procuram o serviço de saúde. As duas funções comunicativas básicas nesse âmbito são: troca de informações e estabelecimento de uma relação saudável e terapêutica. Comunicação clínica efetiva é compreendida como um procedimento de interação de um profissional de saúde e outra pessoa seja ela um paciente, um cuidador ou outro profissional de saúde, em um contexto de cuidado, no qual as características individuais de ambos são levados em consideração e a relação entre essas pessoas leva ao acolhimento, ao diálogo e ao entendimento mútuo. Alguns benefícios da comunicação clínica efetiva: Paciente como agente no processo da consulta Decisões compartilhadas Relação mais harmoniosa Redução de processos por erros médicos Promoção do melhor cuidado em saúde Diminuição do desperdício e mau uso de medicações Redução da quantidade de tempo das internações São muitos os problemas de comunicação que acompanham as interações entre os profissionais de saúde e os pacientes. Algumas queixas: Médico não olhou nos olhos ou não deixou falar Paciente não prestou atenção no que foi orientado ou não soube dizer o que tinha. Estudos mostram que em 50% das consultas, paciente e médico não conseguem entrar em um acordo sobre qual foi o motivo principal de procura. Construção da Relação Médico-Paciente: A construção da relação médico-paciente é um fator essencial para implementar um processo terapêutico que busque uma identificação das necessidades das pessoas e a construção de um plano terapêutico efetivo. Essa construção se inicia com o autoconhecimento do profissional e continua com a presença, escuta ativa e sem julgamento, possibilitando uma relação empática, compassiva e inclusiva. O profissional de saúde deve estar disponível para reconhecer as demandas dos pacientes, identificando seus vieses para que eles não interfiram nesse reconhecimento. Princípios da Escuta Ativa: Saber falar Colocar-se em empatia com o outro Centrar-se no que é dito Manter os canais de comunicação abertos Eliminar juízos imediatos Não interromper o outro Controlar as emoções pessoais Reformular as mensagens Utilizar as capacidades de intuição, memória, percepção. Etapas para todos os encontros: 1. Reserve um momento antes de uma próxima consulta; 2. Estabeleça uma conexão harmoniosa com o paciente; 3. Identifique a resposta do paciente à doença e ao adoecimento; 4. Comunique-se buscando o entendimento; 5. Use o poder do toque; 6. Sorria; 7. Demonstre empatia. Habilidades essenciais para uma comunicação clínica efetiva: Conceitos fundamentais: É fundamental que o profissional se prepare antes de iniciar cada atendimento, incluindo organização do ambiente e de materiais, revisão do prontuário e revisão das suas próprias emoções. O tempo é precioso durante toda a entrevista; portanto, deve-se dar espaço para que a pessoa pense e fale, permitindo que o profissional entenda a sua motivação na consulta. Para que a tomada de decisão seja compartilhada, a pessoa deve ter suas necessidades e percepções valorizadas em todas as etapas da entrevista clínica. Fases da Comunicação Clínica: Fase inicial da consulta Fase de exploração: obtenção de informações Fase de compartilhamento de informações e tomada de decisão. Fase de finalização (término da consulta) Fase INICIAL da consulta: 1. Preparação para a consulta: Observação do seu estado de ânimo; Certificação de encerramento da consulta anterior para evitar interrupções. 2. Aspectos do ambiente: Organização da sala, mesa e limpeza do ambiente; Cuidados com o lençol; Observação da posição das mesas e cadeiras; Os equipamentos necessários para a realização do exame físico devem estar facilmente disponíveis, higienizados e organizados. 3. Aspectos pessoais: Beber água, ir ao banheiro; Técnicas de respiração ou relaxamento; Cuidados com o celular. 4. Aspectos assistenciais: Revisão do prontuário; Organização da agenda de trabalho; Atualização do prontuário. 5. Recepção do paciente: A pessoa atendida é o centro do ato clínico; Cordialidade; Apresentação do nome e função profissional; Esclarecer sobre o tipo de consulta; Lei do eco emocional. 6. Abertura da entrevista: Pergunta inicial aberta; Após a pessoa apresentar os motivos da consulta, recomenda-se fazer uma prevenção de demandas aditivas. 7. Negociação da Agenda: Identificação dos problemas prioritários da saúde; A negociação da agenda inicia a partir da sumarização das demandas. Fase de EXPLORAÇÃO: obtenção de informações! Após a construção da agenda, inicia-se a fase de exploração do problema: Perguntas abertas; Entrevista focada na pessoa; Obtenção da perspectiva da pessoa – empatia; Busca respostas para questões específicas baseadas em hipóteses que o profissional de saúde levantou; Ao fim dessa etapa (fase de exploração), recomenda-se que o profissional faça um breve sumário para confirmar com o paciente se este compreendeu bem as informações e se ele tem algo a acrescentar. Fase de COMPARTILHAMENTO DE INFORMAÇÕES e TOMADA DE DECISÃO: Nessa fase da entrevista clínica, as informações que foram coletadas serão organizadas pelo profissional para fornecer informações relevantes e facilitar a tomada de decisão. 1. Compartilhamento de informações: Inicialmente, o profissional deve fornecer à pessoa todas as informações fundamentais para que esta possa ter entendimento aceitável sobre a sua condição de saúde. Essa informação está relacionada tanto ao contexto clínico quanto social. Algumas técnicas: Resumo ou sumarização Clareza e objetividade na linguagem Categorização Silêncio Feedback 2. Tomada de Decisão: Decisão paternalista Escolha informada Tomada de decisão compartilhada A maioria dos pacientes quer estar envolvida na decisão do seu tratamento. A tomada de decisão compartilhada tem demonstrado trazer maior adesão terapêutica e melhores resultados de saúde. Deve ser almejada nas consultas ambulatoriais, em especial em situações de doenças crônicas, ou com grande morbimortalidade. Fase de FINALIZAÇÃO: término da consulta! Estabelecer o entendimento do paciente sobre o que foi conversado durante a consulta; Abordar os próximos passos que serão dados, tanto pelo paciente quanto pelo profissional; Todas as dúvidas devem ser esclarecidas, e é de suma importância reforçar os acordos do plano terapêutico pactuados. Atitudes a evitar durante a entrevista: Crítica e juízo de valor (aceitação do outro na sua diferença e dificuldades); Respostas que encerram o diálogo; Perguntas “por que”, que podem ser interpretadas como crítica, juízo de valor ou acusação: – “Por que não tomou os comprimidos?”; “Por que faltou à consulta?”. Perguntas sugestivas: quando se quer forçar que o paciente considere nossa perspectiva: – “Já está muito melhor, não está?”; “E a cabeça também lhe dói, não é?”. Perguntas na negativa: – “E dor de cabeça, não tem tido?”; “Não tem mais nada a dizer?”. Uso de diminutivo: retira a importância, minimiza, infantiliza o paciente – “Tomou os comprimidinhos que passei?”; substituir por “Tomou os comprimidos que passei?” – “Como está a dorzinha?”; substituir por “Como está a dor?”. Caso clínico para a próxima aula: Dr. Rafael está 15 minutos atrasado na sua agenda. Ele está bem, mas um pouco cansado, pois a semana está sendo pesada, e um pouco preocupado, pois seu pai está em investigação de um nódulo