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Nutrição e Doenças nutricionais: Animais de produção Conceitos básicos ➠ Alimento: Toda substância digerível, é a forma como encontramos os nutrientes. exemplo: Pão. ➠ Nutrientes: Substâncias utilizadas para um indivíduo nutrir-se visando sua sobrevivência. Existem os essenciais, que nosso corpo não produz,sendo necessário ingerir pela dieta, e os não essenciais, que nosso corpo consegue produzir. exemplo: Proteína. ↳ Os animais de produção produzem um nutriente essencial por conta própria: a vitamina C. ↳ Não há a necessidade de proteínas animais mas sim de aminoácidos, independente de sua origem. ➠ Categoria de uma espécie: Como ela se apresenta ↦ Se é cria recria,engorda, leiteira e etc. ➠ Ração: Conjunto de alimentos e premix adequado para cada espécie. Ou seja, é completa, incluindo tudo que o animal come, com exceção da água. ➠ Núcleo: É uma pré mistura, havendo uma preocupação com os macronutrientes. É feita a compra dos ingredientes principais do alimento e a montagem do conjunto. ➠ Premix: Enfoque nos micronutrientes, principalmente vitaminas e minerais que formam o núcleo. ➠ Concentrado: Mistura que, ao adicionar algo a mais, como por exemplo milho, chega aos valores nutricionais da ração. obs: A ração já vem pronta para o consumo, o núcleo é necessário preparar. Para fazer o premix, é necessário uma tecnologia avançada. Alimento Os alimentos possuem duas classificações: os volumosos e os concentrados. ➠ Volumosos: Ocupa espaço pois dentro dele há uma grande quantidade de fibra (+15% em média), não levando em conta a quantidade de água. exemplo: feno,capim,silagem, gramíneas e leguminosas. ➠ Concentrados: Aqueles alimentos que possuem grande quantidade de, no mínimo, um nutriente não fibroso. Os alimentos concentrados podem ser divididos em: ↳ Energéticos: Possuem uma grande concentração de uma fonte de energética (lipídio e carboidratos), sendo os melhores o milho, que possui uma alta quantidade de amido, e o óleo de soja, que é rico em lipídeos. Outros exemplos: Farelo de arroz, arroz, aveia e grande parte dos cereais,batata e melaço. ↳ Protéicos: Alimentos que fornecem uma grande quantidade de proteínas, sendo o principal representante o farelo de soja. 1 Outros exemplos: Farinha de carne,de vísceras, farelo de soja e de trigo. ↳ Outros: Fornecem outros nutrientes que não energéticos e proteínas. O principal representante é o sal, que é rico em sódio e boro. Outros exemplos: Calcítico e fosfato bicálcico. Composição centesimal em alimentos Para encontrar a composição centesimal em alimentos, é necessário retirar a água dele e ver a porcentagem dos elementos da ração, sendo elas: ➠ Cinzas: Fração inorgânica. Para encontrá-la é necessário queimar a matéria orgânica. ➠ Lipídeos: Fração orgânica. Para encontrá-la faz uso de solventes orgânicos. ➠Proteínas: Fração orgânica. Mede o total de nutrientes na ração. ➠ Fibras: Fração orgânica. Faz a análise da fibra bruta. ➠ Carboidratos: Fração orgânica. Não possui uma análise específica, faz uma estimativa da quantidade com base na soma dos outros elementos. obs: Nas rações atuais há também as vitaminas, contudo, na época da descoberta da composição centesimal dos alimentos, as vitaminas ainda não eram conhecidas. Carboidratos É constituído por carbonos hidratados, tendo sua origem orgânica na fotossíntese ( todos os organismos necessitam, conseguindo, por exemplo, pela predação). Ademais, nem todo carboidrato é açúcar, mas todo açúcar é um carboidrato. ↳ Principal função: Realizar a engorda dos animais. ↳ Principais representantes: As hexoses como a glicose,frutose e galactose, e as pentoses. obs: As gomas e outros carboidratos não tem interesse nutricionalmente, sendo os mais importantes os açúcares e amidos. Já a celulose é aproveitada por intermédio de bactérias no trato digestório. ➠ Aproveitamento dos carboidratos Dado que diferentes nutrientes são parecidos, como o amido,glicogênio e celulose, que são todos polímeros de glicose, o aproveitamento de cada uma dessas substâncias é diferente pois depende: 1- Da ligação de carbono: Se a ligação é alfa,beta ou gama. 2- Do aparelho dentário: Correlacionado a capacidade de mastigação e de triturar os alimentos. Atualmente, há o auxílio do cozimento. 3- De enzimas e microorganismos: Ajudam a quebrar as ligações. obs: No caso do glicogênio, este carboidrato não é muito bem aproveitado também devido ao fato de ele ser uma reserva imediata,logo, há uma pequena quantidade dele e esta quantidade é consumida com a movimentação, estresse, caça e etc, fazendo com que ele não tenha grandes importâncias nutricionais. obs: A lignina não é um carboidrato, no entanto, interfere diretamente nos carboidratos estruturais, como a celulose, posto que ela funciona como 2 uma mecanismo de proteção da parede celular dos vegetais. Logo, quanto maior a quantidade de lignina, pior será o carboidrato. ➠ Conceitos importantes no metabolismo de carboidratos ↳ Carga glicêmica: É a quantidade de carboidrato presente na porção de alimento, observando o quanto aumentará a glicose. ↳ Glicemia: Mede a quantidade de glicose no sangue. ↳ Alto índice glicêmico: É o aumento muito rápido,após a ingestão do carboidrato, da glicemia no sangue. exemplo: Sucos de néctar e de fruta normal (devido a frutose) posto que líquidos são absorvidos mais rapidamente. obs: Como o pâncreas libera muita insulina nestes casos para tentar combater a alta glicemia, pode ter um efeito rebote e gerar hipoglicemia. obs: Para engordar um animal, é necessário fornecer um alimento com alta carga e índice glicêmico, como os lipídeos por exemplo. ↳ Insulina: Permite a entrada de glicose nas células, visando a diminuição da taxa de glicose no sangue. ↳ Glucagon: Transforma glicogênio em glicose, visando o aumento da taxa de glicose no sangue. obs: Diferentes formas de carboidratos interferem de formas diferentes no glucagon e na insulina, ou seja, na taxa de glicemia. ➠ Funções dos carboidratos ↳ Em animais monogástricos Celulose: Utilizada como lastro, ou seja, para fazer volume. Animais que possuem boca útil para triturar e trato digestório longo conseguem comer fibras. - Equinos: conseguem utilizar como fonte de energia. - Carnívoros e aves: possuem o trato posterior curto, logo não fazem uma boa fermentação, fazendo com que a produção de energia por celulose seja muito baixa. - Coelhos: aproveitam muito bem a celulose (alimentos fibrosos) pois possui uma estrutura no intestino que fermenta, ele ingere novamente e, assim, aproveita a celulose. É importante, também, observar a parede celular dos vegetais para localizar a celulose posto que, devido a lignina, em cada planta está em um lugar. Amido: Usado para engordar os animais, ele fornece energia e é muito fácil de digerir, sendo que é o trato digestivo anterior, mais especificamente o intestino delgado, que faz a digestão e absorção. - Suínos e aves domésticas: Muito utilizado e muito bom para eles. 3 - Equinos: Não muito indicado posto que,na natureza, não comem alimentos concentrados mas sim volumosos o dia todo. Com isso, se ingerem em alta quantidade alimentos concentrados, ele fermenta, forma gás e gera cólica. ↳ Em ruminantes Celulose: Juntamente com outros carbonos estruturais, é a principal fonte de energia destes animais posto que eles possuem o rúmen no início do trato, que é uma câmara de fermentação excelente com diversos microorganismos, aproveitando muito a celulose, havendo poucas partes que não são metabolizadas. Amido: Utilizado para engordar os animais e aumentar a produção, fornecendo energia,contudo, há uma perda no caminho devido a alta produção de metano enquanto rumina. Além disso, pode gerar problemas como a acidose e o timpanismo. - Concentrado para ruminantes de produção: É dado pois eles necessitam de uma energia “pronta’’/mais disponível pois não aguentam comer alimento volumoso até a necessidade nutricional exigida. Ácidos graxos voláteis; Dado que estes animais não conseguem aproveitar a glicose, ela vira ácido graxo e vai para as células,sendo a fonte de energia. Esta transformação ocorre pela energia/síntese microbiana. Os principais ácidos graxos voláteis formados são: Acético,propiônico e butílico. ➠ Quantidade de glicemia no sangue Há uma diferença entre o valor aceitável de glicemia nas diferentes espécies, sendo que, este valor, pode mudar de acordo com a topografia (local que retirou o sangue) e com o período ( horário de retirada). Ademais, no organismo, sempre há a tendência de transformação da glicose em glicogênio e das hexoses, aminoácidos e lipídeos em glicogênio, visando a regulação das taxas glicêmicas. ↳ Parâmetros glicêmicos nas diferentes espécies: Espécie Glicemia em mg/100mL Cão 60-100 Cavalo 60-110 Cobaia 95-150 Coelho 110-150 Galinha 130-260 Peru 175-210 Vaca 40-70 Gato 70-170 ➠ Fatores que influenciam a glicemia - Hormônios hipofisários - Glicocorticóides (medicamento) - Insulina - Outros glicídios além da glicose, como a frutose ➠ Absorção dos carboidratos Ocorre somente quando eles estão na forma de monossacarídeos e dissacarídeos, sendo passiva quando está a favor do gradiente, não havendo gasto energético e ativa quando há gasto energético. 