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Direito Civil - Contratos - Noções Gerais e Princípios liberais clássicos

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Direito dos Contratos
CONTRATO: NOÇÕES GERAIS
NOÇÕES GERAIS: Por conta do objeto a ser trabalhado, se tem duas vertentes: (I)  a jurídica e (II) como o contrato se relaciona com a economia: é uma questão ideológica e pragmática. 
A patrimonialidade é uma marca essencial de uma relação obrigacional, mas, há RJ onde existe direitos e deveres mas que não é regulada pelo direito obrigacional, como ocorre na relação PARENTAL, onde os pais tem deveres e direitos sobre seus filhos mas, não há a ideia de patrimonialidade. Outrossim, aqui nos contratos há o grande elemento de representação da interface entre direito e economia. 
O QUE É UM CONTRATO? Um negocio jurídico, mas nem todo negocio jurídico é um contrato. 
DEFINICÃO DE CAIO MAIO DA SILVA PEREIRA: “O negocio jurídico é um acordo de vontades na conformidade da lei e com a finalidade de adquirir, resguardar, transferir, conservar, modificar ou extinguir direitos”. Ou seja, em  situações de um testamento não é um contrato, pois quem vai receber a herança não vai opinar. Mas, outras situações como a promessa de recompensa, o sujeito é o credor, e ainda não se sabe quem é o devedor, mas, já gerou efeitos obrigacionais. Outrossim, perceba que se eu pedisse a alguém para procurar algo, prometendo pagar X valor, e a pessoa dissesse que não atenderia meu pedido, não haveria contrato, pois, teoricamente já sabia quem seria o credor, mas, esse recusou. 
CONTRATO COMO INSTRUMENTO DE CIRCULAÇÃO DE RIQUEZAS: É através do contrato que eu faço com que o bem da vida por mim pretendido seja prestado. Costuma-se dizer que o contrato nos retira da barbárie, é um elmento de harmonia e segurança nas relações, por exemplo, se eu quero um computador, eu não vou arrancar das mãos de alguém, eu vou procurar onde firmar um contrato de compra e venda. 
Permite-se através do contrato, o sujeito alcance os bens da vida que ele quer. 
Lembre que o contrato NÃO DEPENDE de uma forma especial. 
FUNÇÕES E EFEITOS ECONOMICOS DOS CONTRATOS: 
1. PROMOVER CIRCULAÇÃO DE RIQUEZAS. Como por exemplo, quando eu firmo um contrato de prestação de serviços, eu estou recebendo o capital. 
2. PREVENÇÃO DE RISCOS. Como foi, por exemplo, estudado em obrigações a figura do fiador, onde ele é em tese o devedor subsidiário, e o credor percebendo que o devedor principal não tem como pagar, ele pode diretamente acionar o fiador. Observe que o contrato de fiança é uma garantia. Além do fiador, há a figura dos contratos de seguros, onde uma vez que eu causo um prejuízo, eu previamente já paguei o seguro, e vai ser a seguradora quem vai cobrir o prejuízo que causei. 
3. COLABORAÇÃO ENTRE AS PARTES. Há uma discussão doutrinaria se DEVE ocorrer essa colaboração ou se PODE, Vicente e Paulo Nalim acham que DEVE. Por exemplo o dever de reduzir o próprio prejuízo, onde, eu vendo um produto agrícola para Marianna, que aplica na fazenda dela e acabando matando as plantas, causando um prejuízo de 10.000, se amanha, Marianna usa de novo e causa mais 10.000 de prejuízo, pois, quanto mais ele aumenta o prejuízo dele, ele vai estar aumentando meu prejuízo porque eu terei que restitui-lo (art 186 + 389). Assim, Marianna só tem o direito de receber pelo primeiro dia, pois, quanto mais ela aumenta o valor do prejuízo dele, também esta aumentando o meu. Perceba que Marianna estará perdendo o direito potestativo de aplica no produto, pois, ele já sabe que estará causando prejuízo a si mesmo e consequentemente a mim, que o indenizaria apenas pelo primeiro dia. 
4. PREVENÇÃO DE CONTROVERSIA COM UMA CLAUSULA ARBITRAL. A clausula arbitral, os sujeitos estão renunciando que irão recorrer ao judiciário. 
