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Aula 06 Ciência Política e Gestão Pública p/ AFC/CGU - Prevenção da Corrupção e Ouvidoria Professor: Rodrigo Barreto Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 46 AULA 06 SUMÁRIO PÁGINA 1. Setor público e sociedade civil na gestão políticas públicas. 1 2. Processos participativos de gestão pública: conselhos de gestão, orçamento participativo, parceria entre governo e sociedade. 12 3. Questões comentadas 22 4. Lista de questões 36 5. Gabarito 46 1. Setor público e sociedade civil na gestão políticas públicas. É importante, para este primeiro momento, trazer à tona o pensamento de Maria do Carmo Albuquerque. Conforme lembra a referida autora, o Brasil é um país marcado pela desigualdade e por uma cultura do privilégio e do favor que predominam sobre a consciência dos direitos. É nesse contexto que o empenho de setores democráticos da sociedade civil, especialmente os movimentos sociais vêm, desde as lutas contra a ditadura militar e pela conquista de uma Constituição Cidadã, em 1988, convergindo para a construção de políticas públicas inclusivas, que buscam garantir direitos universais e o direito da sociedade civil exercer um controle público sobre elas. O Brasil compartilha com os demais países do Cone Sul uma herança colonial marcada pela dizimação dos povos indígenas e por um processo tortuoso de construção nacional vinculado aos interesses econômicos das metrópoles. Portugal, Espanha, Inglaterra e, mais 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 46 recentemente, os Estados Unidos polarizaram fortemente os movimentos e decisões econômicas e políticas nestes países. A implantação do Estado nacional ocorreu sobre nações que se constituíram a partir de sociedades indígenas, incluindo povos africanos, amalgamados sob relações autoritárias e violentas com povos europeus. Nestas condições se articularam formas tradicionais e formas ocidentais de relações sociais e concepções sobre o indivíduo, a sociedade e o poder que coexistem de forma complexa e contraditória até os dias de hoje. Apesar destas semelhanças, o Brasil se distingue dos vizinhos países de colonização hispânica por algumas características importantes. Entre elas a escravidão negra, que perdurou por quase 4 séculos (até 1888) e desenvolveu-se de modo peculiar, abrangendo quase todo o território nacional. Ao contrário de outros países, as relações escravocratas no Brasil SURSLFLDUDP�XPD�FRQYLYrQFLD�DR�PHVPR�WHPSR�³IDPLOLDU´�H�FUXHO�HQWUH� senhores e escravos que compartilhavam o mesmo espaço doméstico, gerando a cultura do chamado compadrio, do favor e da subserviência. Os filhos do senhor com as escravas ou os seus protegidos aprenderam que a docilidade era uma via de ascensão social ± que é assim entendida como favor e não como direito. Daí se desenvolve XPD�HVSpFLH�GH�³FRUGLDOLGDGH´�TXH�PDUFD�D�FXOWXUD�EUDVLOHLUD�FRP�XPD� certa aversão ao conflito. No início do período colonial o país organizou-VH�HP�³FDSLWDQLDV� KHUHGLWiULDV´��FXMD�IRUPD�GH�RUJDQL]DomR�IDYRUHFHX�D�LQGLVWLQomR�HQWUH� o público e o privado. Ao longo dos primeiros séculos, os proprietários de terras e donos de empreendimentos privados converteram-se em 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 46 FKHIHV� SROtWLFRV�� FRQKHFLGRV� FRPR� ³FDXGLOKRV´� QR� Sul, ou como ³FRURQpLV´�HP�PXLWDV�RXWUDV�UHJL}HV��HVSHFLDOPHQWH�QR�1RUGHVWH��RQGH� a preponderância do exercício privado do poder chegou ao extremo em IHQ{PHQRV� FRPR� R� FKDPDGR� ³FDQJDoR´� HP� TXH� VH� GLVVHPLQRX� D� atuação de milícias privadas nas disputas locais. Geraram-se então oligarquias locais, que dominaram o poder político nas províncias. A Independência foi proclamada em 1822 e pouco se alteraram as relações políticas. Ao contrário dos demais países, o Brasil viveu 67 anos num regime monárquico que consolidou, dominando inúmeras revoltas e guerras regionais, um extenso Império fortemente centralizado. A República, em 1889, finalmente acolhe o pensamento liberal em voga na Europa pós-revolução francesa, o qual permanece em conflito durante longas décadas com as tradições patrimonialistas, coronelistas e caudilhescas que predominam nas províncias. A FKDPDGD�³SROtWLFD�GRV�JRYHUQDGRUHV´�FDUDFWHUL]D�HVWH�SHUtRGR�������D� 1930), marcado pelo predomínio de alguns governadores (São Paulo e Minas Gerais) no comando do Estado nacional. O início da industrialização e da urbanização gera o surgimento de uma pobreza urbana acompanhada de doenças e epidemias. Até então a filantropia de base religiosa e o controle sobre os pobres caracterizam as políticas sociais voltadas, por exemplo, à saúde e aos FKDPDGRV�³PHQRUHV�GH�LGDGH´��1D�YLUDGD�SDUD�R�VpFXOR�;;��R�DQDUFR- sindicalismo e o ideário socialista marcam movimentos sociais que RUJDQL]DP�� SRU� XP� ODGR�� IRUPDV� GH� ³DX[tOLR� P~WXR´� H�� SRU� RXWUR�� reivindicam maior proteção social por parte do Estado. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 46 Somente na Segunda República, que se inicia com a chamada Revolução de 30 e a Era Vargas, começa a delinear-se um projeto de Estado nacional. Nesse período ocorreu uma forte centralização do Estado, que passou a intervir na economia e nas relações sociais de forma marcante, auxiliado por um processo de burocratização da administração apoiado no autoritarismo. Durante os quinze anos da ditadura de Getúlio Vargas (1930 a 1945), o Estado brasileiro passou de uma estrutura de Estado federal-oligárquica, na qual os governadores gozavam de significativo poder e autonomia, para um modelo nacional-centralizado. Entre o final dos anos 50 e o início dos anos 60 houve uma forte mobilização sindical, camponesa e social, que se associa ao chamado movimento pelas reformas de base. Foram antecedentes de movimentos que persistem até hoje na sociedade como o movimento pela reforma agrária, reforma urbana, reformas na educação e o movimento sanitarista. O golpe militar de 64 interrompeu estas mobilizações e reorientou estas propostas, restando a unificação dos institutos de saúde, aposentadoria e pensões e o surgimento do Sistema Financiamento da Habitação (SFH), que produziu uma política habitacional forte e centralizada. A centralização também caracterizou SROtWLFDV�YROWDGDV�DR�³PHQRU´� A resistência e a luta contra a ditadura provocaram o surgimento de novas formas de organização na sociedade brasileira. A perseguição aos partidos de esquerda e aos movimentos sindical, camponês e estudantil gerou a politização de novos espaços de organização social como os bairros, as questões de gênero, de etnias, do meio ambiente, das crianças e jovens marginalizados. Estes novos movimentos sociais emergiram na cena pública questionando o autoritarismo e o centralismo da ditadura militar e colocando em pauta a exigência de 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 46 direitos ± civis, sociais e políticos ± e o direito de participar da definição das políticas que viessem a garantir esses direitos. Posteriormente, de acordo com Arretche, uma das grandes reivindicações democráticas dos anos de 1970 e 1980 consistia na descentralização das políticas públicas. A avaliação unânime de que a excessiva centralização decisória do regime militar havia produzido ineficiência, corrupção e ausência de participação no processo decisório conduziu a um grande consenso, que reunia, na verdade, correntes políticas à esquerda e à direita, em torno das virtudes da descentralização. Esta última, em tese, ao menos, produziria eficiência, participação, transparência, accountability, entre outras virtudes esperadas da gestão pública. Assim, no Brasil dos anos de 1980, centralização e autoritarismo eram ambos encarados como filhos da ditadura, ao passo que descentralização, democratização do processo decisório e eficiência na gestão pública andariam automaticamente juntas. Segundo Arretche, no Brasil, ocorreram dois fenômenos: reformas das instituições políticas ao longo dos anos de 1980, particularmente, a retomada de eleições diretas em todos os níveis de governo a partir de 1982 e as deliberações da Constituição Federal de 1988 ± recuperaram as bases federativas do Estado brasileiro, suprimidas durante a ditadura militar; e, posteriormente, já nos anos de 1990 e já completada a institucionalização do Estado federativo, implementou-se um extensivo programa de descentralização, particularmente na área das políticas sociais. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 46 Aprovaram-se então, em decorrência da nova Constituição, a lei federal que criou o Sistema Único de Saúde (SUS), o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Somente em 2001 se conseguiu aprovar o Estatuto da Cidade, que possibilita a constituição de um sistema descentralizado e participativo de política urbana, semelhante aos demais. Estas políticas foram escolhidas por nós como representativas do engajamento de um setor dos movimentos sociais e da sociedade civil brasileiros na ampliação dos direitos e da democracia em nosso país. Assim, a Constituição Federal de 1988 consolidou uma agenda de reformas, que ganhou força nos anos 80 atendendo, principalmente, aos movimentos por democratização do Estado e garantia de direitos. A constitucionalização de direitos sociais evidenciou as aspirações de um modelo universalista e redistributivo, com políticas sociais majoritariamente providas pelo Estado. Franzese lembra que, no campo organizacional, a agenda democrática levou à defesa da descentralização e da participação popular, afirmando a ideia de que democratização e descentralização caminhariam lado a lado. Esse movimento teve como consequência um fortalecimento dos municípios brasileiros fazendo com que, a partir de 1988, o Brasil se tornasse um caso único de federação tríade, onde os municípios são considerados entes federativos ao lado dos estados e da União. A elevação dos municípios ao status de ente federativo deu a eles maior autonomia política, administrativa e financeira, sendo esta última acompanhada por uma descentralização tributária relevante que levou a uma redistribuição de receitas, não só em prol dos municípios, 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 46 mas também dos estados, principalmente via aumento de transferências federais por meio dos fundos de participação. De fato, dentre as propostas da agenda democrática dos anos 80, a descentralização pode ser considerada uma das que mais avançou. Apesar de constitucionalizados, os direitos sociais ± que dependiam de políticas e investimento de recursos públicos ± não foram efetivamente implementados pelos governos pós 88, cuja omissão foi juridicamente justificada pela concepção de que a garantia de direitos como saúde e educação na Constituição, se dava por normas programáticas, com implementação gradual e cuja execução não poderia ser exigida imediatamente. Desse modo, no início dos anos de 1990, quando já estavam consolidadas no Brasil as instituições federativas, os defensores do federalismo fiscal no Brasil acreditavam que a descentralização fiscal seria suficiente para que a descentralização de políticas sociais ocorresse. As evidências de que havia ocorrido descentralização do gasto social pareciam indicar que havia também ocorrido descentralização das políticas sociais. No Brasil, no entanto, as políticas sociais, entendidas como um compromisso dos governos com o bem-estar efetivo da população, não estão no centro dos mecanismos de legitimação política dos governos. Por esta razão, a descentralização dessas políticas não tende a ocorrer por uma disputa política entre os níveis de governo, mas por indução do governo federal. Desse modo, a descentralização dessas políticas ocorreu quando o governo federal reuniu condições institucionais para formular e implementar programas de transferência de atribuições para os governos locais. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 46 É importante, ainda, ressaltar que descentralização não foi o único, mas provavelmente foi o mais importante ponto de convergência entre a agenda democratizante e a concepção universalista de direitos presente na Constituinte e a agenda de redução do Estado e ajuste fiscal dos anos 90. Importante ressaltarmos, ainda, com fulcro em Maranhã e Teixeira, o histórico das relações entre a sociedade civil e o Estado no que concerne a políticas públicas. Isso porque as práticas de participação sempre existiram na história brasileira. Contudo, os sentidos que estas práticas adquiriram ao longo desta história são bastante diferentes. Estes sentidos estão relacionados às questões reivindicadas pelos grupos mobilizados e aos contextos nos quais esta participação esteve inserida, conforme ressaltam os autores em questão. Primeiramente, cumpre lembrar que o processo de industrialização do país, impulsionado a partir dos anos 1930, foi um importante marco na definição de um tipo de relação entre Estado e sociedade civil. A formação do Estado brasileiro foi responsável pelo estabelecimento de um padrão corporativo, clientelista e tutelar de relação com os movimentos sociais existentes na época. Estes eram, sobretudo, de operários de inspiração anarquista e socialista e de trabalhadores rurais. Este período afirmou os traços autoritários e conservadores constitutivos da sociedade brasileira. Nas palavras de Chauí, ³XPD� sociedade verticalizada e hierarquizada (embora não o percebamos) na qual as relações sociais são sempre realizadas ou sob a forma da cumplicidade (quando os sujeitos sociais se reconhecem como iguais), ou sob a forma do mando e da obediência entre um superior e um 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 46 inferior (quando os sujeitos sociais são percebidos como diferentes, a diferença não sendo vista como assimetria, mas como desigualdDGH��´. Desse modo, a participação neste momento era bastante restrita e grande parte dela estava sob a tutela estatal, respondendo a uma concepção autoritária e paternalista do conflito. A radicalização social e política foram crescentes nestes anos. Mas a correlação de forças não era favorável à aprovação das reformas de base formuladas pelo então presidente João Goulart, que obtivera apoio dos movimentos sociais. O presidente não tinha apoio no Congresso Nacional e setores da sociedade estavam cada vez mais preocupados com a radicalização destas propostas. É neste contexto que os militares dão um golpe de Estado e assumem o poder em março de 1964. O Estado militar fechou até mesmo as precárias esferas de interlocução com a sociedade civil existentes e, a partir de 1966 com a edição dos Atos Institucionais (AIs), intensificou a repressão e a violência aos movimentos sociais e a todos os militantes de esquerda, por meio da cassação às liberdades civis e políticas. A partir da segunda metade dos anos 70, os movimentos sociais protagonizam o alargamento do espaço da política por meio da politização de suas práticas cotidianas. Nas reuniões de bairro, em clubes de mães, no chão das fábricas, nos salões de Igrejas, as necessidades privadas adquirem um sentido público quando as pessoas ³VH� RUJDQL]DP� SDUD� H[SUHVVDU� R� GHVHMR� GH� LQWHJUDU-se a uma outra esfera de poder, aquela que pertence à ordem da cidadania e dos GLUHLWRV´�� GH� DFRUGR� FRP� 3DROL�� Lembramos que diferentes atores se mobilizavam na crítica ao Estado centralizado e questionavam a concepção deste ser o único espaço de formulação de um projeto de sociedade. A mobilização social lutava pela descentralização política e pela inclusão de sua participação no processo decisório. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 46 O movimento pelas Diretas Já (1984) deve ser considerado outro importante marco para a contextualização da participação na sociedade brasileira. Mesmo com a derrota da emenda que asseguraria eleições diretas para presidente ainda em 84, o que só viria a acontecer em 1989, a mobilização para discutir os rumos do país foi emblemática na luta pela construção da cidadania brasileira. A atuação dos movimentos sociais em relação à democracia sofreu uma importante mudança neste contexto, já que a institucionalidade democrática passou a ocupar as suas pautas de discussão. Nesse contexto, a participação popular também se fez presente durante a convocação para a nova Constituinte, em novembro de 1986. Inúmeros fóruns de debate foram consolidados, das mais diversas áreas, com o objetivo específico de legitimar institucionalmente a participação popular. O marco legal da Constituição de 1988 permitiu a organização de sistemas nacionais de gestão participativa das políticas sociais. Por meio da aprovação posterior de leis federais específicas de cada área (Lei Orgânica da Saúde, Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Orgânica da Assistência Social, Estatuto da Cidade, etc.), criaram-se espaços de negociação e cogestão destas políticas, conforme foi discutido nos artigos anteriores deste livro. A sociedade civil or- ganizada desempenhou papel fundamental para a constituição e aprovação de todas estas leis. Teixeira e Maranhão lembram que, além da abertura e consolidação destes canais de participação em políticas sociais como os conselhos gestores de políticas, a Constituição de 1988 forneceu capacidades financeiras e legais aos municípios, que permitiram que 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 46 atores locais e governos (especialmente partidos de esquerda, como o recente Partido dos Trabalhadores) criassem experiências participativas locais. O Orçamento Participativo, que ficou amplamente conhecido em todo o mundo a partir da experiência de Porto Alegre, foi uma dessas experiências, entre outras que procuraram democratizar o acesso da população ao orçamento público, abrindo as contas públicas e ampliando a participação cidadã. Nesse sentido, a passagem dos anos 1980 para os anos 1990 foi o momento em que diferentes forças políticas procuraram desenvolver propostas de um novo padrão de relação entre Estado e sociedade, cada uma delas afirmando como deveria ser a construção democrática no Brasil. A participação adquiriu sentidos diversos, de um lado trata- se de uma força que interpela o Estado na aposta da democratização das políticas públicas, de outro não passa de um instrumento que legitima a pRSXODomR�FRPR�³S~EOLFR-DOYR´�GH�SROtWLFDV�FRPSHQVDWyULDV� Os canais de participação e formulação de políticas públicas em torno aos direitos conquistados coexistiram com políticas federais e locais de ³desrresponsabilização´ do Estado, implementadas a partir da Reforma do Estado neoliberal que tomou lugar nos anos 90. A década foi palco ainda da criação de várias organizações não-governamentais �SDUWH�GHODV�FRP�R�LQWXLWR�GH�UHDOL]DU�³SDUFHULDV´�FRP�JRvernos) e do DXPHQWR� GH� LQLFLDWLYDV� GD� FKDPDGD� ³UHVSRQVDELOLGDGH� HPSUHVDULDO´�� por meio de vários institutos e fundações. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 46 2. Processos participativos de gestão pública: conselhos de gestão, orçamento participativo, parceria entre governo e sociedade. Os processos participativos pressupõem atitudes de cooperação, integração e comprometimento com as decisões, em que se destaca o sentido educativo da participação, a qual, como prática, forma cidadãos voltados para os interesses coletivos e para as questões da política. Os defensores da democracia participativa inovam com sua ênfase na ampliação dos espaços de atuação dos indivíduos para além da escolha dos governantes e inovam também ao destacar o caráter pedagógico da participação. Dessa forma, defende-se a tese de que há uma interrelação entre os indivíduos e as instituições, uma vez que a participação tem uma função educativa e os indivíduos são afetados psicologicamente ao participarem do processo de tomada de decisão, o que só é possível a partir do momento em que eles passam a tomar parte nos assuntos públicos e a levar em consideração o interesse público. Enfim, essa teoria assinala a importância da experiência nos processos participativos. A ideia é que a participação tende a aumentar à medida que o indivíduo participa (ou seja, cada vez mais). Ela, assim, se constitui num processo de socialização e faz com que, quanto mais as pessoas participam, mais tendam a continuar neste caminho. Em outras palavras, é participando que o indivíduo se habilita à participação, no sentido pleno da palavra, que inclui o fato de tomar parte e ter parte no contexto onde estão inseridos. Na democracia participativa há, portanto, uma exigência da participação dos cidadãos no processo de 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 46 tomada de decisão em uma sociedade democrática, porque ela tem um caráter pedagógico no aprendizado das relações democráticas, contribuindo para a politização dos cidadãos, o que é importante para eles exercerem um controle sobre os governantes. Conforme ensina Gohn, a democracia participativa é um modelo de democracia que incorpora e defende a participação da sociedade civil no interior dos Estados democráticos, que busca restabelecer o vínculo entre democracia e cidadania ativa. Certamente que estas premissas têm um caráter teórico; elas poderão não se realizar ou se alterar na prática caso haja a presença de processos de controle, manipulação e regulação da participação fundados em interesses de grupos, interesses particulares, formas clientelistas etc. Ou seja, o PRGHOR� SDUWLFLSDWLYR� QmR� p� XPD� µUHFHLWD¶� TXH� VH� DSOLFD� H� JHUD� GDGRV� resultados previsíveis. É um processo complexo, que precisa ser construído a partir de dadas intencionalidades e condicionalidades, de dadas premissas que coloquem os interesses públicos, dos cidadãos, e as carências efetivas existentes, como prioridades absolutas. No Brasil, nas duas últimas décadas ocorreu a proliferação de práticas novas, advindas tanto da sociedade civil como da sociedade política, no campo do associativismo e das políticas públicas. Trata-se de processos participativos em movimentos populares, ONGs e outras entidades civis (fundações, associações, cooperativas etc.), com objetivos diversos, criadas a partir da sociedade civil. Na sociedade política tem ocorrido à criação ou implementação de novos canais de participação social, geradores de novas formas de sociabilidade e de fazer política - são os conselhos, câmaras e fóruns que atuam na esfera pública, articulando representantes da sociedade e dos organismos estatais na gestão de bens públicos. Com isso tem- 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 46 se uma ampliação dos sujeitos sociopolíticos na cena pública e o estabelecimento de formas novas de relações sociais denominadas JHQHULFDPHQWH�FRPR�³SDUFHULDV�� Os movimentos sociais passaram a atuar em rede e em parceria com outros atores sociais, dentro dos marcos da institucionalidade existente e não mais à margem do Estado, somente no interior da sociedade civil, como no período anterior, no regime militar. A nova fase gerou práticas novas, exigiu a qualificação dos militantes; ONGs e movimentos redefiniram seus laços e relações. No urbano os movimentos com matizes político-partidárias fortes se enfraqueceram, fortaleceram-se os movimentos com perfil de demandas mais universais, mais plurais em termos de composição social como os ecologistas e pela paz. O exercício de novas práticas associativistas, ainda conforme Gohn, trouxe também um conhecimento mais aprofundado sobre a política estatal, sobre os governos e suas máquinas. Demandas pela ética na política e uma nova concepção de esfera pública foram um dos saldos dessa aprendizagem. O associativismo alterou-se, assim como a forma dos governos relacionarem-se com os grupos e movimentos organizados. Participação e controle social passaram a ser diretrizes e