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ATIVIDADE ESTRUTURADA Morfologia Portuguesa Profª: MARILIA FERRANTI MARQUES SCORZONI Jéssica Batista Páscoa 1. (Unicamp 2012 - adaptado). Há notícias que são de interesse público e há notícias que são de interesse do público. Se a celebridade "x" está saindo com o ator "y", isso não tem nenhum interesse público. Mas, dependendo de quem sejam "x" e "y", é de enorme interesse do público, ou de um certo público (numeroso), pelo menos. As decisões do Banco Central para conter a inflação têm óbvio interesse público. Mas quase não despertam interesse, a não ser dos entendidos. O jornalismo transita entre essas duas exigências, desafiado a atender às demandas de uma sociedade ao mesmo tempo massificada e segmentada, de um leitor que gravita cada vez mais apenas em torno de seus interesses particulares. (Fernando Barros e Silva, O jornalista e o assassino. Folha de São Paulo (versão on line), 18/04/2011. Acessado em 20/12/2011.) a) A palavra público é empregada no texto ora como substantivo, ora como adjetivo. Exemplifique cada um desses empregos com passagens do próprio texto e apresente o critério que você utilizou para fazer a distinção. RESPOSTA: Como substantivo: Há notícias que são de interesse do público. (nesta frase a palavra "público" refere-se a pessoas) Como Adjetivo: Há notícias que são de interesse público. (nesta frase a palavra público caracteriza notícias, notícias públicas.) b) Qual é, no texto, a diferença entre o que é chamado de interesse público e o que é chamado de interesse do público? RESPOSTA: Entendi “interesse público” como algo que diz respeito a todos os membros de uma sociedade, público geral. No “interesse do público” são assuntos que despertam interesse no público, nem sempre sendo importantes. Essa divisão fica clara quando diz que as decisões do Banco Central são de interesse público e a vida das celebridades é de interesse do público. c) A seguir, considere a produtividade do uso de morfemas gramaticais e lexicais no que diz respeito à criatividade linguística. Utilize fontes de consulta, citando-as. RESPOSTA: Morfemas gramaticais: um morfema gramatical é aquele que expressa um aspecto gramatical da língua. São exemplos de morfemas gramaticais: as desinências modo-temporais e número-pessoais dos verbos e as desinências de gênero e de número dos nomes. Segundo Carone (1995, p. 29), os morfemas gramaticais “[...] pertencem a um paradigma numericamente restrito e estável, isto é, a um inventário fechado.” Morfema lexical: Um morfema lexical é a parte da palavra em que temos o significado básico, é o núcleo semântico da palavra. Segundo Carone (1995, p. 29), esses morfemas fazem parte do inventário aberto da língua, já que novas palavras podem surgir. O verbo comer apresenta o morfema lexical (com- ): com-er, com-ida, com-ilança, com-ilão. Todas as derivações do vocábulo, portanto, recorrem a um mesmo morfema lexical, e diz-se então que o radical da palavra comer é sua parte invariável (com-). 2. (Unicamp 2012 - adaptado). Os verbetes apresentados em (II) a seguir trazem significados possíveis para algumas palavras que ocorrem no texto intitulado Bicho Gramático, apresentado em (I). I Bicho gramático Vicente Matheus (1908-1997) foi um dos personagens mais controversos do futebol brasileiro. Esteve à frente do paulista Corinthians em várias ocasiões entre 1959 e 1990. Voluntarioso e falastrão, o uso que fazia da língua portuguesa nem sempre era aquele reconhecido pelos livros. Uma vez, querendo deixar bem claro que o craque do Timão não seria vendido ou emprestado para outro clube, afirmou que “o Sócrates é invendável e imprestável”. Em outro momento, exaltando a versatilidade dos atletas, criou uma pérola da linguística e da zoologia: “Jogador tem que ser completo como o pato, que é um bicho aquático e gramático”. (Adaptado de Revista de História da Biblioteca Nacional, jul. 2011, p. 85.) II Invendável: que não se pode vender ou que não se vende com facilidade. Imprestável: que não tem serventia; inútil. Aquático: que vive na água ou à sua superfície. Gramático: que ou o que apresenta melhor rendimento nas corridas em pista de grama (diz-se de cavalo). (Dicionário HOUAISS (versão digital on line), houaiss.uol.com.br) a) Descreva o processo de formação das palavras invendável e imprestável e justifique a afirmação segundo a qual o uso que Vicente Matheus fazia da língua portuguesa “nem sempre era aquele reconhecido pelos livros”. RESPOSTA: As palavras “invendável” e “imprestável” foram ambas formadas por derivação prefixal e sufixal, pois ao radical dos verbos “vender” e “prestar”, respectivamente, foram incorporados o prefixo de negação “in/im” e o sufixo “vel”. No segundo caso, podemos perceber que Vicente Matheus empregou o adjetivo em um sentido não convencional, pois queria dizer que Sócrates era uma atleta não “emprestável”, quer dizer, que não seria emprestado a nenhum outro clube, e não que ele “não prestava”, sentido usual do referido adjetivo, o que justifica a afirmação feita. b) Explique por que o texto destaca que Vicente Matheus “criou uma pérola da linguística e da zoologia”. RESPOSTA: Ao dizer que o pato “é um bicho aquático e gramático”, podemos dizer que Vicente Matheus “criou uma pérola da linguística e da zoologia”, pois além de empregar o adjetivo “gramático” como relativo a “grama” (neologismo), definiu o pato como um anfíbio, capaz de viver na água e na grama (terra). c) Comente o fato de esses afixos poderem criar palavras a partir do léxico da língua. RESPOSTA: No ensino da língua portuguesa, o processo de formação das palavras ocupa um lugar importante na leitura e produção de textos. Novas criações léxicas que aparecem em textos poderão despertar no aluno o interesse pelo vocabulário não só no conhecimento de formas já existem como também na formação de novos itens, contribuindo, assim, para a sua criatividade lexical. Diante de uma palavra como FUTEBOLÊS, por exemplo, o professor levará o aluno a explorar método de derivação sufixal, trabalhando com vocábulos como POLITIQUÊS, CARIOQUÊS, CAIPIRÊS. Caberá ao professor esclarecer ao aluno a respeito da conveniência ou não do emprego de novos termos nos vários tipos de texto. De um modo geral, pode- se dizer que a linguagem é receptiva a novas funções, mas a linguagem formal só admite novas palavras se elas forem realmente necessárias e se forem formadas de acordo com as regras da língua. 