4 ➠ Incremento calórico Incremento calórico é o aumento da produção de calor após o consumo de alimentos. Diante disso temos que: ↳ Lipídios: Possuem uma alta energia/grama. Logo, possuem uma baixa taxa de incremento calórico. ↳ Carboidratos: Possuem uma energia/grama mediana, possuindo um incremento calórico médio. ↳ Proteínas: Possuem uma baixa energia/grama. Logo, possuem uma taxa alta de incremento calórico. Portanto: IC lipídio< IC carboidratos< IC proteínas Energia lipídio < energia proteínas< energia carboidratos. ↳ Apesar de as proteínas possuírem mais energia/grama que os carboidratos, a energia final que elas disponibilizam é menor posto que, como ela tem alto IC, há uma grande perda dessa energia disponível em forma de calor. Ademais, como as proteínas apresentam amina, quando ela entra no corpo ela deve virar uréia para ser excretada, gastando mais energia nesse processo. Logo, as proteínas não tem um bom aproveitamento em nosso organismo como os carboidratos, fazendo com que ele acabe sendo uma melhor fonte de energia para nós. Uso dos carboidratos ↳ Em humanos Os carboidratos são nossa principal fonte de energia pois são rapidamente digeridos e absorvidos, fazendo com que o consumo seja maior. No caso das proteínas, se houver uma alta ingestão há o sobrecarregamento de alguns órgãos e, no caso dos lipídeos, o metabolismo é mais lento, não permitindo uma ingestão em alta quantidade. ↳ Em ruminantes Os ruminantes possuem um metabolismo voltado para a digestão de ácidos graxos que faz com que eles caiam na corrente circulatória. Logo, nestes animais, o carboidrato não é a principal fonte energética. O glicogênio (carboidrato) disponível nestes animais é utilizado de duas formas: 1- Glicogênio hepático: Utilizado de maneira geral pela via aeróbica. 2- Glicogênio muscular: Utilizado em situações de esforço, sendo convertido em lactato por uma via anaeróbica. ↳ Em carnívoros Os carnívoros têm como principal fonte de energia os lipídios e as proteínas. Contudo, conseguem aproveitar os carboidratos por intermédio da extrusão da ração e/ou do cozimento do carboidrato. ➠ Funções nutricionais dos carboidratos - Energética. - Metabolismo de gorduras: catabolismo de lipídios. - Gordura de reserva. - Desintoxicação. - Economia de proteínas. - Lastro. - Criação do sentido do apetite pela glicemia. - Formação de vitaminas. - Influência no sistema endócrino: insulina e glucagon. obs: A função nutricional está diretamente correlacionada com a forma e processamento do alimento. 5 Funções particulares de alguns carboidratos - Glicose: propulsora de vitaminas, é energética, provoca sentido da fome e etc. - Hexosamina: função de carboidrato estrutural como a produção de quitina e ácido hialurônico. - Galactose: produção de lactose, cerebrosídeos e glicoproteínas. - Pentose: produção de ácidos nucleicos (dna). Proteínas São compostos complexos de natureza coloidal formados por aminoácidos. Estes compostos são feitos por carbono,hidrogênio,oxigênio e nitrogênio na proporção de 16g/100, o que as difere dos demais nutrientes. ↳ Proteína bruta: Mensura a quantidade de nitrogênio na ração/alimento. ↳ Processo digestório: Após ingerir a proteína, há a quebra dela até chegar em aminoácidos para que possa ir até o sangue. ↳ Importância nutricional: A importância nutricional das proteínas baseia-se no teor de aminoácidos, ou seja, se todos os aminoácidos necessários estão sendo fornecidos e se o organismo está sendo capaz de utilizá-lo O excesso de proteínas no sangue não são armazenados mas sim excretados. Logo, para entendermos as proteínas é necessário conhecermos os aminoácidos. ➠ Aminoácidos São moléculas mais simples que formam as proteínas. Possuem uma função ácida, geralmente carboxílica, uma função amina e um radical, que difere um aminoácido do outro. Existem 20 aminoácidos diferentes na formação proteica. Os aminoácidos podem ser subdivididos em: Aminoácidos essenciais: São aqueles que o organismo não fabrica ou não fabrica em quantidade suficiente. Contudo, como eles são indispensáveis ao corpo, é necessário ingerir na alimentação. Aminoácidos não essenciais: São vitais para o organismo e ele próprio consegue fabricar em quantidades adequadas. ➠ Peptídeos São a junção de 2 ou mais aminoácidos, formando polipeptídeos ou oligopeptídeos. Esta ligação entre aminoácidos é chamada de ligação peptídica e, para que o organismo consiga absorver os aminoácidos, é necessário quebrá-las. ↳ Fonte de peptídeos: Por meio da síntese por condensação ou pela hidrólise parcial das proteínas. ➠ Classificação das proteínas Holoproteínas: Também chamadas de “proteínas verdadeiras”, são aquelas proteínas que, quando quebradas, só liberam aminoácidos. 6 exemplos: Protaminas, histonas,prolaminas, glutelinas,albuminas,globulinas, e escleroproteínas. Heteroproteínas: Não são constituídas apenas de proteínas. exemplos: Mucoproteínas, glicoproteínas, fosfoproteínas, lipoproteínas, cromoproteína, nucleoproteínas e derivadas (ácidos nucleicos). Proteínas conjugadas: Hemoglobina e lipoproteínas, tais como o LDL e o HDL, que usualmente fazem o transporte de lipídios. ➠ Estrutura das proteínas Primária: Confere função, sendo somente a sequência dos aminoácidos, não dependendo da orientação espacial da molécula. Secundária: Liga aminoácidos próximos, sendo a última a ser rompida. Esta estrutura é formada devido aos ângulos criados pelas ligações peptídicas, podendo ter uma conformação alfa hélice, beta sheets ou turns. Terciária: É a conformação espacial das proteínas como um todo. Quaternária: Duas ou mais cadeias polipeptídicas agrupadas. Diante disso, as proteínas podem sofrer o processo de desnaturação,ou seja, a proteína não exerce mais sua função devido a perda de sua estrutura. Este processo afeta a digestibilidade e função biológica das proteínas. ➠ Valor biológico das proteínas Está relacionada com o perfil aminoacídico da proteína, observando a eficiência nutricional para quem irá ingerir e absorvê-la. Para mensurarmos o valor biológico de uma proteína, utiliza-se o ovo e o leite como parâmetro já que são os dois alimentos com maior valor biológico conhecido. Valores biológicos de algumas proteínas: Proteína animal x Proteína vegetal Dado que a composição da proteína animal é mais similar a nossa, isto facilita a digestão/absorção dos aminoácidos. Além disso, as proteínas vegetais possuem fatores antinutricionais.Logo, a proteína animal acaba tendo um valor biológico maior. ➠Proteínas na dieta Dado que as proteínas formam um tecido dinâmico, não havendo reservas, é necessário um equilíbrio dos aminoácidos com a energia. Para isso, é vital uma atenção ao fornecimento das quantidades adequadas de cada aminoácido essencial e não essencial bem como o fornecimento energético da dieta. Dietas com falta de energia: Se está em falta, o organismo não usará os aminoácidospara síntese de tecido, mas sim para fornecer energia. Isto leva a uma perda de peso rápida, não sendo benéfica ao organismo. Dietas com excesso de energia: O consumo total de ração irá diminuir o que, se não corrigido, pode levar a um déficit de outros nutrientes.Ademais, o 7 animal costuma engordar ou parar de comer. Dietas com baixa de aminoácidos essenciais: É vital colocar um aminoácido sintético ou mudar o balanceamento da dieta. Dietas com alta taxa de aminoácidos essenciais: A conversão alimentar é mais eficiente. ➠Valor suplementar da proteína Consiste-se em encontrar qual o aminoácido que a proteína não fornece adequadamente e fornecê-lo por meio da unção com outros alimentos ou de forma sintética. Este aminoácido abaixo do necessário é chamado de aminoácido limitante,ou seja, é o aminoácido essencial que mais falta na dieta e que limita a síntese proteica. Solução: Para solucionar o déficit do aminoácido limitante, é possível fornecer aminoácidos puros, combinar alimentos com diferentes aminoácidos limitantes ou realizar o balanceamento da ração. exemplo: 1) Encontrando aminoácido limitante Proteína do tecido - A49 B8 C3 D30 E10 Proteína fornecida - A46 B5 C12 D32 E6 Logo, o aminoácido B é o aminoácido limitante posto que é o que está mais abaixo, sendo necessário suplementá-lo. Após resolver a taxa de B, é preciso suplementar a de E e, por fim, a de A. 2) Encontrando o valor biológico da proteína É possível encontrar o valor biológico em função do aminoácido limitante por meio de uma regra de 3: B8---------- 100% (Proteína do tecido) B4---------- x% (Proteína fornecida x) X = 50% = valor biológico proteína X 3)Fornecendo outras proteínas 1°- Encontrando aminoácido limitante da proteína y Proteína do tecido - A49 B8 C3 D30 E10 Proteína fornecida Y - A34 B12 C3 D18 E33 Nesse caso, o aminoácido D é o aminoácido limitante. 2°- Encontrando valor biológico da proteína y D30----------100%(Proteína do tecido) D18-----------y%(Proteína Y) y= 60% = valor biológico de proteína y. 4) Encontrando a média das proteínas em conjunto Para encontrar o resultado da mistura, é necessário fazermos a média das duas proteínas. Proteína do tecido - A49 B8 C3 D30 E10 Proteína X+Y - A40 B8 C7 D25 E 20 Logo, o aminoácido limitante da mistura é o aminoácido A. A49-------100% A40-------X% X= 82%= Valor biológico da proteína X+Y ➔ Conclusão: Ao conhecermos os aminoácidos limitantes de cada proteína conseguimos fazer um uso mais proveitoso dela por meio de misturas que irão aumentar o seu valor biológico. ➠Nitrogênio para ruminantes Os ruminantes necessitam de forma semelhante aos monogástricos de aminoácidos essenciais para a formação de tecidos. Contudo, possuem uma grande diferença: Os microorganismos do rúmen. Estes microrganismos são capazes, por meio da fermentação, de fabricar todos os aminoácidos necessários para o animal 8 ,que serão absorvidos no intestino, não dependendo da alimentação. Isto posto, os ruminantes possuem três tipos de proteínas: Proteína microbiana: Sintetizada pelo próprio rúmen,possui alta digestibilidade e produz aproximadamente 65% de proteína bruta (80% verdadeira), fornecendo todos os aminoácidos necessários aos animais. Proteína UDP: Também conhecida como proteína by pass, elas não se degradam no rúmen, indo até o intestino para lá serem absorvidas completamente pelo animal. Elas podem fornecer até 50% ou mais da quantidade de proteínas brutas necessárias para o ruminante. obs: Animais de alta produção necessitam do fornecimento de proteínas by pass devido ao alto esforço e gasto energético exigido, fazendo com que as bactérias do rúmen não consigam atender a necessidade aminoacídica Proteína RDP: São proteínas que se degradam no rúmen, sendo utilizadas pelos microrganismos para a produção de proteína microbiana. Podem ser verdadeiras ou, no caso dos ruminantes, de nitrogênio não protéico, como por exemplo a ureia, que é 100% degradada no rúmen, não sendo tóxica para estes animais. obs: Em animais de alta produção é necessário uma atenção ao