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Desenvolvimento Sustentável e a Ilha de Páscoa

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AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRÁTICAS DE 
DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Wanessa Priscila David do Carmo 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
 Na aula de hoje, vamos entender o que é o desenvolvimento sustentável. 
Vamos descobrir quando surgiu este termo tão em voga atualmente e entender 
algumas de suas aplicações. A história da questão ambiental também será tratada 
nesta aula, mostrando a evolução da preocupação em relação ao meio ambiente. 
 Ainda, discorreremos sobre alguns exemplos de desenvolvimento 
sustentável e algumas situações que poderiam ter sido evitadas caso ele tivesse 
sido aplicado. 
 Vamos à aula? Bons estudos! 
CONTEXTUALIZANDO 
 Conheceremos agora um exemplo de uma situação em que o 
desenvolvimento sustentável não foi aplicado! 
 O relato a seguir foi retratado no livro O Bom Negócio da Sustentabilidade 
(2002), de Fernando Almeida, e é um dos mais dramáticos exemplos de como a 
dilapidação do capital ambiental pode extinguir uma sociedade humana. A história 
fala sobre a Ilha de Páscoa, localizada na Polinésia Oriental, cerca de 3,7 mil 
quilômetros da costa do Chile. É uma das ilhas mais isoladas do mundo, sendo 
famosa pelas 887 estátuas de pedra gigantes – os Moai – que ficam na ilha. 
 Quando os primeiros europeus chegaram à ilha, em 1722, encontraram 
uma terra árida, completamente desprovida de vegetação, ocupada por cerca de 
3 mil nativos. Espalhadas pela ilha, jaziam mais de 600 estátuas esculpidas em 
pedra, com, em média, seis metros de altura e pesando algumas dezenas de 
toneladas. Os habitantes, uma gente primitiva que vivia em cavernas, diziam que 
as esculturas, evidentemente feitas de material retirado de uma pedreira no 
interior da ilha, tinham chegado ali “caminhando”. Que não eram eles os 
responsáveis pela obra era óbvio: esquálidos e rudes, não poderiam ter executado 
tarefas complexas, como as requeridas, para esculpir, transportar e instalar as 
estátuas. As esculturas gigantes eram, sem dúvida, os vestígios de uma 
sociedade avançada florescida na inóspita ilha de 380km2, perdida no meio do 
Oceano Pacífico, a duas mil milhas da costa do Chile. Sem uma explicação lógica 
para o modo como foram transportadas e o que teria acontecido com os homens 
que as construíram, os europeus deram asas à imaginação. Nos séculos 
 
 
3 
seguintes, muitas foram as hipóteses levantadas para explicar o mistério da ilha 
de Páscoa, inclusive algumas delas atribuindo o feito a extraterrestres. 
 A civilização que nasceu e morreu na ilha de Páscoa começou a ser 
construída quando algumas dezenas de polinésios, originários do Sudoeste da 
Ásia, ali chegaram no século V da Era Cristã. Ao longo de mil anos, esses 
colonizadores formaram uma sociedade que criava galinhas e plantava batata-
doce (únicos cultivos que deram certo na ilha), dividida em clãs. Os chefes dos 
clãs organizavam as atividades, distribuíam a comida e os bens, comandavam 
elaboradas cerimônias rituais e competiam por prestígio e poder. Cada clã tinha 
o seu Ahu, uma plataforma adornada com as estátuas gigantes, onde eram 
realizadas as cerimônias. Quanto maiores e mais numerosas as estátuas do Ahu, 
mais alto era o status do clã. Em 1550, havia centenas de Ahus e a população 
tinha atingido o pico: sete mil pessoas. 
 Sem animais de tração, os homens transportavam as estátuas esculpidas 
na pedreira de Rano Raraku, fazendo-as deslizar sobre troncos de árvores. Aí 
está a chave para o mistério do destino trágico daquela gente. No século XVIII, 
quando os europeus chegaram, já não havia árvores na ilha! Ao longo de um 
milênio, elas tinham sido utilizadas para a construção de casas e canoas, para 
aquecer e cozinhar, e, sobretudo, para mover as estátuas gigantes. Análises de 
pólen feitas no século XX confirmaram que, no início da ocupação humana, a ilha 
era coberta de densa vegetação. 
 Com a escassez de madeira, tiveram início o declínio e o retorno às 
condições primitivas de vida. Sem poder construir casas, muita gente foi morar 
em cavernas. Depois, já não era possível fazer canoas, apenas botes de junco, 
imprestáveis para viagens mais longas. A pesca ficou mais difícil. A falta de 
cobertura vegetal resultou em erosão do solo e colheitas decrescentes. 
 É provável que os habitantes da ilha de Páscoa tenham notado que sua 
existência dependia dos recursos limitados de uma pequena ilha, e, certamente, 
percebiam o desaparecimento progressivo de suas florestas. No entanto, foram 
incapazes de encontrar uma forma de viver em equilíbrio com seu meio ambiente. 
 Na verdade, no mesmo momento em que as limitações da ilha ficaram mais 
evidentes, a competição entre os clãs pela madeira disponível parece ter se 
intensificado, com mais e mais estátuas esculpidas e transportadas, numa 
tentativa de assegurar prestígio e status. 
 
