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Adaptações, Lesão e Morte Celular

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Patologia Geral 
 
 
 
RESPOSTAS CELULARES AO ESTRESSE E AOS ESTÍMULOS NOCIVOS 
A célula é capaz de dar conta de demandas fisiológicas extras para que consiga manter sempre a 
homeostase. Para isso, ela passa por adaptações, que nada mais são do que respostas estruturais e 
funcionais reversíveis às alterações fisiológicas ou a estímulos patológicos. Durante essas alterações, 
um novo estado de equilíbrio é alcançado para que a célula possa sobreviver e se manter funcional. 
Quando o estímulo que levou à adaptação é eliminado, a célula pode retornar ao seu estado original sem 
ter sofrido qualquer consequência danosa. 
No entanto, se os limites das respostas adaptativas forem excedidos, ou se as células ficarem muito 
tempo expostas a estímulos/agentes nocivos e privada 
de nutrientes essenciais, ou ainda se forem 
comprometidas por mutações, vai ocorrer uma 
sequência de eventos denominada lesão celular. Essa 
lesão é reversível até certo ponto (ponto de 
irreversibilidade). Se o estímulo se continua para além 
desse ponto, a célula passa a ter uma lesão irreversível, 
e então sofre morte celular. Os diferentes tecidos 
apresentam diferentes tempos de reversibilidade: 
→ Neurônio: 5 min até irreversibilidade. 
→ Músculo Estriado: 30 minutos até 
irreversibilidade. 
A tabela abaixo mostra algumas respostas celulares a estímulos nocivos à célula, que serão ainda 
aprofundados: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Adaptação, Lesão e Morte 
A morte celular é o resultado final da lesão progressiva, e pode resultar de várias causas, como 
isquemia, infecção e substâncias tóxicas. As duas vias principais da morte celular são a necrose a 
apoptose. Uma terceira via que pode causar morte é a autofagia, uma resposta celular adaptativa à 
privação de nutrientes em que os lisossomos fazem degradação interna da própria célula. 
 
ADAPTAÇÕES DO CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO CELULARES 
HIPERTROFIA 
Hipertrofia é o aumento do tamanho de células que vai resultar no aumento de tamanho do órgão 
afetado, devido à síntese e à incorporação de novos componentes estruturais intracelulares. É 
importante manter em mente que na hipertrofia não acontece o surgimento de novas células, 
apenas o aumento das já existentes (o processo em que isso acontece se chama hiperplasia)! Ou seja, 
ela acontece em tecidos cujas células não se dividem, como por exemplo, nas células miocárdicas (do 
coração). 
 OBS: em muitos órgãos a hipertrofia coexiste com a hiperplasia. 
Esse processo pode ser fisiológico ou patológico, e é causado por aumento da demanda funcional ou por 
estimulação de hormônios/fatores de crescimento. 
o EX1: os músculos enormes dos fisiculturistas resultam o aumento de tamanho das fibras 
musculares individuais, devido ao aumento da demanda. As células sintetizam mais proteínas e 
o número de miofilamentos aumenta, o que também aumenta a 
quantidade de força que cada miócito pode gerar, resultando em 
maior força e capacidade de trabalho do músculo todo. 
o EX2: o aumento do útero na gestação se deve aos hormônios 
estrogênicos. Imagem B = útero normal. Imagem C = aumentado. 
Mecanismo da Hipertrofia: 
→ Ter em mente: é o resultado do aumento na produção das proteínas celulares. Aqui vamos ver o 
exemplo do coração. 
→ Sensores mecânicos iniciados por aumento da carga de trabalho induzem a produção de fatores 
de crescimento (como IGF-1) e agentes vasoativos/agonistas. 
→ Os sensores geram sinais na membrana celular, que ativam complexa via de transdução de sinal. 
Duas vias são mais importantes: 
1. A via do fosfoinositídio-3-cinase (PI3K)/Akt → a mais importante na hipertrofia fisiológica. 
2. A via de sinalização em cascata da proteína G ligada a receptores → a mais importante na 
hipertrofia patológica. 
→ Essas vias ativam um conjunto de fatores de 
transcrição que trabalham coordenadamente para 
aumentar a síntese das proteínas musculares 
responsáveis pela hipertrofia. 
 