3. (Fgv 2012). Os mecanismos constitucionais que caracterizam o Estado de direito têm o objetivo de defender o indivíduo dos abusos do poder. Em outras palavras, são garantias de liberdade, da assim chamada 1liberdade negativa, entendida como esfera de ação em que o indivíduo não está obrigado por quem detém o poder coativo a fazer aquilo que não deseja ou não está impedido de fazer aquilo que deseja. Há uma acepção de liberdade – que é a acepção prevalecente na tradição liberal – segundo a qual “liberdade” e “poder” são dois termos 3antitéticos, que denotam duas realidades em contraste entre si e são, portanto, incompatíveis: nas relações entre duas pessoas, à medida que se estende o poder (poder de comandar ou de impedir) de uma diminui a liberdade em sentido negativo da outra e, vice-versa, à medida que a segunda amplia a sua esfera de liberdade diminui o poder da primeira. Deve-se agora acrescentar que para o pensamento liberal a liberdade individual está garantida, mais que pelos mecanismos constitucionais do Estado de direito, também pelo fato de que ao Estado são reconhecidas tarefas limitadas à manutenção da ordem pública interna e internacional. No pensamento liberal, teoria do controle do poder e teoria da limitação das tarefas do Estado procedem no mesmo passo: pode-se até mesmo dizer que a segundaé a 2conditio sinequa non da primeira, no sentido de que o controle dos abusos do poder é tanto mais fácil quanto mais restrito é o âmbito em que o Estado pode estender a própria intervenção, ou mais breve e simplesmente no sentido de que o Estado mínimo é mais controlável do que o Estado máximo. Do ponto de vista do indivíduo, do qual se põe o liberalismo, o Estado é concebido como um mal necessário; e enquanto mal, embora necessário (e nisso o liberalismo se distingue do 4anarquismo), o Estado deve se intrometer o menos possível na esfera de ação dos indivíduos. Noberto Bobbio, Liberalismo e democracia. São Paulo: Brasiliense, 2006. a) Considerada no contexto, a expressão “liberdade negativa” (ref. 1) deve ser entendida como algo positivo para o indivíduo. Você concorda com essa afirmação? Justifique sua resposta. RESPOSTA: Sim, pois o conceito de “liberdade negativa” traz duas garantias: de o indivíduo não ser obrigado a atos indesejados por abuso do poder constituído ou não ser impedido de fazer aquilo que deseja, ou melhor, supõe um estado de direito em que sejam evitadas arbitrariedades por parte da esfera estatal. b) Considerando o gênero a que pertence o texto, é adequado, do ponto de vista lógico, o emprego da expressão latina “conditio sinequa non” (ref. 2)? Justifique sua resposta. RESPOSTA: A expressão “Conditio sine qua non” (Condição sem a qual não) indica circunstância indispensável à validade ou à existência de um ato. É usada nas diversas áreas do conhecimento, entre elas, Direito, Economia, Filosofia e Ciências da Saúde. Vários idiomas fazem uso dessa expressão na sua forma em latim, como o inglês, o alemão, o francês, o italiano, entre outras.” Portanto, faz sentido o uso dessa expressão, pois o texto engloba assuntos científicos políticos e termos jurídicos. c) É correto afirmar que os prefixos que ocorrem nas palavras “antitéticos” (ref. 3) e “anarquismo” (ref. 4) têm o mesmo sentido que os prefixos formadores, respectivamente, das palavras “antediluviano” e “amoral”? Justifique sua resposta. RESPOSTA: Não, os prefixos gregos ant(i) e a(n) que ocorrem nas palavras “antitéticos” e “ anarquismo” expressam oposição e negação, respectivamente. Já o prefixo latino ante e o de origem mista a das palavras “antediluviano” e “amoral” expressam anterioridade e ausência. 4. Leia o texto “O conceito de Vocábulo na obra de Matoso Câmara”, de Margarida Basílio, e teça comentários a respeito das diversas acepções para PALAVRA. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010244502004000300007&script=sci_artxt RESPOSTA: Segundo o citado texto, em um modelo de gramática tradicional, entende-se como palavra a unidade mínima de análise linguística. No entanto, a conceituação de palavra tem passado por diversas reflexões ao longo da história da linguística. Assim, surgiram dificuldades quanto à metodologia com questões, por exemplo, sobre que unidades deveriam ser consideradas palavras, a partir de que critérios. Assim, o conceito de palavra para a linguística tem diferentes caracterizações, nas diferentes dimensões do estudo da linguagem. É necessário que se considere a palavra como unidade fonológica, como elemento mínimo da estrutura sintática, como elemento do vocabulário da língua. O estudo dos conceitos de palavras é extenso e requer análises em variados aspectos. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010244502004000300007&script=sci_artxt
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