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PARTE 1 INTRODUÇÃO AO SAP UTILITIES E DADOS MESTRES POR LEANDRO P. ALVES 2 SUMÁRIO 1. Introdução .................................................................................................... 3 1.1. Serviços de utilidade pública (Utilities) ................................................ 3 1.2. SAP e SAP IS-U/CCS ......................................................................... 6 1.3. Modulação típica dentro do SAP IS-U/CCS......................................... 7 2. Dados mestres no SAP IS-U/CCS ............................................................. 10 2.1. Dados mestres versus dados transacionais ...................................... 10 2.2. Dados mestres de geolocalização ..................................................... 11 2.3. Dados mestres comerciais e técnicos ............................................... 13 2.3.1. Parceiro de negócios ............................................................ 15 2.3.2. Conta contrato ...................................................................... 16 2.3.3. Contrato de fornecimento ..................................................... 17 2.3.4. Objeto de ligação .................................................................. 19 2.3.5. Local de consumo ................................................................. 20 2.3.6. Instalação ............................................................................. 20 3. Dados mestres do processo de Utilities no SAP CRM ............................... 24 4. Considerações finais .................................................................................. 25 3 1. Introdução Este material visa consolidar o conteúdo sobre os dados mestres do SAP IS-U/CCS, publicado semanalmente no meu perfil do LinkedIn entre fevereiro de julho de 2021. Nesse material, o texto foi inteiramente revisado e ampliado, visto que aqui não há a limitação de caracteres que existe em publicações normais no LinkedIn. Antes de falar dos dados mestres propriamente ditos, vamos fazer uma introdução sobre o que são as Utilities (ou serviços de utilidade pública), o que é SAP e SAP IS-U/CCS e como geralmente o processo de distribuição das Utilities é dividido em módulos SAP (relacionamento com o cliente, serviço de campo, gerenciamento de materiais, faturamento e arrecadação/cobrança). Após isso, os dados mestres serão diferenciados dos dados transacionais e então falaremos dos dados mestres de georreferenciamento e dos dados mestres comerciais e técnicos no contexto específico do SAP IS-U/CCS. Há muito mais conteúdo vindo por aí! Para não perder nada, não deixe de me seguir em www.linkedin.com/in/leandroalves92. 1.1. Serviços de utilidade pública (Utilities) Considerados serviços públicos essenciais para o padrão de vida moderno, indispensáveis não apenas para o desenvolvimento econômico, mas também para a manutenção de bons índices de saúde pública e bem estar social, o setor de Utilities é tradicionalmente dividido em três ramos: energia elétrica, gás canalizado e água, este último englobando tanto o fornecimento de água tratada como o tratamento de água usada e esgoto. Na organização do Estado brasileiro, os serviços públicos podem ser considerados uma das possibilidades dentre as atividades administrativas do Estado, conforme esquematizado na Figura 1. Dentre várias possibilidades de classificação na doutrina do Direito Administrativo brasileiro, o esquema trazido divide os serviços públicos entre serviço gerais (uti universi) e serviços individuais (uti singuli). 4 Figura 1 - Serviços de utilidade pública (Utilities) na organização do Estado brasileiro Serviços públicos gerais ou indivisíveis (uti universi) são aqueles prestados à coletividade indistintamente, isto é, os seus usuários não são determináveis, de modo que o Poder Público não é capaz de mensurar sua utilização por parte de cada usuário. Exemplos são os serviços de iluminação pública, varrição de ruas e de outros espaços comuns etc. Os serviços públicos individuais, específicos, singulares ou divisíveis (uti singuli), por sua vez, são prestados a usuários que podem ser determinados. Como sua utilização é passível de ser mensurada individualmente, a Constituição Federal, em seu art. 145, II prevê a sua remuneração mediante a cobrança de taxas (para o