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Farmacologia dos Vasoconstritores · Todos os anestésicos locais injetáveis clinicamente eficazes são vasodilatadores · Após injeção de um anestésico local nos tecidos, os vasos sanguíneos da área dilatam-se, resultando em um aumento da perfusão no local e levando à: · Aumento da taxa de absorção do anestésico local pelo sistema cardiovascular · Maiores níveis plasmáticos do anestésico local com aumento do risco de toxicidade · Diminuição da profundidade e da duração da anestesia devido à difusão mais rápida da solução anestésica para fora do local de injeção · Aumento do sangramento no local do tratamento devido ao aumento da perfusão · Os vasoconstritores controlam a perfusão tecidual e são adicionados a uma solução anestésica local: · Os vasoconstritores diminuem o fluxo sanguíneo para o local de administração do anestésico, devido a constrição de vasos sanguíneos · A absorção do anestésico local para o sistema cardiovascular torna-se mais lenta · Os níveis sanguíneos do anestésico local são reduzidos, diminuindo assim o risco de toxicidade · Maiores quantidades de anestésico local penetram no nervo, onde permanecem por períodos mais longos, aumentando a duração de ação · O sangramento no local da administração é diminuído pelos vasoconstritores · Os fármacos simpaticomiméticos também podem ser classificados de acordo com sua estrutura química e seu modo de ação · Estrutura Química · A presença e a ausência de um núcleo catecol está relacionada com a classificação dos agentes simpaticomiméticos · Os fármacos simpaticomiméticos que têm radicais hidroxila (OH) na terceira e quarta posições do anel aromático são denominados catecóis · Os vasoconstritores que não possuem grupos OH na terceira e quarta posições são aminas, pois apresentam um grupo NH 2 · Se eles contêm um grupo amina (NH2) ligado à cadeia lateral alifática, são designados como catecolaminas · A adrenalina, noradrenalina e dopamina são as catecolaminas naturais do sistema nervoso simpático · Isoproterenol e levonordefrina são catecolaminas sintéticas · Modos de Ação · Três categorias de aminas simpaticomiméticas são conhecidas: Os fármacos de ação direta, os fármacos de ação indireta, e os fármacos de ação mista · Receptores Adrenérgicos · São encontrados na maioria dos tecidos do corpo · Com base nas ações inibitórias ou excitatórias das catecolaminas no músculo liso são denominados alfa (a) e beta (b) · A ativação dos receptores (a) por um agente simpaticomimético produz a contração do músculo liso dos vasos sanguíneos (vasoconstrição) · Os receptores (a1) são excitatórios pós-sinápticos, os receptores (a2) são inibidores pós-sinápticos · A ativação dos receptores b produz o relaxamento do músculo liso e a estimulação cardíaca · Os receptores b1 e são responsáveis pela estimulação cardíaca e pela lipólise · Os receptores b2 produz broncodilatação e vasodilatação · Liberação de Catecolaminas · A tiramina e a anfetamina, agem indiretamente causando a liberação da catecolamina noradrenalina de locais de armazenamento nas terminações nervosas adrenérgicas · Esses agentes podem exercer uma ação direta nos receptores (a) e (b) · Concentração dos Vasoconstritores · Referida com uma relação – 1:1.000: Significa que há 1g (1.000 mg) de soluto contido em 1.000 ml de solução · O uso da adrenalina foi inserido para prolongar a duração dos anestésicos locais, recomendava 1:10.000 de adrenalina · Atualmente, a concentração de 1:200.000 de adrenalina apresenta menos efeitos colaterais sistêmicos · Apesar de ser um vasoconstritor bastante utilizado na medicina e odontologia, a adrenalina não é um fármaco ideal · Níveis sanguíneos mensuráveis de adrenalina exerce influência no coração e nos casos sanguíneos · Esse aumento pode variar de alguns minutos a meia hora · A administração intravenosa de 0,015 mg de adrenalina com lidocaína resulta em um aumento da frequência cardíaca de 25 a 70 BPM e elevações de 20 a 70mmHg na pressão arterial sistólica · Outros vasoconstritores incluem noradrenalina, fenilefrina, levonordefrina e felipressina · A noradrenalina produz intensa vasoconstrição