ativistas da sociedade, movidos pela esperança de criar 
processos orçamentários públicos, abertos e transparentes, que 
permitissem aos cidadãos se envolverem diretamente na seleção de 
resultados específicos de políticas públicas. 
 
Parceria entre governo e sociedade. No Brasil, 
desconsiderando iniciativas isoladas do passado, o surgimento das 
parcerias entre os setores público e privado, envolvendo organizações 
da sociedade civil para a viabilização e gerenciamento de atividades de 
interesse público de forma sistemática e contínua, ocorreu 
aproximadamente na década de 1980, em função da proposta de 
redução do campo de atuação do Estado e de ampliação da atuação da 
iniciativa privada na economia. 
 
Segundo Dias, as dificuldades de formatação de arranjos do tipo 
proposto pelas PPPs são grandes e começam na natureza 
fundamentalmente diversa dos atores envolvidos. O setor público e o 
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privado possuem características e objetivos próprios, exclusivos e 
diferenciadores. 
 
O setor privado objetiva o lucro de um determinado grupo e a 
maior parte de seus recursos é originada de seus clientes; já os 
objetivos do setor público são mais amplos e diversos grupos de 
interesse estão envolvidos, cada um com determinado poder de 
pressão, e suas receitas são oriundas dos tributos pagos pelos 
contribuintes, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas. 
 
No Brasil as parcerias, são feitas realizado por meio de uma 
legislação extensa e complexa, contratos baseados em comportamento 
(com regras de execução detalhadas) e uma institucionalização 
µH[DFHUEDGD¶� GR� FRQWUROH. Ou seja, rigor no formalismo que acredita 
que as regras podem determinar o desfecho de qualquer caso, e 
controle estrito e concomitante da Administração Pública em todas as 
fases da execução de projetos que envolvam contratações de entes 
privados. 
 
Segundo Cabral, Parcerias Público-Privadas podem ser 
consideradas, ainda, como uma relação contratual incompleta, 
marcada pela posse de informações assimétricas e racionalidade 
limitada. Relação contratual incompleta resulta do fato de que é 
impossível aos agentes prever e processar todas as contingências 
futuras relativas ao contrato. Ou seja, PPPs não são um arranjo 
perfeito, como de resto não os há. Porém, há estudos que demonstram 
a superioridade deste arranjo em relação aos demais instrumentos de 
parcerias entre a iniciativa pública e a privada. 
 
Como toda iniciativa pública no Brasil, as PPPs precisariam de um 
marco legal nacional que permitisse a execução dos projetos 
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pretendidos preservando o princípio de defesa da coisa pública. Após 
razoável sabatina legislativa e debates públicos propiciados por 
Governo, parlamentares e pela sociedade em geral, a Lei das Parcerias 
Público-Privadas - PPP foi sancionada em 30 de dezembro de 2004, Lei 
nº 11.079/04. O texto da Lei incorporou conceitos oriundos da 
experiência internacional e visou garantir que as parcerias público-
privadas fossem um instrumento efetivo na viabilização de projetos 
fundamentais ao crescimento do País e fossem balizadas na atuação 
transparente da Administração Pública e nas regras de 
responsabilidade fiscal. 
 
Segundo Di Pietro, no Brasil, para a contratação pública, usa-se a 
expressão mais ampla de ajustes entre o setor público e o privado, 
para a consecução de interesses comuns, como concessões, 
permissões, convênios, contratos de gestão, terceirização e licitações 
de maneira geral. A autora ressalta ainda que a Lei 11.079/2004 
trouxe a parceria público-privada para fazer parte deste rol de 
instrumentos de que a administração pública brasileira dispõe para 
implementar suas políticas públicas. 
 
Gostaria de aproveitar este momento para falamos acerca das 
ouvidorias externas, conferências e audiências públicas. 
 
A ouvidoria é um instrumento que visa defender os direitos do 
cidadão. A função da ouvidoria não
é o de monitorar e avaliar as 
instituições, mas sim a de funcionar como uma espécie de controle 
de qualidade do serviço prestado ao cidadão. Dessa maneira, a 
ouvidoria deve funcionar como um canal de diálogo, fomentando a 
participação do cidadão e disponibilizando espaço para melhoria dos 
serviços públicos e privados. 
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 Na prática, cabe à ouvidoria receber as manifestações, 
encaminhando-as às unidades responsáveis, acompanhando a busca 
por soluções e respondendo ao usuário dentro de um prazo 
estabelecido. Por meio disso, as ouvidorias possuem impactos 
sociais significativos, pois o cidadão passa a fornecer informações 
relacionadas à prestação de serviços, apontando falhas e 
identificando necessidades, o que gera alternativas para melhorias 
institucionais. 
 