normativas, regulamentadas por leis e programas sociais. Tornaram políticas públicas, em alguns casos, buscam transformarem-se em políticas de governo. Uma intrincada arquitetura foi desenhada para redirecionar ou pautar formas de tratamento às questões sociais. Conselhos de gestão. Os conselhos estão inscritos na Constituição de 1988 na qualidade de instrumentos de expressão, representação e participação da população. As novas estruturas inserem-se, portanto, na esfera pública e, por força de lei, integram-se 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 46 com os órgãos públicos vinculados ao poder Executivo, voltados para políticas públicas específicas, responsáveis pela assessoria e suporte ao funcionamento das áreas onde atuam. Segundo Gohn, os conselhos gestores são diferentes dos conselhos comunitários, populares ou dos fóruns civis não governamentais porque esses últimos são compostos exclusivamente de representantes da sociedade civil, cujo poder reside na força da mobilização e da pressão e não possuem assento institucional junto ao poder público. Os conselhos gestores são diferentes, também, dos conselhos de "notáveis" que já existiam nas esferas públicas no passado, compostos exclusivamente por especialistas. Os conselhos gestores são novos instrumentos de expressão, representação e participação; em tese, eles são dotados de potencial de transformação política. Se efetivamente representativos, poderão imprimir um novo formato às políticas sociais, pois relacionam-se ao processo de formação das políticas e tomada de decisões. Com os conselhos gera-se uma nova institucionalidade pública, pois eles criam uma nova esfera social-pública ou pública não-estatal. Trata-se de um novo padrão de relações entre Estado e sociedade porque eles viabilizam a participação de segmentos sociais na formulação de políticas sociais e possibilitam à população o acesso aos espaços nos quais se tomam as decisões políticas. Gohn lembra que, apesar de a legislação incluir os conselhos como parte do processo de gestão descentralizada e participativa, e constituí-los como novos atores deliberativos e paritários, vários pareceres oficiais têm assinalado e reafirmado o caráter apenas consultivo dos conselhos, restringindo suas ações ao campo da 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 46 opinião, da consulta e do aconselhamento, sem poder de decisão ou deliberação. A autora em questão coloca que existem duas posições em relação ao papel central dos conselhos, a saber: a primeira circunscreve-os ao plano da consulta, preocupa-se com a demarcação de sua atuação em relação ao Legislativo, defende que eles se limitem a ser auxiliares do poder Legislativo. A segunda postula que eles atuem como órgãos de fiscalização do Executivo, segundo uma perspectiva e um modelo de gestão descentralizada desse Executivo; preconiza-se que eles operem dentro das decisões que são tomadas em sua área. Essa segunda posição implica um estilo de governo que tenha como diretrizes e eixos fundamentais as questões da participação e da cidadania; um governo que aceite os conflitos como parte do jogo de interesses numa democracia. Portanto, o papel dos conselhos incide na discussão sobre as estratégias de gestão pública de uma forma geral e sobre o caráter das próprias políticas públicas em particular. Orçamento participativo. O orçamento participativo é um importante instrumento de complementação da democracia representativa, pois permite que o cidadão debata e defina os destinos de uma cidade. Nele, a população decide as prioridades de investimentos em obras e serviços a serem realizados a cada ano, com os recursos do orçamento da prefeitura. Além disso, ele estimula o exercício da cidadania, o compromisso da população com o bem público e a co-responsabilização entre governo e sociedade sobre a gestão da cidade. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 46 Conforme ensina o querido mestre Sérgio Mendes, ³o orçamento participativo (...) trata-se de um instrumento que busca romper com a visão política tradicional e colocar o cidadão como protagonista ativo da gestão pública. Objetiva a participação real da população no processo de elaboração e a alocação dos recursos públicos de forma eficiente e eficaz segundo as demandas sociais. Dessa forma, democratiza-se a relação Estado e Sociedade e são considerados os diversos canais de participação, por meio de lideranças e audiências públicas´. Mendes prossegue colocando que ³o processo de orçamento participativo tem a necessidade de um contínuo ajuste crítico, baseado em um princípio de autorregulação, com o intuito de aperfeiçoar os seus conteúdos democráticos e de planejamento, e assegurar a sua não estagnação. Assim, não possui uma metodologia única. Além disso, os problemas são diferentes de acordo com o tamanho dos municípios, principais implementadores do processo´. Desse modo, ressalta-se que, apesar de algumas experiências na esfera estadual, na experiência brasileira o Orçamento Participativo foi concebido e praticado inicialmente como uma forma de gerir os recursos públicos municipais. No nosso país, destaca-se a experiência da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Não há perda da participação do Legislativo e nem diretamente de legitimidade. Há um aperfeiçoamento da etapa que se desenvolveria apenas no Executivo. No orçamento participativo, a comunidade é considerada a parceira do Executivo no processo orçamentário. O que ocorre é que muitas vezes desigualdades socioeconômicas tendem a criar obstáculos à participação dos grupos sociais desfavorecidos. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 46 Quando a decisão está nas mãos de poucos, torna-se mais rápida a mudança de direção ou de opiniões. Em um orçamento como o participativo, são feitas várias reuniões em diversas regiões para se chegar a uma conclusão. Em caso de necessidade de mudanças, é muito trabalhoso efetuá-las. Por isso no orçamento participativo considera-se que há uma perda da flexibilidade. Ocorre uma maior rigidez na programação dos investimentos, pois se tem uma decisão compartilhada com a comunidade, ao contrário da decisão monopolizada pelo Executivo no processo tradicional. Por fim, trago definição de Wampler, para quem o programa brasileiro de Orçamento Participativo (OP) é uma instituição participativa de amplo alcance, cuja iniciativa coube a governos municipais e a ativistas da sociedade, movidos pela esperança de criar processos orçamentários públicos, abertos e transparentes, que permitissem aos cidadãos se envolverem diretamente na seleção de resultados específicos de políticas públicas. Parceria entre governo e sociedade. No Brasil, desconsiderando iniciativas isoladas do passado, o surgimento das parcerias entre os setores público e privado, envolvendo organizações da sociedade civil para a viabilização e gerenciamento de atividades de interesse público de forma sistemática e contínua, ocorreu aproximadamente na década de 1980, em função da proposta de redução do campo de atuação do Estado e de ampliação da atuação da iniciativa privada na economia. Segundo Dias, as dificuldades de formatação de arranjos do tipo proposto pelas PPPs são grandes e começam na natureza fundamentalmente diversa dos atores envolvidos. O setor público e o 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 46 privado possuem características e objetivos próprios, exclusivos e diferenciadores. O setor privado objetiva o lucro de um determinado grupo e a maior parte de seus recursos é originada de seus clientes; já os objetivos do setor público são mais amplos e diversos grupos de interesse estão envolvidos, cada um com determinado poder de pressão, e suas receitas são oriundas dos tributos pagos pelos contribuintes, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas. No Brasil as parcerias, são feitas realizado por meio de uma legislação extensa e