fornecimento de ureia pois, como o rúmen desses animais está constantemente cheio, pode ser tóxica. ↪Degradação de RDP Ela depende de alguns fatores tais como: - Natureza e processamento da proteína. - Frequência da alimentação: altera pH do rúmen. - Tamanho da partícula: Quanto menor a partícula, menor a superfície de exposição. - Disponibilidade de carboidrato para o rúmen: Formar cadeia carbônica e energia. - Total de ingestão de matéria seca. ➠ Metabolismo de nitrogênio em ruminantes As proteínas que chegam até o trato digestório dos ruminantes contém nitrogênio de duas formas: nitrogênio protéico, que é provindo de proteínas verdadeiras, ou nitrogênio não protéico.Isto posto, a metabolização de cada tipo ocorre da seguinte forma: Metabolização proteína verdadeira: Pode passar pelo rúmen e chegar de forma inalterada no intestino,fornecendo aminoácidos livres para o animal fazer a síntese de tecidos. Outra possibilidade de metabolização dessa proteína é por meio da ação microbiana (proteólise),que faz a proteína se quebrar em aminoácidos e, por fim, se transformar em amônia. Metabolização nitrogênio não protéico: Como forma de nitrogênio não protéico temos, por exemplo, a cama de frango, que está proibida por lei, o biureto, que contém risco explosivo e a uréia. A uréia é a forma mais utilizada, barateando o custo de produção do ruminante,no entanto, é 9 necessária uma atenção para que não ocorra intoxicação. Diante disso, 100% da uréia que chega ao rúmen é convertida em amônia e em CO2 pela enzima urease, e, está amônia, pode ser utilizada pelos microorganismos ruminais para a síntese de proteína microbiana. Contudo, para que haja a conversão em proteína microbiana é necessário uma fonte energética, como os carboidratos, que serão quebrados juntamente com a proteína e irão fornecer ácidos graxos, além de fornecer cetoácidos que, ao se unir com a amônia, formará aminoácidos que serão convertidos em proteínas microbianas. ➠Utilização da uréia A uréia só deve ser utilizada em ruminantes com o rúmen ativo (é ativado quando come concentrado) e com flora ruminal adaptada. Para que haja esta adaptação, é necessário o fornecimento de uréia gradualmente durante 3 á 4 semanas. Fatores que influenciam o uso da uréia: Existem 3 fatores essenciais a serem observados antes de utilizarmos a uréia, sendo eles: 1- Fonte de carboidrato fornecida junto: Dado que é necessário a fonte energética para a conversão de uréia em proteínas microbianas, saber qual a fonte desta energia e em qual quantidade está sendo fornecida é vital.Algumas fontes energéticas utilizadas são: - Amido: Possui uma alta velocidade de degradação, logo, não é possível utilizar muita uréia. - Sacarose: Isoladamente não é recomendada, contudo, na cana de açúcar é muito utilizada pois a unção da fibra + sacarose permite uma degradação gradual e contínua, possibilitando maior utilização de uréia. 2- Velocidade de transformação da uréia em amônia: Dado que a produção bacteriana é de aproximadamente 7 mg NH3/100 ml , é necessário respeitar este valor para que não haja intoxicação por excesso de uréia. 3- Outras fontes de nitrogênio na dieta: Dado que, em ruminantes de alta produção são fornecidas proteínas RDP, é necessário atenção a esta quantidade para que não haja sobrecarga de nitrogênio e, por consequência, de amônia. Níveis saudáveis de uréia na alimentação: Para evitar a intoxicação por uréia, existem alguns parâmetros que devem ser respeitados. 1- O nível de uréia deve ser do que o13 ruminante ingere de proteína posto que os microorganismos necessitam de aminoácidos pré formados. 2- O nível de uréia deve ser de 1 a 1,5% da matéria seca da ração total. 3- Em rações ricas em amido, o animal pode ingerir de 100 á 150 g de uréia por dia. 4- O nível de uréia deve ser equivalente a 0,04% do peso vivo do animal. Como incluir uréia na alimentação: Para realizar a suplementação alimentar com uréia é vital a produção de uma mistura homogênea posto que ela fica maispalatável e permite uma ingestão gradual, diminuindo a chance de intoxicação. Ademais, é necessário uma atenção aos alimentos que 10 contém urease pois isto influencia no nível de uréia a ser fornecida. Isto posto, alguns métodos de suplementação são: - Por meio de concentrado: Dado que diferentes animais possuem diferentes hábitos de consumo, é indicado o cálculo com base no animal de maior consumo posto que, com base nele, o risco de intoxicação em animais que consomem menos é menor. -Por meio da amiréia: Composto formado por 86%milho + 14% uréia. - Por meio da silagem + 5% de uréia: Requer atenção pois o pH do volumoso não irá cair, prejudicando-o. -Por meio da cana de açúcar + uréia: Fazer o cálculo de máximo consumo de cana pelo animal e regar esta cana com uréia diluída em água e com sulfato de amônia (fornecer enxofre também). - Por meio do melaço: Essa união sacarose(energia)+uréia é mais efetiva no pasto. - Por meio de sais: Pode ser mineral, proteico e etc. É uma boa opção pois gera um consumo gradual e maximiza o crescimento bacteriano (necessita de carboidrato junto). ➠ Intoxicação por uréia A uréia possui duas origens no ruminante: origem exógena, por meio da alimentação, ou origem endógena, que é sintetizada no fígado e degradada em amônia. Isto posto, ao fornecermos uréia ao animal é necessário um cuidado para que não haja um excesso circulante já que este excesso é tóxico. Mecanismo de intoxicação: Com o alto fornecimento de uréia há uma produção de amônia muito elevada, fazendo com que os microrganismos ruminais não sejam capazes de capturá-la. Este excesso de amônia deixa o rúmen básico e vai para o sangue. No sangue, está amônia irá se juntar com a quantidade produzida de forma endógena, gerando uma elevação na quantidade de amônia no sangue, o que é tóxico. Dado que esta quantidade é tóxica, o fígado tenta converter em nitrogênio ureico e secretá-lo, contudo, devido a alta quantidade, estes mecanismos não são efetivos, o que gera a intoxicação. ↪Mecanismos de secreção de N ureico: 1- Devolver para o rúmen. 2- Mandar para a glândula salivar, que irá reenviar ao rúmen. 3- tentar secretá-lo pela urina, leite e etc. Tipos de intoxicação: A intoxicação por uréia pode ser crônica ou aguda. ↪Crônica: Não aparecem sintomas visíveis. O animal está se intoxicando lentamente dia após dia. ↪Aguda: Produz sintomas como inquietação, surdez, tremores da pele e dos músculos, salivação excessiva, micção e defecação constante, respiração ofegante, incoordenação motora, enrijecimento das pernas, colapso respiratório e morte. Tratamento: O tratamento consiste em baixar o pH ruminal por meio da inserção de ácido no rúmen. Caso a uréia esteja em alta quantidade no sangue, é difícil a recuperação e o leite pode já estar contaminado. 11 Lipídeos São compostos formados por C,H e O assim como os carboidratos, se diferindo deles pela proporção de componentes e por possuírem mais energia/grama. Possuem como unidade básica o glicerídeo, que é composto por glicerol e ácidos graxos. Estes ácidos graxos conferem a característica de hidrofobia aos lipídeos. ↳ Gorduras: São lipídeos sólidos à temperatura ambiente. ↳ Óleos: São lipídios líquidos à temperatura ambiente. ↳ Extrato etéreo: Outra nomenclatura dado aos lipídeos posto que, para obter a fração lipídica de um alimento usa-se um solvente orgânico, principalmente o éter. ➠ Classificação dos lipídios Lipídios simples: Lipídios formados somente por C,H e O, a exemplo dos glicerídeos,cerídeos e esterídios. Lipídios compostos: Lipídios formados por outros elementos além do C,H e O, como por exemplo o fósforo. A exemplo de lipídios compostos temos os fosfolipídeos, que possuem função estrutural e de emulsificação, as lecitinas, cefalinas, esfingomielinas, glicolipídios e cerebrosídeos. Derivados lipídicos: Como os ácidos graxos voláteis ( de 2 a 10 carbonos), os ácidos graxos verdadeiros ( mais de 10 carbonos), e os insaponificáveis e esteróis, que produzem o colesterol que será metabolizado no fígado separando em LDL e em HDL. ↳ O fígado é o principal metabolizador de gordura, onde os quilomícrons vão até ele, há a formação de lipoproteínas para que, então, caia na corrente sanguínea. ➠ Reações lipídicas ↪ Rancificação oxidativa É a oxidação da gordura, que irá virar peróxido e gerar aldeídos. Estes aldeídos deixaram um gosto ruim no alimento, não deixando ele palatável. Ademais, este processo também destrói nutrientes. Fatores físicos predisponentes: Alguns fatores físicos tais como exposição a altas temperaturas, luz e maior exposição ao oxigênio aumentam a chance de rancificação oxidativa. Fatores químicos predisponentes: Exposição a O2, presença de metais e enzimas. ↪Hidrólise e hidrogenação Acontece somente no rúmen devido aos microorganismos ruminais, estes processos são inevitáveis e limitados, e consistem no acréscimo de hidrogênio na gordura, transformando lipídios insaturados em saturados, deixando eles mais estáveis e possíveis de digestão ruminal. Estas reações são responsáveis pela formação do sebo (gordura do boi). ➠Lipídios saturados x Lipídios insaturados Lipídios saturados: Sua cadeia é mais “reta”, não possui duplas ligações, sendo mais estáveis e sólidos à temperatura ambiente. Como exemplo temos a manteiga. Lipídios insaturados: Sua cadeia tridimensional é mais “torta”, possui duplas e triplas ligações cis, sendo mais instáveis e fluídas a temperatura ambiente. Como exemplo temos os óleos vegetais. 