 
4 
 Tanto que, ainda hoje, é possível observar estátuas inacabadas perto da 
pedreira. Parece que os indivíduos que trabalhavam nelas nem se deram conta 
de quão poucas árvores restavam na ilha. 
 A história está se repitindo, não? A sociedade foca no crescimento 
desenfreado, sem pensar nos recursos finitos e no consequente desequilíbrio 
ambiental e social que pode causar. Bom, qualquer semelhança com a nossa 
sociedade atual é mera coincidência... 
TEMA 1 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
 Atualmente, não existe uma definição conclusiva para o termo 
“Desenvolvimento Sustentável”. No ano de 1987, a Comissão Mundial sobre Meio 
Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), conhecida também por Comissão 
Brundtland, durante o processo preparatório para a Conferência das Nações 
Unidas (também chamada de “Rio 92”), cunhou a definição que talvez seja a mais 
conhecida: “Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que atende às 
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das futuras gerações 
atenderem suas próprias necessidades” (Brasil, 1988). Ou seja, de acordo com a 
Comissão Mundial do Meio Ambiente, viver de forma sustentável é aceitar o dever 
de buscar a harmonia com as outras pessoas e com a natureza, de modo que a 
humanidade deve aprender que não pode tirar mais da natureza do que ela 
mesma pode repor. 
 O desenvolvimento sustentável apoia-se no seguinte tripé, que compõe a 
base de uma sociedade solidária e justa: 
 Desenvolvimento econômico; 
 Justiça social; 
 Proteção ambiental. 
 De acordo com Barbosa (2008), o desenvolvimento sustentável pode ser 
representado da seguinte forma: 
 
 
 
5 
Figura 1 – Desenho esquemático relacionando parâmetros que compõem o 
desenvolvimento sustentável 
 
Fonte: Barbosa (2008). 
 Para Almeida (2002), caso não mantenham políticas e práticas adequadas 
nas três dimensões da sustentabilidade – econômica, ambiental e social –, 
possivelmente as empresas estarão cada vez mais sujeitas a responder por isso 
tanto nos tribunais de justiça quanto no foro da opinião pública, o que enfatiza a 
importância do gestor incorporar esta nova visão ao projeto. Pesquisas mostram 
que os consumidores brasileiros estariam dispostos a pagar mais por produtos e 
serviços feitos por empresas ambientalmente responsáveis, eco-eficientes e que 
não agridam o meio ambiente (Oliveira Filho, 2004). 
 A inovação tecnológica também é essencial no que se refere ao 
Desenvolvimento sustentável. A ciência é colocada a serviço de sistemas 
produtivos altamente poupadores de materiais e de energia, capazes de contribuir 
para a regeneração da biodiversidade, contudo, infelizmente, o Brasil ainda 
encontra-se em um patamar abaixo quando comparado à inovação tecnológica 
mundial. 
1.1 O desenvolvimento sustentável no Brasil 
 O Brasil sediou as duas conferências internacionais sobre sustentabilidade 
mais importantes da história: a Conferência das Nações Unidas sobre Meio 
Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92) e a Conferência das Nações Unidas sobre 
DesenvolvimentoSustentável (Rio+20). É um país atuante nos foros 
internacionais que discutem sobre o desenvolvimento sustentável e desempenha 
 