regime legal, quando o Poder Público presta o serviço diretamente) ou tarifas (para o regime contratual, quando o serviço é prestado indiretamente por empresa concessionária ou permissionária). Esses tipos de serviços englobam as Utilities e incluem também serviços de telecomunicações, transporte público, serviço postal, coleta de lixo etc. As Utilities também podem ser classificadas como serviços públicos econômicos, pois, conforme versa o art. 175 da Constituição Federal, ainda que o Poder Público possa dispor através de lei sobre regime de delegação, fiscalização, direitos do usuário, política tarifária e obrigação de manutenção de serviço adequado, eles podem ser explorados pela iniciativa privada em regime de concessão ou permissão, ou seja, com intuito de lucro, segundo os princípios que norteiam a atividade empresarial. 5 Assim, resumidamente, podemos dizer que as Utilities são serviços públicos individuais, prestados a usuários determináveis, cuja utilização é passível de medição individualizada, que podem ser explorados comercialmente pela iniciativa privada, desde que regulados pelo Estado, e preveem remuneração mediante cobrança de taxas ou tarifas. Além disso, independente do tipo de serviço prestado (energia elétrica, gás canalizado, água encanada ou tratamento de esgoto), o processo das Utilities pode ser dividido em três grandes etapas: geração, transmissão e distribuição, conforme esquematizado na Figura 2 para o processo de produção, transmissão e distribuição da energia elétrica. Figura 2 - Etapas do processo das Utilities: geração, transmissão e distribuição Fonte: Adaptado de ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) Disponível em: <https://www.aneel.gov.br/fiscalizacao-dos-servicos-de-eletricidade> A geração da eletricidade se dá a partir da conversão de uma energia da natureza em energia elétrica. A fonte pode ser a energia potencial de massas d'água, a energia cinética dos ventos, a energia da radiação da luz solar, a energia da queima de combustíveis fósseis ou biomassa e muitas outras. Já a geração de gás natural, associado ou não ao petróleo, se dá por meio da extração de reservatórios profundos no subsolo. E a água para consumo pode 6 ser mantida em reservatórios, coletada de rios ou obtida a partir de poços que se comunicam com aquíferos subterrâneos. A fase de transmissão é parecida para todos os serviços de utilidade pública: a eletricidade é transmitida através de linhas de transmissão de alta voltagem, o gás é transportado sob altas pressões através de dutos de longas distâncias e a água é bombeada por tubulações ou transportada através de aquedutos. A distribuição de energia elétrica se dá por redes de baixa voltagem ou por linhas subterrâneas. Gás e água costumam ser distribuídos para os pontos de consumo por meio de tubulações subterrâneas. Vale observar que este material deter-se-á ao processo de distribuição das Utilities dentro do SAP IS-U/CCS, que será abordado na sequência. 1.2. SAP e SAP IS-U/CCS Empresa alemã de tecnologia aplicada à negócios, fundada na década de 1970, SAP é na verdade a abreviação de Systeme, Anwendungen und Produkte in der Datenverarbeitung, que em português significa “Sistemas, Aplicativos e Produtos para Processamento de Dados”. O principal produto da empresa é o SAP ERP. A abreviação ERP faz referência a Enterprise Resource Planning, ou seja, o planejamento de recursos empresariais. Quando falamosem softwares ERP estamos falando de softwares voltados para o gerenciamento de recursos empresariais, de maneira interligada. E a SAP é um dos principais players neste mercado. Dada a ampla utilização mundial desse software ERP no mercado e considerando as necessidades de cada negócio, a empresa oferece várias extensões para processos industriais específicos. Há conjuntos de funcionalidades específicas, por exemplo, para o processo de óleo e gás, para as telecomunicações e, naturalmente para o setor de Utilities. Dessa maneira, o SAP IS-U é um sistema de informação orientado especialmente ao processo das utilidades públicas (o IS vem de industry-specific e U vem de Utilities). Como solução específica dentro da suite de softwares da 7 SAP, além de fornecer módulos específicos para a demanda do setor, como gerenciamento de materiais e de serviço de campo, faturamento e arrecadação e cobrança, permite ampla integração com o SAP CRM (Customer Relationship Management) para relação com o cliente, com o SAP NetWeaver Portal, com o SAP ERP tradicional, voltado mais para questões industriais, e outros. Já o CCS da sigla, comumente utilizado junto com o SAP IS-U, vem de Customer Care Services e é um componente integrado do SAP for Utilities, projetado para melhorar o serviço ao cliente. Em síntese, SAP é um dos softwares mais utilizados do mundo no gerenciamento de processos dos mais variados negócios. Dada a sua ampla utilização, possui conjuntos de funcionalidade para negócios específicos, inclusive para o setor de Utilities. 