12 ➠Lipídios cis x Lipídios trans Cis: São mais frequentes na natureza, os hidrogênios se encontram do mesmo lado. Trans: Produzidos pela indústria, os hidrogênios estão em lados opostos, modificando a cadeia. Esta configuração confere uma melhor textura, gosto agradável e maior durabilidade. Contudo, estudos recentes mostram que elas podem ser maléficas para o corpo. ➠Metabolismo de lipídios Os quilomícrons vão para o fígado e tecido adiposo, onde são metabolizados e armazenados. Ademais, nestes dois locais há a ocorrência da lipogênese. ↪ Lipogênese em monogástricos: Ocorre no fígado, transformando a gordura em glicose. Nestes animais, a dieta influencia na gordura de reserva. ↪ Lipogênese em ruminantes: Ocorre no tecido adiposo, transformando a gordura em acetato. ➠Funções nutricionais O principal uso dos lipídeos é para o fornecimento de energia. Apesar da capacidade de absorção dos lipídios serem limitadas, ele é utilizado pois possui um baixo incremento calórico, uma alta quantidade de energia/grama e uma característica organoléptica atrativa. Esta alta de energia/grama possibilita que o animal coma menos em quantidade, contudo adquira o mesmo teor nutricional. Logo, o incremento lipídico é muito usado quando o volume de ração já chegou ao máximo mas ainda há um déficit energético. Ademais, por possuir um baixo incremento calórico, a inserção de lipídios é muito utilizada quando os animais estão em estresse térmico pois há uma menor produção de calor após a ingestão do alimento. Outras funções nutricionais importantes são: Produção de ácidos graxos essenciais, como o ômega 3 e ômega 6, absorção,produção e transporte de substâncias lipossolúveis, como a vitamina D e os esteróides,incorporação de gordura na carcaça do animal por meio de uma absorção direta e ter função de gordura de reserva e das produções (de leite,ovo, na gestação.) OBS:Os glicídios podem gerar também esta gordura de reserva e, as proteínas, apesar de não tão eficientes, também podem se transformar em lipídios. Em carnívoros: Os lipídios são o melhor alimento, seja de origem vegetal ou animal (o animal só é mais palatável). Em aves: Dado que a maioria das aves são onívoras ou carnívoras, estes animais conseguem aproveitar muito bem os lipídeos. Em suínos: Possuem uma afinidade porém com uma limitação, limitação esta que é relativamente alta. Ademais, os lipídios são muito palatáveis para estes animais. Equinos (herbívoros): Possuem uma baixa afinidade com os lipídios, podendo gerar desequilíbrios se ingerido. Ruminantes: No rúmen, a gordura nãose dissolve muito bem posto que as bactérias ruminais possuem uma função de degradação de gordura limitada. Logo, a inserção de gorduras insaturadas em certas quantidades pode vir a ser tóxica, diminuindo a fermentação ruminal. 13 ↪ Lipídios no rúmen No rúmen, os lipídios sofrem hidrogenação e hidrólise. Contudo, quando necessário incrementar energia por meio de lipídeos em ruminantes,quatro tipos de gorduras são utilizadas: Semente de algodão: Coloca a semente inteira no cocho pois o óleo está dentro da célula da semente. Dessa maneira, quando o animal rumina ele quebra parcialmente esta semente, fazendo com que haja uma liberação gradual de gordura insaturada, e, por ser gradual, não há prejuízo para o animal pois os microrganismos ruminais conseguem degradá-la. Uso de gorduras protegidas: Adiciona gorduras insaturadas sintéticas na dieta que não serão degradadas pelo rúmen, gerando um aumento de gordura no intestino e,por consequência, no leite. Uso de gorduras insaturadas não protegidas: É vital o controle da quantidade de gordura insaturada desprotegida fornecido ao animal posto que, se há um aumento muito alto, há mudanças na flora intestinal/ruminal, o que gera uma diminuição na emissão de metano, um aumento de propionato mas resulta na diminuição na gordura do leite. Além disso, este aumento pode vir a ser tóxico. Ácidos graxos voláteis: Para ruminantes não produtores de leite o uso de ácido propiônico é recomendado, visto que ele se transforma em glicose. Em casos de ruminantes produtores de leite recomenda-se o uso de ácido acético, pois ele irá se transformar em gordura no leite. ↳ Fêmeas até 10ª semana lactação: Os animais se encontram em déficit energético, logo, há um aumento de corpos cetônicos para tentar suprir a energia e perda de peso acentuado nesse período. Ademais, há uma diminuição de glicose no sangue. ➠Análise da função nutricional É feita a partir do índice de iodo. Este índice consiste em adicionar iodo para observar as gorduras e seu ponto de fusão. Dessa forma quanto mais insaturada uma gordura for, maior a taxa de iodo. Energia Na nutrição animal, a energia é tratada como um nutriente, estando associada ao trabalho realizado pelo indivíduo. Isto posto, cada animal busca energia de uma forma, pois ela é o item quantitativamente mais importante da dieta. Nesse contexto, temos 6 tipos de energia: 1ª Térmica: Produzimos ela, se manifestando na forma de calor. Na nutrição, ela não é usada diretamente. 2ª Mecânica: Produzimos ela, se manifestando na forma de movimento. Na nutrição, é utilizada para deixar mais eficiente a energia que abastece os animais. 3ª Elétrica: Produzimos ela, se manifestando na forma de uma corrente de eletrões. Não é muito importante na nutrição. 4ª Radiante: Não a produzimos, se manifestando de diversas formas, como na forma de luz. Não é muito importante na nutrição. 14 5ª Química: Produzimos e armazenamos ela, estando presente nos alimentos. É a mais importante para a nutrição. 6ª Nuclear: Não a produzimos, se manifestando sob a forma de radioactividade, não sendo importante nutricionalmente. ➠ Medidas de energia Caloria(cal): É a unidade básica da energia térmica, partindo do pressuposto de que toda energia pode se transformar em outra. Kcal ou Cal: Mais utilizada na nutrição, onde 1Kcal = 1000 cal. Termia ou Mcal: Uso comum em equinos, onde 1Mcal= 1000 Kcal = 1000000 cal. Unidade térmica britânica ( B.T.U): Utilizada na Inglaterra, onde 1Kcal= 4 B.T.U = 1000cal. ➠Energia nos alimentos É a forma de se avaliar a energia de um alimento. Ela pode ser obtida por meio da queima dele, o que gera oxidação total do alimento e a obtenção da energia térmica deste alimento, energia esta que é possível mensurar. Isto posto, temos que as energias no alimento são: Energia bruta: É a energia total contida em um alimento, constituindo o ponto de partida para calcular o valor energético de um alimento, sendo medida através da bomba calorimétrica. No entanto, não há o aproveitamento total dela, posto que a absorção depende da digestibilidade do animal e das perdas energéticas no percurso. exemplos: Carboidratos- 4,10 Kcal/g Proteínas- 5,65 Kcal/g Lipídeos- 9,45 Kcal/g Energia fecal: Muda com cada espécie, ela constitui a perda energética pelas fezes. Energia digestiva: É a energia bruta - a energia fecal, levando em conta a capacidade de absorção de cada espécie e a qualidade do alimento. Esta energia também é chamada de energia digestível aparente posto que, nas fezes, não há só a energia provinda dos alimentos, há também vinda de microorganismos, descamações do epitélio intestinal, alimentos não digeridos e etc. Logo, para termos a energia digestiva real teríamos que descontar estes fatores, o que é quase impossível. obs: Em aves não é possível obtermos esta energia pois elas urinam e defecam junto, sendo difícil a separação. Energia urinária: Muda com cada espécie, ela constitui a perda energética por urina (usualmente um valor constante) e gases Energia metabolizada: É a energia digestiva - a energia urinária. Esta energia é a mais utilizada na nutrição, sendo mais fácil de mensurar,fazendo a medição através da gaiola metabólica.Na mensuração dela, no caso de aves e carnívoros, o desconto por conta dos gases é quase nulo, enquanto que, em ruminantes,equinos e coelhos, existe uma diferença significativa.Esta energia é utilizada pelas células do nosso corpo. obs: Em aves ela é usada diretamente já que há a excreção de urina e fezes simultaneamente. Energia líquida: É a energia metabolizada - o incremento calórico, ou seja, é a energia final sem perdas 15 que será utilizada para todo o organismo. Contudo, é muito difícil mensurá-la nutricionalmente, logo, utilizamos mais a energia metabolizada na nutrição. Diante disso, temos que: Energia do alimento = E Total - Perdas Nutrientes digestíveis totais (NDT): Utilizado para o cálculo de ração a mão em ruminantes, esta é uma forma antiga que mede indiretamente a energia no alimento. Para fazer a medição, ela utiliza a digestibilidade das diferentes frações dos alimentos para fazer uma estimativa da quantidade energética. Seu valor é expresso em porcentagem, onde quanto maior o valor maior a energia e, para obtê-lo seguimos os seguintes passos: 1º- Retirada da água do alimento para obter a matéria seca. 2º- Medição da digestibilidade da proteína bruta digerida (PBD), do carboidrato não estrutural digerido (ENND), da fibra bruta digerida (FBD), do extrato etéreo(EE) e do lipídeo digerível(EED). ↪NDT = PBD + ENND + FBD + (EED X 2,25) obs: O lipídio digerido precisa do fator de correção 2,25 devido a sua diferença energética. ➠Valor energético dos principais alimentos Lipídeos: 1g de lipídio possui 9,4 kcal de energia bruta, onde 90 % é convertida em energia digestível (8,5 kcal), que é convertida totalmente em energia metabolizável e, 87% (9,2 kcal) é convertida em energia líquida. Proteínas: 1g de proteína possui 5,4 kcal de energia bruta, onde 89 % é convertida em energia digestível (4,8 kcal), que é convertida 65% em energia metabolizável (3,5 kcal) e, 41% (2,2 kcal) é convertida em energia líquida. Carboidratos: 1g de carboidratos possui 4,2 kcal de energia bruta, onde 88 % é convertida em energia digestível (3,7 kcal), que é convertida 83% em energia metabolizável(3,5 kcal) e, 76% (3,2 kcal) é convertida em energia líquida. Conclusão: Uma pequena quantidade de carboidratos constituem uma reserva energética na forma de glicogênio no fígado e nos músculos. As proteínas não são reservas energéticas. Os lipídios são a principal fonte de reserva energética. ➠Cálculo da energia O cálculo da energia se baseia em saber quantas kcal há na ração e estimar a quantidade energética necessária do cão. Dessa maneira, dividimos a necessidade energética em kcal do animal por dia pela quantidade de energia por kg da ração. 