 As ouvidorias externas focam dispõem de uma estrutura 
tipicamente voltada para atender as demandas dos agentes 
externos. É a ouvidoria externa que possibilita um canal de 
comunicação entre a instituição e a sociedade civil, possibilitando 
participação do usuário na administração. As ouvidorias não se 
confundem com as atividades fins das instituições, mas são 
importantes mecanismos de participação cidadã e acompanhamento 
institucional. 
 
 As audiências públicas também são instrumentos de 
participação popular, garantidos pela Constituição Federal de 1988 e 
regulados por lei. São espaços em que os poderes Executivo, 
Judiciário e Legislativo ou, ainda, o Ministério Público, a Defensoria 
Pública ou os Tribunais de Contas podem debater um tema, por 
exemplo, para elaborar um projeto de lei, formular uma política 
pública, realizar ou um empreendimento social. Podem ser 
debatidos, ainda, impactos gerados por ações pretéritas, possíveis 
soluções para problemas, resultados de alguma política etc. Assim, 
as audiências públicas são instrumentos colocados à disposição dos 
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órgãos públicos para, dentro de sua área de atuação, promover 
diálogos com os diversos sociais, objetivando buscar alternativas 
para a solução de problemas. 
 
 Do mesmo modo, as conferências são espaços amplos para 
discussão e deliberação em que os atores sociais podem debater e 
resolver questões. As conferências são um mecanismo de 
democracia participativa em que os diversos grupos interagem. Na 
verdade, a existência de ouvidorias, audiências públicas e 
conferências ajudam a consolidar a democracia participativa. As 
conferências são, portanto, instrumentos por meio dos quais se 
possibilita a participação social, institucionalizando a participação 
dos cidadãos. 
 
3. Questões comentadas 
 
1) (ESAF ± EPPGG ± MPOG - 2009) Segundo Robert Dahl, 
existem oito condições para que uma sociedade seja 
democrática. A seguir, são relacionadas algumas dessas 
características. Aponte a opção falsa. 
 
a) Liberdade de criar e associar-se a organizações. 
 
b) Direito de voto. 
 
c) Elegibilidade para cargos públicos. 
 
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d) Instituições que tornem as políticas governamentais 
dependentes de votos e outras manifestações de 
preferências. 
 
e) Inexistência de veículos estatais de informação. 
 
 São Garantias Institucionais de Dahl: 
 
Direito ao voto 
Eleições livres 
Liberdade de expressão 
Liberdade de associação 
Elegibilidade para 
cargos públicos 
Fontes de informação 
alternativas 
Instituições 
representativas 
Direito de disputa 
eleitoral 
 
 Dahl não é contra a existência de veículos estatais de 
informação, ele apenas diz que devem existir os alternativos. Letra 
³H´�� 
 
2) (ESAF - AFC ± CGU - 2008) O debate contemporâneo 
mostra que o funcionamento dos regimes democráticos 
depende de uma complexa engenharia política que deve 
levar em consideração as características da sociedade. O 
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Modelo de Democracia Majoritário, viável nas sociedades em 
que existe um amplo consenso acerca das finalidades do 
governo, não inclui a seguinte característica: 
 
a) concentração do poder Executivo, com gabinetes de 
partido único e maioria estritamente formada pelo partido 
majoritário. 
 
b) regime eleitoral majoritário. 
 
c) sistema partidário teoricamente unidimensional, ou seja, 
orientado para expressar um número restrito de clivagens, 
idealmente apenas as divergências socioeconômicas. 
 
d) sistema multipartidário. 
 
e) bicameralismo assimétrico, com concentração do poder de 
legislar na câmara baixa. 
 