1.3. Modulação típica dentro do SAP IS-U/CCS Geralmente o SAP Utilities é integrado com o SAP CRM (Customer Relationship Management), solução específica para o relacionamento com o cliente. Ele costuma ser usado como front-end para cadastro e gestão de interações com os clientes, gestão de contratos e campanhas de marketing e emissão de ordens de serviço ao consumidor. No CRM ficam registradas todas as atividades dos atendentes. Quando você, como cliente de um serviço telefônico, por exemplo, liga para o telemarketing de uma empresa para fazer alguma reclamação ou solicitar algum serviço, o atendente do call center geralmente vai ter diante dele um sistema CRM (SAP ou outro), no qual ele registrar a sua reclamação ou solicitação. É esse sistema CRM que vai gerar o protocolo que o atendente informará para ser anotado ou que você receberá por SMS ou outro meio. Work Management (WM) é o módulo seguinte e envolve qualquer processo que demande atuação de uma equipe em campo através de geração de notas de ligação, assistência técnica, emergência, religação, interrupção de fornecimento etc. Qualquer solicitação do cliente (ou processo automático, como 8 o corte) que necessite de atuação de uma equipe técnica em campo passará por esse módulo. Imagine que você ligou para o call center porque a sua conta veio com um valor muito maior do que o de costume e não houve nenhuma modificação de tarifa ou do seu padrão de consumo. Você desconfia que o equipamento de medição pode estar com alguma inconformidade e ao relatar essa situação para o atendente ele emitirá uma ordem de serviço de averiguação de equipamento para que um técnico possa ir até a sua casa e verificar se o equipamento de medição está funcionamento corretamente. O técnico fará a verificação e estará pronto para trocar o seu equipamento de medição, se verificar que o que se encontrava instalado está realmente avariado. A situação hipotética acima mostra como o módulo de serviço de campo está intimamente ligado ao módulo de Device Management (DM), que cuida da gestão de materiais, incluso medidores, bem como definição do calendário e rota de leitura. Frequentemente um atendimento em campo envolve manuseio de equipamentos, daí a necessidade de intensa comunicação entre os módulos. Em algumas situações, aliás, esses dois módulos são unificados em um só. O módulo seguinte é o de faturamento (Billing & Invoicing), que lida com o processo que vai desde a realização do cálculo (considerando diferentes regras tarifárias, preços, descontos) até a emissão e impressão de faturas. É nesse módulo que serão consideradas bandeiras tarifárias, descontos, segmentos de clientes para realização do cálculo. Por fim, o módulo FI-CA é o responsável pela arrecadação e cobrança. Garante que a compensação dos pagamentos seja corretamente realizada, efetiva processos como corte por falta de pagamento e instrumentaliza procedimentos de advertência, cobrança e parcelamento de débitos. Esses dois últimos módulos, que envolvem basicamente os processos de faturamento, impressão, arrecadação e cobrança, são intimamente relacionados e demandam grande poder de processamento computacional, no contexto de SAP IS-U. Isso acontece porque as empresas de utilidade pública possuem grande quantidade de clientes (não raro milhões) e o sistema precisa ser robusto o suficiente para calcular todos eles no período de um mês, bem como saber 9 quem já está incidindo na regra de corte e arrecadar no dia correto todos os clientes que optam por débito automático, por exemplo. Isso só para citar alguns poucos exemplos de processos que demandam robusto poder de processamento computacional. Figura 3 - Modularização do processo de Utilities dentro do SAP IS-U/CCS A Figura 3 sintetiza a modularização do processo de uma utilidade pública dentro do SAP IS-U/CCS com as funções principais de cada um dos módulos. 