Buscar

FARMACOCINÉTICA DOS ANESTÉSICOS LOCAIS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

llllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll 
 
ABSORÇÃO 
Quando injetados nos tecidos moles, os 
anestésicos locais exercem uma ação 
farmacológica sobre os vasos sanguíneos da 
área. Todos os anestésicos locais apresentam 
algum grau de vasoatividade, a maioria deles 
produzindo a dilatação do leito vascular no qual 
são depositados, embora o grau de 
vasodilatação possa variar e alguns deles 
possam produzir vasoconstrição. Até certo 
grau, esses efeitos podem ser concentração-
dependentes. 
INJEÇÃO 
A velocidade de absorção dos anestésicos 
locais após a administração parenteral 
(subcutânea, intramuscular ou IV) está 
relacionada tanto com a vascularização do 
local da injeção quanto com a vasoatividade da 
substância. 
A administração IV de anestésicos locais 
fornece a elevação mais rápida dos níveis 
sanguíneos e é utilizada clinicamente no 
tratamento primário das arritmias 
ventriculares. A administração IV rápida pode 
levar a níveis sanguíneos significativamente 
altos do anestésico local, o que pode induzir 
reações tóxicas graves. Os benefícios da 
administração IV da substância devem ser 
sempre avaliados em relação aos riscos. A 
substância deve ser administrada somente 
quando os benefícios superarem claramente os 
riscos, como no caso de arritmias 
ventriculares, como as contrações 
ventriculares prematuras (CVPs). 
 
DISTRIBUIÇÃO 
Depois de absorvidos pela corrente sanguínea, 
os anestésicos locais são distribuídos para 
todos os tecidos do corpo. 
Os orgãos (e áreas) altamente perfundidos, 
como cérebro, cabeça, fígado, rins, pulmões e 
baço, apresentam inicialmente níveis 
sanguíneos mais elevados do anestésico do 
que aqueles menos perfundidos. 
O músculo esquelético, embora não seja tão 
perfundido quanto os órgãos citados, contém 
maior percentagem de anestésico local do que 
qualquer tecido ou órgão, já que constitui a 
maior massa tecidual do corpo. 
A concentração plasmática de um anestésico 
local em certos órgãos-alvo tem um impacto 
significativo sobre a toxicidade potencial da 
substância. O nível sanguíneo do anestésico 
local é influenciado pelos seguintes fatores: 
1. Velocidade de absorção da substância para 
o sistema cardiovascular; 
2. Velocidade de distribuição da substância do 
compartimento vascular para os tecidos (mais 
rápida em pacientes saudáveis do que 
naqueles que apresentam comprometimento 
médico [como insuficiência cardíaca 
congestiva], levando, assim, a níveis 
sanguíneos mais baixos nos pacientes 
saudáveis); 
3. Eliminação da substância por vias 
metabólicas ou excretoras. Os dois últimos 
fatores reduzem o nível sanguíneo do 
anestésico local. 
O tempo de meia-vida de eliminação é o tempo 
necessário para uma redução de 50% do nível 
sanguíneo. 
Todos os anestésicos locais atravessam com 
facilidade a barreira hematoencefálica. Eles 
também atravessam prontamente a placenta e 
entram no sistema circulatório do feto em 
desenvolvimento. 
METABOLISMO (BIOTRANSFORMAÇÃO, 
DESTOXIFICAÇÃO) 
 
Uma diferença significativa entre os dois 
principais grupos de anestésicos locais, os 
ésteres e as amidas, é o meio pelo qual o 
organismo transforma biologicamente a 
substância ativa em uma substância 
farmacologicamente inativa. 
O metabolismo (ou biotransformação ou 
detoxificação) dos anestésicos locais é 
importante, pois a toxicidade geral da 
substância depende do equilíbrio entre a 
velocidade de absorção pela corrente 
sanguínea no local de injeção e a velocidade em 
que ela é removida do sangue por meio dos 
processos de absorção tecidual e de 
metabolismo. 
 