 Vejam que é importante decorar as características do modelo 
de democracia. Olhando para aquele quadro que apresentei, vocês 
podem perceber que sistema multipartidário é característica do 
PRGHOR�FRQVRFLDWLYR��/HWUD�³G´�� 
 
3) (ESAF ± EPPGG ± MPOG - 2005) A sociedade democrática 
poliárquica, conforme Dahl, tem uma série de atributos cuja 
presença é necessária ao funcionamento dessas sociedades. 
A seguir são listados alguns atributos. Identifique a opção 
incorreta. 
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a) Eleição dos governantes com liberdade para concorrer aos 
cargos eletivos. 
 
b) Eleições livres e limpas com sufrágio universal. 
 
c) Existência de múltiplas esferas de poder submetidas a 
diferentes processos eletivos. 
 
d) Liberdade de associação. 
 
e) Liberdade de expressão e multiplicidade de fontes de 
informação. 
 
 Olhando-se o quadro das garantias institucionais, vocês não 
HQFRQWUDUDP�D�H[LVWrQFLD�GH�P~OWLSODV�HVIHUDV�GH�SRGHU��/HWUD�³F´� 
 
4) (ESAF ± AFC ± CGU - 2008) As sociedades fortemente 
pluralistas desenvolveram uma engenharia política própria, 
evitando que a lógica do Modelo Majoritário levasse à 
ditadura da maioria e à confrontação civil, em vez da 
democracia. Essa estrutura institucional, voltada para a 
incorporação das diversas clivagens sociais, tornou-se 
conhecida como Modelo de Democracia Consensual ou 
Consociativa, não inclui entre suas características: 
 
a) o princípio da consensualidade permite que todos os 
partidos mais importantes se integrem numa ampla 
coligação, repartindo entre si as funções governamentais. 
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b) dispersão do poder, mediante a separação formal e 
informal dos Poderes, a operação de duas câmaras 
legislativas e diversos partidos minoritários. 
 
c) descentralização e delegação do poder a grupos 
organizados territorial ou não territorialmente.
d) limite formal do poder, mediante o veto das minorias. 
 
e) constituição não escrita, que permite recorrer ao costume 
e às convenções para efetuar a revisão e adaptação das 
normas legais, facilitando a construção ou reconstrução do 
consenso no ambiente de múltiplas clivagens sociais. 
 
 Mesma coisa da questão anterior. Na democracia consociativa, 
DV�FRQVWLWXLo}HV�VmR�UtJLGDV�H��SRUWDQWR��HVFULWDV��/HWUD�³H´�� 
 
5) (ESAF ± EPPGG ± MPOG - 2003) De acordo com a teoria da 
democracia elaborada nas últimas três décadas do século XX, 
qual das características abaixo é típica da democracia 
consociativa? 
 
a) Sistema eleitoral de maioria relativa, ou seja, os 
candidatos competem ou pela maioria absoluta dos votos ou, 
se essa não se verificar, pela mais ampla minoria. 
 
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b) Partilha do poder executivo, com governo baseado em 
amplas coalizões, cujos participantes dividem a 
responsabilidade pelo exercício do poder. 
 
c) Sistema bipartidário, capaz de acomodar as clivagens 
sociais em apenas duas alternativas mediante uma dinâmica 
de alternância entre perspectivas opostas. 
 
d) Sistema de governo unitário, não centralizado, que admite 
a autonomia das partes constituintes. 
 
e) Constituição não escrita, contida principalmente no 
costume e nas convenções; e soberania parlamentar, uma 
vez que os tribunais não dispõem do poder de controlar 
jurisdicionalmente a legalidade. 
 
$�GHPRFUDFLD�FRQVRFLDWLYD�SUHVVXS}H�FRDOL]}HV��/HWUD�³E´� 
 
6) (ESAF ± AFC ± CGU - 2012) A formulação de políticas 
públicas é a ação pela qual os governos democráticos 
traduzem seus propósitos e plataformas eleitorais em 
programas e ações que produzirão resultados ou mudanças 
no mundo real, conforme Celina Souza. Segundo esse 
enfoque, assinale a opção que indica a quem compete a 
responsabilidade pelo desenho das políticas públicas. 
 
a) Dos Governos, dos grupos de interesse e dos movimentos 
sociais, em que cada um deles tem igual grau de influência 
no desenho da política pública. 
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b) Dos Governos, dos grupos de interesse e dos movimentos 
sociais, em que cada um tem maior ou menor influência no 
desenho da política pública, dependendo do tipo de políticas 
e das coalizões que integram o governo. 
 
c) Exclusiva dos Governos. 
 
d) Exclusiva de grupos de interesse. 
 
e) Exclusiva dos movimentos sociais. 
 