periférica com elevação da pressão arterial, portanto é associada a um índice de efeitos colaterais 9x maior do que a adrenalina · O uso da noradrenalina não é recomendado atualmente · A fenilefrina apresenta vantagens sobre os outros vasoconstritores, porém alguns estudos mostram que os níveis sanguíneos máximos de lidocaína foram maiores com a fenilefrina · A adrenalina continua sendo o vasoconstritor mais eficaz e utilizado na medicina e na odontologia · Farmacologia de Agentes Específicos · Adrenalina: · Estrutura química: · Altamente solúvel em água; · A deterioração é acelerada pelo calor e pela presença de íons de metais pesados, por isso o bissulfito de sódio é adicionar para retardar sua deterioração · O tempo de validade de um tubete anestésico contendo vasoconstritor é menor (18 meses) comparado à um tubete que não tenha vasoconstritor (36 meses) · Origem: · Disponível na forma sintética e obtida de medula suprarrenal de animais · Existe nas formas levógira (15x mais potente) e dextrógira · Modo de ação · Atua diretamente nos receptores (a-) e b-adrenérgicos, os efeitos (b) predominam · Ações Sistêmicas · Miocárdio: · A adrenalina estimula os receptoes B1 do miocárdio · Há uma força e frequência de contração positivas · O débito e a frequência cardíaca aumentam · Células Marca-passo: · Estimula os receptores B1 e aumenta a irritabilidade das células marca-passo, consequentemente leva a um aumento da incidência de disritmias · Artérias Coronárias: · Produz dilatação das artérias coronárias, aumentando o fluxo sanguíneo arterial coronariano · Pressão Arterial: · A pressão arterial sistólica é aumentada, a diastólica é reduzida devido à maior sensibilidade à adrenalina dos receptores B2 · Dinâmica cardiovascular: · Há uma estimulação direta no aumento das pressões sistólica e diastólica · Aumento do débito cardíaco · Aumento do volume sistólico · Aumento da frequência cardíaca · Aumento da força de contração · Aumento do consumo miocárdico de oxigênio · Vasculatura: · A ação primária adrenalina ocorre nas arteríolas menores e esfíncteres pré-capilares · A adrenalina produz constrição nos vasos que nutrem pele, mucosas e rins contêm basicamente receptores (a) · Pequenas doses de adrenalina produzem dilatação nos vasos que nutrem os músculos esqueléticos que contêm receptores (a) e (b2) · Hemostasia: · A injeção de adrenalina diretamente no local da cirurgia produz concentrações teciduais elevadas, estimulação predominante dos receptores a e hemostasiaCom a diminuição dos níveis teciduais de adrenalina ao longo do tempo, a sua ação primária sobre os vasos sanguíneos é revertida para a vasodilatação, por isso é comum a observação de algum sangramento aproximadamente 6 horas após o procedimento cirúrgico · Sistema Respiratório · A adrenalina é um potente dilatador (efeito b2) do músculo liso dos bronquíolos · É uma substância importante para o tratamento de episódios asmáticos agudos (p. ex., broncoespasmo) · Sistema Nervoso Central: · Em doses terapêuticas habituais, a adrenalina não é um estimulante potente do sistema nervoso central (SNC) · Suas ações estimulantes do SNC tornam-se proeminentes quando é administrada uma dose excessiva · Metabolismo: · Por meio de uma ação b, ela estimula a glicogenólise no fígado e nos músculos esqueléticos, elevando os níveis sanguíneos de glicose em concentrações de adrenalina de 150 a 200 pg/ml.25 · Final da Ação e Eliminação: · A ação da adrenalina é finalizada primariamente pela sua recaptação pelos nervos adrenérgicos · A adrenalina que escapa à recaptação é rapidamente inativada no sangue pelas enzimas catecol-O-metiltransferase (COMT) e monoamina oxidase (MAO), as quais estão presentes no fígado · Efeitos Colaterais e Superdosagem: · As manifestações clínicas da intoxicaçãopor doses excessivas (superdosagem) de adrenalina estão relacionadas com a estimulação do SNC · Incluem aumento do temor e ansiedade, tensão, agitação, cefaleia pulsátil, tremor, fraqueza, tontura, palidez, dificuldade respiratória e palpitação · Aplicações Clínicas: · Tratamento das reações alérgicas agudas, tratamento de episódios asmáticos agudos (broncoespasmo) · Tratamento da parada cardíaca · Como um vasoconstritor, para hemostasia, como um vasoconstritor em anestésicos locais, para diminuir a absorção para o sistema cardiovascular · Como um vasoconstritor em anestésicos locais, para aumentar a profundidade da anestesia · Como um vasoconstritor em anestésicos locais, para aumentar a duração da anestesia · Para produzir midríase · Doses Máximas: · Deve ser usada a solução menos concentrada que produza controle eficaz da dor · A duração de anestesia pulpar e dos tecidos moles eficaz é equivalente em todas as formas · Hemostasia: · As soluções de anestésico local contendo adrenalina são utilizadas, através de infiltração no local da cirurgia, para prevenir ou minimizar a hemorragia durante procedimentos cirúrgicos ou outros · Noradrenalina (Levarterenol): · Estrutura Química: · A noradrenalina (como o bitartarato) em tubetes anestésicos odontológicos é relativamente estável em soluções ácidas, deteriorando-se com a exposição à luz e ao ar · O tempo de validade de um tubete contendo bitartarato de noradrenalina é de 18 meses · Origem: · A noradrenalina é disponível nas formas sintética e natural. A forma natural constitui aproximadamente 20% da produção de catecolamina da medula adrenal · Existe na forma levógira quanto na dextrógira, sendo que a forma levogira é 40 vezes mais potente que a dextrógira · Mecanismo de Ação: · As ações da noradrenalina são quase que exclusivamente sobre os receptores a (90%) · Ela também estimula as ações b no coração (10%) · Ações Sistêmicas · Miocárdio: · A noradrenalina apresenta uma ação inotrópica positiva no miocárdio através de estimulação b1 · Células Marca-passo: · A noradrenalina estimula as células marca-passo e aumenta sua irritabilidade, levando à maior incidência de disritmias cardíacas · Artérias Coronárias: · A noradrenalina produz aumento no fluxo sanguíneo nas artérias coronárias por meio de um efeito vasodilatador · Frequência Cardíaca: · A noradrenalina produz uma redução na frequência cardíaca causada por ação reflexa dos baroreceptores carotídeo e aórtico e do nervo vago · Pressão Arterial: · Há aumento das pressões sistólica e diastólica, principalmente da sistólica · Esse efeito é produzido por meio de ações a-estimulantes da noradrenalina · Dinâmica Cardiovascular: · A ação geral da noradrenalina no coração e no sistema cardiovascular leva a um aumento da pressão sistólica · Aumento da pressão sistólica · Aumento da pressão diastólica · Diminuição da frequência cardíaca · Débito cardíaco inalterado ou ligeiramente diminuído · Aumento do volume sistólico · Aumento da resistência periférica total · Vasculatura: · Através da estimulação (a), a noradrenalina produz constrição dos vasos sanguíneos cutâneos · Isso leva a um aumento da resistência periférica total e aumento das pressões sistólica e diastólica · Sistema Respiratório: · A noradrenalina ocasiona a constrição a-induzida das arteríolas pulmonares, o que reduz um pouco a resistência das vias aéreas · Sistema Nervoso Central: · A noradrenalina não exibe ações estimulantes sobre o SNC em doses terapêuticas usuais · Suas propriedades estimulantes sobre o SNC são mais proeminentes após superdosagem · Metabolismo: · A noradrenalina aumenta a taxa metabólica basal, ela produz uma elevação da glicemia em menor que a adrenalina · O consumo de oxigênio pelos tecidos também é aumentado na área da injeção · Término da Ação e Eliminação: · A ação da noradrenalina é finalizada através da sua recaptação nos terminais nervosos adrenérgicos · Efeitos Colaterais e Superdosagem: · As manifestações clínicas da superdosagem de noradrenalina são semelhantes, mas menos frequentes e menos graves que as da adrenalina · Acentuada das pressões sistólica e diastólica, com risco aumentado de acidente vascular cerebral hemorrágico, cefaleias, episódios de angina em pacientes suscetíveis e disritmias cardíacas · Aplicações Clínicas: · Utilizada como vasoconstritor em anestésicos locais e para tratamento da hipotensão · Doses Máximas: · A noradrenalina deve ser administrada apenas para controle da dor, não havendo justificativa de seu uso para se obter