 
6 
papel de crescente importância no tema. Apesar disso, de acordo com Abramovay 
(2010), dois grandes problemas ainda são recorrentes no Brasil: desigualdade 
(seja ela no acesso à educação, moradia, justiça e segurança) e padrões 
dominantes de produção e consumo apoiados em um processo de degradação 
ambiental. 
Um exemplo é a matriz energética do Brasil. Apesar de o nosso país vender 
a ideia de que sua matriz energética é 100% renovável, e rotule esta situação 
como um exemplo de desenvolvimento sustentável, especialistas começam a 
questionar tal sustentabilidade no uso de hidrelétricas, uma vez que as usinas 
geram um enorme impacto socioambiental no ato de sua construção, desviando 
cursos de rios, realocando populações e modificando habitats de muitas espécies, 
além de muitos outros impactos. 
TEMA 2 – HISTÓRIA DA QUESTÃO AMBIENTAL 
 Para entender o nascimento e a evolução da questão ambiental, 
apresentamos uma linha cronológica resumida dos grandes fatos que ocorreram 
na historia ambiental do planeta: 
2.1 Século XIX 
 Thomas Huxley, em 1863, publica um ensaio que fala sobre a 
interdependência dos seres humanos com os demais seres vivos. George Perkin 
Marsh, em 1864, documenta o esgotamento dos recursos naturais, prevendo os 
impactos que a falta de ações preventivas podem causar para as gerações 
futuras. Estes dois documentos possivelmente marcam o início da preocupação 
do homem com o meio ambiente. 
2.2 Década de 50 
 Em 1952, um grande nevoeiro na cidade de Londres mata milhares de 
pessoas, o que impulsiona os movimentos ambientais, levando a uma reflexão 
acerca da poluição do ar. 
 
 
 
7 
2.3 Década de 60 
 Em 1960, uma série de discussões sobre o assunto originou o 
Ambientalismo nos Estados Unidos, e o termo Environmental Education surge em 
1965, durante uma conferência na Grã-Bretanha. 
2.4 Década de 70 
 No ano de 1972, ocorre ,em Estocolmo (Suécia), a Conferência das Nações 
Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano, com a participação 
de 113 países. O conceito de Eco-desenvolvimento foi apresentado por Ignacy 
Sachs, considerado o precursor do Desenvolvimento Sustentável. 
 A partir de então, a questão ambiental ganhou grande repercussão, e, em 
1975, como desdobramento de Estocolmo, aconteceu em Belgrado o Seminário 
Internacional sobre Educação Ambiental, em que foram explicitadas as metas e 
os objetivos da Educação Ambiental, cujo o princípio básico é a atenção com o 
meio natural e artificial, considerando os fatores ecológicos, políticos, sociais, 
culturais e estéticos. 
2.5 Década de 80 
 Em 1980, surge a noção aprofundada de Ecologia, colocando o homem 
como o componente do sistema ambiental complexo, holístico e unificado. A ONU 
criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento que definiu 
Desenvolvimento sustentável, cujo relatório propunha, para a população mundial: 
garantia de alimentação, preservação da biodiversidade e ecossistemas, 
diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias de fontes 
energéticas renováveis, aumento da produção industrial à base de tecnologias 
adaptadas ecologicamente, controle da urbanização e integração campo-cidade, 
além da satisfação das necessidades básicas. 
 Somente em 1981 surge no Brasil uma ação de efeito ambiental, quando o 
então presidente João Figueiredo sancionou a Lei n. 6.938/1981, que dispunha 
sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. 
 A partir de então, a questão ambiental no Brasil passou a ter relevância, e 
seu objetivo principal era a compatibilização do desenvolvimento econômico-
social com a preservação da qualidade ambiental, do equilíbrio ecológico e da 
preservação dos recursos existentes. Assim, foram adotadas técnicas para 
 