 /HWUD�³E´� 
 
7) (ESAF ± APO ± MPOG -2010) Muito embora a Constituição 
de 1988 adote em seus princípios a descentralização de 
algumas políticas públicas, tais como saúde e educação, a 
realidade, no entanto, demonstrou a dificuldade de colocar 
tal princípio em prática. Com efeito, o processo de 
participação institucionalizada por meio de Conselhos 
apresenta problemas, que exigem da sociedade muita 
criatividade para enfrentá-los. Entre tais problemas, podem 
ser citados todos os mencionados abaixo, exceto: 
 
a) A atuação dos Conselhos, sem base na mobilização social, 
com a única preocupação de ocupar espaços, pode levar à 
reprodução de práticas clientelistas e burocráticas. 
 
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b) A idealização do papel dos Conselhos pode criar 
expectativas exageradas e conduzir a maiores frustrações 
sobre o seu verdadeiro papel. 
 
c) A problemática a ser enfrentada pelos Conselhos e pela 
sociedade civil organizada é por demais complexa e requer 
maior qualificação para a participação dos Conselheiros nas 
diversas Políticas Públicas, notadamente aquelas na área 
social. 
 
d) Independente de como ocorreu a formação dos Conselhos 
e o processo de discussão das suas competências, seu papel, 
sua composição, plano de ação e forma de escolha dos 
representantes da sociedade, os Conselhos tendem a 
espelhar a diversidade social, e os Conselheiros a agir com 
bastante autonomia frente às Instituições que os 
selecionaram. 
 
e) A capacidade dos Conselhos Populares de alterar a 
destinação dos recursos públicos destinados às políticas 
sociais é relativamente limitada, uma vez que a maior parte 
das Políticas Públicas tende a ser decidida no centro do 
sistema, ou seja, pela União e não pelos Estados e 
Municípios, que possuem um papel mais voltado para a 
execução do que para a formulação de novas políticas. 
 
'H� DFRUGR� FRP� 7HL[HLUD�� ³O processo de participação 
institucionalizada através de conselhos enfrenta sérios desafios, que 
exigem da sociedade muita energia criativa para enfrentá-los. 
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Corre-se R�ULVFR�GR�FRQWiJLR�SHOD�³IHEUH FRQVHOKLVWD´�SURWDJRQL]DGD�
pelo governo (fala-se agora em municipalizar a reforma agrária e 
criar conselhos municipais!): pulveriza-se a ação do Estado, 
transferindo seus encargos para a sociedade, via filantropia e/ou 
privatização. Os conselhos podem constituir-se em mecanismos de 
fortalecimento da sociedade civil e controle social do Estado, 
mantendo-se a autonomia de ambas as esferas, que têm suas 
lógicas próprias. Mas a atuação indiscriminada em conselhos, sem 
ancoragem na mobilização social, com a única preocupação de 
ocupar espaços, pode levar à reprodução de práticas clientelistas e 
burocráticas. A idealização do papel dos conselhos pode criar 
expectativas exageradas e conduzir a maiores frustrações´. 
 
(� R� DXWRU� SURVVHJXH�� ³Rs recursos públicos destinados às políticas 
sociais são cada vez mais reduzidos. Impõe-se, pois, aos conselhos, 
nos diversos níveis, a tarefa crucial de discutir o orçamento público, 
não apenas o fundo específico do setor, mas as prioridades na 
distribuição dos recursos. No caso específico dos municípios, é 
também necessária a discussão sobre a geração de receitas 
próprias, já que os tributos de sua competência são 
ineficientemente arrecadados. Algumas gestões municipais têm 
demonstrado como essas receitas podem ser ampliadas e como as 
prioridades podem ser invertidas a partir da participação ativa da 
sociedade. A problemática a ser enfrentada pelos conselhos e pela 
sociedade organizada é por demais complexa e requer maior 
qualificação da participação, além da priorização de certos espaços 
que ofereçam maiores potencialidades de transformação das 
relações sociedade / Estado. A atuação das ONGs nesse processo é 
de vital importância, seja como componentes dos conselhos, seja no 
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papel de assessoria, na capacitação, na sistematização de dados e 
experiências bem-sucedidas dos movimentos e entidades e na 
formulação de alternativas de políticas públicas. Esse suporte 
técnico poderá ser demandado também das universidades, que, 
principalmente
em termos de conselhos de saúde, têm prestado 
significativo apoio´�� 
 