10 2. Dados mestres no SAP IS-U/CCS O conhecimento acerca dos dados mestres é basilar para a compreensão de qualquer processo que acontece dentro do SAP Utilities. Em toda minha trajetória como analista funcional, praticamente inexiste a possibilidade de realizar uma análise que não passe por um ou mais de um dado mestre, pois eles são as pedras fundamentais que permitem que o sistema funcione. Portanto, nesta seção, vamos tratar dos dados mestres mais comumente utilizados no SAP IS-U/CCS. Inicialmente vamos definir os dados mestres e diferenciá-los dos dados transacionais. Em seguida, vamos tratar dos dados de geolocalização e, por fim, vamos falar de cada um dos principais dados mestres comerciais e técnicos do SAP IS-U/CCS. 2.1. Dados mestres versus dados transacionais Sucintamente, dados mestres são cadastros necessários para o devido funcionamento do sistema. Eles permanecem inalterados por longos períodos e dentro desse intervalo possuem apenas uma versão válida. São dados duradouros, dos quais se espera solidez e consistência com a realidade. Por conta dessa natureza, eles costumam ser usados como inputs de processamento em processos de negócios. Ou seja, após criados eles até podem ser alterados, mas as alterações costumam ser pontuais. Já os dados transacionais se contrapõem aos dados mestres, pois são criados a partir da execução de processos de negócio, isto é, costumam ser outputs em processos de negócio. Diferente dos dados mestres, eles são dinâmicos e costumam ser válidos por um determinado período, sejam ou não periódicos. Um exemplo de dado mestre é o cadastro de um cliente. Naturalmente, o cliente pode mudar de endereço ou telefone, mas trata-se de um cadastro que costuma ser único e do qual se espera solidez e consistência com a realidade. Já as faturas mensais daquele mesmo cliente são dados transacionais, uma vez que são dinâmicas e periódicas. 11 Sumarizando, dados mestres são duradouros, enquanto dados transacionais são passageiros. A Figura 4 sintetiza a distinção entre esses dois tipos de dados. Figura 4 - Dados mestres versus dados transacionais 2.2. Dados mestres de geolocalização No SAP IS-U/CCS, a estrutura política (ou regional-política) é o elemento basilar de geolocalização. Ela pode ser definida a partir de elementos apresentados em uma hierarquia,que será responsável por dar forma a uma base de endereços. Um exemplo possível de hierarquia para a estrutura política pode ser visualizado na Figura 5 (transação ER3D). Nela, o país é o elemento de maior nível hierárquico e o bairro, o de menor. Entre eles encontram-se o estado, a área de concessão, o município etc. Vale salientar que cada empresa vai definir a hierarquia da estrutura regional-política de acordo com suas necessidades de negócio. O exemplo da Figura 5 é só uma possibilidade que faz sentido para o negócio de determinada empresa e isso costuma ser definido no momento da implementação do SAP. As transações envolvidas nesse processo são a ER30 e ER3D. 12 Figura 5 - Exemplo de uma possível hierarquia de estrutura política no SAP IS-U/CCS Uma vez realizada tal definição, serão criados elementos de estrutura política. Em outras palavras, ao definir a hierarquia são definidos os níveis sobre os quais o negócio insere os dados propriamente ditos de organização política. No exemplo fictício de hierarquia da estrutura político-regional que trouxemos, onde o país ocupa o primeiro nível e o bairro o último, imagine que se trata de uma distribuidora de energia elétrica que atua em mais de um estado: São Paulo e Mato Grosso do Sul. Dentro dessa hierarquia, esses dois estados seriam ambos elementos do segundo nível (Estado). Se a empresa atua em dois países, há mais de um elemento no primeiro nível (País). Para compor um endereço no SAP IS-U/CCS, além da estrutura regional- política, é necessária também uma estrutura postal. Nela, são disponibilizadas informações mais específicas do endereço, como cidade, rua e segmento de rua. Em outras palavras, um endereço no SAP IS-U/CCS é uma composição entre a estrutura regional-política e a estrutura postal. Na Figura 6 segue um exemplo fictício da transação SR22 (visualização de rua) para uma rua com vários segmentos de rua. Para o número da porta de 0 a 504 (dois primeiros segmentos da rua) temos um mesmo CEP. Ele também aparece no quarto segmento, números de 506 a 1400. 