 
8 
previsão e avaliação impactos ambientais, como o Estudo de Impacto Ambiental 
(EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). 
2.6 Década de 90 
 Em 1992, na cidade do Rio de Janeiro, 170 países participaram da 
Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e o Meio Ambiente, 
conhecida também por Eco 92. Entre suas premissas, estavam os esforços para 
a erradicação do analfabetismo ambiental e a capacitação de recursos humanos 
para a área. A Eco 92 visou não somente a prevenção de impactos ambientais, 
mas a integração da população por meio de pequenas atitudes, como a 
reciclagem e a inserção de políticas alternativas para usos moderado de recursos 
naturais. Esta conferência marca o início da “consciência ecológica”, priviliegiando 
ações locais e consciência ecológica de cada um. 
 Em 1997, na cidade de Quioto, no Japão, foi discutido e negociado o 
protocolo que propunha um calendário pelo qual os países membros teriam 
obrigação de reduzir a emissão de gases do efeito estufa. 
2.7 Anos 2000 
 Em Johanesburgo, África do Sul, ocorre a conferência mundial denominada 
Rio+10, onde se instituiu a iniciativa “Business Action For Sustainable 
Development”. 
 Em 2006, há o lançamento do documentário “Uma verdade inconveniente”, 
de Davis Guggenheim (sobre a militância política de Al Gore, a quem rendeu o 
Nobel da Paz em 2007 e dois Oscars), cuja mensagem principal era “torne-se um 
carbono zero”, o que ajudou a inserir um novo modo de pensar da população. 
 Em 2012, ocorreu, no Rio de Janeiro, a Rio+20, Conferência das Nações 
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Chamada também de segunda etapa 
da Cúpula da Terra, ocorrida 20 anos antes (Eco 92), objetivou renovar e reafirmar 
a participação dos países no desenvolvimento sustentável do planeta. 
TEMA 3 – HISTÓRICO E QUESTÕES TEÓRICAS DO PLANEJAMENTO E DOS 
CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
 Apesar de parecer um tema recente, a preocupação ambiental existe há 
muito tempo, pois registros históricos mostram reflexões sobre o assunto já na 
 
 
9 
Grécia antiga e em Roma. Platão, na Grécia, denunciava problemas de erosão do 
solo, decorrentes do desmatamento das colinas; em Roma, por sua vez, o uso 
abusivo que os homens faziam do solo já preocupava alguns pensadores. 
 Alguns séculos depois, no ano de 1669, Colbert, então ministro do Rei Luís 
XIV da França, promulgou um decreto para proteger as águas e as florestas 
francesas, a fim de reverter o problema da escassez de madeira. 
 Foi de fato a partir de 1880 que começaram a surgir as primeiras 
legislações ambientais e de planejamento do uso dos recursos naturais. Nos 
Estados Unidos e na Europa, a crescente industrialização provocou o início de 
uma degradação ambiental mais exacerbada e diversas iniciativas ambientais 
foram criadas, como as áreas verdes urbanas, propiciando, além da preservação, 
a promoção da qualidade de vida aos trabalhadores das indústrias. 
 Foi sobretudo no período pós-segunda guerra mundial, já no século XX, 
que a preocupação com a exploração natural e a possibilidade de escassez de 
recursos surgiu efetivamente. A partir de então, a natureza passou a ser vista 
como algo possível de degradação pelas ações antrópicas, como você já viu no 
tópico da “Smog londrina”. 
 Por volta de 1960, o assunto voltou à tona, iniciado pelo lançamento do livro 
A primavera silenciosa, da cientista Rachel Louise Carson. O sucesso do livro 
ocorreu devido à polêmica que ele trazia à tona, questionando se a sociedade 
confiava cegamente no progresso tecnológico, em detrimento à conservação. 
 Como você já viu no tópico anterior (História da questão ambiental), a 
conferência da ONU em Estocolmo desdobrou diversos acontecimentos, como a 
consolidação do conceito de desenvolvimento sustentável. Um conceito e um 
comportamento que, inicialmente, eram sustentados somente por cientistas e 
ONGs, com o tempo passaram a ter governos e empresários como parceiros. 
 Alencastro (2012) resume de maneirabem didática a evolução dos 
acontecimentos desenvolvidos a partir da conferência de Estocolmo, 
representados esquematicamente na figura a seguir: 
 
