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1 Giovanna Brito 2021.1 Puberdade, Climatério, Menopausa e Distúrbios do Ciclo Menstrual Puberdade Menarca: Processo de desenvolvimento somático mediado pela ativação do eixo HHO, que culmina a aquisição da maturidade reprodutiva e se acompanha de mudanças psicossociais e emocionais profundas. Período de transição entre infância e vida adulta, durante o qual é adquirida a maturidade reprodutiva e termina quando se estabelecem os ciclos ovulatórios. A duração é variável, sendo em média de quatro a cinco anos, mas pode estender-se por até seis anos. A puberdade ocorre pela ativação da produção de GnRh. Há uma diminuição da atividade dos neurotransmissores inibidores do neurônio GnRh, mediada principalmente pelo ácido gamaaminobutírico. Há ativação dos neurônios estimuladores da secreção do GnRh, cujo principal mediador é a kisspetiptina. A leptina parece ter um papel permissivo e não desencadeador nesta ativação. Meninas acima do peso tendem a menstruar mais cedo. Adrenarca: Ativação da zona reticular das suprarrenais, que ocorre paralelamente ao início da secreção do GnRh. Inicia-se a secreção dos hormônios androgênicos: DHEA, DHEA-S e androstenediona. Crescimento dos pelos pubianos (pubarca), dos axilares (axilarca) e secreção das glândulas sebáceas. Ocorre geralmente dois anos antes do estirão de crescimento e da elevação das gonadotrofinas e do estrogênio. Etapas do desenvolvimento puberal: Estirão do crescimento: Caracteriza-se pelo desenvolvimento somático, que acontece mais cedo nas meninas. Depende da ação conjunta do hormônio do crescimento (GH), dos estrogênios e do IGF-1. Estrogênio estimula o GH, que ativa o IGF-1, que é um mediador da ação do GH. Sua duração é de dois a três anos e a velocidade de crescimento é de 9 -10 cm/ano. Telarca: Desenvolvimento mamário, que se inicia com o aparecimento do broto mamário por volta de dois anos antes da menarca. Estágios de Tanner: M1 – ausência de desenvolvimento mamário; M2- aparecimento do broto mamário; M3 – crescimento da mama e aréola, sem separação de contornos; M4 – aréola e papila formam montículo secundário; M5 – adulto. Pubarca: Caracteriza-se pelo aparecimento dos pelos pubianos, seguidos dos axilares. Estágios de Tanner: P1 – ausência de pelos; P2 – pelos finos e lisos na borda dos grandes lábios; P3 – aumento na quantidade de pelos nos grandes lábios e na sínfise púbica, pelos mais escuros e crespos. 2 Giovanna Brito 2021.1 P4 – pelos escuros, crespos, grossos – presente nos grandes lábios, sínfise púbica e períneo. P5 – pelos terminais abundantes em sínfise, períneo e raiz das coxas. Menarca: Tempo médio entre o aparecimento do broto mamário e a menarca é de dois a três anos. Geralmente ocorre após o pico do crescimento ponderal e com desenvolvimento mamário em estágio M4 e pelos P4. Após a menarca, os ciclos menstruais tendem a ser anovulatórios e, portanto, irregulares. Com a maturidade do eixo, estala-se o feedback bifásico entre o estradiol e o LH, sendo que em baixas doses ele é negativo e alta doses é positivo, levando o pico de LH no meio do ciclo, o que detona a ovulação. A ciclicidade da ovulação leva à regularidade menstrual e marca o final da puberdade. Obs: A regularidade menstrual está ligada a maturação do eixo hipotálamo-hipófise-ovários. Climatério e Menopausa Climatério: período de transição da fase reprodutiva (menacme) para a não reprodutiva (senectude) que se inicia com a queda da capacidade reprodutiva, geralmente após os 40 anos de idade. Obs: o climatério começa cerca de 10 anos antes da menopausa. Menopausa: data da última menstruação; diagnostico: paciente sem menstruar por 12 meses. Manopausa precoce: 40 – 45 anos. Menopausa tardia: 52 a 55 anos. Fisiopatologia: Ocorre perda da função dos folículos, que passam a responder inadequadamente ao estímulo hormonal hipofisário e a produzir menor quantidade de inibina em razão do menor número e pior qualidade dos folículos recrutados. Inicia-se com atresia folicular, que chega ao seu estágio final com a menopausa. Principal característica da mulher no climatério → irregularidade menstrual (níveis de LH e FSH aumentam). Vai ocorrer uma inexistência de feedback negativo dos esteroides ovarianos e da inibina para a liberação das gonadotropinas. Aumento da produção de FSH pela hipófise. Altera-se, concomitante, o pico de LH, ocorrendo anovulação (se não houver ovulação, não há produção de progesterona) e alterações menstruais. Estrogênio: redução