/HWUD�³F´� 
 
8) (ESAF ± EPPGG ± MPOG - 2009) A população brasileira 
tem a possibilidade de participar na formulação e no controle 
da execução de políticas públicas, principalmente na área 
social, por meio de conselhos e outras instâncias 
participativas. A seguir, são relacionadas algumas 
características dessas instâncias: 
 
1. o formato institucional dos conselhos em áreas como 
saúde, assistência social, direitos da criança e do 
adolescente é definido por legislação local segundo 
parâmetros da legislação federal. 
 
2. de um modo geral, os conselhos adotam a paridade como 
princípio, ainda que com composição variável. 
 
3. de acordo com o IBGE, existem conselhos de saúde e de 
assistência social constituídos em quase todos os municípios 
brasileiros, mas nas regiões Norte e Nordeste a proporção de 
conselhos municipais, em relação ao total de municípios, é 
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menor que nas demais regiões, principalmente no que se 
refere a conselhos da criança e do adolescente. 
 
4. os orçamentos participativos são as únicas instâncias de 
participação que não decorrem de dispositivo constitucional. 
Em consequência, a sua adoção é sempre iniciativa dos 
prefeitos eleitos. 
 
Dos enunciados acima: 
 
a) apenas o último é falso. 
 
b) são todos falsos. 
 
c) apenas o primeiro é verdadeiro. 
 
d) apenas o segundo é verdadeiro. 
 
e) são todos verdadeiros. 
 
Apenar o item 4 é falso, pois coloca que os orçamentos 
participativos são a única instância sem previsão constitucional. 
/HWUD�³D´�� 
 
9) (ESAF ± APO ± MPOG - 2003) Tomando por base a teoria 
da democracia elaborada nas últimas três décadas do século 
XX, indique qual das características abaixo não é própria do 
modelo de democracia majoritária. 
 
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a) Concentração do poder executivo, com gabinete de partido 
único e maioria estreita. 
 
b) Superposição dos poderes e predomínio do gabinete. 
 
c) Sistema de partidos unidimensionais. 
 
d) Bicameralismo assimétrico. 
 
e) Governo federativo. 
 
2�(VWDGR�WHQGH�D�VHU�XQLWiULR�QD�GHPRFUDFLD�PDMRULWiULD��/HWUD�³H´�� 
 
10) (CESPE - TCE-AC - 2009) Com relação às políticas 
públicas, seu processo de formulação e seu desenvolvimento, 
assinale a opção correta. 
 
a) As políticas públicas, no processo de construção do Estado 
moderno, são instrumentos de materialização da intervenção 
da sociedade no Estado, expressando as dimensões de poder, 
estabelecendo os limites, o conteúdo e os mecanismos dessa 
intervenção. 
 
b) A produção de políticas públicas é resultado de um 
processo decisório baseado nas relações de poder e na 
alocação imperativa de valores, a princípio, para benefício da 
sociedade. 
 
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c) Pode-se considerar que as políticas públicas são o 
conjunto de procedimentos formais e informais que 
expressam relações de poder e se destinam à solução 
pacífica dos conflitos quanto a bens e recursos públicos. 
 
d) A construção das políticas públicas tem como alicerces o 
regime político nacional, a política estatal e a realidade 
nacional, com suas necessidades sociais, em uma dimensão 
interna do Estado. 
 
e) A política pública, sob a égide do modelo institucional, tem 
como pressuposto basilar a compreensão de que a interação 
entre os grupos é o aspecto mais importante da política. 
 
 1mR� VH� HVTXHoDP� GR� TXH� 3HUHULD� GL]�� ³Política pública não é 
sinônimo de política estatal��$� SDODYUD� µS~EOLFD¶�� TXH acompanha a 
SDODYUD�µSROtWLFD¶��QmR�WHP�LGHQWLILFDomR�H[FOXVLYD�FRP�R�(VWDGR� mas 
sim com o que em latim se expressa como res publica, isto é, coisa 
de todos, e, por isso, algo que compromete simultaneamente, o 
Estado e a sociedade. É, em outras palavras, ação pública, na qual, 
além do Estado, a sociedade se faz presente, ganhando 
representatividade, poder de decisão e condições de exercer o 
controle sobre a sua própria reprodução e sobre os atos e decisões 
do governo e do mercado. É o que preferimos chamar de controle 
democrático exercido pelo cidadão comum, porque é controle 
coletivo, que emana da base da sociedade, em prol da ampliação da 
democracia e da cidadania´� 
 
 Letra b. 
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11) (Cespe ± PMRB - 2007) O termo público, associado à 
política, não se refere exclusivamente à ação do Estado, mas, 
sim, à coisa pública,ou seja, àquilo que é de todos. 
 