16 Digestibilidade ➠ Introdução A digestibilidade é a fração do alimento consumido que não é recuperado nas fezes (Alimento consumido - fezes). Dessa maneira, quanto maior a digestibilidadede um alimento melhor pois indica maior aproveitamento do alimento. Nesse contexto, rações de menor digestibilidade fazem com que o animal coma mais para conseguir absorver todos os nutrientes necessários, aumentando as fezes também. Contudo, se uma ração tem uma redução drástica da digestibilidade, poderá haver um déficit nutricional. obs: A digestibilidade nunca é 100% pois, se fosse, não teria motilidade intestinal e, por consequência, defecação. ➠ Análise 1º - Análise químico-bromatológica: Determinar a composição do alimento. 2º- Fornecer ao animal e coletar as fezes produzidas. 3º- Vê quanto sai nas fezes, sendo possível ver a digestibilidade e, por consequência, o quanto foi aproveitado. obs: A digestibilidade é sempre em porcentagem. ➠ Classificação - Digestibilidade aparente: É a que medimos com base nas fezes. Não é 100% precisa pois, nas fezes, há a presença de outros componentes endógenos. - Digestibilidade real: Necessário realizar o desconto do que não é provindo da alimentação, fato muito difícil de ser realizado. exemplos: - Digestibilidade celulose ( C estrutural): A digestibilidade real é igual a aparente pois nenhum animal é capaz de produzir de forma endógena. - Digestibilidade açúcar ( C solúvel): A digestibilidade é de 100. - Digestibilidade proteínas e gorduras: A digestibilidade aparente é diferente da real pois produzimos de forma endógena. - Digestibilidade minerais: É muito baixa. ➠ Determinação da digestibilidade Pode ser obtida por um método direto ou por um método indireto. Método direto: É o melhor método pois há coleta de 100% das excreções dos animais por meio da gaiola metabólica, que é uma estrutura que permite movimentos ao animal, principalmente deitar-se e levantar-se, sem entretanto que ele possa voltar-se,podendo ser regulada conforme o tamanho do animal, e possui coletores para fezes, urina e cochos para água e alimentos, fazendo com que a experiência seja o mais próximo da realidade e o estresse não gere alterações nos resultados. ↪ Em aves: Não muito eficiente pois elas defecam e urinam junto, sendo necessário uma cirurgia para realizar a separação dos canais, não simulando a realidade. ↪ Em fêmeas: Há um risco de contaminação pois a urina sai próximo das fezes. ↪ Em ruminantes: Usualmente usa-se os ovinos castrados devido ao seu tamanho e formato de fezes. exemplo de cálculo: Dado que a digestibilidade pode ser obtida pela seguinte expressão matemática temos: 𝐶𝐷 = 𝑁𝑢𝑡𝑟𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎𝑙𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 − 𝑁𝑢𝑟𝑒𝑖𝑤𝑛𝑡𝑒 𝑓𝑒𝑧𝑒𝑠 𝑋100𝑁𝑢𝑡𝑟𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎𝑙𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 Um animal ingere 63,01 kg de feno com 17 20 % de PB 1- Quantos kg de PB esse animal comeu? 63,01 x 20% = 12,60 kg de PB 23,11 kg de fezes com 18,60 % de PB 2- Quantos kg de PB saíram nas fezes? 23,11 x 18,60 % = 4,30 kg de PB 3- Quanto foi digerido (aparentemente)? 12,60 – 4,30 = 8,30 kg de PB 4- Digestibilidade da PB: x 100 = 65,87 %12,60 − 4,3012,60 Método indireto: Utilizado quando não é possível usar a gaiola metabólica,fazendo, então, a coleta de uma só parte das fezes e usa um marcador, que é uma substância 100% não digerível e que não influencia na digestibilidade dos outros alimentos. Dessa forma, quanto maior a concentração do marcador, maior a digestibilidade. ↪ Marcador externo: Colocamos o marcado no alimento, a exemplo do óxido crômico e do óxido férrico. ↪ Marcador interno: Substância não digerível que já está no animal/ alimento naturalmente, a exemplo da lignina e da cinza insolúvel em ácido. exemplo de cálculo: Um animal ingere 1000g de matéria seca com 1% de óxido crômico. 1- Quantos gramas de OC esse animal comeu? 1000x 1% = 10g de OC 2- Quantos gramas de fezes com matéria seca ele produziu? Na ração: = 0.0110𝑔 𝑜𝑐1000 Nas fezes: De acordo como laboratório, haviam 2% de OC Logo, = 500g.100,02 3- Quanto foi digerido aparentemente? 1000 - 500 = 500 g de matéria seca. ➠ Digestibilidade biológica do N É utilizado para obter a digestibilidade da proteína bruta.. Dessa forma, o N ingerido pode ir para o metabolismo, para o sistema urinário ou para as fezes. - No metabolismo: Utilizado para a manutenção da homeostasia ou, em animais de produção, para o ganho de peso. - No sistema urinário: Pode ser endógeno, sendo natural, ou residual, ocasionado pelo excesso de proteína não metabolizada ou pelo excesso de aminoácidos essenciais. Neste caso, este N residual pode ocasionar baixa energética, atrapalhando também o anabolismo, podendo gerar problemas renais e perdas econômicas. - No sistema fecal: Pode ser próprio da dieta ou em forma de metabólico fecal, ocasionando descamação de células intestinais, bactérias e alterações enzimáticas. ↪ Fatores que afetam o N fecal: - A natureza fibrosa da dieta: Quanto mais fibras maior o N fecal. - A digestibilidade: Quanto menor a digestibilidade maior o N fecal. - O volume corporal. - A ingestão de N. - O tipo de proteína da dieta. ➠ Balanços nutricionais Os balanços nutricionais medem as quantidades ingeridas e eliminadas de determinado nutriente, estabelecendo os ganhos e perdas do organismo. 18 Dessa forma, é necessário determinar a qualidade do alimento e quais as necessidades nutricionais de cada animal. Balanço da matéria: Forma pela qual descobrimos a necessidade de cada animal, é o balanço que conseguimos quantificar. ↪ Balanço do N: Consiste-se no N ingerido - N eliminado. - Positivo: O animal está em crescimento. - Negativo: Há perdas proteícas. - Equilíbrio: Animais adultos em manutenção. ↪ Balanço de C: É o C ingerido - C eliminado ( nas fezes, urina, gases e etc) ↪ Balanço de C e N: A junção dos dois nos permite estimar os ganhos e perdas de gordura e proteínas. exemplo: Para emagrecer um animal obeso é preciso um balanço negativo em C (menos gordura) e positivo/em equilíbrio em N (manter massa magra). Para que isso ocorra, é preciso exercícios físicos, que irão ajudar a manter a massa magra e ativar o metabolismo, e diminuir a ingestão calórica. exemplo: Na engorda, o balanço de N deve ser positivo/equilíbrio obs: Quando há um balanço N negativo e um balanço de C positivo, é sinal de que o animal está perdendo músculo e ganhando gordura, o que ocorre em animais idosos e gordinhos. ↪ Balanço de minerais: Semelhante ao balanço de N, consiste-se na quantidade ingerida - a quantidade eliminada nas fezes e urina. Balanço energético: É a energia ingerida - energia eliminada. Para emagrecer um animal, este balanço deve ser negativo. ➠ Degradabilidade Consiste-se em realizar uma fístula para ter acesso ao interior do animal e ver a degradabilidade. Mais comumente se faz em ruminantes para entender as modificações alimentares no rúmen antes de chegar aos locais de digestão, além de não comprometer seu bem estar e ter uma menor chance de contaminação. Para realizar a fístula ruminal, há a inserção de “saquinhos” porosos no rúmen do animal, fazendo a troca deles para observar quanto os microrganismos degradam o conteúdo presente nesses saquinhos em determinado tempo. Água Na natureza, os animais ingerem água (bebem) somente se há um gasto energético maior do que o normal, fazendo com que eles necessitem de outras formas de obter água que não a metabólica,no alimento e etc. ➠ Origem da água nos animais - Na bebida: Atualmente tem ganhado importância nos animais devido a alimentação seca. - Pela alimentação. - Metabólica: Provinda da oxidação, sendo produzida para funções específicas. ➠ Propriedades e funções - É um constituinte ativo e estrutural do organismo. - É o componente corporal com maior taxa de reciclagem: É constantemente renovado, sendo o nutriente que mais temos que ingerir. 19 - Corresponde a cerca de 70% da carcaça desengordurada dos animais. Além desta quantidade, a parte com gorduras é uma fonte de água metabólica. - É o veículo de dos nutrientes na digestão, absorção, transporte para as células e excreção. Logo, a água facilita as reações teciduais. - É um dispersante ideal devido ao seu poder ionizante. Logo, a água facilita as reações teciduais. - Possui alto calor específicoe, por conta disso, é capaz de absorver calor produzido nas reações, dissipando-o para pele, pulmões e luz intestinal. - Seu calor latente permite uma manutenção da temperatura corpórea. - Sua alta tensão superficial auxilia na coesão das células e na manutenção das articulações. - É um solvente universal devido a sua constante dielétrica. - Na solubilização ela forma hidratos, facilitando as reações químicas por deixar os íons mais próximos. - Possui baixa viscosidade, permitindo maior dispersão por todo o corpo. - Auxilia em reações enzimáticas que ocorrem na digestão e no metabolismo por meio da hidrólise. - É um dos principais constituintes de líquidos orgânicos, como o sinovial, cefalorraquidiano, amniótico e etc. - Exerce ação lubrificante e de proteção. - Faz a manutenção da pressão osmótica intracelular. - Realiza a homeostase orgânica. - Participa da secreção de hormônios, enzimas e outras substâncias. ➠ Perdas - Renais: Influenciada pela nutrição, podendo ocorrer devido a desequilíbrios nutricionais. exemplo: Com o aumento de sal, há um aumento da ingestão de água e da filtração glomerular para tentar eliminar este sal em excesso. exemplo: Com o excesso de proteínas, há um aumento de aminoácidos, necessitando de mais água para a excreção. - Cutânea: Todos os animais sofrem,contudo, alguns utilizam como forma de dissipar o calor. A quantidade de perda varia muito com cada espécie. Ademais, por essa via pode haver perdas, por exemplo, por difusão ou glândulas. obs: Aves não perdem água por essa via, sendo necessário umedecer suas peles com nebulizadores. Já os equinos possuem uma perda significativa por essa via. - Pulmonar: Mais usada por cães e aves. - Fecais: Está associada a doenças (diarréia por exemplo) e a nutrição ( nutrição rica em fibra, por exemplo). - Produções: No leite, ovos e etc. No período de produção, o animal aumenta sua demanda por água. - Outros: Saliva e lágrima. ➠ Qualidade Uma água de boa qualidade deve ser potável, estando livre de cheiro e gosto. Ademais, outros fatores alteram a qualidade, sendo necessário uma análise da água de acordo com estes fatores: - Temperatura: De acordo com o clima e gosto do animal. 