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Ana Victoria Soares 2021.1 Ana Victoria Soares 2021.1 ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS (AINES) Pontos abordados: - Histórico dos AINES - Fisiopatologia da inflamação - Diferença das funções COX-1 e COX-2 - Mecanismo de ação dos AINES - Classificação e características dos diferentes tipos de AINES - Principais efeitos adversos dos AINES. CASO CLÍNICO: Uma mulher de 53 anos, de outra forma saudável, foi admitida no pronto-socorro após dois episódios de hematêmese e uma única fezes melênicas. Ela negou dor ou desconforto abdominal e não relatou história pessoal ou familiar de úlcera gástrica. O paciente relatou ter recebido naproxeno 500 mg duas vezes ao dia durante os 2 dias anteriores para uma entorse de tornozelo. Ao exame, a paciente apresentava-se hipotensa em decúbito dorsal, com pressão arterial de 90/30mmHg, e taquicárdica, com frequência cardíaca de 130 batimentos por minuto. O exame abdominal foi benigno, sem sensibilidade. A hemoglobina era de 10,2g/dL e o hematócrito de 33,4%; todos os outros valores laboratoriais avaliados estavam dentro dos limites normais. A endoscopia revelou úlcera gástrica hemorrágica de 1×1 cm no antro com vaso visível, que foi cauterizado no momento da endoscopia. As biópsias do antro e do corpo foram negativas para Helicobacter pylori. A cauterização foi bem-sucedido e o paciente foi tratado com um inibidor da bomba de prótons (IBP) intravenoso e permaneceu hospitalizado para observação e avaliação de ressangramento. Durante a internação, a paciente fez a transição para um IBP oral. Após 2 dias sem evidência de ressangramento e com os sinais vitais da paciente voltando ao normal, ela recebeu alta para casa com um IBP oral. Seu naproxeno não foi continuado. Considerações: IBP é uma classe de fármaco que reduz a produção de ácido gástrico (H+) SUSPEITAS ENVOLVENDO O MEDICAMENTO: Um dos efeitos adversos mais comum dos AINES é a formação de ulceras ou leões gástricas, que estão diretamente ligadas ao seu mecanismo de ação (inibição da COX e consequentemente a redução da produção do muco protetor gástrico, já que a COX atua no processo de formação do muco). Uma vez que o AINE bloqueia a ação da COX, ela bloqueia a produção do muco protetor da parede gástrica. Com menos muco produzido, o contato entre o ácido e a parede estomacal aumenta. Ex de IBP: omeprazol. HISTÓRICO DOS AINES: 1500 a.C -> Papiro de Ebers: efeito anti-pirético e anti- inflamatório da folha do salgueiro 400 a.C -> Hipócrates: uso de folhas de Salix alba para dores e cicatrizar feridas 1763 -> Stone: casca de salgueiro para febre 1828-> Buchner: descobriu o princípio ativo, a salicina 1853-> Gerhadt: sintetizou o ácido salicílico 1897-> Hoffmann: adicionou o grupamento acetil 1899-> Bayer lançou no mercado a Aspirina 1919-> Marca passa a ter domínio público 1994-> Consumo de 50 mil toneladas *Em 1971, Vane publicou um artigo demonstrando o mecanismo de ação dessa classe. Em um processo inflamatório o organismo produzia uma quantidade maior de prostaglandina. Estas substancias estão envolvidas no desenvolvimento do processo inflamatório. A medida em que aumenta a produção de anti- inflamatórios, aumenta também a síntese de inibição das prostaglandinas. Ex: uma dose de 1mg por mL de indometacina inibe a produção de prostaglandina cerca de 60%. Quando essa dose é aumentada pra 5mg por mL, a inibição da prostaglandina é de 100%. Ex2: Aspirina a 5mg por mL inibe a síntese de prostaglandina a aproximadamente 50%, quando aumentava a dose pra 50 mg por mL, reduzia a produção de prostaglandina em 100%. FISIOPATOLOGIA DA INFLAMAÇÃO: A inflamação pode ser definida como uma sucessão de mudanças que ocorre num tecido vivo quando este for danificado, desde que a lesão não seja de tal grau, capaz de destruir sua estrutura e vitalidade. Esse dano pode ser causado por um trauma, uma lesão, excesso de temperatura, tumores ou toxina. Ana Victoria Soares 2021.1 Ana Victoria Soares 2021.1 O processo inflamatório pode levar a perda de função. PONTOS CARDINAIS DA INFLAMAÇÃO: - DOR - CALOR - RUBOR -EDEMA - E quando esses sinais não são controlados, seja