hemostasia · Paciente sadio normal: 0,34 mg por consulta; 10 ml de uma solução a 1:30.000 · Paciente com doença cardiovascular clinicamente significativa (ASA 3 ou 4): 0,14 mg por consulta; aproximadamente 4 ml de uma solução de 1:30.000 · Levonordefrina · Estrutura Química: · Livremente solúvel em soluções ácidas diluídas · O bissulfito de sódio é adicionado à solução para retardar sua deterioração · Tempo de validade: 18 meses · Origem: · A levonordefrina, um vasoconstritor sintético, é preparada pela resolução da nordefrina em seus isômeros opticamente ativos · A forma dextrógira da nordefrina é praticamente inerte · Mecanismo de Ação: · Atua por meio de estimulação direta do receptor a (75%) com alguma atividade b (25%), em menor grau do que a adrenalina · Ações Sistêmicas · Miocárdio: · Mesma ação da adrenalina, sendo que em menor grau · Células Marca-passo; Frequência Cardíaca e Vasculatura: · Mesma ação da adrenalina, mas em menor grau · Sistema Respiratório: · Produz alguma broncodilatação, sendo que em menor grau que a adrenalina · Sistema Nervoso Central e Metabolismo · Mesma ação da adrenalina, mas em menor grau · Efeitos colaterais e superdosagem: · Hipertensão, taquicardia ventricular e episódios de angina em pacientes com insuficiência coronariana · Aplicações Clínicas: · Utilizada como vasoconstritor em anestésicos locais · Doses Máximas: · Para todos os pacientes, a dose máxima deve ser 1 mg por consulta; 20 ml de uma concentração de 1:20.000 (11 tubetes) · Cloridrato de Fenilefrina · Estrutura Química: · Bastante solúvel em água · É o vasoconstritor mais estável e mais fraco empregado na odontologia · Origem: · A fenilefrina é uma amina simpaticomimética sintética · Mecanismo de Ação: · A fenilefrina exerce pouca ou nenhuma atividade (b) no coração · Pequena parte de sua atividade resulta de sua habilidade de liberar noradrenalina · Ações Sistêmicas · Miocárdio: · Apresenta pouco efeito cronotrópico ou inotrópico sobre o coração e pouco efeito nas Células Marca-passo · Artérias Coronárias: · Aumento do fluxo sanguíneo causado por dilatação · Pressão Arterial: · Aumento nas pressões sistólica e diastólica · Frequência Cardíaca: · A bradicardia é produzida por ações reflexas dos barorreceptores carotídeo-aórticos e do nervo vago · Dinâmica Cardiovascular: · Aumento das pressões sistólica e diastólica · Bradicardia reflexa · Ligeira redução do débito cardíaco (resultante do aumento da pressão arterial e da bradicardia) · Vasoconstrição potente (contração da maioria dos leitos vasculares, aumento significativo da resistência periférica), mas sem congestão venosa acentuada · Sistema Respiratório: · Os brônquios são dilatados, mas em menor grau do que com o uso da adrenalina · Metabolismo: · Aumento na taxa metabólica · Outras ações (p. ex., glicogenólise) são semelhantes àquelas produzidas pela adrenalina · Efeitos Colaterais e Superdosagem: · Cefaleia e disritmias ventriculares após superdosagem · Doses Máximas: · Paciente saudável normal: 4 mg por consulta; 10 ml de uma solução a 1:2.500 · Paciente com insuficiência cardiovascular clinicamente significativa (ASA 3 ou 4): 1,6 mg por consulta, equivalente a 4 ml de uma solução a 1:2.500 · Felipressina · Origem: · Análogo sintético do hormônio antidiurético vasopressina · Ela é uma amina não simpaticomimética, classificada como um vasoconstritor· Mecanismo de Ação: · Estimulante direto da musculatura lisa vascular · Suas ações são mais acentuadas na microcirculação venosa do que na arteriolar · Ações Sistêmicas · Artérias Coronárias: · Quando administrada em altas doses (maiores do que as terapêuticas), pode reduzir o fluxo sanguíneo através das artérias coronárias · Vasculatura: · Em altas doses pode produzir palidez facial · Efeitos Colaterais e Superdosagem: · A incidência de reações sistêmicas à felipressina é mínima · Doses Máximas: · Para pacientes com insuficiência cardiovascular clinicamente significativa (ASA 3 ou 4), a dose máxima recomendada é 0,27UI; 9 ml de 0,03 UI/ml Referências Malamed, S.F Manual de anestesia local. 6ª ed., Rio de Janeiro, Elsevier. 2013
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