20 - Microrganismos: É necessário uma análise de nitrito para ver se houve proteínas degradadas. Se houver, é sinal de presença de microorganismos, sendo uma água de baixa qualidade. - Características químicas: Ph por exemplo. - Minerais tóxicos: Observar se está no nível de tolerância. - Minerais não tóxicos: Observar a concentração pois, se ela for alta, pode vir a ser tóxicos. obs: Gatos e cavalos apresentam problemas de ingestão. No caso dos gatos, há uma pouca procura por água e, no caso dos equinos, eles não são adaptados para beber grandes quantidades de água e, quando bebem, geram cólica. Um método de evitar a grande ingestão de água por esses animais é dar banho neles para abaixar a temperatura corpórea antes de deixar eles beberem água. Vitaminas Vitaminas são substâncias orgânicas essenciais, tendo divergências quanto às necessidades em cada animal. Nesse contexto, as vitaminas estão presentes em pequenas quantidades no alimento, sendo conhecidas, portanto, como microelementos. Devido a esse fato, esse grupo de substâncias é muito difícil de ser extraído e quantificado. Ademais, dado que são essenciais, as vitaminas geram efeitos mesmo em quantidades pequenas, podendo ter ações específicas ou genéricas. ➠ Classificação Lipossolúveis: São vitaminas que se dissolvem em gordura, a exemplo da vitamina A, D, E e K. Devido a sua característica lipofílica, essas vitaminas podem ser armazenadas, aumentando a probabilidade de intoxicação. Hidrossolúveis: São aquelas que se dissolvem em água, a exemplo do complexo de vitaminas B, niacina, ácido pantotênico, biotina e ácido fólico. Pró Vitaminas: São substâncias que não exercem a função de uma vitamina, contudo, podem ser convertidas em uma vitamina ativa. ➠ Teste biológico Dado que as necessidades vitamínicas se diferem entre espécies e dentro delas, do estado fisiológico e da dieta do animal, é necessário um teste para avaliar a função da vitamina em cada organismo. Nesse contexto, o teste biológico consiste na retirada da substância orgânica e observar os efeitos dessa retirada. Se ao retirar uma vitamina há a geração de um problema e ao supri-la na dieta o problema some, fica evidente, por exemplo, a necessidade desta substância. ➠ Vitaminas lipossolúveis Vitamina A ↪Pró vitaminas: São de origem vegetal, tendo como principal representante a beta-caroteno. Além dela, há também a alfa-carotena e a criptoxantina. A conversão dessas substâncias em vitamina A ativa é muito relativa a cada espécie. Como exemplo temos os felinos, que não possuem uma boa conversão já que consumiam na natureza a vitamina A pronta e, em oposição, os búfalos e os humanos, que possuem uma boa capacidade de conversão. 21 obs: Só é possível encontrar vitamina A pronta em alimentos de origem animal. ↪ Absorção: Ocorre por absorção ativa, ou seja, com gasto de ATP e sem mediador, ocorrendo juntamente com lipoproteínas. Ademais, esta vitamina é melhor absorvida na presença de substâncias emulsificantes tais como a lecitina e a vitamina E por ser antioxidante atua como “protetor” para a vitamina A, oxidando em seu lugar). ↪ Armazenamento: No fígado e tecido adiposo, principalmente. ↪ Metabolismo: Está associado ao processo infeccioso já que promove a síntese de mucopolissacarídeos e corticosterona. Ademais, ela promove a estabilidade da membrana de mitocôndrias e lisossomos e o transporte de elétron, além de terem relação com o metabolismo proteico. ↪ Efeitos do déficit: Pode ocasionar cegueira noturna pois é a vitamina A que recupera a rodopsina, logo, sem ela, não há rodopsina, não havendo a conversão de luz em impulsos elétricos que o cérebro interpreta como visão. Ademais, o déficit também pode causar efeitos no sistema nervoso, nos epitélios, tais como hiperqueratose, xeroftalmia, queratomalacia, gerar problemas de reprodução, como abortos, problemas gestacionais e problemas de crescimento, gerar cálculos, infecções, tais como a broncopneumonia e etc. ↪ Efeitos do excesso: Hemólise, alteração no peso, apetite, ossos e lesões. Vitamina D Na realidade, a vitamina D não é uma vitamina, mas sim um hormônio sintetizado no fígado e, antigamente, na pele pelo contato com o sol ↪Classificação: Existem 2 tipos de vitamina D, a vitamina D2 e a vitamin D3 - D2: Obtida a partir da pró vitamina ergosterol que, na presença de sol, é convertida em ergocalciferol (vitamina D) em mamíferos. - D3: Obtida a partir da pró vitamina 7-deidrocolesterol que, em mamíferos e aves, será convertida em colecalciferol (vitamina D). ↪ Absorção: Ativa, quando ocorre juntamente com a gordura, ou por absorção simultânea de cálcio, ocorrendo na parede do duodeno. Ademais, seus níveis de absorção são regulados pelo hormônio paratireoidiano. ↪ Metabolismo: No fígado, haverá a conversão em 25-hidroxivitamina D. Em seguida, essa substância irá para os rins, onde se transformará em 1,25-dihidroxivitamina D. Por fim, pela interação com o hormônio paratireoideano irá para o metabolismo de Ca onde será absorvida. ↪ Efeitos do déficit: Efeitos ósseos, tais como raquitismo e osteomalacia, alterações no crescimento, apetite e peso, presença de irritabilidade excessiva, alterações na postura, na casca de ovos, na eclodibilidade além de gerar crias com malformações. ↪ Efeitos do excesso: Hipercalemia (alta de potássio). obs: Na dúvida, sempre suplementar, principalmente em animais ineficientes ou que não tenham contato com o sol. Vitamina E 22 Substância antioxidante que evita que estruturas lipossolúveis sejam oxidadas. Esta substância é encontrada em vegetais frescos,castanhas, peixes e óleo de fígado. ↪ Pró vitamina: A principal representante é a alfa-tocoferol. ↪ Absorção: Por meio de gorduras por formação de micelas. ↪ Funções: Além da função antioxidante, a vitamina E possui diversas outras funções, tais como: proteção de membranas, respiração celular,reações de fosforilação, metabolismo dos ácidos nucleicos e aminoácidos sulfurados, atua na síntese de vitamina C e da ubiquinona, está associada a fertilidade, distrofias musculares e etc. ↪ Efeitos do déficit: Deficiência de crescimento, tanto da musculatura cardíaca quanto esquelética, e alterações na fertilidade. Não há relatos o suficiente de excesso de vitamina E. obs: Selênio x Vitamina E: O selênio atua promovendo a formação de substâncias que irão destruir radicais livres já formados enquanto que, a vitamina E, atua para que não haja a formação de radicais livres. Logo, essas substâncias se complementam, estando muito correlacionadas a situações de mastite/reprodutivas. Vitamina K Substância do grupo das quinonas que atua como fator hemorrágico. ↪ Classificação: Pode ser subdividida em K1,K2 e K3. - K1: Chamada de filoquinona, está presente em plantas verdes. - K2: Chamada de menaquinona, está presente em animais e pode ser sintetizada por microorganismos. A síntese por microorganismos é muito significativa em herbívoros. - K3: Chamada de menadiona, é a forma sintética da vitamina K, sendo a mais utilizada pelo seu menor custo. ↪ Efeito anti hemorrágico: A vitamina K possui esse efeito pois é ela que promove a síntese de protrombina, que posteriormente será utilizada pelo fígado para a geração de fibrina. Logo, caso haja um déficit na vitamina K haverá mudanças no tempo de coagulação, podendo gerar hemorragia. ➠ Vitaminas hidrossolúveis Tiamina (B1) Substância encontrada em grãos de cereais integrais, farelos e alfafas e em peixe cru, que contém tiaminases (enzima que decompõe em partes a tiamina.) Existem também a síntese por microorganismos de vitamina B1, contudo, não se sabe o quanto dessa vitamina é absorvida. ↪ Ação: Interligada ao bom funcionamento cerebral. ↪ Efeitos do déficit: Pode ocasionar beribéri, que leva a diminuição da força muscular e a comprometimento cardíaco, síndrome de Wernicke - Korsakoff, que tem como principal causa o alcoolismo já que o alcoolismo leva a inibição da síntese de tiamina, gerando sintomas como confusão mental,ataxia e oftalmoplegia. Ademais, além destas duas principais condições, a falta de vitamina B1 pode ocasionar agitação, ansiedade, espasmos musculares deixando a cabeça alta, cegueira, pressão 23 intracraniana aumentada, convulsões e posição de “remo” além do óbito. Não existem relatos de intoxicação por excesso de tiamina. ↪ Metabolismo: Ocorre juntamente com o metabolismo de glicídios, logo, quanto mais glicídeos na dieta, maior quantidade de vitamina B1. Contudo, a uma temperatura de 1ooºC e/ou pH superior a 7 ela é destruída sendo necessário, portanto, a suplementação após o cozimento das rações e alimentos. Riboflavina (B2) Substância sintetizada por fungos, leveduras, plantas e bactérias. Além deles, alguns microorganismos do trato digestório conseguem sintetizar, sendo os principais representantes os ruminantes. Apesar dessa síntese do organismo, a suplementação de B2 é necessária. ↪ Ação: Possui papel no metabolismo de aminoácidos, glicídios e ácidos graxos, logo, quanto mais lipídeos na dieta maior a quantidade de vitamina B2. Além disso, a partir da vitamina B2 há a formação de sua forma ativa, o FMN e FAD usados na cadeia respiratória. ↪ Efeitos do déficit: Problema na respiração celular devido a falha no transporte de elétrons, oxidação incompleta de lipídeos, o que gera deficiências de crescimento, ganho de peso, apetite, problemas de pele, de visão, reprodutivos, no aparelho digestivo e geração de um fígado gorduroso. Niacina (B3) Substância obtida a partir de grãos e suplementos proteicos. Ademais, ela pode ser sintetizada a partir do triptofano. ↪ Ação: Atua na formação das coenzimas NAD e NADP, que irão atuar no metabolismo de lipídeos, carboidratos e proteínas como transportadores de elétron. ↪ Efeitos do déficit: Pode ocasionar pelagra ou doença dos três Ds em humanos e língua preta em cães. ↪ Efeitos do excesso: Pode gerar intoxicação e, na suplementação de vacas de alta produção, pode gerar acetonemia. Ácido pantotênico (B5) Substância amplamente difundida nos alimentos sendo necessária suplementação somente em aves e suínos. ↪ Ação: É um componente da coenzima A, desempenhando funções na produção de colesterol, hormônios e hemáceas, que irão fazer o transporte de O2 pelo sangue. ↪ Efeitos do déficit: Deficiência no crescimento, apetite, piora na conversão alimentar, problemas de pele, reprodutivos e de locomoção (passo de ganso, em suínos). Piridoxina (B6) Substância obtida em grãos e vegetais verdes. ↪ Ação: Atua no metabolismo de glicídeos, lipídeos e aminoácidos, logo, quanto mais proteínas na dieta maior a quantidade de B6. ↪ Efeitos do déficit: Deficiência no apetite, crescimento, eficácia alimentar, problemas de pele, visão, neurológicos, digestivos e pode gerar anemia. 