esse controle por meio fisiológico ou medicamentoso, o tecido pode vir a ter perda de função. A dor reduz a qualidade de vida do indivíduo, é considerado o principal sintoma que leva o paciente a uma consulta médica. O processo inflamatório como um todo sofre uma auto regulação, então, teoricamente, em condições normais, o processo inflamatório consegue se auto resolver. O organismo possui mediadores inflamatórios que estimulam respostas inflamatórias e reduzem respostas inflamatórias. Então, na medida em que esse tecido foi agredido seja por bactéria, toxina, queimadura, lesão física... mediadores pró-inflamatórios (prostaglandinas, citocinas, bradicininas) são liberados favorecendo a inflamação. Essas substancias vão estimular nocicepcores, deixando região mais sensível a dor, estimulando substancias vasodilatadoras que favorecem a formação de edemas (extravasamento do líquido intra e extracelular), favorece a diapedese (migração das células imunes) aquecendo e deixando esse tecido mais vermelho. Substâncias não-inflamatórias como TGF-Beta, IL-10, IL-13 vão ser recrutadas para resolver o processo inflamatório, reduzindo a migração celular, reduzir a sensibilidade dos nocioceptores. Alguns eventos que levam ao processo inflamatório podem ser continuados, dessa forma o organismo não consegue resolver por conta própria a inflamação. Caso essa inflamação não seja resolvida, se a ação medicamentosa não for introduzida nesse processo pra favorecer o lado anti-inflamatório, pode ocorrer a perda de função do tecido. Lesão tecidual libera histamina e aumenta o fluxo sanguíneo. A histamina provoca extravasamento dos capilares, liberando fagócitos e mediadores inflamatórios no meio. Fagócitos englobam bactérias, células mortas e resíduos celulares. Plaquetas se movem para fora dos capilares a fim de iniciar o processo de controle e reparo da lesão. Fisiopatologia da inflamação a nível molecular: Ocorre a lesão tecidual e a liberação de citocinas pró- inflamatórias que agem em lipídeos, fosfolipídios de membrana liberando a liberação de fosfolipídios, tanto liberados pela lesão tecidual quanto liberados por citocinas pró-inflamatórias. Esses fosfolipídios, uma vez liberados vão ser substrato da enzima Fosfolipase A2, que tem o papel de captar, clivar os fosfolipídios de membrana e converte-los em Ácido araquidônico, que se torna substrato da Cicloxigenases (COX), que tem o papel de converter Ácido araquidônico em prostaciclinas (PCl), prostaglandinas (PGE) e tromboxanos (TxA2) que levam a eventos importantes da inflamação. Prostaciclinas: vasodilatação e inibição da agregação plaquetária. Prostaglandinas: dor, febre, vasodilatação, inibição da secreção de ac gástrico, aumento da secreção de muco gástrico. Tromboxano: agregação plaquetária, vasoconstricção. Um fármaco que é capaz de inibir a cicloxigenase, vai ser uma substancia capaz de inibir a produção de prostaciclinas, prostaglandinas e tromboxanos. OBS: O ac araquidônico não inibe a ação da cox. O ac araquidônico é um substrato da COX. OBJETIVOS DO TRATAMENTO: Aliviar sintomas e preservar a função tecidual Retardar ou deter a lesão tecidual Alguns AINES possuem propriedades anti- inflamatórias, antipiréticas e analgésicas combinadas. CICLOXIGENASE (COX) 1 E 2 Os AINES são antagonistas da COX, ou seja, bloqueiam a função da enzima. Nesse caso, são antagonistas competitivos, eles irão se ligar ao sítio de ligação do Ana Victoria Soares 2021.1 Ana Victoria Soares 2021.1 substrato, que é o ácido araquidônico. O espaço estará ocupado pelo anti-inflamatório. Dessa forma, o ac araquidônico não terá como ter aceso ao sítio catalítico da COX, resultando em uma redução de prostaglandinas.A COX- 1 possui um bolsão de acesso ao sítio catalítico mais estreito, logo a COX-2 possui um bolsão de acesso ao sítio catalítico mais largo. A interação entre AINES, enzimas e a COX são reversíveis, ou seja, estão em equilíbrio. Eles se ligam e se desligam da COX. No momento em que estão ligados, impedem o acesso do ac araquidônico ao sítio catalítico. No momento em que estão deligados, o ac araquidônico consegue acessar o sítio catalítico. Exceto o ácido acetil salicílico (AAS, aspirina) que se liga a COX de maneira irreversível, covalente. Uma vez que é ligada, não desliga mais. Existem fármacos que são seletivos para COX-2, que tem a função de inibir apenas a COX-2. Existem também os fármacos não seletivos, que inibem as COX-1 e COX- 2. AÇÃO DA COX A NÍVEL FISIOLÓGICO: Durante muito tempo, imaginava-se que a COX era uma enzima produzida exclusivamente no processo inflamatório. Porém, ao longo do tempo foi descoberto que a COX-1 descoberta primeiramente possui funções fisiológicas, ou seja, independente do indivíduo estar com processo inflamatório ou não, a COX-1 é produzida por células normais (plaquetas, endotélio gástrico e rins). Para as plaquetas, o tromboxano contribui para a agregação plaquetária, por isso é importante as plaquetas produzirem COX-1 e essa COX-1 produzir tromboxano. Sem COX-1, sem tromboxano, as plaquetas tem dificuldade de serem ativadas e se agregarem. No endotélio gástrico descobriu-se que essas células endoteliais da mucosa gástrica precisam produzir prostaciclinas para que as prostaciclinas estimulem as células caliciformes produtoras de muco a produzirem o muco gástrico, protegendo a parede do ácido. As células renais produzem prostaglandinas que atuam na participação de regulação do fluxo sanguíneo. Portanto, chega-se a conclusão que a COX-1 é constitutiva, ou seja, participa também de processos fisiológicos. Por muito tempo foi pensado que a COX-1 era constitutiva e a COX-2 era produzida apenas em processos inflamatórios. A partir dessa tese, surgiram os inibidores seletivos de COX-2, ou seja, inibidores que inibiam apenas a ação da COX-2 com o objetivo de não afetar a função fisiológica da COX-1. OBS: Uso do ASS como anti-agregante plaquetário – o fato do AAS se ligar de maneira irreversível a COX faz com que ele tenha essa capacidade além dos outros fármacos. As plaquetas que são os alvos do AAS não possuem núcleo, ou seja, não é capaz de sintetizar proteínas, não sendo capaz de sintetizar uma COX nível do AAS. CICLOXIGENASE 1 GESTAÇÃO E PARTO - Importante para indução das contrações uterinas durante o parto (A COX auxilia produzindo prostagrlandinas) OBS: O cytotec induz contrações uterinas, ou seja, mimetiza a ação das prostaglandinas. - Manutenção de uma gravidez saudável - Importante para implantação do óvulo. CICLOXIGENASE 2 (COX-2) Ana Victoria Soares 2021.1 Ana Victoria Soares 2021.1 Participação de uma cicloxigenase induzida (COX2) em processos inflamatórios. Estudos mostram que a medida em que o tempo passa na administração de uma substância pró-inflamatória como é o caso da carragenina, tem o aumento da COX- 2. Ativação de COX-2: em concentrações cerca de 10 vezes menores de substrato que o necessário para ativar a reação de cicloxigenase na COX-1. INIBIÇÃO DIFERENCIADA DA COX-1 E COX-2 Serviu para demostrar e comprovar que existem fármacos que são seletivos para a COX-2. COMO OCORRE A SELETIVIDADE DA COX-2: O exemplo 1 mostra a ação de um fármaco não seletivo, ou seja, ele acessa o bolsão da COX-1 e da COX-2 e impede a entrada do ac araquidônico ao ciclo ativo. O exemplo2 mostra a ação de um fármaco com seletividade, ele consegue acessar apenas o bolsão da COX-2 já que ele é maior. As moléculas são maiores, então não conseguem acessar o bolsão da COX-1. O PAPEL DA COX-2 EM ALGUNS SISTEMAS: A COX-2 também possui funções constitutivas, ou seja, também participam fisiologicamente. Nos rins: expressa constitutivamente na macula densa; O aumento da renina renal que ocorre depois da restrição de sódio na dieta necessita da indução de COX-2. Sistema gastroinstestinal:o uso de seletivos de COX-2 em animais com mucosa colônica inflamada resultou em bloqueio da síntese de PGs e aumentou importante na severidade do dano na mucosa (ou seja, a COX-2 também é importante na produção de muco protetor da parede gástrica) O tratamento contínuo resultou em perfuração da mucosa e morte de 100% dos animais – papel protetor da COX-2. Animais KO (geneticamente modificados, não possuem expressão da enzima) para COX-2 tem resolução de ulcera gástrica diminuída. Útero e ovário: facilita a ovulação – importante na ruptura do folículo e implantação do embrião