complexa, contratos baseados em comportamento (com regras de execução detalhadas) e uma institucionalização µH[DFHUEDGD¶� GR� FRQWUROH. Ou seja, rigor no formalismo que acredita que as regras podem determinar o desfecho de qualquer caso, e controle estrito e concomitante da Administração Pública em todas as fases da execução de projetos que envolvam contratações de entes privados. Segundo Cabral, Parcerias Público-Privadas podem ser consideradas, ainda, como uma relação contratual incompleta, marcada pela posse de informações assimétricas e racionalidade limitada. Relação contratual incompleta resulta do fato de que é impossível aos agentes prever e processar todas as contingências futuras relativas ao contrato. Ou seja, PPPs não são um arranjo perfeito, como de resto não os há. Porém, há estudos que demonstram a superioridade deste arranjo em relação aos demais instrumentos de parcerias entre a iniciativa pública e a privada. Como toda iniciativa pública no Brasil, as PPPs precisariam de um marco legal nacional que permitisse a execução dos projetos 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 46 pretendidos preservando o princípio de defesa da coisa pública. Após razoável sabatina legislativa e debates públicos propiciados por Governo, parlamentares e pela sociedade em geral, a Lei das Parcerias Público-Privadas - PPP foi sancionada em 30 de dezembro de 2004, Lei nº 11.079/04. O texto da Lei incorporou conceitos oriundos da experiência internacional e visou garantir que as parcerias público- privadas fossem um instrumento efetivo na viabilização de projetos fundamentais ao crescimento do País e fossem balizadas na atuação transparente da Administração Pública e nas regras de responsabilidade fiscal. Segundo Di Pietro, no Brasil, para a contratação pública, usa-se a expressão mais ampla de ajustes entre o setor público e o privado, para a consecução de interesses comuns, como concessões, permissões, convênios, contratos de gestão, terceirização e licitações de maneira geral. A autora ressalta ainda que a Lei 11.079/2004 trouxe a parceria público-privada para fazer parte deste rol de instrumentos de que a administração pública brasileira dispõe para implementar suas políticas públicas. Gostaria de aproveitar este momento para falamos acerca das ouvidorias externas, conferências e audiências públicas. A ouvidoria é um instrumento que visa defender os direitos do cidadão. A função da ouvidoria não é o de monitorar e avaliar as instituições, mas sim a de funcionar como uma espécie de controle de qualidade do serviço prestado ao cidadão. Dessa maneira, a ouvidoria deve funcionar como um canal de diálogo, fomentando a participação do cidadão e disponibilizando espaço para melhoria dos serviços públicos e privados. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 46 Na prática, cabe à ouvidoria receber as manifestações, encaminhando-as às unidades responsáveis, acompanhando a busca por soluções e respondendo ao usuário dentro de um prazo estabelecido. Por meio disso, as ouvidorias possuem impactos sociais significativos, pois o cidadão passa a fornecer informações relacionadas à prestação de serviços, apontando falhas e identificando necessidades, o que gera alternativas para melhorias institucionais. As ouvidorias externas focam dispõem de uma estrutura tipicamente voltada para atender as demandas dos agentes externos. É a ouvidoria externa que possibilita um canal de comunicação entre a instituição e a sociedade civil, possibilitando participação do usuário na administração. As ouvidorias não se confundem com as atividades fins das instituições, mas são importantes mecanismos de participação cidadã e acompanhamento institucional. As audiências públicas também são instrumentos de participação popular, garantidos pela Constituição Federal de 1988 e regulados por lei. São espaços em que os poderes Executivo, Judiciário e Legislativo ou, ainda, o Ministério Público, a Defensoria Pública ou os Tribunais de Contas podem debater um tema, por exemplo, para elaborar um projeto de lei, formular uma política pública, realizar ou um empreendimento social. Podem ser debatidos, ainda, impactos gerados por ações pretéritas, possíveis soluções para problemas, resultados de alguma política etc. Assim, as audiências públicas são instrumentos colocados à disposição dos 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 46 órgãos públicos para, dentro de sua área de atuação, promover diálogos com os diversos sociais, objetivando buscar alternativas para a solução de problemas. Do mesmo modo, as conferências são espaços amplos para discussão e deliberação em que os atores sociais podem debater e resolver questões. As conferências são um mecanismo de democracia participativa em que os diversos grupos interagem. Na verdade, a existência de ouvidorias, audiências públicas e conferências ajudam a consolidar a democracia participativa. As conferências são, portanto, instrumentos por meio dos quais se possibilita a participação social, institucionalizando a participação dos cidadãos. 3. Questões comentadas 1) (ESAF ± EPPGG ± MPOG - 2009) Segundo Robert Dahl, existem oito condições para que uma sociedade seja democrática. A seguir, são relacionadas algumas dessas características. Aponte a opção falsa. a) Liberdade de criar e associar-se a organizações. b) Direito de voto. c) Elegibilidade para cargos públicos. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 46 d) Instituições que tornem as políticas governamentais dependentes de votos e outras manifestações de preferências. e) Inexistência de veículos estatais de informação. São Garantias Institucionais de Dahl: Direito ao voto Eleições livres Liberdade de expressão Liberdade de associação Elegibilidade para cargos públicos Fontes de informação alternativas Instituições representativas Direito de disputa eleitoral Dahl não é contra a existência de veículos estatais de informação, ele apenas diz que devem existir os alternativos. Letra ³H´�� 2) (ESAF - AFC ± CGU - 2008) O debate contemporâneo mostra que o funcionamento dos regimes democráticos depende de uma complexa engenharia política que deve levar em consideração as características da sociedade. O 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 46 Modelo de Democracia Majoritário, viável nas sociedades em que existe um amplo consenso acerca das finalidades do governo, não inclui a seguinte característica: a) concentração do poder Executivo, com gabinetes de partido único e maioria estritamente formada pelo partido majoritário. b) regime eleitoral majoritário. c) sistema partidário teoricamente unidimensional, ou seja, orientado para expressar um número restrito de clivagens, idealmente apenas as divergências socioeconômicas. d) sistema multipartidário. e) bicameralismo assimétrico, com concentração do poder de legislar na câmara baixa. Vejam que é importante decorar as características do modelo de democracia. Olhando para aquele quadro que apresentei, vocês podem perceber que sistema multipartidário é característica do PRGHOR�FRQVRFLDWLYR��/HWUD�³G´�� 3) (ESAF ± EPPGG ± MPOG - 2005) A sociedade democrática poliárquica, conforme Dahl, tem uma série de atributos cuja presença é necessária ao funcionamento dessas sociedades. A seguir são listados alguns atributos. Identifique a opção incorreta. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 46 a) Eleição dos governantes com liberdade para concorrer aos cargos eletivos. b) Eleições livres e limpas com sufrágio universal. c) Existência de múltiplas esferas de poder submetidas a diferentes processos eletivos. d) Liberdade de associação. e) Liberdade de expressão e multiplicidade de fontes de informação. Olhando-se o quadro das garantias institucionais, vocês não HQFRQWUDUDP�D�H[LVWrQFLD�GH�P~OWLSODV�HVIHUDV�GH�SRGHU��/HWUD�³F´� 4) (ESAF ± AFC ± CGU - 2008) As sociedades fortemente pluralistas desenvolveram uma engenharia política própria, evitando que a lógica do Modelo Majoritário levasse à ditadura da maioria e à confrontação civil, em vez da democracia. Essa estrutura institucional, voltada para a incorporação das diversas clivagens sociais, tornou-se conhecida como Modelo de Democracia Consensual ou Consociativa, não inclui entre suas características: a) o princípio da consensualidade permite que todos os partidos mais importantes se integrem numa ampla coligação, repartindo entre si as funções governamentais. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 46 b) dispersão do poder, mediante a separação formal e informal dos Poderes, a operação de duas câmaras legislativas e diversos partidos minoritários. c) descentralização e delegação do poder a grupos organizados territorial ou não territorialmente. d) limite formal do poder, mediante o veto das minorias. e) constituição não escrita, que permite recorrer ao costume e às convenções para efetuar a revisão e adaptação das normas legais, facilitando a construção ou reconstrução do consenso no ambiente de múltiplas clivagens sociais. Mesma coisa da questão anterior. Na democracia consociativa, DV�FRQVWLWXLo}HV�VmR�UtJLGDV�H��SRUWDQWR��HVFULWDV��/HWUD�³H´�� 5) (ESAF ± EPPGG ± MPOG - 2003) De acordo com a teoria da democracia elaborada nas últimas três décadas do século XX, qual das características abaixo é típica da democracia consociativa? a) Sistema eleitoral de maioria relativa, ou seja, os candidatos competem ou pela maioria absoluta dos votos ou, se essa não se verificar, pela mais ampla minoria. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 46 b) Partilha do poder executivo, com governo baseado em amplas coalizões, cujos participantes dividem a responsabilidade pelo exercício do poder. c) Sistema bipartidário, capaz de acomodar as clivagens sociais em apenas duas alternativas mediante uma dinâmica de alternância entre perspectivas opostas. d) Sistema de governo unitário, não centralizado, que admite a autonomia das partes constituintes. e) Constituição não escrita, contida principalmente no costume e nas convenções; e soberania parlamentar, uma vez que os tribunais não dispõem do poder de controlar jurisdicionalmente a legalidade. $�GHPRFUDFLD�FRQVRFLDWLYD�SUHVVXS}H�FRDOL]}HV��/HWUD�³E´� 6) (ESAF ± AFC ± CGU - 2012) A formulação de políticas públicas é a ação pela qual os governos democráticos traduzem seus propósitos e plataformas eleitorais em programas e ações que produzirão resultados ou mudanças no mundo real, conforme Celina Souza. Segundo esse enfoque, assinale a opção que indica a quem compete a responsabilidade pelo desenho das políticas públicas. a) Dos Governos, dos grupos de interesse e dos movimentos sociais, em que cada um deles tem igual grau de influência no desenho da política pública. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 46 b) Dos Governos, dos grupos de interesse e dos movimentos sociais, em que cada um tem maior ou menor influência no desenho da política pública, dependendo do tipo de políticas e das coalizões que integram o governo. c) Exclusiva dos Governos. d) Exclusiva de grupos de interesse. e) Exclusiva dos movimentos sociais. /HWUD�³E´� 7) (ESAF ± APO ± MPOG -2010) Muito embora a Constituição de 1988 adote em seus princípios a descentralização de algumas políticas públicas, tais como saúde e educação, a realidade, no entanto, demonstrou a dificuldade de colocar tal princípio em prática. Com efeito, o processo de participação institucionalizada por meio de Conselhos apresenta problemas, que exigem da sociedade muita criatividade para enfrentá-los. Entre tais problemas, podem ser citados todos os mencionados abaixo, exceto: a) A atuação dos Conselhos, sem base na mobilização social, com a única preocupação de ocupar espaços, pode levar à reprodução de práticas clientelistas e burocráticas. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 46 b) A idealização do papel dos Conselhos pode criar expectativas exageradas e conduzir a maiores frustrações sobre o seu verdadeiro papel. c) A problemática a ser enfrentada pelos Conselhos e pela sociedade civil organizada é por demais complexa e requer maior qualificação para a participação dos Conselheiros nas diversas Políticas Públicas, notadamente aquelas na área social. d) Independente de como ocorreu a formação dos Conselhos e o processo de discussão das suas competências, seu papel, sua composição, plano de ação e forma de escolha dos representantes da sociedade, os Conselhos tendem a espelhar a diversidade social, e os Conselheiros a agir com bastante autonomia frente às Instituições que os selecionaram. e) A capacidade dos Conselhos Populares de alterar a destinação dos recursos públicos destinados às políticas sociais é relativamente limitada, uma vez que a maior parte das Políticas Públicas tende a ser decidida no centro do sistema, ou seja, pela União e não pelos Estados e Municípios, que possuem um papel mais voltado para a execução do que para a formulação de novas políticas. 'H� DFRUGR� FRP� 7HL[HLUD�� ³O processo de participação institucionalizada através de conselhos enfrenta sérios desafios, que exigem da sociedade muita energia criativa para enfrentá-los. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 46 Corre-se R�ULVFR�GR�FRQWiJLR�SHOD�³IHEUH FRQVHOKLVWD´�SURWDJRQL]DGD� pelo governo (fala-se agora em municipalizar a reforma agrária e criar conselhos municipais!): pulveriza-se a ação do Estado, transferindo seus encargos para a sociedade, via filantropia e/ou privatização. Os conselhos podem constituir-se em mecanismos de fortalecimento da sociedade civil e controle social do Estado, mantendo-se a autonomia de ambas as esferas, que têm suas lógicas próprias. Mas a atuação indiscriminada em conselhos, sem ancoragem na mobilização social, com a única preocupação de ocupar espaços, pode levar à reprodução de práticas clientelistas e burocráticas. A idealização do papel dos conselhos pode criar expectativas exageradas e conduzir a maiores frustrações´. (� R� DXWRU� SURVVHJXH�� ³Rs recursos públicos destinados às políticas sociais são cada vez mais reduzidos. Impõe-se, pois, aos conselhos, nos diversos níveis, a tarefa crucial de discutir o orçamento público, não apenas o fundo específico do setor, mas as prioridades na distribuição dos recursos. No caso específico dos municípios, é também necessária a discussão sobre a geração de receitas próprias, já que os tributos de sua competência são ineficientemente arrecadados. Algumas gestões municipais têm demonstrado como essas receitas podem ser ampliadas e como as prioridades podem ser invertidas a partir da participação ativa da sociedade. A problemática a ser enfrentada pelos conselhos e pela sociedade organizada é por demais complexa e requer maior qualificação da participação, além da priorização de certos espaços que ofereçam maiores potencialidades de transformação das relações sociedade / Estado. A atuação das ONGs nesse processo é de vital importância, seja como componentes dos conselhos, seja no 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 46 papel de assessoria, na capacitação, na sistematização de dados e experiências bem-sucedidas dos movimentos e entidades e na formulação de alternativas de políticas públicas. Esse suporte técnico poderá ser demandado também das universidades, que, principalmente em termos de conselhos de saúde, têm prestado significativo apoio´�� /HWUD�³F´� 8) (ESAF ± EPPGG ± MPOG - 2009) A população brasileira tem a possibilidade de participar na formulação e no controle da execução de políticas públicas, principalmente na área social, por meio de conselhos e outras instâncias participativas. A seguir, são relacionadas algumas características dessas instâncias: 1. o formato institucional dos conselhos em áreas como saúde, assistência social, direitos da criança e do adolescente é definido por legislação local segundo parâmetros da legislação federal. 