24 Biotina (vitamina H) Substância encontrada em pequenas quantidades no tecido vegetal e animal. Ademais, é muito bem sintetizada por microorganismos do TGI. Obs: Na clara do ovo há a avidina, substância termolábil com afinidade com a biotina, ajudando no processo de absorção. Obs: Em aves, o milho consegue fornecer 100% de biotina. ↪ Ação: Associada a reações de carboxilação e a saúde da pele e unhas. ↪ Efeitos do déficit: Dermatite, déficit no crescimento,no apetite, problemas de locomoção, e, em perus, pode ocorrer condrodistrofia. Ácido fólico (B9) Substância presente nos vegetais e sintetizada por microorganismos. ↪ Ação: Associada ao metabolismo de compostos com um C e a formação de ácidos nucleicos, sendo fundamental na formação de DNA e RNA. ↪ Efeitos do déficit: Deficiência no crescimento, apetite, gera dermatites, anemia, diarréia além de aumentar a susceptibilidade a infecções. Cianocobalamina (B12) Substância que não está presente nos vegetais, sendo produzida apenas a partir de bactérias e actinomicetos. Dessa forma, se há B12 em vegetais, é por resquício da presença de microorganismos. Ademais, os ruminantes conseguem fabricá-la a partir do cobalto e os equinos devido a alta fermentação. Logo, essa substância também pode ser encontrada no fígado de animais já que ela fica armazenada por longos períodos nesse órgão. ↪ Ação: Atua no metabolismo de lipídios, glicídios e proteínas. Além disso, em ruminantes ela é utilizada para transformar propionato em glicose. ↪ Processamento: A transcobalamina produzida na saliva vai até o estômago, se liga a B12 e a protege da digestão estomacal. No estômago, a B12 também é protegida por um fator intrínseco, sendo encaminhada até a parte caudal do intestino, o íleo, onde será absorvida. Dessa maneira, não basta apenas a ingestão de B12 para que ela seja suplementada, é necessário também o bom funcionamento do processamento. ↪ Efeitos do déficit: Deficiência no crescimento, apetite, problemas de pele, anemia, diarréia, problemas neurológicos e reprodutivos. Colina Presente nos alimentos na forma livre e combinada, estando no mundo vegetal, podendo ser sintetizada a partir da metionina. ↪ Ação: A partir dela surge a acetilcolina, um neurotransmissor, além de atuar na mobilização de gorduras devido a sua atividade lipoatrófica. obs: Devido a ação lipoatrófica é muito importante na produção de leite posto que ela mantém a quantidade de gordura para que as vacas de leite tenham energia para a produção. ↪ Efeitos do déficit: Geração de fígado gorduroso. Vitamina C (ácido ascórbico) Substância presente nos vegetais e sintetizada a partir da glicose pelos 25 animais domésticos. Já em animais como os humanos, macacos e cobaias é necessário adquirir na dieta. Sua suplementação só é necessária em casos de stress segundo estudos. ↪ Ação: Atua como antioxidante hidrossolúvel, protegendo contra substâncias reativas, é constituinte da tirosina, ferro e ácido fólico, mantém a fabricação de leucócitos, evitando a multiplicação viral, associada a produção de colesterol e hormônios esteroidais, participação na formação de ossos, dentes, colágeno e mucopolissacarídeos. ↪ Efeitos do déficit: Deficiênciano crescimento, no ganho de peso, podendo levar a anorexia, gera apatia, hemorragia, fraturas ósseas, anemia e diarréia. Além disso, no homem pode ocasionar uma doença chamada escorbuto devido ao déficit na síntese de colágeno pela falta da vitamina C. Aditivos São substâncias adicionadas à dieta que não tem por objetivo necessariamente fornecer nutrientes. Nesse contexto, os aditivos possuem diversas outras funções, sendo elas: - Conservação. - Estabilização. - Palatabilidade. - Eficiência alimentar. - Curativo/preventivo. - Pigmentadoras. Diante disso, existem diversos tipos de aditivos. ➠ Tipos de aditivos Antibióticos Utilizados principalmente em aves, suínos, peixes e ruminantes jovens, esses aditivos tem como intuito ajudar a microbiota natural/favorável e eliminar a microbiota ruim. ↪ Local de ação: Luz intestinal. ↪ Indicação: São promotores de crescimento (dependendo da idade, potencial e sexo), promotores da eficiência alimentar, para manter ou aumentar a produção e, em altas doses, atua como preventivo e curativo de doenças. ↪ Cuidados: Existe a discussão se pode ocasionar o surgimento de superbactérias, evitar os de importância terapêutica para não gerar resistência,cuidado com a absorção pois, se absorver, vai para a carcaça mesmo em quantidades muito baixas, atenção a velocidade de eliminação e retirar sempre 5 dias antes do abate. obs: Em casos específicos de bactérias gram + e gram- utilizar antibióticos específicos para tratamento. ↪ Problemática: Atualmente tem caído em desuso devido à opinião pública. ↪ Exemplo: Virginiamicina, lincomicina e bacitracina metileno disalicilato. 26 Enzimas Aditivo relativamente novo devido a biotecnologia de uso crescente e amplamente difundido no uso animal. Nesse contexto, as enzimas não fornecem nenhum nutriente, apenas ajudam na digestão, e, por consequência, na eficiência alimentar e maior aproveitamento de nutrientes. ↪ Vantagem: Bom custo benefício já que o animal irá comer menos e aproveitar mais, diminuindo também o número de fezes, o que também é bom para o meio ambiente. ↪ Tipos de enzimas: Fitases, carboidrases e proteases. - Fitases: Primeiro grupo de enzimas a serem utilizadas, essas enzimas quebram o ácido fítico presente nas plantas, especialmente em grãos, ácido este que impede a absorção de outros nutrientes. ↪ Mecanismo de ação: As fitases ao quebrarem o ácido fítico além de promoverem uma melhor absorção de nutrientes, ela também libera fostes de fósforo, o que permite diminuir a quantidade de fosfato de cálcio, reduzido o custo de produção, o que viabiliza seu su uso. ↪ Pontos críticos para o uso: Para que seu uso seja viável deve haver um substrato rico em ácido fítico, presença de enzimas específicas para esse substrato e um meio adequado para o funcionamento dessa enzima. Ademais, é vital o processamento adequado para que ela não perca sua função. ↪ Exemplo: Quantum blue, Rovabio max, Ophiphos, - Carboidrases: Estas enzimas agem sobre fontes energéticas rompendo, principalmente, polissacarídeos não amilases já que a maioria dos carboidratos dessa categoria os animais não aproveitam. Após o rompimento e a inserção dessas enzimas, esse alimento passa a ser aproveitado pelo organismo. Com isso, elas aumentam a energia metabolizável. ↪ Exemplo: Rovabio max. - Proteases: Atuam sobre proteínas, aumentando a digestibilidade dos aminoácidos. ↪ Exemplo: Poultrygrow 250 e Beta-arazyme. Antifúngicos e anti micotoxinas ↪ Antifúngicos: Evitam o desenvolvimento de fungos e, por consequência, de micotoxinas. O ideal para o controle fúngico é o armazenamento correto, ou seja, fazer o controle de umidade para que não haja o proliferamento fúngico em primeiro lugar. - Exemplo: Violeta genciana. ↪ Anti Micotoxinas: As micotoxinas produzidas pelos fungos são difíceis de serem eliminadas e destroem os nutrientes. Nesse contexto, as anti micotoxinas se ligam a essas toxinas e impedem que a toxina passe para a corrente sanguínea do animal, garantindo a integridade do animal. - Exemplo: Notox, nutron, alpha feed e buntech. Antioxidantes Esses aditivos evitam o processo de peroxidação de gorduras, protegendo, portanto, o alimento e indiretamente enzimas lipossolúveis e vitaminas lipossolúveis, por exemplo. Em rações, há o uso combinado com essas substâncias. 27 ↪ Exemplo: BHT, etoxiquim, BHA, TBHQ. Pré e probióticos Atuam na flora intestinal, sendo os futuros substitutos dos antibióticos. Nesse contexto, esses aditivos são fibras que não são digeridas pelas nossas enzimas, escapando dos processos digestivos e de absorção, chegando no intestino grosso e “alimentando” a flora intestinal. ↪ Prebióticos: Favorecem os microorganismos benéficos do nosso corpo. - Exemplo: Frutooligossacarídeos, galactoligossacarídeos, Mananoglicossacarídeos. ↪ Probióticos: Compostos de microorganismos benéficos. - Exemplo: Ecobiol, biotop, protexin concentrate e apisflora. obs: O ideal são aditivos que possuem as duas funções juntas. Ademais, eles também impedem a ligação das bactérias patogênicas com as células. Coccidiostáticos Aditivos que controlam os protozoários causadores da coccidiose e coccidíase, sendo muito utilizado em aves, suínos e coelhos. ↪ Coccidiostáticos: Mantém os protozoários sob controle, necessitando do sistema imune. ↪ Coccidicidas: Eliminam os protozoários. - Exemplos: Amprólio + Etabonato e Cygro. Pigmentantes Dão cor aos produtos animais, alimentos e etc. Sua dosagem depende dos alimentos usados e de sua conservação. - Exemplos: Éster apocarotenóico e cantaxantina. Flavorizantes Dão sabor e/ou aroma aos alimentos, “enganando” as papilas gustativas e olfativas. Estes aditivos não são usados para aves, posto que esses animais não cheiram ou saboreiam, eles são visuais. Arsenicais Em quantidades corretas, são promotoras de crescimento e da eficiência alimentar. Contudo, devido a sua alta toxicidade caiu em desuso. Nitrofuranos e quimioterápicos Estão presentes em vermífugos visando evitar o surgimento de parasitas. Além disso, esses aditivos também são analgésicos, antitérmicos e