Sua inibição previne a ovulação; Animais fêmeas KO não ovulam, múltiplas deficiências no sistema reprodutor; COX-2 expressa no parto – tratamento de parto prematuro com inibidores seletivos para COX-2. Vasos sanguíneos: a produção de PGl2 (vasodilatadora e antitrombótica) endotelial em humanos saudáveis parece depender da COX-2. CICLOXIGENASE 3: COX-3: provável isoforma da cicloxigenase encontrada no sistema nervoso central (devido a ação do parecetamol/acetaminofeno) Responsavel por modular dor e febre no SNC. O parecetamol é mais potente em inibir a ação da COX- 3 do que a COX-1 e COX-2. Ele não é um anti- inflamatório, ele é um anelgesico e antipirético, na qual se encaixam perfeitamente as funções da COX-3 a nível SNC. Os efeitos fisiológicos da COX-3 estão ligados no processo de manter a temperatura corpórea. Ana Victoria Soares 2021.1 Ana Victoria Soares 2021.1 CLASSIFICAÇÃO DOS AINES: Os Salicilatos: AAS o principal Propriedades farmacológicas e uso terapêutico: - Analgesia - Antipirese -Efeito anti-inflamatório -Efeito gastrointestinal (dispepsia, erosão, anemia – sangramento gastrointestinal, ulceração) -Agregação plaquetária- contribui para aumento de tempo de sangramento - Efeito renal: hemostasia – diminui a excreção de sódio (ou seja, aumenta a reabsorção de água), ganho de peso, edema periférico, aumento da pressão sanguínea; diminui a secreção de potássio – hipercalemia; hemodinâmica renal – insuficiência renal aguda. Farmacinética e metabolismo: - Absorção: via oral Pka x pH -> ácido acetilsalicílico é rapidamente absorvido por via oral, um pouco no estomago e a maior parte nas porções iniciais do intestino delgado. Solubilidade Lipossolubilidade Ligação a proteínas plasmáticas Biotransformação hepática Excreção urinária – dependente de pH (se tem uma urina acida favorece a eliminação de um fármaco ácido, e vice e versa. Potenciais interações medicamentosas: Redução da secreção tubular – probenicida (elas competem, a principal forma do fármaco acessar o nefron é através da secreção ativa. A probenicida compete pelo mesmo transportador e possui preferência) Drogas em eliminação renal – metrotexato, lítio Deslocamento da ligação com proteínas plasmáticas: varfarina, fenitoína, outros aines. Compete pelo metabolismo hepático: tolbutamida Classe de derivados dos para-aminofenóis: Acetaminofeno - PARACETAMOL Efeitos terapêuticos: -Antipirético -Analgesia: -Anti-inflamatória(?) baixa atividade Por que o acetaminofeno tem baixa atividade anti- inflamatória? IC50 é a concentração necessária para inibir em 50% a ação dessa enzima A concentração de Acetaminofeno para inibir 50% da atividade de COX-1 é >100 micromolar, já para COX-2 e COX-3 são necessários 460 micromolar. A quantidade (concentração) de Aspirina para inibir em 50% a atividade da COX-1 é 10 micromolar A quantidade (concentração) de Diclofenaco para inibir em 50% a atividade da COX-1 é 0,035 micromolar A quantidade (concentração) de ibuprofeno para inibir em 50% a atividade da COX-1 é 2,4 micromolar. A partir disso é possível perceber a questão da afinidade que se caracterizapela potência. O diclofenaco é considerado o fármaco mais potente, já que precisa de uma concentração menor de diclofenaco para inibir 50% da ação da enzima COX-1. Obs: embora não exista a classe de fármacos seletivos para a COX-1, os testes demonstraram que a Aspirina tem uma predileção pra inibir a COX-1 do que a COX- 2. EX2: A presença da peroxidase aumenta a potencia do paracetamol, ou seja, o efeito inibitório as COX pelo acetaminofeno é potencializado com baixas concentrações de peróxidos. Se tem glutationa peroxidase no meio, tem pouco peroxido, já que a peroxidase vai reduzir esses peróxidos. Em um ambiente inflamado se tem muito peroxido (espécies reativas de O2), tem pouca glutationa peroxidase. Ou seja, o ambiente inflamado favorece a ligação paracetamol-COX, tornando o acetaminofeno menos potente Ana Victoria Soares 2021.1 Ana Victoria Soares 2021.1 Do lado direito mostra a formação de espécies reativas de O2 (peróxidos), envolvendo reações de transferência de elétrons. Um dos produtos do ciclo da peroxidase participa da ativação de prostaglandina. Para