2. de um modo geral, os conselhos adotam a paridade como princípio, ainda que com composição variável. 3. de acordo com o IBGE, existem conselhos de saúde e de assistência social constituídos em quase todos os municípios brasileiros, mas nas regiões Norte e Nordeste a proporção de conselhos municipais, em relação ao total de municípios, é 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 46 menor que nas demais regiões, principalmente no que se refere a conselhos da criança e do adolescente. 4. os orçamentos participativos são as únicas instâncias de participação que não decorrem de dispositivo constitucional. Em consequência, a sua adoção é sempre iniciativa dos prefeitos eleitos. Dos enunciados acima: a) apenas o último é falso. b) são todos falsos. c) apenas o primeiro é verdadeiro. d) apenas o segundo é verdadeiro. e) são todos verdadeiros. Apenar o item 4 é falso, pois coloca que os orçamentos participativos são a única instância sem previsão constitucional. /HWUD�³D´�� 9) (ESAF ± APO ± MPOG - 2003) Tomando por base a teoria da democracia elaborada nas últimas três décadas do século XX, indique qual das características abaixo não é própria do modelo de democracia majoritária. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 46 a) Concentração do poder executivo, com gabinete de partido único e maioria estreita. b) Superposição dos poderes e predomínio do gabinete. c) Sistema de partidos unidimensionais. d) Bicameralismo assimétrico. e) Governo federativo. 2�(VWDGR�WHQGH�D�VHU�XQLWiULR�QD�GHPRFUDFLD�PDMRULWiULD��/HWUD�³H´�� 10) (CESPE - TCE-AC - 2009) Com relação às políticas públicas, seu processo de formulação e seu desenvolvimento, assinale a opção correta. a) As políticas públicas, no processo de construção do Estado moderno, são instrumentos de materialização da intervenção da sociedade no Estado, expressando as dimensões de poder, estabelecendo os limites, o conteúdo e os mecanismos dessa intervenção. b) A produção de políticas públicas é resultado de um processo decisório baseado nas relações de poder e na alocação imperativa de valores, a princípio, para benefício da sociedade. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 46 c) Pode-se considerar que as políticas públicas são o conjunto de procedimentos formais e informais que expressam relações de poder e se destinam à solução pacífica dos conflitos quanto a bens e recursos públicos. d) A construção das políticas públicas tem como alicerces o regime político nacional, a política estatal e a realidade nacional, com suas necessidades sociais, em uma dimensão interna do Estado. e) A política pública, sob a égide do modelo institucional, tem como pressuposto basilar a compreensão de que a interação entre os grupos é o aspecto mais importante da política. 1mR� VH� HVTXHoDP� GR� TXH� 3HUHULD� GL]�� ³Política pública não é sinônimo de política estatal��$� SDODYUD� µS~EOLFD¶�� TXH acompanha a SDODYUD�µSROtWLFD¶��QmR�WHP�LGHQWLILFDomR�H[FOXVLYD�FRP�R�(VWDGR� mas sim com o que em latim se expressa como res publica, isto é, coisa de todos, e, por isso, algo que compromete simultaneamente, o Estado e a sociedade. É, em outras palavras, ação pública, na qual, além do Estado, a sociedade se faz presente, ganhando representatividade, poder de decisão e condições de exercer o controle sobre a sua própria reprodução e sobre os atos e decisões do governo e do mercado. É o que preferimos chamar de controle democrático exercido pelo cidadão comum, porque é controle coletivo, que emana da base da sociedade, em prol da ampliação da democracia e da cidadania´� Letra b. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 46 11) (Cespe ± PMRB - 2007) O termo público, associado à política, não se refere exclusivamente à ação do Estado, mas, sim, à coisa pública,ou seja, àquilo que é de todos. Exatamente. Vejam o trecho transcrito acima. Questão correta. 12) (CESPE - TJ-AP - 2007) Política pública significa ação coletiva cuja função é concretizar direitos sociais demandados pela sociedade e previstos nas leis. As políticas públicas são construções coletivas que concretizam as demandas da sociedade. Questão correta. 13) (CESPE ± CHESF - 2002) Política pública é uma ação coletiva que tem por função concretizar direitos sociais demandados pela sociedade e previstos nas leis. Os direitos declarados e garantidos nas leis só têm aplicabilidade por meio de políticas públicas. Essa questão é exatamente o que diz as duas anteriores. 6HJXQGR�3HUHLUD��³Solíticas públicas são ações coletivas que tem por função concretizar direitos sociais, demandas da sociedade e previstos nas Leis. Em outros termos, os direitos declarados e garantidos nas leis só têm aplicabilidade por meio de políticas públicas correspondentes, as quais, por sua vez, operacionalizam- se mediante programas, projetos e serviços´. Questão correta. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 46 4. Questões comentadas 1) (ESAF ± EPPGG ± MPOG - 2009) Segundo Robert Dahl, existem oito condições para que uma sociedade seja democrática. A seguir, são relacionadas algumas dessas características. Aponte a opção falsa. a) Liberdade de criar e associar-se a organizações. b) Direito de voto. c) Elegibilidade para cargos públicos. d) Instituições que tornem as políticas governamentais dependentes de votos e outras manifestações de preferências. e) Inexistência de veículos estatais de informação. 2) (ESAF - AFC ± CGU - 2008) O debate contemporâneo mostra que o funcionamento dos regimes democráticos depende de uma complexa engenharia política que deve levar em consideração as características da sociedade. O Modelo de Democracia Majoritário, viável nas sociedades em que existe um amplo consenso acerca das finalidades do governo, não inclui a seguinte característica: 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 46 a) concentração do poder Executivo, com gabinetes de partido único e maioria estritamente formada pelo partido majoritário. b) regime eleitoral majoritário. c) sistema partidário teoricamente unidimensional, ou seja, orientado para expressar um número restrito de clivagens, idealmente apenas as divergências socioeconômicas. d) sistema multipartidário. e) bicameralismo assimétrico, com concentração do poder de legislar na câmara baixa. 3) (ESAF ± EPPGG ± MPOG - 2005) A sociedade democrática poliárquica, conforme Dahl, tem uma série de atributos cuja presença é necessária ao funcionamento dessas sociedades. A seguir são listados alguns atributos. Identifique a opção incorreta. a) Eleição dos governantes com liberdade para concorrer aos cargos eletivos. b) Eleições livres e limpas com sufrágio universal. c) Existência de múltiplas esferas de poder submetidas a diferentes processos eletivos. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 46 d) Liberdade de associação. e) Liberdade de expressão e multiplicidade de fontes de informação. 4) (ESAF ± AFC ± CGU - 2008) As sociedades fortemente pluralistas desenvolveram uma engenharia política própria, evitando que a lógica do Modelo Majoritário levasse à ditadura da maioria e à confrontação civil, em vez da democracia. Essa estrutura institucional, voltada para a incorporação das diversas clivagens sociais, tornou-se conhecida como Modelo de Democracia Consensual ou Consociativa, não inclui entre suas características: a) o princípio da consensualidade permite que todos os partidos mais importantes se integrem numa ampla coligação, repartindo entre si as funções governamentais. b) dispersão do poder, mediante a separação formal e informal dos Poderes, a operação de duas câmaras legislativas e diversos partidos minoritários. c) descentralização e delegação do poder a grupos organizados territorial ou não territorialmente. d) limite formal do poder, mediante o veto das minorias. e) constituição não escrita, que permite recorrer ao costume e às convenções para efetuar a revisão e adaptação das 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 46 normas legais, facilitando a construção ou reconstrução do consenso no ambiente de múltiplas clivagens sociais. 