13 O terceiro segmento, cujo CEP é o 13980-XX1, é para apenas um número: 505. Pode ser um grande um condomínio naquela rua que tem um CEP para chamar de seu! Figura 6 - Visualização de uma rua e seus segmentos de rua na transação SR22 Outro detalhe interessante no quinto e sexto segmentos: a partir do número 1402 (apenas para os números pares) temos o CEP 13980-XX2 e a partir do número de porta 1401 (apenas para os números ímpares) temos o CEP 13980-XX3. Essa distinção entre segmentos de ruas apenas para números pares ou apenas para números ímpares pode ser verificada no campo “CódNºporta”. Observem também que o segmento cinco está em um bairro diferente dos demais. Pode parecer confuso, mas na verdade o que é confuso é a vida real. O sistema só reflete essa confusão! 2.3. Dados mestres comerciais e técnicos Dentro do SAP IS-U há dois tipos básicos de dados mestres: os comerciais e os técnicos. Os comerciais são aqueles que estão associados à relação entre o negócio e os seus clientes. São três: o parceiro de negócio (PN), a conta contrato (CC) e o contrato de fornecimento (ou apenas contrato). O esquema da Figura 7 é bem intuitivo. No contexto de Utilities, podemos perceber que o parceiro de negócios é o cliente final. Ele pode estar associado a uma conta contrato, que vai determinar, dentre outras coisas, a forma de 14 pagamento. E essa conta contrato, por sua vez, pode estar associada a um ou mais contratos de fornecimento (uma para cada utilidade pública que o cliente consumir dentro de uma mesma empresa de Utilities). Figura 7 - Esquema representativo dos dados mestres comerciais e técnicos no SAP IS-U/CCS Os dados mestres técnicos, por sua vez, são aqueles que estão associados à relação entre o negócio e os detalhes acerca do fornecimento do serviço em si. Os principais dados mestres técnicos são o objeto de ligação, o local de consumo e a instalação. Ainda na Figura 7, podemos perceber que o objeto de ligação representa o prédio (também pode representar um bloco de um condomínio ou uma casa) no qual há fornecimento da utilidade pública. O local de consumo representa o apartamento, como o próprio nome sugere. Lembram-se que Utilities são serviços públicos cuja utilização pode ser mensurada individualmente? 15 Por fim, há também a instalação, que possui informações acerca de equipamentos, tarifas, fatura e muito mais. Observe que um mesmo local de consumo pode possuir mais de uma instalação associada. Isso acontece quando um mesmo cliente consome mais de um tipo de utilidade pública da mesma empresa. O consumo de cada serviço é, dessa forma, individualizado através da instalação, embora o local de consumo (o ponto físico de consumo) seja o mesmo. Vale observar que a instalação se relaciona a um dado mestre comercial (como vemos na Figura 7, a relação é de 1:1 com o contrato): o processo de move-in, que veremos futuramente, associa um contrato de fornecimento a uma instalação, ligando em sistema um cliente. A seguir, vamos explorar cada um desses dados mestres comerciais e técnicos explorados com esse esquema. 2.3.1. Parceiro de negócios Passível de ser consultado pela transação BP (tanto no SAP CRM quanto no SAP IS-U/CCS, conforme indicado na Figura 8), um parceiro de negócios pode representar um cliente, um funcionário, um fornecedor etc. Normalmente é cadastrado dentro do SAP CRM e depois replicado para o SAP IS-U/CCS e pode ser de vários tipos: pessoa física, pessoa jurídica (organização) ou grupo. Figura 8 - Transação BP para criação, modificação e exibição de parceiros de negócio Um parceiro de negócios também pode possuir diferentes funções, a depender da sua relação com a empresa. Pode ser um parceiro de contato 16 (função mais usual, necessária para faturar o cliente, seja ele um cliente residencial, comercial ou industrial), uma pessoa de contato, um empregado da própria empresa ou até mesmo um cliente potencial (utilizado em relatórios e para iniciativas de marketing). O campo que destaca a função do parceiro de negócios está em destaque na Figura 8. Além disso, na Figura 8 vemos também algumas abas, que servem para organizar as informações do parceiro. Embora, conforme falado anteriormente, o SAP seja altamente customizável de acordo com as necessidades específicas e regras de cada empresa de utilidade pública, nos parceiros de negócios é comum termos dados gerais (nome, sobrenome, número), dados de identificação (sexo, estado civil, RG, CPF ou CNPJ etc.), endereços, dados de pagamento e outros dados bancários, dados de marketing, especificações acerca de relacionamento com outros parceiros de negócio e muitos outros dados. 