Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DOENÇAS COMUNS DA TIREOIDE BIANCA GABRIELLA E LAÍS CRISTINA - CURSO DE MEDICINA (Endocrinologia Clínica – Lúcio Vilar – 6ª edição + Cecil – Tratado de Medicina Interna + UpToDate) HIPOTIREOIDISMO Síndrome clínica resultante da deficiente produção ou ação dos hormônios tireoideanos - “Alentecimento” generalizado dos processos metabólicos TIPOS: Primário – problema na tireoide Secundário – causa hipofisária Terciário – causa hipotalâmica Causa rara – resistência periférica à ação dos hormônios – 1000 casos descritos PRIMÁRIO •Mais comum – 95% dos casos •Prevalência mundial: cerca de 5% •Pode ser endêmico em áreas com deficiência de iodo, atualmente é uma causa rara, devido ao consumo do sal iodado. •Mais comum em mulheres •Aumento de prevalência com a idade HIPOTIREOIDISMO CENT RAL Muito raro (0,005% na população geral) Muitas vezes é impossível separar entre secundário e terciário Processos neoplásicos, inflamatórios, isquêmicos, infiltrativos ou traumáticos Comprometimento da capacidade secretória da hipófise ou do hipotálamo HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO 1/4-5 mil nascidos vivos Deve ser diagnosticado precocemente Congênito sem bócio Defeitos no desenvolvimento da glândula Administração indevida de iodo 131 à gestante Hiporresponsividade ao TSH (raro) O TSH estimula a glândula a produzir hormônio e o desenvolvimento da glândula. Quando o paciente tem aumento do TSH, a glândula também aumenta. Congênito com bócio Defeitos herdados na biossíntese dos hormônios Em crianças, a causa mais comum de hipo adquirido é Hashimoto Recém Nascido: Cretinismo Dificuldade respiratória, icterícia, cianose, má alimentação, choro rouco, acentuado retardo da maturação óssea; Criança: Retardo de crescimento e dificuldade de aprendizagem (os hormônios tireoidianos são importantes para o desenvolvimento do sistema nervoso). Puberdade precoce com baixa estatura CAUSAS DO HIPOTIREOIDISMO (ETIOLOGIA) •Redução do tecido tiroidiano funcionante o Tireoidite de Hashimoto – causa mais comum – anticorpo antiperoxidase (antiTPO) o Tireoidite sub-aguda o Tratamento da doença de Graves o Doenças infiltrativas o Agenesia de tireóide •Defeitos na biossíntese e liberação dos hormônios ♦ Disormonogênese congênita ♦ Grave deficiência de iodo ♦ Drogas FATORES DE RISCO PARA HIPOTIREOIDISMO: •Idade acima de 60 anos •Sexo feminino •Bócio •Nódulos na tireóide •História familiar de doença tiroidiana •Radioterapia em cabeça e pescoço (Radiação externa e iodoterapia) •Doença auto-imune tiroidiana ou extra-tiroide •Drogas: lítio, amiodarona A amiodarona influencia diretamente no metabolismo da tireoide. •Tabagismo MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 1. Desaceleração generalizada dos processos metabólicos 2. Acúmulo de glicosaminoglicanos no espaço intersticial - o ácido hialurônico é um dos componentes dos glicosaminoglicanos. No hipotireoidismo há uma quebra da homeostase e provoca acúmulo do ácido hialurônico causando algumas reações. • Comprometimento geral do organismo • Grande variação e riqueza de sintomas • Perda gradual da função >> clínica insidiosa • Pode ser assintomático ou oligossintomáticos • Gravidade da doença, exames de triagem • SINTOMAS: Astenia, sonolência, intolerância ao frio, pele seca e