Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Leishmanose tegumentar americana DEFINIÇÃO ▪ Doença primariamente zoonótica, causada por parasitas do gênero Leishmania, envolvendo uma grande variedade de mamíferos silvestres, reservatórios do parasita, transmitida por diferentes insetos vetores da família Psychodidae, subfamília Phlebotaminae. LEISHMANIOSE: • Endêmica em 88 países em 5 continentes • Número de casos estimado pela OMS – 12 milhões • Dois milhões de casos anuais • Número de pessoas vivendo em áreas de risco de Transmissão >350 milhões • 90% de casos (LV, LC, LMC) em 10-12 países AGENTE ETIOLÓGICO ▪ Leishmania (Vianna) guyanensis : responsável pela forma cutânea difusa da leishmaniose. ▪ Leishmania (Leishmania) amazonensis : responsável pela forma clínica cutânea, porém alguns casos podem desenvolver a forma clínica difusa e incurável da doença; em casos mais avançados pode haver o comprometimento nasofaríngeo. ▪ Leishmania (Vianna) braziliensis:: , responsável pela forma cutâneo- mucosa. No Estado de São Paulo é a espécie incriminada como o agente etiológico da doença, principalmente, da forma cutânea. A forma clínica mucosa é detectada em apenas 3 a 5% dos casos de LTA. VETORES ▪ Os vetores da LTA são dípteros da família Psychodidae denominados flebotomíneos, também conhecidos como: Cangalha, Cangalhinha, mosquito-palha, birigui, tatuíra, etc. Características: - são menores que os pernilongos comuns; - apresentam-se muito pilosos e de coloração clara (cor de palha ou castanhos claros); - facilmente reconhecidos pela atitude que adotam quando pousam, pois as asas permanecem eretas e entreabertas; - as fêmeas exercem hematofagia, preferencialmente, no horário noturno a partir das 20:00 horas. RESERVATÓRIOS ▪ São mamíferos silvestres: roedores, canídeos, marsupiais, ungulados e edentados (ratos, cães, gambás, raposas, tamanduá, bicho-preguiça). FORMAS EVOLUTIVAS ▪ AMASTÍGOTA: Encontrada no interior de macrófagos em hospedeiros vertebrados (mamíferos roedores, edentados, marsupiais). É a forma infectante para o mosquito. ▪ PROMASTÍGOTA: Encontrada em hospedeiros invertebrados que tem como principal vetor o mosquito Lutzomyia (flebotomineos). É a forma infectante para os humanos. ▪ Obs: Só é transmitido pela picada de Lutzomyia. Não é transmitida via pessoa a pessoa (contato) TRANSMISSÃO ▪ O inseto ao picar o hospedeiro adquire a forma amastigota. Ele desenvolve o parasito no intestino tornando-se infectante(promastigota). Ao picar novo hospedeiro (homem ou animal), irá transmitir o parasito na forma de promastigota. CICLO ▪ A fêmea faz o seu repasto sanguíneo (hematofagia) ingerindo sangue infectado com Leishmania tegumentar americana, ingerindo macrófagos repletos de formas amastigotas. ▪ As amastigotas no estômago do mosquito, rompem os macrófagos e se transformam em promastigota que por sua vez se reproduzem e caminham em direção às glandulas salivares onde se transformam em promastigotas(metacíclica) infectantes .Quando a fêmea vai fazer outro repasto sanguíneo, ela libera a saliva junto com as formas promastigotas na pele. ▪ Com a presença das formas promastigotas há migração dos macrófagos que as fagocitam e dentro desses macrófagos, as formas promastigotas se transformam amastigotas. Essas formas amastigotas q começam a se dividir rompendo o macrófago e contaminando outras células formando uma úlcera típica de LTA. ▪ Essas formas amastigotas podem se manter na região ulcerada ou pegar via linfática e contaminar outro local da pele ou região cutaneo-mucosa no nariz. ▪ Período de incubação: um mês a um ano. ▪ Período de transmissão: Ocorre, enquanto houver parasitas nas lesões. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ▪ Ocorre um quadro inflamatório com comprometimento das células do Sistema Monocítico Fagocitário. ▪ Inicialmente forma-se um nódulo que é a porta de entrada do parasito. Esse nódulo pode regredir, permanecer estacionário ou formar úlcera e “metástase” dependendo da condição imune, genética e da espécie de Leishmania envolvida ▪ As formas clinicas são: leishmaniose cutânea(LC); leishmaniose cutaneomucosa(LCM); leishmaniose cutânea difusa(LCD) LEISHMANIOSE CUTÂNEA: ▪ Inicia com o aparecimento de lesão eritemato-papulosa no local da picada. Em seguida forma-se um nódulo que pode atingir 1cm de diâmetro e em 4 semans aparece uma crosta central. A perda da crosta leva a origem de ulcera que assume um formato arredondado com bordas elevadas e infiltradas. Presença de úlceras cutâneas unicas ou múltiplas confinadas na derme, com a epiderme ulcerada. Resultam com úlceras típicas (comum) que evoluem para formas vegetantes verrucosas ou aspecto framboesóide (menos comum) ▪ Alta densidade de parasitos na borda da lesão, nas fases iniciais da infecção. Nas fases crônicas são quase escassas. ▪ A leishmaniose cutânea disseminada é uma variação dessa forma e geralmente está relacionada a pacientes imunocomprometidos(AIDS) ▪ Inicia com uma pequena inflamação (parasitemia elevada) ▪ Pode evoluir para um úlcera rasa de bordo saliente e endurecido (parasitemia baixa) que pode evoluir para cura espontânea ▪ Tendência à cronicidade com evolução lenta ▪ Espécies: ✓ L. brasilienses: ❖ Provoca ulceras de bauru ou ferida brava. As lesões primárias são únicas ou em pequeno número, mas de grande dimensão com ulceras em forma de cratera. ❖ Desenvolvimento é irregular e crônico podendo evoluir para a cura espontânea dependendo do tipo e localização da lesão condição imunológica e genética do paciente. Ou pode acometer as mucosas. ❖ OBS: responsável pela forma cutânea mais destrutiva ❖ PRINCIPAIS VETORES: Lutzomyia whitmani, Lutzomyia mingonei, Lutzomyia ✓ Lutzomya guyanensis ❖ Causa lesões conhecidas como pian bois. ❖ Ulcera única do tipo cratera de lua . frequentemente se dissemina dando origem a ulceras similares no corpo. Estas metástases são linfáticas, e no inicio se apresentam como nódulos subcutâneos móveis(forma hipodérmica nodular não ulcerada) que posteriormente se aderem na pele e ulceram( forma nodular ulcerada). ❖ Linfagite e linfadenopatia ❖ Podem ocorrer formas verrucosas vegetativas ❖ Podem ocorrer ulceras múltiplas devido as múltiplas picadas do vetor . ✓ Lutzomya amazonenses ❖ Produz no homem lesões ulceradas simples e limitadas, contendo numerosos parasitos no bordo da lesão. ❖ Não é um parasito comum nos homens→ hábitos noturnos ✓ Lutzomya laisonsi ❖ Pará ❖ Produz ulcera única cutânea . não há envolvimento nasofaringeo. LEISHMANIOSE CUTANEOMUCOSA ▪ Conhecida como espúndia ou nariz de anta ▪ Lesões na porção cartilaginosa do septo nasal ▪ Perfuração do septo e/ou do palato ▪ Caracterizado por lesões primárias (úlceras cutaneas) e lesões secundarias (tardias) acometendo mucosas. Aparece principalmente em nariz, boca, faringe e laringe. O primeiro sinal de comprometimento mucoso se manifesta por eritema e discreto infiltrado inflamatório no septo nasal, resultando em coriza constante e posteriormente um processo ulcerativo. Depois, atinge o vestíbulo, asas do nariz, assoalho da fossa nasal, palato mole e a úvula. Dai descem para a