5. CONCESSAO DE CREDITO.
6. CRIAÇÃO DE DIREITOS REAIS, pois, esses tem impactos econômicos. 
CONTRATO COMO NEGOCIO JURÍDICO 
Elementos de existência: Previsão doutrinaria. 
1. Manifestação de vontade
2. Sujeito/Agente
3. Objeto
Requisitos de validade: Art 104 do CC. 
1. Livre
2. De Boa fé 
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
PRINCÍPIOS LIBERAIS CLÁSSICOS 
AUTONOMIA: É interpretado com uma ideia de liberdade do particular de criar normas jurídicas, e a partir de momento que se estabelece um contrato, ele acha um lugar no ordenamento se respeitado os planos da existência, validade e eficácia. Assim, se um dos sujeitos descumpre o contrato, pode se pedir do Estado um ajuda para que se realize a demanda, dentro dos prazos prescricionais. Essa autonomia permite que o sujeito possa estabelecer acordos que serão exigíveis juridicamente (pretensão). 
Histórico e modificação estrutural: Da autonomia e da vontade a autonomia privada 
Quando o contrato foi colocado como uma categoria vinculada ao NJ, por uma evolução doutrinaria, em que o contrato se afasta da ideia ROMANA, e se atrela a vontade, e quando ela se estabelece como essencial para o contrato, o foco agora na analise do contrato é se essa vontade foi respeitada ou não. Isso faz com que a analise dos vícios é determinante para validade do contrato. Essa mudança decorre de um momento histórico do plano econômico em que a burguesia começa a ser a detentora da riqueza, onde os burgueses eram artesoes e comerciantes, que grande parte de seus serviços eram contratos de compra e venda e de prestação de serviços. Assim, a riqueza deixa de ser o patrimônio de terras e sim, o comercio. 
Logo, quando a burguesia quer se firmar, ela precisa fazer do contrato um instrumento da garantia da sua riqueza e de sua circulação, dai, surge a ideia da evolução francesa de IGUALDADE, LIBERDADE E FRATERNIDADE. Perceba que essa classe queria afastar a presença do Estado, que só analisaria se o objeto é licito e se o contrato foi firmado sem vícios de vontade. O contrato se torna obrigatório porque as pessoas livremente estabeleceram o contrato (“QUEM DIZ CONTRATO, DIZ JUSTO”), mas, perceba que ao longo dos anos se ONDE A VONTADE ESCRVIZA, A LEI VEM E LIBERTA, pois vai não mais só analisar a vontade dos sujeitos e sim, a proteção deles analisando por exemplo o poder econômico que difere os sujeitos.
Essa autonomia da revolução francesa é a AUTONOMIA DA VONTADE.  
Outrossim, como já foi supracitado, foi percebido que essa autonomia estava sendo usada como abuso de direitos, pois, claramente quem tem um maior poder econômico, é quem ira ditar as regras do contrato. Assim, se inicia uma discussão se o Estado poderia interferir num contrato que eu livremente firmei com o outro. Assim, entra em ação os movimentos de esquerda que socializam o direito, e gradualmente a autonomia da vontade vira a AUTONOMIA PRIVADA: Liberdade modula e limitada por valos constitucionais e éticos. 
Desdobramentos
1. LIBERDADE DE CONTRATAR: Dentro da ideia tradicional de autonomia, eu contrato se quiser, não sou obrigada. Porem, essa regra é atenuada no momento em que certas situações não podem ser desprezadas, eu não posso optar por não contratar, como por exemplo serviços básicos como energia e agua. 
2. LIBERDADE CONTRATUAL PROPRIAMENTE DITA: A liberdade de estabelecer o conteúdo do contrato também foi atenuado. 
Não deixa de existir liberdade contratual, mas ela foi restringido.  
Efeitos
1. É possível deixar de aplicar certas normas legais para aplicação de normas decorrentes da vontade. Exemplo: lei de locação = onde o proprietário do bem firma um contrato de locação mas, coloca uma clausula de renuncia a indenização pelas benfeitorias, e o proprietário pode fazer isso,  o STJ já sumulou que por força da autonomia PRIVADA, uma vez que o locatório esta ciente dessa clausula, ela pode ser acordada. Exemplo 2: Teoricamente, IPTU e condomínio é uma obrigação do proprietário do imóvel, mas, a mesma lei que declara isso diz que pode ser modificado. 