ANESTÉSICOS LOCAIS DO TIPO AMIDA 
A biotransformação dos anestésicos locais do 
tipo amida é mais complexa que a dos ésteres. 
O local primário da biotransformação dos 
anestésicos locais do tipo amida é o fígado. 
Praticamente todo o processo metabólico 
ocorre no fígado para a lidocaína, mepivacaína, 
etidocaína e bupivacaína. 
A prilocaína sofre o metabolismo primário no 
fígado, com algum metabolismo ocorrendo 
também possivelmente no pulmão. 
A articaína, uma molécula híbrida contendo 
componentes tanto éster quanto amida, é 
metabolizada tanto no sangue quanto no 
fígado. 
A velocidade de biotransformação da lidocaína, 
mepivacaína, etidocaína e bupivacaína é 
semelhante. Portanto, a função e a perfusão 
hepáticas influenciam significativamente a 
velocidade de biotransformação de um 
anestésico local do tipo amida. 
Aproximadamente 70% de uma dose de 
lidocaína injetada sofrem biotransformação em 
pacientes com função hepática normal. 
Pacientes com fluxo sanguíneo hepático abaixo 
do habitual (hipotensão, insuficiência cardíaca 
congestiva) ou função hepática deficiente 
(cirrose) são incapazes de efetuar a 
biotransformação dos anestésicos locais do 
tipo amida em velocidade normal. Essa 
biotransformação mais lenta acarreta níveis 
sanguíneos elevados do anestésico e aumento 
potencial na toxicidade. Uma disfunção 
hepática significativa representa uma 
contraindicação relativa à administração de 
anestésicos locais do tipo amida. 
A articaína apresenta meia-vida mais curta do 
que as outras amidas, porque uma parte de sua 
biotransformação ocorre no sangue por meio 
da enzima colinesterase plasmática. 
Os produtos da biotransformação de alguns 
anestésicos locais podem apresentar atividade 
clínica significativa caso seja permitido seu 
acúmulo no sangue. Isso pode ser observado 
na insuficiência renal ou cardíaca e durante 
períodos de administração prolongada da 
substância. 
 
 
EXCREÇÃO 
Os rins são os órgãos excretores primários 
tanto para os anestésicos locais quanto para 
seus metabólitos. Uma percentagem da dose 
do anestésico local é excretada inalterada na 
urina. Essa percentagem varia de acordo com 
a substância. 
As amidas são geralmente encontradas na 
urina como o composto primário em uma maior 
percentagem do que os ésteres, 
principalmente em razão de seu processo de 
biotransformação mais complexo. Embora as 
percentagens da substância original 
encontradas na urina variem de um estudo para 
outro, menos de 3% de lidocaína, 1% de 
mepivacaína e 1% de etidocaína são 
encontrados inalterados na urina. 
Os pacientes com insuficiência renal 
significativa podem ser incapazes de eliminar 
do sangue o anestésico local original ou seus 
principais metabólitos, resultando em um 
ligeiro aumento dos níveis sanguíneos desse 
composto e, portanto, em aumento no potencial 
de toxicidade. Isso pode ocorrer tanto com 
ésteres quanto com amidas e é especialmente 
provável com a cocaína. Portanto, doenças 
renais significativas (ASA 4 ou 5) constituem 
contraindicação relativa à administração de 
anestésicos locais. Isso inclui pacientes que se 
submetem à diálise e aqueles portadores de 
glomerulonefrite ou pielonefrite crônica. 
 
AÇÕES SISTÊMICAS DOS ANESTÉSICOS 
LOCAIS 
O sistema nervoso central e o sistema 
cardiovascular são particularmente 
suscetíveis aos anestésicos locais. 
SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
Os anestésicos locais atravessam facilmente a 
barreira hematoencefálica. Sua ação 
farmacológica no SNC é a depressão. 
Em níveis sanguíneos baixos (terapêuticos, não 
tóxicos), não ocorrem efeitos clinicamente 
significativos no SNC. Em níveis mais altos 
(tóxicos, superdosagem), a manifestação 
clínica primária é a convulsão tônico-clônica 
generalizada. Entre esses dois extremos há um 
espectro de sinais e sintomas clínicos. 
PROPRIEDADES ANTICONVULSIVANTES 
Alguns anestésicos locais (p. ex., procaína, 
lidocaína, mepivacaína, prilocaína, até mesmo 
a cocaína) têm demonstrado propriedades 
anticonvulsivantes. Essas propriedades 
ocorrem em um nível sanguíneo 
consideravelmente menor que aquele no qual 
os mesmos agentes produzematividade 
convulsiva. 
A procaína, a mepivacaína e a lidocaína têm 
sido utilizadas por via intravenosa para fazer 
interromper ou reduzir a duração das crises de 
grande mal e pequeno mal. O nível sanguíneo 
anticonvulsivante da lidocaína é muito próximo 
de seus limites cardioterapêuticos. Foi 
demonstrado que ela é eficaz na suspensão 
temporária das crises na maioria dos 
pacientes. Ela é particularmente eficaz em 
interromper o estado epiléptico. 
Mecanismo das Propriedades 
Anticonvulsivantes: 
Os pacientes epilépticos apresentam 
neurônios corticais hiperexcitáveis no local no 
cérebro onde o episódio convulsivo tem origem 
(designado como foco epiléptico). Em virtude 
de suas ações depressoras no SNC, os 
anestésicos locais elevam o limiar convulsivo 
por meio da redução da excitabilidade desses 
neurônios, prevenindo ou interrompendo as 
crises. 
ANALGESIA 
Existe uma segunda ação dos anestésicos 
locais no SNC. Quando administrados por via 
intravenosa, eles aumentam o limiar de reação 
à dor e produzem algum grau de analgesia. 
ELEVAÇÃO DO HUMOR 
O uso de substâncias anestésicas locais para a 
elevação do humor e o rejuvenescimento 
persiste por séculos, apesar do registro de 
eventos catastróficos (na elevação do humor) e 
da falta de efeito desejado (no 
rejuvenescimento). 
 