2.3.2. Conta contrato Em poucas palavras, a conta contrato é o dado mestre comercial responsável por reunir os débitos e créditos de um cliente e registrar dados de pagamento e cobrança. Ela pode agrupar os contratos de fornecimento de um ou mais serviço de utilidade pública, que possuem os mesmos dados de pagamento e cobrança, como já foi ilustrado no esquema da Figura 7. E o faturamento desse cliente está associado justamente à conta contrato. Naturalmente um parceiro também pode ter mais de uma conta contrato. Imagine um cliente que consome uma ou mais utilidades públicas também na casa de praia. Na Figura 9, vemos uma conta contrato sendo criada via transação CAA1 (temos também as transações CAA2 e CCA3 para modificação e visualização, respectivamente, da conta contrato). Como sabemos, o SAP é um software extremamente customizável de acordo com as necessidades do negócio, mas as contas contrato costumam ter dados gerais, dados de controle, dados de 17 dunning (para o processo de cobrança por falta de pagamento), dados de taxas epagamento etc. Figura 9 - Criação manual de uma conta contrato via transação CAA1 Vale salientar que normalmente a criação desse dado mestre comercial parte do SAP CRM, onde é chamado de acordo comercial. O SAP CRM então realiza a replicação para o SAP IS-U CCS e ele passa a poder ser consultado via transação CAA3. Raramente é realizada criação manual via transação CAA1. 2.3.3. Contrato de fornecimento O contrato de fornecimento (ou contrato IS-U) representa um acordo entre o cliente, isto é, o consumidor da utilidade pública, e a empresa que fornece o serviço. No SAP Utilities, a ligação entre os dados mestres comerciais e técnicos se dá justamente por meio da ligação entre a instalação e o contrato de fornecimento (vide Figura 10). 18 Figura 10 - Relação entre principais dados mestres comerciais e técnicos Um contrato só pode ser ligado a uma única conta contrato e a uma instalação específica. E é no nível do contrato que acontece o cálculo do consumo da utilidade pública. Lembram do nosso esquema da Figura 7? Se um apartamento consome mais de uma utilidade pública (gás e energia elétrica, por exemplo) dentro de uma mesma conta contrato, haverá uma instalação e um contrato de fornecimento para cada um desses serviços. Na Figura 11 temos a exibição do Ambiente de Dados do contrato no SAP. Dessa maneira podemos ver no SAP o que a Figura 10 mostra em forma de esquema: um parceiro de negócio possui uma conta contrato, que possui um contrato de fornecimento (contrato IS-U), que está associado a uma instalação de serviço público (ligação entre dados mestres comerciais e técnicos) etc. Figura 11 - Ambiente de Dados de um contrato de fornecimento Para consulta do Ambiente de Dados de um contato de fornecimento (ou outro dado mestre), basta acessar o contrato de fornecimento desejado via transação de visualização ES22, clicar em “Ambiente” na extremidade superior (área de navegação) e em “Contrato”. Mostrar o Ambiente de Dados de qualquer dado mestre pode ser particularmente útil para condução de análises. 19 2.3.4. Objeto de ligação Representando o nível mais alto dentre os dados mestres técnicos, o objeto de ligação representa em sistema o ponto de entrada do fornecimento e é criado quando surge uma nova edificação (casa, prédio, estabelecimento comercial etc.) a qual será fornecido algum serviço de utilidade pública. No nosso conhecido esquema da Figura 7, o objeto de ligação é representado pelo prédio. Ele está relacionado com o local de consumo, o dado mestre técnico que abordaremos a seguir. Na segunda figura, temos um objeto de ligação sendo criado via transação ES55 (as transações para modificação e visualização são, respectivamente, a ES56 e ES57). Sendo o dado técnico de mais alto nível, ele costuma conter dados de identificação de endereço do prédio, isto é, CEP, rua, número, cidade, e outros acerca da localização do ponto de entrada de fornecimento, mas sem especificação de unidade consumidora. Como tudo dentro do SAP, pode ser customizado de acordo com as necessidades do negócio. Figura 12 - Criação de um objeto de ligação através da transação ES55 Assim como não é comum realizar a criação de contas contrato manualmente, via transação de criação CAA1, tampouco o é para os objetos de 20 ligação. Não raro, eles são criados pelo SAP CRM e replicados ao SAP IS- U/CCS em seguida. 