descamativa, voz arrastada, hiporreflexia profunda, edema facial, anemia, bradicardia, ganho ponderal, irregularidade menstrual, queda de cabelo O hipotireoidismo provoca aumento de peso, no entanto, a obesidade não pode ser justificada pelo hipotireoidismo PELE E ANEXOS: •Pele: fria e pálida por ↓ de fluxo sanguíneo, atrofia da camada celular, hiperceratose com aspecto de pele áspera •↓ de sudorese por queda da calorigênese e produção de suor •Descoloração •Unhas frágeis, cabelo quebradiço, alopecia •Edema sem cacifo (mixedema) Casos mais graves. Infiltração por glicosaminoglicanos e retenção hídrica APARELHO CARDIOVASCULAR: •Bradicardia, diminuição do débito cardíaco, bulhas hipofonéticas, derrame pericárdico FUNÇÃO PULMONAR: Diminuição da resposta ventilatória à hipóxia e hipercapnia = Respirações superficiais e lentas FUNÇÃO RENAL: Retenção hídrica pela incapacidade de excretar sobrecarga de líquidos = Edemas APARELHO REPRODUTOR: Hipermenorragia, infertilidade, galactorréia, disfunção erétil, redução de libido Em mulheres, os sintomas podem ser para mais ou para menos. OLHOS: Edema periorbitário se mixedema APARELHO DIGESTÓRIO: Redução de motilidade, constipação, anemia perniciosa (doença autoimune que afeta a produção do fator intrínseco, afetando a absorção de vitamina B12), doença celíaca, anorexia, distensão APARELHO MUSCULAR: Cãibras, fraqueza, mialgia SISTEMA METABÓLICO: Aumento de LDL e triglicérides, aumento de transaminases, LDH APARELHO NEUROLÓGICO: Cefaleia, tonturas, zumbido, hiporreflexia, alterações vestibulares, déficits cognitivos, distúrbios visuais e auditivos, parestesias, nistagmo, tremores APARELHO HEMATOLÓGICO: •Anemia: Diminuição da síntese de hemoglobina, deficiência de ferro por hipermenorréia e menor absorção, deficiência de folato (< absorção de ácido fólico), deficiência de vitamina B12 HIPOTIREOIDISMO NO RECÉM NASCIDO •Persistência da icterícia fisiológica, choro rouco, constipação, sonolência, hérnia umbilical, atraso da maturação óssea •Retardo mental importante e irreversível •TRIAGEM NEONATAL! •Início após os 2 anos Ausência de retardo mental Baixa estatura, rendimento escolar ruim, atraso do desenvolvimento puberal DIAGNÓSTICO •Primário: TSH elevado, T4L e T3 baixos Hipotireoidismos subclínico, nem sempre precisa começar o tratamento na hora. Alteração mais precoce: alteração do TSH (hipo subclínico) Secreção preferencial de T3 (1/3 dos pacientes pode ter T3 normal) •Central: T4L baixo. TSH pode estar normal, baixo ou até mesmo alto TRATAMENTO •Levotiroxina Dose única diária, em jejum Dose inicial de acordo com peso e idade •Avaliar resposta de acordo com TSH e T4L Dosar a cada 6-8 semanas até alvo. Após, 1-2x/ano •Ajustar dose até atingir meta de TSH TSH entre 0,5-2,5 mUI/L para adultos e até 10 em idosos •Hipotireoidismo subclínico – tratamento controverso COMA MIXEDEMATOSO Redução do nível de consciência Bradicardia Hipotensão Hipoventilação Hiponatremia Hipoglicemia Tratamento do coma mixedematoso ♦ Emergência médica ♦ Volume e correção hidroeletrolítica ♦ Aquecimento lento e gradual ♦ Levotiroxina EV + corticoides EV ♦ Não deve aguardar resultados de exames laboratoriais ♦ Identificar e tratar fatores precipitantes HIPERTIREOIDISMO •Várias etiologias diferentes Importante para o tratamento •Dois mecanismos fisiopatológicos básicos