 
 
10 
Figura 2 – Linha do tempo do desenvolvimento sustentável 
 
Fonte: Adaptado de Alencastro (2012). 
TEMA 4 – CONSCIENTIZAÇÃO 
 A Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento, ao redigir o 
relatório Brundland, considerou que o desenvolvimento de uma cidade deve 
privilegiar o atendimento às necessidades básicas de todos e oferecer 
oportunidades de melhora de qualidade de vida para a população. 
 O relatório de Brundtland também chamou a atenção do mundo sobre a 
necessidade de encontrar novas formas de desenvolvimento econômico, sem a 
redução dos recursos naturais e sem danos ao meio ambiente. Um dos principais 
conceitos debatidos pelo relatório foi o de “equidade” como condição para que 
haja a participação efetiva da sociedade na tomada de decisões, por meio de 
processos democráticos para o desenvolvimento urbano. 
 O aumento da consciência pública tem por objetivo sensibilizar e 
conscientizar o público sobre os problemas do meio ambiente e do 
desenvolvimento, a fim de fomentar, nos indivíduos, o senso de responsabilidade 
com relação a tais problemas e fazer com que participem da busca por uma 
solução (ONU, 1992). A Eco 92 teve como um de seus frutos a criação da Agenda 
21, que você verá nas próximas aulas. Na Agenda 21, há um tópico dedicado 
 
 
11 
interiamente à promoção do ensino, da conscientização pública e do treinamento 
sobre desenvolvimento sustentável. 
 Sachs (1993) afirma que os aspectos econômicos do desenvolvimento são 
muito relevantes, como as pessoas terem um trabalho digno, possuírem renda para 
viver com dignidade, obterem acesso a bens materiais de consumo e habitação. 
Contudo, também mostra que analisar apenas a dimensão econômica é insuficiente 
para percebermos o desenvolvimento, sendo absolutamente necessário que o 
desenvolvimento inclua as dimensões social e ambiental. Para o mesmo autor, 
crescimento não é sinônimo de desenvolvimento, ou seja, de nada adianta ampliar 
o número de vagas de trabalho se não há redução da pobreza e tampouco das 
desigualdades. 
TEMA 5 – HOMEM E MEIO AMBIENTE 
 Antes de entender a relação do homem com o meio ambiente, precisamos 
definir o que é o meio ambiente. Apesar de parecer algo corriqueiro e de fácil 
entendimento, essa definição é mais complicada do que parece. Tudo dependerá 
do ramo científico e do grau de complexidade da pergunta e da resposta exigida. 
 Por exemplo, se você perguntar a um ecólogo o que é ambiente, ele 
possivelmente responderá algo como “o conjunto de condições que cercam um 
ser vivo”. Um arquiteto pode responder que é “o espaço no qual ele está 
trabalhando”, que pode ser um quarto, uma sala ou uma cozinha. Um antropólogo 
o definiria como “o meio onde a sociedade extrai os recursos naturais essenciais 
à sobrevivência”. Nenhumas destas respostas estão erradas, pois cada uma, em 
seu meio, apresenta uma veridicidade. Contudo, para nossos estudos, a definição 
de ambiente se dá por um conceito amplo, que inclui tanto natureza como 
sociedade. Conceito este que engloba valores maiores, fazendo-nos pensar em 
todas as consequências e repercussões que um projeto ambiental pode ter, não 
somente baseados no conceito de ecologia que, no passado, um dia aprendemos. 
 A legislação brasileira, em sua Lei Federal n. 6.938/1981, define meio 
ambiente por “conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem 
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas 
formas” (Brasil, 1981). Porém, para fins de estudos de Impacto Ambiental, a 
legislação chilena é mais feliz em sua definição: “Meio ambiente é o sistema global 
constituído por elementos naturais e artificiais de natureza física, química ou 
biológica, socioculturais e suas interações, em permanente modificação pela ação 
 