 Exatamente. Vejam o trecho transcrito acima. Questão 
correta. 
 
12) (CESPE - TJ-AP - 2007) Política pública significa ação 
coletiva cuja função é concretizar direitos sociais 
demandados pela sociedade e previstos nas leis. 
 
 As políticas públicas são construções coletivas que concretizam 
as demandas da sociedade. Questão correta. 
 
13) (CESPE ± CHESF - 2002) Política pública é uma ação 
coletiva que tem por função concretizar direitos sociais 
demandados pela sociedade e previstos nas leis. Os direitos 
declarados e garantidos nas leis só têm aplicabilidade por 
meio de políticas públicas. 
 
 Essa questão é exatamente o que diz as duas anteriores. 
6HJXQGR�3HUHLUD��³Solíticas públicas são ações coletivas que tem por 
função concretizar direitos sociais, demandas da sociedade e 
previstos nas Leis. Em outros termos, os direitos declarados e 
garantidos nas leis só têm aplicabilidade por meio de políticas 
públicas correspondentes, as quais, por sua vez, operacionalizam- 
se mediante programas, projetos e serviços´. Questão correta. 
 
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4. Questões comentadas 
 
1) (ESAF ± EPPGG ± MPOG - 2009) Segundo Robert Dahl, 
existem oito condições para que uma sociedade seja 
democrática. A seguir, são relacionadas algumas dessas 
características. Aponte a opção falsa. 
 
a) Liberdade de criar e associar-se a organizações. 
 
b) Direito de voto. 
 
c) Elegibilidade para cargos públicos. 
 
d) Instituições que tornem as políticas governamentais 
dependentes de votos e outras manifestações de 
preferências. 
 
e) Inexistência de veículos estatais de informação. 
 
2) (ESAF - AFC ± CGU - 2008) O debate contemporâneo 
mostra que o funcionamento dos regimes democráticos 
depende de uma complexa engenharia política que deve 
levar em consideração as características da sociedade. O 
Modelo de Democracia Majoritário, viável nas sociedades em 
que existe um amplo consenso acerca das finalidades do 
governo, não inclui a seguinte característica: 
 
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a) concentração do poder Executivo, com gabinetes de 
partido único e maioria estritamente formada pelo partido 
majoritário. 
 
b) regime eleitoral majoritário. 
 
c) sistema partidário teoricamente unidimensional, ou seja, 
orientado para expressar um número restrito de clivagens, 
idealmente apenas as divergências socioeconômicas. 
 
d) sistema multipartidário. 
 
e) bicameralismo assimétrico, com concentração do poder de 
legislar na câmara baixa. 
 
3) (ESAF ± EPPGG ± MPOG - 2005) A sociedade democrática 
poliárquica, conforme Dahl, tem uma série de atributos cuja 
presença é necessária ao funcionamento dessas sociedades. 
A seguir são listados alguns atributos. Identifique a opção 
incorreta. 
 
a) Eleição dos governantes com liberdade para concorrer aos 
cargos eletivos. 
 
b) Eleições livres e limpas com sufrágio universal. 
 
c) Existência de múltiplas esferas de poder submetidas a 
diferentes processos eletivos. 
 
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d) Liberdade de associação. 
 
e) Liberdade de expressão e multiplicidade de fontes de 
informação. 
 
