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Infecções em pacientes imunossuprimidos Candidíase Invasiva Evolução histórica: inicialmente era chamada de sporotrichum, depois oidium, monilia e só em 1923 se denominou cândida. • Leveduras do gênero Candida - 80% das infecções fúngicas hospitalares (mas não ocorre só no paciente neutropenico!); • 75% das apresentações da candidíase invasiva são as infecções de corrente sanguínea, (chamada também de candidemia ou candidíase hematogênica); • Outras apresentações: peritonite após manipulação cirúrgica em cavidade abdominal (translocação de fungos e bactérias) ou secundária à diálise, infecções do sítio cirúrgico, candidíase hepatoesplênica crônica, endocardite, meningite, endoftalmite, coriorretinite e osteomielite; • Incidência de candidemia na América Latina: 1-2 infecções / 1 000 admissões hospitalares; o 8 a 15% de todas as infecções sanguíneas no ambiente hospitalar; o 4º - 6º agente isolado em hemoculturas. Isso fez com que aumentasse o grau de imunossupressão das pessoas e, consequentemente, aumenta o risco de cândida invasiva • Candidemia: forma mais grave - ocorre o isolamento de Candida spp (spp – espécie de cândida, não necessariamente vamos identificar qual o tipo). Na corrente sanguínea - mortalidade elevada: 30-60% • O gênero Candida coloniza o TGI normal de mais de 80% da população adulta saudável; • Translocação a partir do TGI é a principal porta de entrada para o desenvolvimento de candidiemia (ultrapassam a barreira intestinal e causam, geralmente, a peritonite) • Eventualmente, pode ocorrer a partir da colonização de cateteres vasculares em posição central e/ou da administração de soluções contaminadas e disseminação na corrente sanguínea. Candidúria: cândida no rim e bexiga • 35-60% dos episódios de candidemia ocorre em pacientes hospitalizados em UTI, seguido pela unidade de Onco-Hematologia (tumores sanguíneos). • Sepse por Candida spp. costuma ocorrer após 10 dias de exposição a pelo menos 3 condições de risco importantes, podendo ocorrer mais precocemente em pacientes neutropênicos ou submetidos a procedimentos médicos invasivos (cateter colonizado – infecção de sitio cirúrgico – sepse) Fatores de risco endógenos para candidíase invasiva: • Aumento da colonização por Candida spp.: uso de antibiótico (mais atb eu uso, mais eu destruo a microbiota natural e mais espaço eu abro pra espécies de cândida), íleo paralítico (ausência de movimentos peristálticos) e obstrução intestinal. • Atrofia ou lesão da mucosa intestinal: jejum prolongado, nutrição parenteral total (nutrição na veia), cirurgia abdominal e mucosite → tudo isso diminui o trânsito intestinal, e atrofia de mucosa, facilita a translocação daí. • Redução da atividade dos fagócitos (doenças/tratamentos imunossupressoras): quimioterapia, corticoide, neutropenia, diabetes mellitus, insuficiência renal, câncer e uso de imunodepressores. • Outros: idades avançadas, candidúria (urina colonizada por cândida), pancreatite, tempo prolongado de internação em UTI, uso de ventilação mecânica (paciente imobilizado por bastante tempo aumenta chance de translocação) e APACHE escore elevado. Candidúria (normalmente é assintomática): relacionada a extremos de idade, cateterização (uso de sonda vesical de demora ou intermitente), uso de múltiplos antibióticos, diabetes, obstrução do trato urinário Fatores de risco exógenos para candidíase invasiva: • Colonização de cateteres, sondas ou drenos • Implante de próteses (prótese pode estar contaminada) • Infusão de soluções contaminadas • Diálise • Queimaduras • Perinatal Candida spp.: • Existem mais de 150 espécies reconhecidas do gênero Candida. • Somente 15 espécies são patogênicas ao homem. • C. Albicans: espécie isoladamente mais prevalente em diferentes cenários e países. • Nos últimos anos tem havido emergência de espécies não-albicans: o Brasil, Hemisfério Sul e Ásia: C. parapsilosis e C. tropicalis o EUA e países europeus: C. glabrata, C. tropicalis e C. krusei. Candida albicans • Espécie mais frequentemente isolada das infecções superficiais (paroníqueas – infecções de leito ungueal) e invasivas em diferentes sítios anatômicos. • Boa suscetibilidade a antifúngicos. Candida parapsilosis • Espécie mais relacionada à aquisição exógena, surtos hospitalares e neonatologia • Reconhecida como um complexo de subespécies: C. parapsilosis sensu stricto (89%), C. ortopsilosis (8%) e C. metapsilosis (3%). • Boa resposta a antifúngicos, mas