 
12 
humana ou natural e que rege e condiciona a existência e desenvolvimento da 
vida em suas múltiplas manifestações” (Chile, 1994). 
 A atividade humana sobre o planeta Terra vai além das mudanças 
climáticas. Situações como terras agrícolas que deixam de ser férteis, florestas 
inteiras que desaparecem, enchentes e secas são alguns exemplos de atividades 
provocadas e/ou desencadeadas por ações antrópicas. Para Brown (2003), a 
realidade atual indica que se não acontecerem grandes mudanças, as catástrofes 
destruirão boa parte dos recursos naturais hoje disponíveis, e, ao analisar este 
alerta, os impactos preocupam as condições de sobrevivência humana a longo 
prazo. 
FINALIZANDO 
 Neste tema, você pôde entender os conceitos de Desenvolvimento 
sustentável, a história da preocupação ambiental e os principais eventos que 
marcaram esta trajetória. Na problematização, aprendeu sobre uma situação real, 
de uma população que cravou sua própria extinção, ocorrência um tanto quanto 
pesarosa. A partir de agora, quando falarmos em desenvolvimento sustentável, 
você se lembrará de que ele é sustentado por um tripé – desenvolvimento 
econômico, ambiental e social! 
 Vá à seção “Leitura Obrigatória” da sua aula e assista ao vídeo 
recomendado, ele fará você refletir a respeito da situação atual do planeta. 
Divulgue-o entre seus amigos, é do interesse e benefício de todos uma evolução 
na maneira de pensar e agir da atual sociedade em relação à sustentabilidade! 
 Bons estudos e até a próxima aula! 
 
 
 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
ABRAMOVAY, R. Desenvolvimento sustentável: qual a estratégia para o Brasil?. 
Novos Estudos Cebrap, v. 87, jul. 2010, p. 97-113. 
ALENCASTRO, M. S. Empresas, ambiente e sociedade: introdução à gestão 
socioambiental corporativa. Curitiba: Intersaberes, 2012. 
ALMEIDA, F. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova 
Fronteira, 2002. 
BARBOSA, G. S. O desafio do desenvolvimento sustentável. Revista Visões, 4 
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BESSANA, D. Primavera Silenciosa. Resenha. Disponível em: 
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2013. 
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______. Ministério do Meio Ambiente. Resolução Conama n. 001, de 23 de janeiro 
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______. Ministério do Meio Ambiente. Conferência das Nações Unidas sobre 
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<http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/desenvolvimento-
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14 
BROWN, L. R. Eco-Economia: construindo uma economia para a terra. Salvador, 
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<file:///C:/Users/Eduarda/Downloads/HL19300.pdf>. Acesso em: 02 jan. 2018. 
CMMAD. Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso 
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DEAN, W. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. 
São Paulo: Cia das Letras, 1997. 
MOREIRA, I. V. D. Vocabulário Básico de Meio Ambiente. Rio de Janeiro: 
FEEMA/Petrobrás, 1992. 
OLIVEIRA FILHO, J. E. Gestão ambiental e sustentabilidade: um novo paradigma 
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SACHS, I. Estratégias de transição para o século XXI: desenvolvimento e meio 
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WESTMAN, W. E. Ecology, Impact Assessment and Environmental Planning. 
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