4) (ESAF ± AFC ± CGU - 2008) As sociedades fortemente 
pluralistas desenvolveram uma engenharia política própria, 
evitando que a lógica do Modelo Majoritário levasse à 
ditadura da maioria e à confrontação civil, em vez da 
democracia. Essa estrutura institucional, voltada para a 
incorporação das diversas clivagens sociais, tornou-se 
conhecida como Modelo de Democracia Consensual ou 
Consociativa, não inclui entre suas características: 
 
a) o princípio da consensualidade permite que todos os 
partidos mais importantes se integrem numa ampla 
coligação, repartindo entre si as funções governamentais. 
 
b) dispersão do poder, mediante a separação formal e 
informal dos Poderes, a operação de duas câmaras 
legislativas e diversos partidos minoritários. 
 
c) descentralização e delegação do poder a grupos 
organizados territorial ou não territorialmente. 
 
d) limite formal do poder, mediante o veto das minorias. 
 
e) constituição não escrita, que permite recorrer ao costume 
e às convenções para efetuar a revisão e adaptação das 
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normas legais, facilitando a construção ou reconstrução do 
consenso no ambiente de múltiplas clivagens sociais. 
 
5) (ESAF ± EPPGG ± MPOG - 2003) De acordo com a teoria da 
democracia elaborada nas últimas três décadas do século XX, 
qual das características abaixo é típica da democracia 
consociativa? 
 
a) Sistema eleitoral de maioria relativa, ou seja, os 
candidatos competem ou pela maioria absoluta dos votos ou, 
se essa não se verificar, pela mais ampla minoria. 
 
b) Partilha do poder executivo, com governo baseado em 
amplas coalizões, cujos participantes dividem a 
responsabilidade pelo exercício do poder. 
 
c) Sistema bipartidário, capaz de acomodar as clivagens 
sociais em apenas duas alternativas mediante uma dinâmica 
de alternância entre perspectivas opostas. 
 
d) Sistema de governo unitário, não centralizado, que admite 
a autonomia das partes constituintes. 
 
e) Constituição não escrita, contida principalmente no 
costume e nas convenções; e soberania parlamentar, uma 
vez que os tribunais não dispõem do poder de controlar 
jurisdicionalmente a legalidade. 
 
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6) (ESAF ± AFC ± CGU - 2012) A formulação de políticas 
públicas é a ação pela qual os governos democráticos 
traduzem seus propósitos e plataformas eleitorais em 
programas e ações que produzirão resultados ou mudanças 
no mundo real, conforme Celina Souza. Segundo esse 
enfoque, assinale a opção que indica a quem compete a 
responsabilidade pelo desenho das políticas públicas. 
 
a) Dos Governos, dos grupos de interesse e dos movimentos 
sociais, em que cada um deles tem igual grau de influência 
no desenho da política pública. 
 
b) Dos Governos, dos grupos de interesse e dos movimentos 
sociais, em que cada um tem maior ou menor influência no 
desenho da política pública, dependendo do tipo de políticas 
e das coalizões que integram o governo. 
 
c) Exclusiva dos Governos. 
 
d) Exclusiva de grupos de interesse. 
 
e) Exclusiva dos movimentos sociais. 
 
7) (ESAF ± APO ± MPOG -2010) Muito embora a Constituição 
de 1988 adote em seus princípios a descentralização de 
algumas políticas públicas, tais como saúde e educação, a 
realidade, no entanto, demonstrou a dificuldade de colocar 
tal princípio em prática. Com efeito, o processo de 
participação institucionalizada por meio de Conselhos 
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apresenta problemas, que exigem da sociedade muita 
criatividade para enfrentá-los. Entre tais problemas, podem 
ser citados todos os mencionados abaixo, exceto: 
 
a) A atuação dos Conselhos, sem base na mobilização social, 
com a única preocupação de ocupar espaços, pode levar à 
reprodução de práticas clientelistas e burocráticas. 
 
b) A idealização do papel dos Conselhos pode criar 
expectativas exageradas e conduzir a maiores frustrações 
sobre o seu verdadeiro papel. 
 
c) A problemática a ser enfrentada pelos Conselhos e pela 
sociedade civil organizada é por demais complexa e requer 
maior qualificação para a participação dos Conselheiros nas 
diversas Políticas Públicas, notadamente aquelas na área 
social. 
 
d) Independente de como ocorreu a formação dos Conselhos 
e o processo de discussão das suas competências, seu papel, 
sua composição, plano de ação e forma de escolha dos 
representantes da sociedade, os Conselhos tendem a 
espelhar a diversidade social, e os Conselheiros a agir com 
bastante autonomia frente às Instituições que os 
selecionaram. 
 
e) A capacidade dos Conselhos Populares de alterar a 
destinação dos recursos públicos destinados às políticas 
sociais é relativamente limitada, uma vez que a maior parte 
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das Políticas Públicas tende a ser decidida no centro do 
sistema, ou seja, pela União e não pelos Estados e 
Municípios, que possuem um papel mais voltado para a 
execução do que para a formulação de novas políticas. 
 