que a cicloxigenase converta o ácido araquidônico em prostaglandona, ela precisa de um produto da peroxidase. O composto 1 (forma ativa, formado na presença de peróxidos ou radicais livres) fornece elétrons para a cicloxigenase produzir prostaglandina e depois é inativada em composto 2. O intermediário 2 é a substancia que captura o elétron do composto 1 e vai fornecer pra cicloxigenase produzir prostaglandina. Acontece que o acetaminofeno parece ter uma atividade importante no processo de conversão do composto 1 em composto 2. O Acetaminofeno reduz a disponibilidade (quantidade) do composto 1, que é essencial pra síntese de prostaglandina na etapa metabólica da cicloxigenase, ou seja, se eu tiver pouca peroxidase no meio, o papel do acetaminofeno que é converter o composto 1 em composto 2, vai ser baixo. O efeito do acetaminofeno na inflamação depende da etapa do ciclo da peroxidase, já que quanto mais peroxidase eu tenho, maior a probabilidade do acetaminofeno exercer seu papel e estimular a transformação de composto 1 em composto 2. Diclofenaco: -Analgésico -Antipirético -Anti-inflamatório Farmacocinética e absorção: O diclofenaco é completamente absorvido dos comprimidos gastroerresistentes após sua passagem pelo estomago. Absorção após alimentação é retardada, mas concentração final é semelhante por demorar mais no estomago. Isso quer dizer que a alimentação não interfere na quantidade de diclofenado que vai ser absorvido, não interfere em sua concentração final, ele interfere na demora do inicio do efeito. Se ingere o fármaco após a alimentação, ele ficará mais tempo no estomago e irá demorar mais tempo pra ser absorvido, que é no intestino. Ligação de proteínas plasmáticas: 99,7% Biotransformação hepática Excreção urinária: cerca de 60%da dose administrada é excretada na urina como conjugado glicurônico da molécula intacta como metabólitos, a maioria dos quais são também convertidos a conjugados glicurônicos – aumentam a hidrossolubilidade do fármaco, pra que ele seja eliminado na urina mais facilmente. COXIBES – inibidores seletivos da COX-2 Moléculas maiores, capazes de inibir apenas a COX-2. O primeiro inibidor da COX-2 foi o Rafecoxib ou Vioox. Pacientes com câncer de colon que usaram o Rafecoxib tiveram 2x mais ventos cardiovasculares, como IAM e AV, sendo retirado do mercado em 2004. Atualmente, o inibidor de COX-2 mais utilizado é o Celecoxib, mas também tem um elevado potencial de gerar risco cardiovascular Absorção: via oral – a administração com alimentos (refeição rica em gordura) retarda a absorção do colecoxibe resultando em um tempo máximo de 4 horas e aumenta a biodisponibilidade em cerca de 20% Ex: em condições normais, em uma alimentação não rica em gorduras, o paciente tomou um comprimido de 100 mg de celecoxib e, normalmente, absorve 50% de disponibilidade. Se o paciente ingere o comprimido de 100mg antes ou após uma dieta rica em gorduras, ele aumenta a sua biodisponibilidade. A gordura do alimento interage Ana Victoria Soares 2021.1 Ana Victoria Soares 2021.1 com a molécula do fármaco, possibilitando a passagem dele pela membrana plasmática. Os lipídeos interagem com o cilecoxibe o tornando uma molécula mais lipossolúvel. Biotransformação hepática: o metabolismo do celecoxibe é mediado principalmente pela via citocromo P450. Excreção hepática: o cilecoxibe é eliminado predominantemente por metabolismo hepático, com menos de 1% da dose excretada inalterada na urina. A excreção é via biliar, sai maior parte pelas fezes. Principais efeitos adversos: COX-1: ulceras peptídicas, sangramento GI, problemas renais. Seletivos de COX-2: hipertensão, IAM, problemas renais. OBS: Os efeitos gástricos na COX-1 são maiores que os de inibidores seletivos da COX-2 devido a maior interação entre COX-1 e produção do muco protetor. Efeitos adversos associados: Bloqueando a ação da COX-1, é bloqueado também a transformação do Ac araquidônico em prostaglandina. Com menos prostaglandina, se tem uma menor produção de muco, uma menor secreção de bicarbonato e uma redução do fluxo sanguíneo. - Uma menor produção de muco leva a uma menor proteção do epitélio gástrico ao ácido estomacal. -O