2.3.5. Local de consumo Criado quando surge uma unidade a ser provida individualmente de algum serviço de utilidade pública, o local de consumo assume o endereço do objeto de ligação, ao qual são adicionados dados complementares, como andar e número do apartamento. Representa uma unidade espacialmente delimitada, na qual o consumo é mensurado de maneira individual, separado das demais. No nosso esquema da Figura 7, o local de consumo é representado pelo apartamento, ou seja, assume o endereço do prédio, mas é individualizado pelo número de apartamento. Naturalmente, quando o objeto de ligação representa uma casa ele terá apenas um local de consumo associado. O local de consumo pode ser criado pela transação ES60, modificado pela ES61 e visualizado pela ES62. Ao visualizá-lo, temos informações complementares de identificação da unidade consumidora, bem como o tipo do local de consumo. Cada negócio pode demandar detalhes adicionais e até fazer usos particulares de campos que já são fornecidos pelo código standard. 2.3.6. Instalação Diretamente relacionada ao cálculo e faturamento do cliente, a instalação é o objeto técnico mais importante de todos e possui características da unidade consumidora, regras de cálculo e leitura, informações contratuais e detalhes acerca dos equipamentos e registradores. A Figura 13 mostra um exemplo de visualização típica de uma instalação via transação ES32 (para criação e modificação, podem ser usadas as transações ES30 e ES31, respectivamente), com áreas (A, B, C, D e E) destacadas para facilitar o entendimento. Vamos explorar cada uma delas a seguir. 21 Figura 13 - Exibição da instalação na transação ES32 Na área A, temos os dados principais, que identificam a instalação: número, setor de atividade, local de consumo associado, contrato e parceiro de negócio atuais. Quando estão preenchidos os campos “Contrato atual” e “Parceiro de negócios atual”, sabemos que o processo de move-in foi realizado, isto é, a instalação está associada a um parceiro consumidor. Na área B temos botões que levarão ao detalhamento dos equipamentos instalados, bem como ao histórico de equipamentos no decorrer do tempo. Clicando no primeiro botão dessa área, seremos redirecionados para uma tela como a exibida na Figura 14. Nela podemos ver detalhes sobre o equipamento de medição que se encontra na casa do cliente. No botão "Faixas de tempo" pode-se verificar se já houve outros medidores associados a essa instalação no passado ou se houve alguma faixa de tempo em que a instalação esteve sem nenhum equipamento associado (instalação foi desligada, isto é, passou pelo processo de move-out, e o equipamento foi retirado – ou levantado – em campo). O campo “Válido até” da Figura 14 nos indica que o equipamento em questão está instalado atualmente: a data 31.12.9999 indica faixa de tempo atual. Além dessas informações, podemos verificar também o número de série do equipamento e o número do material ao qual ele pertence. 22 Figura 14 - Dados de equipamentos associados à instalação Se clicarmos sobre o equipamento da Figura 14 somos redirecionados para uma nova tela, com informações importantes acerca desse equipamento (um medidor instalado em campo). Como já dito várias vezes nos últimos posts, cada empresa de utilidade pública vai ter informações particulares que fazem sentido para o seus negócios, mas normalmente ao visualizar um equipamento nos deparamos com número de série, número de material, status de sistema e de usuário desse equipamento, bem como resultados de leituras. Esses últimos dados são importantíssimos no contexto de Utilities, pois é a partir deles que os clientes são faturados mensalmente. Se tivermos o número do equipamento ou seu número de série podemos fazer a mesma consulta diretamente pela transação IQ03, útil para visualizar os equipamentos. Continuando a exploração das áreas na