antiinflamatórios. - Exemplo: Carbadox, fenbendazole, olaquindox, oxibendazole e analgili. Propileno glicol Aditivo exclusivo para vacas leiteiras de alta produção para prevenção de acetonemia. Outros ↪ Ácido orgânico: Uso em leitões devido a diarréia. ↪ Ractopamina: São moduladores beta adrenérgicos, ou seja, fabricam gordura magra, sendo utilizados no final da vida pois gera problemas cardíacos. ↪ Reserpina: Diminui o entupimento da aorta de perus. ↪ Tireoproteína: Utilizado para o crescimento, empenamento, produção de ovos, leite e etc. 28 Digestão comparada A ingestão do alimento envolve uma série de fatores, desde a busca, apreensão e processamento da comida. Nesse contexto, o tubo digestivo de cada animal é único, havendo diferenças morfológicas que resultam nas diferentes alimentações e processamentos. Dessa forma, veremos que cada órgão do trato digestivo tem uma função para digestão nas diferentes espécies. ➠ Boca A função da boca depende de cada animal e de seu hábito alimentar, contudo, em resumo, temos que as três principais funções da boca são: Preensão, mastigação e deglutição. Nesse contexto, temos que a boca realiza um preparo para a digestão, realizando mudanças físicas no alimento.Além disso, na boca há uma substância de extrema importância: a saliva. ↪ Saliva: Composta por água, mucina, sais minerais, substâncias nitrogenadas e enzimas, a saliva tem como principal função a lubrificação do alimento para que ocorra a deglutição. Ruminantes No caso dos ruminantes, a saliva tem outra função além de lubrificante, a função tamponante. Isto ocorre pois esta saliva irá evitar a queda do pH ruminal, evitando enfermidades como timpanismo, acidose metabólica e a não degradação de fibras. Herbívoros Os animais herbívoros também utilizam a boca para capturar o alimento, puxando-o para o lado após a captura. Por conta disso, é recomendado o uso de fenil no cocho posto que, quando o animal pega o feno solto e agregado, haverá um desperdíciopor conta da realização deste movimento de captura. Carnívoros Os carnívoros possuem um diferencial funcional na boca devido a sua dentição. Dessa maneira, na boca estes animais irão reduzir o alimento em partículas menores, rasgá-lo e prendê-lo. Aves As aves, em sua maioria, utilizam a boca somente para captura de alimento. ➠ Estômago A principal função do estômago na maioria das espécies é a formação do quimo, que fará com que o alimento fique mais tempo no estômago para sofrer ação do suco gástrico, havendo uma maior eficácia na quebra e desnaturação de proteínas. ↪ Suco gástrico: Constituído majoritariamente por HCl, este suco permite que o pepsinogênio se transforme em sua forma ativa ao entrar em contato com ele. a pepsina, realizando, portanto, uma digestão de proteínas de forma eficiente. Ademais, no estômago há uma camada de mucinas aderida a parede que realiza a proteção da mucosa contra este ácido. Carnívoros Dado que os animais carnívoros em seu hábito alimentar ingerem muitas 29 proteínas, o estômago destes animais tende a ter um pH mais ácido visando o enfoque na digestão proteica. ➠ Intestino Delgado O intestino atua, por intermédio do suco pancreático, na neutralização dos ácidos provindos do estômago. Dessa maneira, quando há a percepção de um pH ácido há a liberação do hormônio secretina, que irá fazer com que o pâncreas produza bicarbonato para neutralizar este pH. Além deste mecanismo, há o mecanismo de percepção proteica, ou seja, quando há uma alta quantidade de peptídeos provindos da digestão parcial do estômago, há a liberação de pancreoenzimas, que irão sinalizar para o pâncreas liberar mais enzimas, tais como o tripsinogênio, quimiotripsinogênio, procarboxipeptidase, amilase e lipases visando a continuidade da digestão. ➠ Bile Originada do fígado, a bile tem como principal função sua ação emulsificante, ou seja, ela reduz a gordura em pequenas partículas, aumentando a superfície de contato fazendo com que as enzimas consigam atuar e realizar a digestão destes lipídeos. Além disso, a bile possui outras duas funções: Ativação da lipase pancreática e ação hidrotrópica. ➠ Suco entérico Conhecido como suco entérico, este suco é a junção do suco duodenal, provindo das glândulas de Brunner + suco intestinal, provindo das glândulas de Lieberkuhn. Dessa maneira, este suco é rico em mucina, havendo também em sua constituição amilase, enteroquinase, aminopeptidases, di e tripeptidases, nucleotidases, maltase, sacarase e lipase. Logo, este suco tem como função o término da digestão dos nutrientes, quebrando-os. ➠ Intestino Grosso O intestino grosso é responsável pela reabsorção de água e vitaminas lipossolúveis, havendo uma alta população microbiana nesta região. Além disso, quanto mais fibroso o alimento, maior o tempo que ele passará no intestino grosso. Equinos No caso dos equinos, a microbiota natural é mais elevada que na maioria das espécies. Dessa maneira, ao ingerirem alimentos fibrosos, estes animais tendem a produzir ácidos graxos voláteis. ➠ Particularidades Aves Além dos meios citados de digestão, as aves também contam com o papo, que realiza o transporte, umidificação e leve fermentação do alimento, e uma subdivisão de estômago: ↪ Glandular: Secreta enzimas e ácidos, o alimento passa pouco tempo nessa região. ↪ Muscular: Constituído pela moela,esse estômago realiza a trituração e a mistura do alimento. A moela auxiliará na digestão por meio das “pedrinhas’’ contidas nela. Ademais, cada bico de cada ave tem um formato específico para desempenhar sua função de acordo com seus hábitos alimentares. Outro diferencial das aves é seu intestino grosso pouco desenvolvido e o término em ceco. Isto ocorre visando o pouco tempo de permanência do 30 alimento no corpo devido a necessidade de leveza das aves para voo. Ruminantes Para melhor aproveitamento dos alimentos os ruminantes possuem o hábito da regurgitação, realizando uma “nova mastigação”. Ademais, seu estômago é subdivido em rúmen, retículo, omaso e abomaso, sendo desenvolvido conforme a idade e alimentação ingerida. ↪ Rúmen: Repleto de bactérias e protozoários, neste local há uma alta produção de ácidos graxos voláteis e gases, havendo também a digestão de glicídios, proteínas e lipídeos. Ademais, é nesta região que ocorre a função tamponante da saliva. ↪ Omaso: Responsável pela absorção de água. ↪ Abomaso: Chamado de estômago verdadeiro ou glandular, é nesta região que há a passagem mais constante do bolo alimentar. Coelhos É fato que os coelhos possuem uma grande capacidade gastrointestinal, possuindo um estômago sem fibras musculares, o que faz com que estes animais tenham uma alta eficiência no processamento de fibras e consigam ingerir uma grande quantidade de alimentos. Nesse contexto, outro hábito essencial para estes animais é a cecotrofia. ↪ Cecotrofia: Hábito de ingestão de cecotrofos/fezes noturnas, que são alimentos fermentados, para redigestão e melhor aproveitamento. Cães Os cães possuem um trato gastrointestinal de aproximadamente 75cm, sendo que o intestino delgado é maior que o intestino grosso nessas espécies, fazendo com que a amilase pancreática seja altamente eficiente, o que permite uma boa digestão de amido, arroz e etc. Ademais, a mastigação nesses animais não é muito utilizada já que eles são considerados animais onívoros hoje em dia e realizam uma alimentação intermitente e rápida, enterrando as sobras e ingerindo esses alimentos normalmente no período da manhã Gatos Os felinos possuem um metabolismo diferenciado, sendo que seu trato gastrointestinal é curto (50cm), o que resulta em um trânsito rápido do alimento pelo trato e uma maior digestibilidade no intestino delgado. Dessa maneira, estes animais, que são carnívoros estritos, realizam uma ingestão lenta de alimento que pode ocorrer tanto no período diurno quanto no período noturno devido as diversas vezes que esses animais irão ingerir uma pequena quantidade de alimento. obs- É característica de animais carnívoros a presença de um intestino delgado grande e bem desenvolvido e um intestino grosso pequeno. Processamento de Alimentos Processamento de alimentos é o nome dado a todo tratamento (físico e químico) fornecido a um material ou a partes deste material destinado à alimentação. Nesse contexto, 31 antigamente o processamento de alimentos se iniciava na boca, contudo, com o passar do tempo o ser humano desenvolveu mecanismos, como o cozimento, moagem, corte e etc, que possibilitaram a ingestão de novos alimentos e o melhor aproveitamento deles. ➠ Objetivos - Isolar uma parte específica, conferindo maior palatabilidade, como é feito no processo de centrifugação e coagulação. exemplo: Queijo. - Aumentar a aceitabilidade, como é feito na palatização. - Evitar seleção de partículas, como é feito pela peletização e extrusão. - Alterar o tamanho das partículas, como é feito na moagem. exemplo: Moinho, que irá deixar as partículas padronizadas e do mesmo tamanho. - Aumentar a digestibilidade, como é feito pela extrusão e cozimento. - Conservação, que pode ser feita pela ensilagem (ácido), congelamento ou desidratação. - Alterar nutrientes, como é feito pela extrusão. - Destruir fatores tóxicos, como é feito pela extrusão e tostagem. ➠ Processos Desidratação É a remoção da maior parte da umidade por calor e/ou circulação de ar (quente ou frio) forçada. Dessa forma, este processo é uma forma barata de conservação, sendo utilizado para alimentos ricos em nutrientes que ficarão fora da geladeira. Ademais, a desidratação também auxilia no transporte destes alimentos devido à maior compactação. ↪ Objetivo: Conservação por inviabilização de microorganismos. exemplo: Feno, silagem, grãos e ração. Moagem É a redução do tamanho da partícula por impacto ou atrito. Dessa maneira, conforme há a redução da partícula, também ocorre a modificação do alimento. Este processo pode ser realizado por uma picadeira ou por um triturador, contudo, no triturador é necessário um filtro para evitar a combustão devido a menor superfície de contato. ↪
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