bicarbonato é importante para neutralizar o H+, com sua redução, a chances de lesões gástricas causadas pelo acido são maiores. - A redução da prostaglandina leva a vasoconstrição. Com essa vasoconstricção, são levados menos nutrientes para a célula que já está sofrendo/sendo lesionada. Efeito adverso renal: O quadro mostra situações que tendem a reduzir a taxa de filtração glomerular. São duas situações que o nosso organismo consegue reverter produzindo vasoconstrictores (angiotensina, catecolamina, vasopressina... )que vão tentar aumentar o fluxo sanguíneo renal pra aumentar a taxa de filtração renal. Com o paciente sem uso de AINE: a cicloxigenase está trabalhando normalmente, as prostaglandinas estão em níveis normais, atuando no processo de vasodilatação. Essas prostaglandinas atuam antagonizando os efeitos intrarenais dos vasoconstrictores, balanceando a ação da catecolamina, vasopressina e angiotensina, mantendo a integridade renal normalizada. Paciente em tratamento de AINE: o fármaco esta inibindo a síntese de prostaglandina a nível renal, ou seja, esse mecanismo fica sem ação contraria ao vasoconstrictor. Há uma vasodilatação além do normal a nível renal porque está sem produzir prostaglandina, favorecendo a filtração glomerular e aumentando o potencial de toxicidade renal EFEITOS ADVERSOS ASSOCIADOS: Nas plaquetas existe apenas COX-1, no endotélio COX- 2. A função fisiológica da COX-1 nas plaquetas é converter o ac araquidônico em tromboxano e iniciar a agregação plaquetária. Ana Victoria Soares 2021.1 Ana Victoria Soares 2021.1 A função fisiológica da COX-2 no endotélio é converter ac araquidônico em prostaciclina, que tem uma função anti-trombótica e vasodilatadora. NO ex 2: paciente está em uso de AINE seletivo de COX-2, ou seja, ele está bloqueando apenas a COX-2 e não a COX-1. A consequência disso é o desequilíbrio no balanceamento da hemostasia coagulatória. O individuo deixa de produzir prostaciclinas que são pro- trombóticas e vasodilatadoras, mas não deixa de produzir tromboxanos, que são pró-coagulatórios. Prevalece a relação trombótica dos tromboxanos, com isso, se tem a maior probabilidade desse organismo formar trombos. ESCOLHA DO AINE ADEQUADO: Sempre que uma classe de fármaco tem muitas opções, como é o caso dos AINES, montar a racionalidade para escolha de um ou de outro é um pouco mais complicado. Devido a isso, alguns pontos importantes devem ser levados em consideração: -Eficácia -Custo-eficiência -Segurança: saberse o paciente teve algum evento ou risco -Outros fatores: medicamentos associados, adesão ao tratamento. CASO FINAL: Uma jovem de 16 anos de idade vai ao consultório médico devido a cólicas menstruais. Sua menarca foi aos 13 anos. Sua menstruaçãodura quatro a cinco dias, e ela tem cilos de 28 dias. Durante os primeiros dois a três dias de sua menstruação, ela afimra que tem cólicas muito fortes. As cólicas tem ocorrido desde a menarca e parecem ter piorado no último ano. Elas são tão fortes, as vezes, que ela perde suas atividades de rotina. Ela toma paracetamol e pílulas para ”cólica menstrual”, as quais não necessitam de prescrição, sem alívio adequado. A jovem não tem nenhuma história clínica significativa, não toma medicamentos regularmente e não é sexualmnete ativa. O exame é normal. Você avalia o problema como disminorreia primária e prescreve diclofenaco para ser usado quandonecessario. - Quais são os efeitos terapêuticos dos fármacos anti- inflamatórios não esteroidais (AINEs)? antipiretico, analgesico e anti-inflamatório. - Qual é o mecanismo de ação anti-inflamatória não esteroidal (AINEs)? Inibição da cicloxigenases. OBS: qualquer aine deve ser ministrado no menor tempo possivel no menor tempo necessario. 1-D.Os AINEs aumentam o tempo de sangramento. 2-A 3-C: O paracetamol produz um metabolico toxico que precisa da glutationa pra ser neutralizado e excretado. N-acetilcisteina é administrado como um farmaco, é um precussor da glutationa. Quando metabolizado, ele produz e disponibiliza glutationa para o organismo. Então aumenta a reserva de glutationa pra neutralizar o paracetamol que apaciente tomou.
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