Figura 13, temos a seção C que traz os dados dependentes do tempo. Nela, vemos as faixas de tempo para classes de cálculo, categorias de tarifa, setores industriais etc. É a partir dos dados contidos nessa faixa, dentre outros, que será realizado o cálculo mensal do consumo do cliente, consideradas as suas particularidades (se o cliente é residencial ou não, se há alguma promoção, qual a bandeira aplicada etc.). Informações acerca do calendário de leitura também estão nela, para determinar o dia que oleiturista vai passar na casa do cliente para colher a medição do medidor, por exemplo. Na seção D temos 3 botões: a) Perfil de carga: perfil de carga para consumidores SLP (Standard Load Profile); 23 b) Visão de cálculo: dados importantíssimos acerca do processo de cálculo (período de cálculo, documentos e ordens de cálculo, tipos de tarifa, dados e resultados de leitura, informações acerca de suspensão de fornecimento etc.); c) Interface RTP (real-time pricing): para clientes de alto consumo, geralmente clientes industriais, cuja medição não é feita mensalmente, mas num período menor, dado o grande consumo da utilidade pública. Por último, mas longe de ser menos importante, temos a última seção destacada dentro da instalação: o botão "Informs" (vide letra E na Figura 13), cujo clique direciona para os operandos da instalação. Mas o que são operandos? Operandos são variáveis que são "operadas" por processos de negócio. Em outras palavras, eles podem servir como inputs ou serem gerados como outputs em processos do sistema que concretizam ações requeridas pelo negócio. Operandos não são exclusividade de instalações dentro do SAP IS- U/CCS, mas são particularmente úteis para esse dado mestre. Podem representar o status da instalação em campo, a zona de atendimento, detalhes sobre uma campanha de marketing e uma infinidade de outros dados. Na Figura 15 temos o exemplo do operando FACTOR-0 (dentro do grupo de operandos CONSTANT) com o valor 1.0000000. Como podemos verificar, ele está válido desde janeiro de 2012 até o presente momento. Figura 15 - Operando FACTOR-0 com valor 1.0000000 em uma instalação Então, a partir do botão "Informs", podemos acessar os operandos da instalação, úteis em vários processos de negócio a depender da solução específica de cada empresa de utilidade pública. 24 3. Dados mestres do processo de Utilities no SAP CRM Por fim, para finalizarmos a discussão sobre os principais dados mestres do SAP Utilities, vamos falar sobre os dados mestres do processo de Utilities dentro do SAP CRM. Parceiro de negócio e conta contrato (como já foi dito antes, no SAP CRM ele se chama acordo comercial) costumam nascer no SAP CRM e serem replicados para o SAP CCS. Futuramente, podemos ver esse processo de replicação com mais detalhes. Enquanto o parceiro de negócio pode ser consultado via transação BP nos dois ambientes, a conta contrato pode ser visualizada apenas no SAP CCS (não existe no SAP CRM uma transação equivalente a CAA3). O contrato de fornecimento no SAP CRM tem algumas informações da instalação de do contrato IS-U no SAP CCS e a instalação não existe no SAP CRM. Vale observar que todo o processo de faturamento acontece apenas no SAP CCS. Figura 16 - Dados mestres no SAP Utilities e SAP CRM A criação dos demais dados técnicos explorados nos últimos posts (objeto de ligação e local de consumo) também costuma partir do SAP CRM, onde eles naturalmente existem, mas se apresentam de maneira distinta. No CRM, eles fazem parte do chamado componente iBase, conforme esquematizado na Figura 25 16: no SAP CRM existe o objeto de ligação e o local de consumo é uma combinação de local de consumo e do ponto de entrega (PoD na abreviação em inglês) no SAP CCS. Na transação IB53 no SAP CRM conseguimos visualizar tanto os objetos de ligação como os locais de consumo associados a ele. 4. Considerações finais Encerramos aqui nossa introdução sobre os dados mestres do SAP Utilities. Alguns dados mestres ficaram de fora: ponto de entrega, local de instalação do equipamento etc. No futuro, se necessário for, falamos sobre eles. Se você gostou desse material, você pode compartilhá-lo com um colega que também tenha interesse nesse assunto e me seguir no LinkedIn para ter acesso a mais conteúdo sobre esse tema. Estamos só no começo!
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