OBS: NORMAS DE ORDEM PUBLICA não podem ser modificadas pela autonomia. 
2. Possibilidade da criação de contratos atípicos (art 425): Aquele contrato que não ta no CC nem em leis esparsas. Exemplo: contrato de hospedagem. 
FORÇA OBRIGATORIA “PACTA SEUNTSERVANDA” 
Atrelada à ideia da autonomia da vontade, se eu pactuo uma obrigação, ela tem que ser cumprida 🡪 ideia de obrigatoriedade do contrato e a sanção em decorrência do descumprimento deste.
A partir do momento que firmo o contrato, gera pra mim uma expectativa de cumprimento dele e uma sensação de tranquilidade. Sendo assim, as partes não podem, de forma unilateral, alterar o conteúdo do contrato sem a concordância do outro 🡪 Não é dada a qualquer uma das partes alterar o contrato sem que haja a concordância do outro. 
Resilição não seria uma oposição a isso? 🡪 Vicente diz que não, pois ainda assim teria um reforço à ideia de que eu só posso alterar o conteúdo do contrato ou extingui-lo ou porque as partes querem; nesse caso, na própria produção do contrato isso foi acordado. Elas mesmas já estabeleceram, previamente, que poderiam exercer esse direito ao firmarem o contrato. 
PACTA SUNT SERVANDA = “o acordo faz escravos entre as partes” 🡪 na teoria tradicional, uma vez estabelecido o contrato, o sujeito estaria atrelado a ele.  Atualmente, há a ideia de função social do contrato, em que há uma flexibilização disso. Quando falamos, por exemplo, em revisão do contrato, há situações em que se legitima a possibilidade de alterar o contrato. 
RELATIVIDADE DOS EFEITOS 
Significa que o contrato apenas e tão somente cria uma exigibilidade do seu conteúdo para aqueles que o celebraram (que participam da relação) – é a ideia de eficácia relativa do contrato. 
Há que se chamar atenção para duas situações: 
· O contrato celebrado por duas partes pode afetar terceiros, mesmo que esse terceiro não faça parte do contrato (Ex.: NJs com encargo) – isso impacta, na pratica, na exigibilidade desses direitos. 
· Tutela Externa do Crédito – ideia de que embora o conteúdo do contrato só seja possível de ser exigido daqueles que participam do mesmo, contudo o que se estabelece é que a proteção do contrato é obrigação de todos (obrigação de não interferir no cumprimento do contrato). 
TEORIA RELACIONADA AO TERCEIRO OFENSOR (OU TERCEIRO CÚMPLICE) 🡪 A teoria do terceiro ofensor decorre da interferência ilícita do terceiro em negócios jurídicos alheios, por meio da indução ao inadimplemento.
Exemplo do posto de gasolina e da distribuidora Shell. - A Shell pode processar a Distribuidora B, mas também não impede de regressar contra o posto.
Art. 608 CC - Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos.
Tem-se essa ideia de relatividade dos efeitos também no Direito do Consumidor – no tocante ao consumidor por equiparação.
DIRIGISMO CONTRATUAL E A ORDEM SOCIAL DO ESTADO
Isso tem a ver com a mudança que o contrato sofre por conta da mudança do Estado em relação uma atividade privada.
O Estado, ao se preocupar com algumas questões sensíveis à matéria privada, começa a exercer o que chamamos de dirigismo contratual – de certa forma, está regulando uma atividade privada (contexto da RF e garantias básicas até mesmo na relação privada – estabelecer a ideia de isonomia material).
Revisão Judicial do Contrato (grande tópico dentro de dirigismo contratual)
NOÇÕES GERAIS: ideia excepcional, pois não é possível a revisão contratual a não ser que se tenha uma justificativa plausível para isso.
A CLÁUSULA “REBUS SIC STANDIBUS”: essa cláusula representa algo como “enquanto as coisas assim permanecerem” ou “assim estava dito”. Faz-se presente desde os primórdios, não a sua previsão específica, mas a sua previsão 🡪 ideia de que as pessoas, quando pactuam algo, analisam aquele momento específico. Ou seja, as pessoas só vão querer continuar/acordar esse contrato se as condições que estavam presentes ali se mantiverem. Quando muda a realidade do contrato a ponto de mudar as condições, passa a existir a possibilidade de modulação desse contrato, ideia de que é necessária a revisão para contemplar aquela situação pretérita que justificou a contratação.