8) (ESAF ± EPPGG ± MPOG - 2009) A população brasileira 
tem a possibilidade de participar na formulação e no controle 
da execução de políticas públicas, principalmente na área 
social, por meio de conselhos e outras instâncias 
participativas. A seguir, são relacionadas algumas 
características dessas
instâncias: 
 
1. o formato institucional dos conselhos em áreas como 
saúde, assistência social, direitos da criança e do 
adolescente é definido por legislação local segundo 
parâmetros da legislação federal. 
 
2. de um modo geral, os conselhos adotam a paridade como 
princípio, ainda que com composição variável. 
 
3. de acordo com o IBGE, existem conselhos de saúde e de 
assistência social constituídos em quase todos os municípios 
brasileiros, mas nas regiões Norte e Nordeste a proporção de 
conselhos municipais, em relação ao total de municípios, é 
menor que nas demais regiões, principalmente no que se 
refere a conselhos da criança e do adolescente. 
 
4. os orçamentos participativos são as únicas instâncias de 
participação que não decorrem de dispositivo constitucional. 
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Em consequência, a sua adoção é sempre iniciativa dos 
prefeitos eleitos. 
 
Dos enunciados acima: 
 
a) apenas o último é falso. 
 
b) são todos falsos. 
 
c) apenas o primeiro é verdadeiro. 
 
d) apenas o segundo é verdadeiro. 
 
e) são todos verdadeiros. 
 
9) (ESAF ± APO ± MPOG - 2003) Tomando por base a teoria 
da democracia elaborada nas últimas três décadas do século 
XX, indique qual das características abaixo não é própria do 
modelo de democracia majoritária. 
 
a) Concentração do poder executivo, com gabinete de partido 
único e maioria estreita. 
 
b) Superposição dos poderes e predomínio do gabinete. 
 
c) Sistema de partidos unidimensionais. 
 
d) Bicameralismo assimétrico. 
 
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e) Governo federativo. 
 
10) (CESPE - TCE-AC - 2009) Com relação às políticas 
públicas, seu processo de formulação e seu desenvolvimento, 
assinale a opção correta. 
 
a) As políticas públicas, no processo de construção do Estado 
moderno, são instrumentos de materialização da intervenção 
da sociedade no Estado, expressando as dimensões de poder, 
estabelecendo os limites, o conteúdo e os mecanismos dessa 
intervenção. 
 
b) A produção de políticas públicas é resultado de um 
processo decisório baseado nas relações de poder e na 
alocação imperativa de valores, a princípio, para benefício da 
sociedade. 
 
c) Pode-se considerar que as políticas públicas são o 
conjunto de procedimentos formais e informais que 
expressam relações de poder e se destinam à solução 
pacífica dos conflitos quanto a bens e recursos públicos. 
 
d) A construção das políticas públicas tem como alicerces o 
regime político nacional, a política estatal e a realidade 
nacional, com suas necessidades sociais, em uma dimensão 
interna do Estado. 
 
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e) A política pública, sob a égide do modelo institucional, tem 
como pressuposto basilar a compreensão de que a interação 
entre os grupos é o aspecto mais importante da política. 
 
11) (Cespe ± PMRB - 2007) O termo público, associado à 
política, não se refere exclusivamente à ação do Estado, mas, 
sim, à coisa pública,ou seja, àquilo que é de todos. 
 
12) (CESPE - TJ-AP - 2007) Política pública significa ação 
coletiva cuja função é concretizar direitos sociais 
demandados pela sociedade e previstos nas leis. 
 
13) (CESPE ± CHESF - 2002) Política pública é uma ação 
coletiva que tem por função concretizar direitos sociais 
demandados pela sociedade e previstos nas leis. Os direitos 
declarados e garantidos nas leis só têm aplicabilidade por 
meio de políticas públicas. 
 
5. Gabarito 
 
1 ± E; 2 ± D; 3 ± C; 4 ± E; 5 ± B; 6 ± B; 7 ± C; 8 ± A; 9 ± E; 10 
± B; 11 ± C; 12 ± C; 13 ± C. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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