Captação de iodo •HiperT com captação normal ou alta 1. Ocorre síntese aumentada hormonal na glândula 2. Pode ser tratado com medicação que inibe a síntese hormonal •HiperT com captação reduzida ou ausente a. Inflamação com destruição da glândula e liberação de hormônios pré formados b. Fonte extra tireoideana de hormônio (ex: glândula ectópica; tumor; medicamentos para emagrecimento) HIPERTIREOIDISMO COM CAPTAÇÃO AUMENTADA •Doenças auto imunes e tecido tireoidiano autônomo •Doença de Graves (doença autoimune) O que é a doença de graves? a produção de um anticorpo que se liga ao receptor do TSH, ‘’finge’’ ser o TSH fazendo estímulo na glândula da tireoide e fazendo a produzir os hormônios. Ele nao destroi a glândula e por isso faz bócio. •Adenoma tóxico e bócio multinodular Hiperplasia focal ou difusa de células foliculares Capacidade funcional autônoma •Mediado por TSH – Hipertireoidismo central o Adenoma hipofisário o Resistência do TSH ao feedback neg. dos hormônios tireoideanos HIPERTIREOIDISMO COM CAPTAÇÃO↓/AUSENTE •Tireoidites, ingestão exógena de hormônio, produção ectópica •Tireoidites: hipertireoidismo >>> hipotireoidismo (por evolução - tiroidite de hashimoto) •Tireoidite de de Quervain (síndrome pós viral) •Tireoidite pós parto, tóxica, por radiação, lítio, amiodarona •Tecido ectópico Tumores ovarianos, metástases funcionais de cânceres de tireoide MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DO HIPERTIREOIDISMO Efeito estimulante sobre o metabolismo Sintomas gerais: Palpitações, sudorese, intolerância ao calor, perda de peso, hiperfagia, fadiga fácil, fraqueza muscular, nervosismo, insônia, tremores Pele e anexos: pele quente, sudorese, unhas de plummer Achados Cardiovasculares taquicardia, fibrilação atrial, dispnéia aos esforços, hipertensão sistólica, ICC de alto débito Sistema Digestivo Aumento da motilidade intestinal = Hiperdefecação Sistema Reprodutor Oligomenorréia, abortos repetidos, diminuição da libido, disfunção erétil DOENÇA DE GRAVES •Anticorpo contra o receptor do TSH (TRAb) •Estímulo ao crescimento da glândula e síntese de hormônio •T4L e T3 suprimem o TSH normal •Poligênica e multifatorial COMO SE MANIFESTA? 1. Hipertireoidismo com bócio difuso HiperT + bócio difuso 2. Oftalmopatia infiltrativa 3. Dermopatia (mixedema pré tibial) Aumento difuso da glândula sem nodulações OFTALMOPATIA: Agressão autoimune intra-orbitária Antes, durante e depois do hiperT Espessamento dos músculos extraoculares, aumento da gordura retrobulbar, aumento da pressão intra orbitária Clinicamente evidente em até 50% Exoftalmia, redução da drenagem venosa, edema periorbital Dermopatia Mixedema pré tibial •Mixedema pré tibial 5-10% dos casos Espessamento da pele, principalmente na área pré tibial Acúmulo de glicosaminoglicanos Placas com pele espessada, aspecto de casca de laranja, coloração violácea •Separação das unhas de seu leito Unhas de Plummer DIAGNÓSTICO LABORATORIAL TSH baixo e indetectável Elevação de frações totais e livres de T4 e T3 No início pode haver apenas TSH baixo TRAb - Pode estar presente em indivíduos saudáveis; Hipertireoidismo + TRAb é muito sugestivo de DG. Anti tireoglobulina (antiTg - 50%), Anti tireoperoxidase (antiTPO – 90%) DOENÇA DE GRAVES - IMAGEM •Captação de iodo radioativo em 24 horas •Não solicitado de rotina – dúvida