Essa cláusula ficou mais forte na época do direito canônico. Ficou um pouco estagnada porque basicamente pouco tempo depois houve a RI e RF, e a ideia era de liberalismo econômico. Assim, a cláusula ficou sem sentido, pois a lógica da época era a não interferência do contrato. Com a I Guerra Mundial, pessoas que tinham contratos, por exemplo, de fornecimento de mercadorias, foram afetadas com os resultados. Nesse quadro, na França foi criada a Lei Faillot.
· Lei Faillot (1918): dizia que, se em virtude da guerra, os contratos de fornecimento de mercadorias gerassem prejuízos significativos para os contratantes (ou para um deles), isso seria motivo suficiente para pedir a resolução (extinção) do contrato.
Essa lei serviu para resolver esse problema, mas era apenas e tão somente para venda de mercadorias. Com o tempo, passou a se estender para outras áreas.
Depois passou a ser critério de suspensão ou extinção do contrato, mas não de revisão do conteúdo. Só com o passar do tempo que isso passou a ocorrer.
TEORIA DA IMPREVISÃO: a teoria da imprevisão é fundamento teórico da cláusula acima, pois segundo essa teoria, quando acontecessem fatos imprevisíveis e extraordinários eles permitiriam a revisão do contrato. Dentro da ideia de que eu contratei em uma determinada realidade, mas ao longo das mudanças da vida, a realidade muda. A teoria da imprevisão acaba sendo uma roupagem da cláusula rebuc sic standibus.
Alguns autores entendem que não basta tão somente que uma situação fuja da imprevisibilidade e seja fora do normal, é preciso uma onerosidade excessiva para um dos contratantes a ponto de influenciar na sua contratação.
CRITÉRIOS PARA A REVISÃO CONTRATUAL:
· Contratos Bilaterais*🡪 pois estabelecem a ideia de deveres entre as partes. Isso faz com que, a partir da onerosidade excessiva, esta seja motivo para a diferença. OBS: os contratos unilaterais também podem ser revisados – art. 480: Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes (unilateral), poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.
· Contratos Comutativo 🡪 aquele em que as partes sabem de antemão os riscos e os ganhos daquela relação contratual. Ideia de equilíbrio entre prestação e contraprestação.
Todo contrato comutativo é bilateral, mas nem todo contrato bilateral é comutativo.
Por que não se fala de revisão no contrato aleatório? Pois o risco é integrante da figura do contrato; pode-se ter situações em que sequer terá contraprestação cumprida pela outra parte (Ex.: seguro de vida – se a pessoa não morrer, não vai poder pedir devolução).
Mas há contratos que são parte aleatório, parte comutativo, e nesse caso só pode pedir revisão em relação à parte comutativa.
OBS.: Enunciado 440 5º Jornada 🡪 É possível a revisão ou resolução por excessiva onerosidade em contratos aleatórios, desde que o evento superveniente, extraordinário e imprevisível não se relacione com a álea assumida no contrato.
· Contratos de execução 🡪 pois nesses contratos existe uma diferença no lapso temporal entre o momento em que o contrato foi firmado e o momento de cumprimento.
Quando o contrato é instantâneo, isso não importa, pois se exauriu na hora. (Ex.: comprei um carro que hoje vale 50 mil e amanha 70 – não posso querer refazer isso)
OBS – Súmula 286, STJ: A renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida não impede a possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades dos contratos anteriores.
ANÁLISE DO ART. 478 e 479 CC: Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
· Podemos dizer que esse artigo se relaciona com a revisão contratual? A princípio não;
· A segunda critica é que esse artigo reúnetantas hipóteses de concretização que a concreção dele seria quase impossível.
· O que seria hoje um fato imprevisível extraordinário?!
· O que seria a extrema vantagem?
· Enunciado 176 da 3ª jornada – Em atenção ao princípio da conservação dos negócios jurídicos, o art. 478 do Código Civil de 2002 deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial dos contratos e não à resolução contratual.
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições do contrato. 🡪 O código em vez de prever a possibilidade de me ajudar, fica a mercê da boa vontade da outra parte.
OBS.: enunciado 176 da 3ª jornada - Em atenção ao princípio da conservação dos negócios jurídicos, o art. 478 do Código Civil de 2002 deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial dos contratos e não à resolução contratual. 