com relatos recentes de aumento de resistência ao fluconazol – antifúngicos preferencias: oniconazol e anfotericina. • Relatos de candidemia persistente ou de escape às equinocandinas, por apresentar MICs altas para esses. Candida tropicalis • Maior ocorrência em pacientes neutropênicos e sob quimioterapia. • Responsável mais frequente por miosite (infecções musculares) e disseminação cutânea. • Boa resposta a antifúngicos, com relatos recentes de aumento de resistência ao fluconazol. Candida glabrata • Maior ocorrência em pacientes idosos, expostos previamente a azólicos, câncer, transplante de órgão sólido, e submetidos a cirurgia abdominal. • Duas formas crípticas: C. bracarensis e C. nivariensis. • Pouca suscetibilidade a triazólicos, incluindo voriconazol. • Relatos recentes de aumento de resistência às equinocandinas. • Necessidade de uso de altas doses de anfotericina B. Candida krusei • Maior ocorrência em pacientes expostos previamente a fluconazol, em especial, pacientes neutropênicos e submetidos a transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH). • Resistência ao fluconazol, sendo menos frequente resistência cruzada com voriconazol. Apresentação clínica: • Como a porta de entrada já é a via sanguinea (translocação ou uso de cateteres), a infecção geralmente é mais grave (do que as outras doenças fungicas que tem a porta de entrada por arvore respiratória) • Apresentação clínica mais frequente da candidemia em adultos, independente da doença de base: febre não responsiva ao uso de atb, em paciente hospitalizados por um longo periodo e expostos a múltiplos fatores de risco, como o uso de dipositivos invasivos e antibioticos de amplo espectro • A febre pode ter início insidioso, sem comprometimento importante do estado geral ou apresentar-se de forma súbita, com evolução rápida para sepse (geralmente se ve ela evoluindo de forma abrupta) • Choque séptico pode estar presente em torno de 30% • Disseminação aguda com envolvimento de outros orgãos pode ocorrer • 20% dos pacientes com candidemia não desenvolve hipertermia e apenas 50% apresenta leucocitose • Comprometimento de pele (lesões maculopapulares eritematosas disseminadas): em até 8% dos casos – como se fosse um rash cutâneo o Lesões de pele são mais frequentes em pacientes neutropênicos com infecção por C. tropicalis. • Comprometimento ocular (coriorretinite ou endoftalmite): em até 16% dos casos. • Mais raramente: endocardite (especialmente entre usuários de drogas ilícitas e após cirurgia cardíaca), pielonefrite, lesões osteoarticulares e do SNC. • Candidíase Disseminada Crônica: em pacientes neutropênicos com candidemia, após a recuperação medular podem surgir microabscessos hepato-esplênicos (fica liberando cândida na circulação – quadro grave mais arrastado é a candidíase disseminada crônica). Diagnóstico Laboratorial: • Exame direto: vejo as leveduras da candida • Cultivo: hemoculturas (ou hemocultivo tambem pode ser chamada) tem sensibilidade em torno de 50-60% • Dosagem da beta-1,3-D-glucana (BDG) no sangue: o BDG é um componente da parede celular da célula fúngica, mas não é específico para Candida, podendo ser positivo em outras micoses, excetocriptococose e mucormicose. o Sensibilidade: 57-100%; especificidade: 44-92%. • PCR: não são recomendadas de forma rotineira na prática clínica hifas com seus conidios Hemoculturas: • É desejavel que a coleta de hemoculturas seja realizada antes da introdução de antifúngicos, se possível; • É fundamental que as hemoculturas sejam processadas por sistemas automatizados, que apresentam melhor sensibilidade e isolamento mais rápido do agente (grande maioria dos locais a hemocultura é qualitativa); • Recomenda-se a coleta de pelo menos 2 amostras de hemocultura; • Podem ser utilizados frascos de hemocultura aeróbia convencionais, que permitem o crescimento de Candida spp.; • Não é obrigatória a coleta de hemoculturas em meios seletivos para fungos, que costumam ser pouco disponíveis na maioria dos hospitais terciários. Caspofungina, anidulafungina e micafungina são as equinocandinas Candida albicans normalmente é multissensivel Concentração Inibitório Mínima (CIM): • Valores de CIM para o fluconzol (microgramas/ml) Mecanismos de Resistência: • Mudanças na parede celular ou membrana plasmática • Expressão da bomba de efluxo • Superexpressão da molécula alvo (moléculas de superfície que dai vão ser resistentes)
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