faringe, podendo comprometer laringe e traqueia. A destruição do septo nasal provoca mudança anatomia e aumento do órgão (nariz de anta). Em muitos caos, ocorre destruição completa da estrutura cartilaginosa do nariz. O processo ulcerativo pode atingir os lábios e se propagar pela face. Essas multilações graves podem causar :dificuldade respiratória e alimentar gerando emagrecimento e complicações respiratória podendo levar a óbito. ▪ OBS: a L. guaynensis também pode provocar lesões cutaneomucosas na amazonia. ▪ A principal espécie responsável é a Leishmania (Viannia) braziliensis ▪ Possui uma evolução lenta e crônica podendo chegar até meses e anos LESHMANIOSE CUTÂNEADIFUSA ▪ Caracterizada pela formação de lesões difusas não ulceradas por toda pele, contendo grande número de amastigotas. ▪ Pacientes imunodeprimidos/imunocomprometidos ▪ Lesões não ulcerativas ▪ Causada por Leishmania pifanoi (na Venezuela) e L. amazonensis (No Brasil) ▪ Envolve amplas áreas da pele, principalmente extremidades e outras partes expostas, onde numerosas erupções papulares ou nodulares não- ulceradas são vistas. ▪ É formada uma ulcera única. Ocorre metástases do parasito de um sitio para outro, por meio dos vasos linfáticos ou pela migração dos macrófagos parasitados. ▪ Está associada a deficiência imune do paciente, em que a resposta celular esta deprimida e há um estado de anergia frente à infecção. ▪ Evolui inicialmente com uma lesão única e depois com metástase multipla não ulcerada por todo o corpo podendo aparecer como aspecto lepromatoso. ▪ OBS: esses pacientes não respondem ao antígeno de montenegro ▪ Curso crônico e progressivo, evolução lenta podendo demorar anos DIAGNÓSTICO ▪ Epidemiologico→ levar em conta as informações sobre a procedência do paciente, residências anteriores, atividades relacionadas com desmatamento ou atividades de lazer em florestas. ▪ Laboratorial ✓ Métodos de demonstração do parasita: - exame parasitológico direto(esfregaço de raspado da lesão) - cultura em meio ou similar - inoculação em hamster ( isolamento para classificação de leishmanias) - exame histopatológico ( biópsia da lesão) ▪ Pesquisa de dna do parasito - PCR Métodos imunológicos -Reação intradérmica de Montenegro (IRM) o Avalia a reação de hipersensibilidade retardada do paciente. Usa-se antígeno com formas promastigotas mortas que são inoculadas em ,1 ml intradermicamente na face interna do braço.nas reações positivas, se estabelece uma reação inflamtoria local formando um nódulo ou papula que atinge o auge em 48-72h, e depois regride. o Forma cutânea simples→ reação inflamtoria varia com a evolução da doença, e é maior nas ulceras crônicas. o Forma mucosa→ a reação inflamtoria pode ser tão intensa que pode provocar flictemas e necrose(estado hiper-reativo) o Forma difusa→ resposta usualmente é negativa, por causa do estado anérgico do paciente. o Pacientes tratados→ imunidade celular duradoura. Permanece positivo por vários anos. - reação imunofluorescência indireta (RIFI) - reação de hemaglutinação passiva - reação de fixação do complemento (RFC) - reação de aglutinação direta - reação de Elisa - reação de Dot Elisa PROFILAXIA o Medidas de proteção individual (uso de repelentes, vestimentas adequadas, evitar o contato com áreas de transmissão nos horários de maior atividade do vetor, etc) o LTA Peridomiciliar – limpeza no peridomicílio, controle de roedores, aplicação de inseticidas de ação residual, eliminação de reservatórios infectados, etc) TRATAMENTO ▪ Glucantime ▪ Pentamidina ▪ Anfotericina B
Compartilhar