Nessa situação, apesar de falar de resolução do contrato, a jurisprudência tem entendido que a pessoa pode pedir revisão contratual se a tentativa de adequação do contrato for possível. 
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
O devedor estando em mora, pode pedir a revisão judicial do contrato? O STJ entende que não é possível; no entanto, o próprio STJ abrange essa interpretação entendendo que se por ventura essa mora foi criada por conta de uma situação de abusividade eu poderia pleitear a revisão do contrato.
Art. 330, § 2º CPC: A petição inicial será indeferida quando: § 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito.
§ 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados.
APLICAÇÃO NO CDC ART. 6º, V:
Art. 6º: São direitos básicos do consumidor: V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
O CDC é de 1990 e o CC de 2002 – boa parte da doutrina criticou que os requisitos do CC para a revisão contratual eram muito mais graves do que os que existiam no CDC 🡪 a justificativa do legislador foi que na relação de consumo há uma disparidade nos polos, certa vulnerabilidade; exige-se mais no CC porque as relações cíveis são mais paritárias, e por isso não se justificaria ter um tratamento igual ao do CDC.
OBS.: quando eu aplico o CC e quando aplico o CDC? Tem que olhar a presença de um fornecedor e do destinatário final.
Princípio do Equilíbrio Econômico e da Justiça Contratual
Contexto de mudança da participação do Estado em relação à economia. A partir do momento em que o Estado começa a ter uma postura intervencionista na regulação da atividade privada, passa-se a ter a ideia de que o Estado vai estabelecer certas normas, princípios e valores que modularão a questão da autonomia da vontade e da força obrigatória desse contrato firmado pelas partes.
Ideia da funcionalização desses institutos (contrato) e que tenhamos a possibilidade de o Estado interferir nessa matéria.
[???] Quando se fala em principio do equilíbrio econômico e da justiça social, temos que pensar em dois planos distintos: quando eu falo de relação de consumo, sei que o peso da regulamentação estatal será bem maior por conta da disparidade de forças e vulnerabilidade do consumidor na relação de consumo. 
Função Social – Art. 421 Lei 13.874/19
Quando eu tenho, em contrapartida, relações cíveis e relações empresariais, tem sido reclamada a excessiva intervenção estatal nessas áreas. Um dos grandes princípios relacionados a essa ideia de equilíbrio econômico e justiça contratual foi recentemente alvo de alteração legislativa através do art. 421 da Lei de Liberdade Econômica.
A função social tem sido entendida como uma forma de regulamentação contratual pelo Estado a partir do momento em que eu analiso o contrato como inserido no contexto da sociedade. Por conta disso, é estabelecido em relação à função social que: o contrato, como circulação de riquezas, não se esgota apenas nesse viés, como a questão da justiça, da dignidade, da promoção de redução de desigualdade, etc.
A função social sempre se desenvolveu a partir da ideia de solidariedade, limitação da autonomia e da força obrigatória do contrato. Judith Martins Costa dizia que a função social usa uma forma de interpretação do contrato que busca uma socialização da análise disso tudo, o contratualismo com um viés coletivo.
A alteração estabelecida por conta dessa lei muda não só o art. 421 como fez inserir o PU desse artigo e o art. 421-A. A redação anterior dessa lei dizia basicamente que a liberdade de contratar seria exercida em razão e nos limites da função social do contrato. Já a redação atual diz que a liberdade contratual será exercida nos limites e não mais “em razão”.
Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato.
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual. 🡪 Ou seja, só vai haver revisão em situações mais excepcionais ainda e a intervenção será a menor possível.
Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que:
I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução;
II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e
III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada.
Alguns autores tem entendido que não vai mudar muita coisa porque as modificações foram pontuais; de qualquer sorte, não foi de todo errado porque se olharmos para o art. 421-A quando fala das relações empresariais, vamos ter a ideia de que de fato vai haver a principio um equilíbrio entre as empresas que estão ali negociando; claro que temos que analisar o porte das empresas envolvidas, o que essa lei quer é afastar a possibilidade de revisão do contrato, e por isso enfatiza a paridade entre as empresas. A jurisprudência ainda dará caminhos para resolver essas questões, porque esse assunto sempre foi pensado diante da ideia de solidariedade e não de exclusão.