na produção endógena (redução mais significativa ocorre com estradiol), redução mínima de estrona circulante. Androgênios: durante a vida reprodutiva, o androgênio ovariano principal é a androstenediona, importante nos folículos em desenvolvimento. Na pós-menopausa ocorre redução da androstenediona ovariana e redução da testosterona. Progesterona: na pós menopausa, os níveis de progesterona são de apenas 30%. Manifestações Clínicas: Sangramento disfuncional (progesterona), redução gradativa do volume e da duração do fluxo menstrual e cessação da menstruação (ligado ao estrogênio), ondas de calor (redução dos estrogênios endógenos), atrofia da mucosa da vagina e redução do pregueamento vagina, atrofia do epitélio uretral e perda do tônus, osteoporose, tendência a problemas cardiovasculares, alterações na pele e no cabelo (calvície; bigode) e alterações psicológicas (irritabilidade, depressão, nervosismo). 3 Giovanna Brito 2021.1 Obs: Ultrassonografia → objetivo de avaliar a pelve após a menopausa para investigar massas pélvicas, além de estudar o endométrio para determinar se a paciente tem hiperplasia ou câncer do endométrio (qualquer espessamento a nível de endométrio precisa ser investigado). Tratamento: Visa reduzir a sintomatologia associada. A hormonioterapia é a escolha mais eficaz para o tratamento das manifestações clínicas. Deve ser associado à orientação dietética e apoio psicológico. Terapia de reposição estrogênica: combater os sintomas vasomotores, o ressecamento vaginal e da pele, preservar a massa óssea, melhorar o sono, impedir a deterioração da função cognitiva e estimular a libido. Cuidados: câncer de endométrio e de mama, hipertensão e doença tromboembólica. Obs: paciente na pós menopausa que está com sintomas climatéricos e que refere sangramento irregular nos últimos 2 meses não deve usar estrogênio, enquanto não se sabe a origem do sangramento. Terapia de reposição com estrogênio – progesterona: a progesterona (previne o câncer de endométrio) contrabalança a ação do estrogênio no endométrio; reduz o número de receptores estrogênicos das células glandulares e estromáticas do endométrio. Obs: se a paciente NÃO for histerectomizada tem que ter a reposição estrogênio + progesterona! Vias de administração: oral (não recomendado apara pacientes com problemas hepáticos), transdérmica e vaginal. Alternativas ao tratamento com estrogênio: androgênios, fitoterapia e homeopatia. Distúrbios do ciclo menstrual Alterações de intervalo menstrual: Polimenorréia: intervalos menores que 21 dias. Oligomenorréia: intervalo maiores que 35 dias. Metrorragia: sangramento a intervalos irregulares. Amenorréia: parada da menstruação por 3 ciclos. Obs: Atraso menstrual → 2meses. Alterações de quantidade de sangramento menstrual: Menorragia: sangramento de mais de 80 ml. Alterações de tempo de sangramento menstrual: Hipermenorréia: sangramento por mais de 7 dias. Associação de distúrbios menstruais: Hipermenorregia: combinação de hipermonorragia e menorragia. Menometrorragia: sangramento irregular e intenso. Sangramento uterino anormal: qualquer alteração na quantidade, duração e periodicidade do sangramento. Sangramento uterino disfuncional(SUD): irregularidade menstrual sem causa orgânica. Fisiopatologia SUD: Alterações progestacionais: sangramento por supressão progestacional e sangramento por disruptura progestacional. Alterações estrogênicas: sangramento por disruptura estrogênica e sangramento pela privação estrogênica (menos comum). Sangramento por supressão progestacional: 90% das causas de SUD; comum em adolescentes, pacientes no climatério e pacientes com anovulação crônica. Sangramento anovulatório: estímulo estrogênico constante → crescimento endometrial desordenado → rupturas focais e sangramento endometrial irregular. Sangramento por disruptura progestacional: insufuciencia do corpo lúteo – baixa produção de progesterona → vasoconstricção precoce no endométrio → menstruação antecipada. Sangramento por disruptura estrogênica: spotting ou sangramento de escape. 4 Giovanna Brito 2021.1 Sangramento pela privação estrogênica: endométrio atrófico. Tratamento: DIU Mirena é o mais indicado. Exames laboratoriais: solicitar hemograma e coagulograma. Exames de imagem: USG, ressonância magnética e histeroscopia. Biópsia endometrial. Tratamento emergencial: descartar gravidez e descartar patologia orgânica; estrogenioterapia (cessar sangramento) em altas doses e curetagem.
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