diagnóstica •Aumentado na grande maioria dos casos •USG •Glândula hipoecogênica difusamente aumentada TRATAMENTO •Drogas anti tireoideanas (tionamidas) •Inibir a produção de T3 e T4 •Metimazol e propiltiouracil – bloqueio da peroxidase tireoideana •Ajustar dose após eutireoidismo e manter na menor possível •Destruição da tireóide usando iodo radioativo •Remoção cirúrgica da tireoide •Beta bloqueadores •Idosos sintomáticos; FC> 90; doença cardiovascular •Inibem conversão periférica CRISE TIREOTÓXICA •Exacerbação grave de hipertireoidismo •Mortalidade: cerca de 10% •Qualquer causa de hipertireoidismo – Graves •Infecção, trauma, cirurgias, indução anestésica, sobrecarga aguda de iodo, gestação, parto, hipoglicemia, palpação de tireoide, estresse •Hipermetabolismo grave e manifestações adrenérgicas •Febre alta, taquicardia importante, tremores, náuseas, vômitos, diarreia, desidratação (IRA pré renal), agitação, delirium, coma •Alteração extrema de comportamento, psicose •Edemas, hepatomegalia, dificuldade respiratória, ICC •Arritmias (FA) •Morte por arritmias, ICC, hipertermia •Diagnóstico clínico e laboratorial o TSH suprimido, elevação de T3 e T4 o Hiperglicemia, alteração de laboratório hepático o Leucocitose leve o Avaliar infecção TRATAMENTO DA CRISE TIREOTÓXICA •Controle da tireotoxicose, dos fatores preciptantes, terapia de suporte •Rastrear infecção •Hidratação •Tratar arritmias •Suporte ventilatório e cardiovascular •Controle da temperatura •Tionamidas Propiltiouracil – redução da produção e da conversão •Iodo Efeito Wolff-Chaikoff •Corticóides Prevenir insuficiência adrenal relativa Reduzir conversão periférica •Beta bloqueadores Reduzir sintomas adrenérgicos Reduzir conversão periférica NÓDULOS TIREOIDEANOS •Achado clínico comum 20-76% dos pacientes que realizam USG •Maioria é benigna 5-10% malignos •Cistos coloides, tireoidites, neoplasias benignas, carcinoma •Assintomáticos, descobertos em avaliação de rotina •Descartar câncer •Avaliar o status funcional da glândula •História clínica e exame físico •Função tireoideana •Exames de imagem •PAAF se necessário FATORES PARA MALIGNIDADE •Sexo masculino •Jovens e idosos (< 20 e > 70) •Crescimento rápido, dor local, alteração da voz •Não específico (CA geralmente é assintomático) •História familiar, radioterapia de pescoço prévia, TSH muito aumentado •TSH e T4L Nódulos malignos não costumam ser autônomos Pacientes com CA geralmente são eutireoideos Evidência de hipertireoidismo é forte indicativo contra malignidade •USG - Melhor exame para detecção de nódulos e avalia as características - Sólidos, hipoecogênicos, margens irregulares ou infiltrativas, microcalcificações, fluxo sanguíneo intra nodular, adenomegalia •Cintilografia com iodo ou tecnécio – nódulos “frios” ou quentes” Nódulos hipocaptantes (maioria) – malignos em no máximo 15% Nódulos hipercaptantes – muito raro serem malignos •PAAF – melhor método para diagnóstico definitivo EXAME FÍSICO •Tamanho •Consistência •Mobilidade •Sensibilidade •Adenopatia cervical Suspeito!! 1. Único 2. Endurecido 3. Pouco móvel 4. Com adenopatia O QUE FAZER DIANTE DE UM NÓDULO? •TSH, T4L, USG •Na ausência de hipertireoidismo, puncionar nódulo sólido, > 1 cm •Nódulo + hipertireoidismo Cintilografia Nódulo quente – tratar Nódulo frio – PAAF se critérios suspeitos ao USG
Compartilhar