5) (ESAF ± EPPGG ± MPOG - 2003) De acordo com a teoria da democracia elaborada nas últimas três décadas do século XX, qual das características abaixo é típica da democracia consociativa? a) Sistema eleitoral de maioria relativa, ou seja, os candidatos competem ou pela maioria absoluta dos votos ou, se essa não se verificar, pela mais ampla minoria. b) Partilha do poder executivo, com governo baseado em amplas coalizões, cujos participantes dividem a responsabilidade pelo exercício do poder. c) Sistema bipartidário, capaz de acomodar as clivagens sociais em apenas duas alternativas mediante uma dinâmica de alternância entre perspectivas opostas. d) Sistema de governo unitário, não centralizado, que admite a autonomia das partes constituintes. e) Constituição não escrita, contida principalmente no costume e nas convenções; e soberania parlamentar, uma vez que os tribunais não dispõem do poder de controlar jurisdicionalmente a legalidade. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 46 6) (ESAF ± AFC ± CGU - 2012) A formulação de políticas públicas é a ação pela qual os governos democráticos traduzem seus propósitos e plataformas eleitorais em programas e ações que produzirão resultados ou mudanças no mundo real, conforme Celina Souza. Segundo esse enfoque, assinale a opção que indica a quem compete a responsabilidade pelo desenho das políticas públicas. a) Dos Governos, dos grupos de interesse e dos movimentos sociais, em que cada um deles tem igual grau de influência no desenho da política pública. b) Dos Governos, dos grupos de interesse e dos movimentos sociais, em que cada um tem maior ou menor influência no desenho da política pública, dependendo do tipo de políticas e das coalizões que integram o governo. c) Exclusiva dos Governos. d) Exclusiva de grupos de interesse. e) Exclusiva dos movimentos sociais. 7) (ESAF ± APO ± MPOG -2010) Muito embora a Constituição de 1988 adote em seus princípios a descentralização de algumas políticas públicas, tais como saúde e educação, a realidade, no entanto, demonstrou a dificuldade de colocar tal princípio em prática. Com efeito, o processo de participação institucionalizada por meio de Conselhos 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 46 apresenta problemas, que exigem da sociedade muita criatividade para enfrentá-los. Entre tais problemas, podem ser citados todos os mencionados abaixo, exceto: a) A atuação dos Conselhos, sem base na mobilização social, com a única preocupação de ocupar espaços, pode levar à reprodução de práticas clientelistas e burocráticas. b) A idealização do papel dos Conselhos pode criar expectativas exageradas e conduzir a maiores frustrações sobre o seu verdadeiro papel. c) A problemática a ser enfrentada pelos Conselhos e pela sociedade civil organizada é por demais complexa e requer maior qualificação para a participação dos Conselheiros nas diversas Políticas Públicas, notadamente aquelas na área social. d) Independente de como ocorreu a formação dos Conselhos e o processo de discussão das suas competências, seu papel, sua composição, plano de ação e forma de escolha dos representantes da sociedade, os Conselhos tendem a espelhar a diversidade social, e os Conselheiros a agir com bastante autonomia frente às Instituições que os selecionaram. e) A capacidade dos Conselhos Populares de alterar a destinação dos recursos públicos destinados às políticas sociais é relativamente limitada, uma vez que a maior parte 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 46 das Políticas Públicas tende a ser decidida no centro do sistema, ou seja, pela União e não pelos Estados e Municípios, que possuem um papel mais voltado para a execução do que para a formulação de novas políticas. 8) (ESAF ± EPPGG ± MPOG - 2009) A população brasileira tem a possibilidade de participar na formulação e no controle da execução de políticas públicas, principalmente na área social, por meio de conselhos e outras instâncias participativas. A seguir, são relacionadas algumas características dessas instâncias: 1. o formato institucional dos conselhos em áreas como saúde, assistência social, direitos da criança e do adolescente é definido por legislação local segundo parâmetros da legislação federal. 2. de um modo geral, os conselhos adotam a paridade como princípio, ainda que com composição variável. 3. de acordo com o IBGE, existem conselhos de saúde e de assistência social constituídos em quase todos os municípios brasileiros, mas nas regiões Norte e Nordeste a proporção de conselhos municipais, em relação ao total de municípios, é menor que nas demais regiões, principalmente no que se refere a conselhos da criança e do adolescente. 4. os orçamentos participativos são as únicas instâncias de participação que não decorrem de dispositivo constitucional. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 46 Em consequência, a sua adoção é sempre iniciativa dos prefeitos eleitos. Dos enunciados acima: a) apenas o último é falso. b) são todos falsos. c) apenas o primeiro é verdadeiro. d) apenas o segundo é verdadeiro. e) são todos verdadeiros. 9) (ESAF ± APO ± MPOG - 2003) Tomando por base a teoria da democracia elaborada nas últimas três décadas do século XX, indique qual das características abaixo não é própria do modelo de democracia majoritária. a) Concentração do poder executivo, com gabinete de partido único e maioria estreita. b) Superposição dos poderes e predomínio do gabinete. c) Sistema de partidos unidimensionais. d) Bicameralismo assimétrico. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 46 e) Governo federativo. 10) (CESPE - TCE-AC - 2009) Com relação às políticas públicas, seu processo de formulação e seu desenvolvimento, assinale a opção correta. a) As políticas públicas, no processo de construção do Estado moderno, são instrumentos de materialização da intervenção da sociedade no Estado, expressando as dimensões de poder, estabelecendo os limites, o conteúdo e os mecanismos dessa intervenção. b) A produção de políticas públicas é resultado de um processo decisório baseado nas relações de poder e na alocação imperativa de valores, a princípio, para benefício da sociedade. c) Pode-se considerar que as políticas públicas são o conjunto de procedimentos formais e informais que expressam relações de poder e se destinam à solução pacífica dos conflitos quanto a bens e recursos públicos. d) A construção das políticas públicas tem como alicerces o regime político nacional, a política estatal e a realidade nacional, com suas necessidades sociais, em uma dimensão interna do Estado. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 46 e) A política pública, sob a égide do modelo institucional, tem como pressuposto basilar a compreensão de que a interação entre os grupos é o aspecto mais importante da política. 11) (Cespe ± PMRB - 2007) O termo público, associado à política, não se refere exclusivamente à ação do Estado, mas, sim, à coisa pública,ou seja, àquilo que é de todos. 12) (CESPE - TJ-AP - 2007) Política pública significa ação coletiva cuja função é concretizar direitos sociais demandados pela sociedade e previstos nas leis. 13) (CESPE ± CHESF - 2002) Política pública é uma ação coletiva que tem por função concretizar direitos sociais demandados pela sociedade e previstos nas leis. Os direitos declarados e garantidos nas leis só têm aplicabilidade por meio de políticas públicas. 5. Gabarito 1 ± E; 2 ± D; 3 ± C; 4 ± E; 5 ± B; 6 ± B; 7 ± C; 8 ± A; 9 ± E; 10 ± B; 11 ± C; 12 ± C; 13 ± C. 52668385903 Ciência Política para CGU Teoria e exercícios comentados Prof. Rodrigo Barreto ʹ Aula 06 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 46 52668385903
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