OBS: ENUNCIADOS LIGADOS À FUNÇÃO SOCIAL:
21 a 23 – 1ª jornada:
21 🡪 A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui cláusula geral a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros, implicando a tutela externa do crédito (situação do terceiro ofensor).
22 🡪 A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui cláusula geral que reforça o princípio de conservação do contrato, assegurando trocas úteis e justas.
23 🡪 A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana.
166 e 167 – 3ª jornada:
166 🡪 A frustração do fim do contrato, como hipótese que não se confunde com a impossibilidade da prestação ou com a excessiva onerosidade, tem guarida no Direito brasileiro pela aplicação do art. 421 do Código Civil.
167 🡪 Com o advento do Código Civil de 2002, houve forte aproximação principiológica entre esse Código e o Código de Defesa do Consumidor no que respeita à regulação contratual, uma vez que ambos são incorporadores de uma novateoria geral dos contratos.
360 e 361 – 4ª jornada:
360 🡪 O princípio da função social dos contratos também pode ter eficácia interna entre as partes contratantes.
361 🡪 O adimplemento substancial decorre dos princípios gerais contratuais, de modo a fazer preponderar a função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando a aplicação do art. 475.
431 e 432 – 5ª jornada:
431 🡪 A violação do art. 421 conduz à invalidade ou à ineficácia do contrato ou de cláusulas contratuais.
432 🡪 Em contratos de financiamento bancário, são abusivas cláusulas contratuais de repasse de custos administrativos (como análise do crédito, abertura de cadastro, emissão de fichas de compensação bancária, etc.), seja por estarem intrinsecamente vinculadas ao exercício da atividade econômica, seja por violarem o princípio da boa-fé objetiva.
621 – 8ª jornada:
Os contratos coligados devem ser interpretados a partir do exame do conjunto das cláusulas contratuais, de forma a privilegiar a finalidade negocial que lhes é comum.
Boa-fé
Trataremos aqui da boa-fé objetiva prevista no art. 422 do CC - Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
Anteriormente à ideia da boa-fé objetiva, vigorava a chamada boa-fé subjetiva. 
A ideia da boa-fé aqui é a análise da boa-fé subjetiva - eu falo que é a análise do sujeito sobre determinada situação. Para a boa-fé subjetiva se entendia basicamente que se a pessoa age de forma que ela não pratica um ato ilícito e que ela desconhece a verdadeira situação/direito que ela possui, fala-se da consciência dessa pessoa. Então se ela imagina que está de fato adotando a postura correta, no plano da subjetividade, seria boa-fé subjetiva. 
Com a ideia de funcionalização do sistema econômico, teremos a migração da boa-fé subjetiva para a boa-fé objetiva. A boa-fé objetiva seria um padrão de conduta a ser observado pelas partes buscando alcançar as justas e razoáveis expectativas dos contratantes. 
É importante observar que o art. 422 não é um dispositivo facultativo, é uma norma impositiva. Tanto que quando vimos a ideia de interpretação dos negócios jurídicos, a boa-fé é um padrão de conduta a ser seguido. 
A doutrina aponta basicamente três funções para esse principio da boa-fé.
Funções
1. Limitação da Autonomia (função de controle) 🡪 a partir do momento em que eu posso modificar o contrato porque ele é violador da boa-fé e eu altero o conteúdo do contrato eu estou regulando não só a economia, mas também a força obrigatória do contrato.
2. Criação de Deveres Gerais de Conduta (função integrativa) 🡪 Deveres anexos. Ideia de que além dos deveres principais que nós temos em cada contrato, teríamos deveres implícitos a serem seguidos independentemente da vontade das partes, como o dever de informação, dever de cuidado, etc. (antes mesmo de firmado o contrato, esses deveres já devem ser seguidos).
3. 
Norma Hermenêutica (função interpretativa) 🡪 elencada no art. 113 do CC/2002 – é um método hermenêutico que serve de diretriz para o aplicador do direito; o juiz deve se basear em regras atinentes à eticidade e à moral, levando em conta o contexto e os fins sociais a que a norma se destina. Proveniente dessa função, surge o que o professor Flávio Tartuce chama de “efeito escudo”, onde há uma proteção à parte que esteja de boa-fé contra eventual ato anulável ou nulo

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