 
 
SISTEMA CARDIOVASCULAR 
Os anestésicos locais têm ação direta no 
miocárdio e na vasculatura periférica. 
Entretanto, em geral, o sistema cardiovascular 
parece ser mais resistente aos efeitos de 
substâncias anestésicas locais do que o SNC. 
AÇÃO DIRETA NO MIOCÁRDIO 
Os anestésicos locais modificam os eventos 
eletrofisiológicos que ocorrem no miocárdio de 
maneira semelhante às suas ações nos nervos 
periféricos. À medida que aumenta o nível 
sanguíneo de anestésico local, a velocidade de 
elevação de várias fases da despolarização 
miocárdica diminui. Não há alterações 
significativas no potencial de membrana em 
repouso e não há prolongamento significativo 
das fases de repolarização. 
Os anestésicos locais produzem depressão do 
miocárdio que está relacionada com o nível 
sanguíneo do anestésico local. Os anestésicos 
locais diminuem a excitabilidade elétrica do 
miocárdio, a velocidade de condução e a força 
de contração. 
As ações cardíacas diretas dos anestésicos 
locais em níveis sanguíneos acima do nível 
terapêutico (antiarrítmico) incluem redução da 
contratilidade do miocárdio e diminuição do 
débito cardíaco, ambas levando a colapso 
circulatório. 
 
AÇÃO DIRETA NA VASCULATURA 
PERIFÉRICA 
A cocaína é o único anestésico local que produz 
vasoconstrição de maneira consistente nas 
doses comumente empregadas. 
Todos os outros anestésicos locais produzem 
vasodilatação periférica pelo relaxamento da 
musculatura lisa das paredes dos vasos 
sanguíneos. Isso resulta em aumento do fluxo 
sanguíneo de entrada e saída do local da 
deposição do anestésico local. O aumento no 
fluxo sanguíneo local eleva a velocidade de 
absorção da substância, o que leva, por sua 
vez, à diminuição da profundidade e da duração 
da ação anestésica local, ao aumento do 
sangramento na área de tratamento e à 
elevação dos níveis sanguíneos do anestésico 
local. 
O efeito primário dos anestésicos locais sobre 
a pressão arterial é a hipotensão. 
Em resumo, os efeitos negativos no sistema 
cardiovascular não são observados até que 
haja elevação significativa dos níveis 
sanguíneos dos anestésicos locais. 
A sequência habitual das ações induzidas pelos 
anestésicos locais no sistema cardiovascular é 
a seguinte: 
1. Em níveis abaixo da superdosagem, há um 
pequeno aumento ou nenhuma alteração na 
pressão arterial em razão do aumento do débito 
cardíaco e da frequência cardíaca, como 
consequência do estímulo da atividade 
simpática; há também vasoconstrição direta de 
alguns leitos vasculares periféricos. 
2. Em níveis próximos, porém ainda abaixo da 
superdosagem, observa-se grau leve de 
hipotensão; isso é causado pela ação relaxante 
direta sobre o músculo liso vascular. 
3. Em níveis de superdosagem, há acentuada 
hipotensão, causada pela diminuição da 
contratilidade do miocárdio e redução do 
débito cardíaco e da resistência periférica. 
4. Em níveis letais, é observado colapso 
cardiovascular. Isso é causado pela 
vasodilatação periférica maciça e diminuição 
da contratilidade do miocárdio e da frequência 
cardíaca (bradicardia sinusal). 
5. Alguns anestésicos locais, como bupivacaína 
(e em menor grau ropivacaína e etidocaína) 
podem precipitar fibrilação ventricular 
potencialmente fatal.

Continue navegando