 
 
 
CURIOSIDADE 
A hipertrofia também pode estar associada a troca 
de proteínas contráteis da forma adulta para uma 
forma fetal/neonatal, que promove uma contração 
mais lenta e energeticamente mais econômica. 
HIPERPLASIA 
A hiperplasia é um aumento do número de células de um órgão ou tecido em resposta a um estímulo. 
Assim, ela ocorre apenas em tecidos cujas células conseguem se dividir! Ela normalmente é 
interrompida quando o estímulo para. 
Em alguns casos o aumento ocorre pelo surgimento de novas células a partir de células-tronco teciduais 
(como as células sanguíneas provenientes da medula óssea). 
Hiperplasia Fisiológica: 
→ Devido à ação de hormônios ou fatores de crescimento. 
→ Ocorre quando há necessidade de aumentar a capacidade funcional de órgãos sensíveis a 
hormônios ou quando há necessidade compensatória após lesão/ressecção. 
→ EX1: hiperplasia hormonal → proliferação do epitélio glandular da mama feminina na 
puberdade e na gestação (e geralmente é acompanhada de aumento das células epiteliais 
glandulares, ou seja, elas hipertrofiam). 
→ EX2: regeneração hepática → é um exemplo clássico de hiperplasia compensatória. Doadores de 
um lobo do fígado precisam de pouco tempo para que seu órgão cresça e retorne ao tamanho 
original. 
→ EX3: medula óssea → ela é capaz de sofrer rápida hiperplasia quando há deficiência de células 
sanguíneas diferenciadas. 
Hiperplasia Patológica: 
→ A maioria delas é causada por ação excessiva ou inapropriada de hormônios ou fatores de 
crescimento sobre as células-alvo. 
→ EX1: hiperplasia endometrial → normalmente, após a menstruação, há um surto rápido de 
atividade proliferativa do endométrio estimulado por hormônios, o que é interrompido pela 
crescente de progesterona. No entanto, em alguns casos o equilíbrio estrogênio-progesterona é 
perturbado e o aumento de estrogênio causa hiperplasia das glândulas endometriais, o que 
resulta em sangramento anormal. 
→ EX2: câncer → no câncer, os fatores de crescimento ficam descontrolados ou ineficientes, 
resultando uma proliferação celular incontrolável. Isso constitui um solo fértil para o surgimento 
da proliferação cancerosa. 
 
ATROFIA 
É a redução do tamanho de um órgão ou tecido que resulta da diminuição do tamanho e do número de 
células. 
Atrofia Fisiológica: 
→ É comum durante o desenvolvimento normal. 
→ EX1: notocorda embrionária atrofia no desenvolvimento fetal. 
→ EX2: útero volta ao tamanho original depois do parto. 
Atrofia Patológica: 
→ Pode ser local ou generalizada e possui várias causas: 
1. Redução da carga de trabalho (atrofia de desuso) → quando um paciente imobiliza um 
membro, por exemplo, o músculo engessado entra em desuso e atrofia nesse período. 
Inicialmente ela é reversível quando a atividade motora retorna. 
2. Perda da inervação → músculos precisam de inervação para ter funcionalidade. Se não está 
inervado, suas células irão atrofiar. 
3. Diminuição do suprimento sanguíneo (isquemia) → causado por doença oclusiva arterial. As 
células precisam da oxigenação trazida pelo sangue para manter seu funcionamento. 
4. Nutrição inadequada → desnutrição proteico-calórica profunda (marasmo), quando já foram 
esgotadas as principais reservas, acarreta no uso de proteínas do músculo esquelético como 
fonte de energia. Esse consumo muscular acentuado se chama caquexia e pode ser 
encontrado em pacientes oncológicos e com doenças inflamatórias crônicas. No câncer, a 
produção excessiva de TNF causa perda de apetite e depleção lipídica, resultando em atrofia 
muscular. 
5. Perda de estimulação endócrina → um exemplo são as mamas, o endométrio e o epitélio 
vaginal na pós menopausa. 
6. Compressão → pegando como exemplo um tumor benigno: ele comprime os tecidos normais 
circundantes resultando em alterações isquêmicas por exercer pressão (afinal é uma massa 
em expansão). 
A resposta inicial é a diminuição do tamanho das células e das organelas, que reduz as necessidades 
metabólicas celularespara um novo equilíbrio, suficiente para permitir sua sobrevivência. No entanto, 
na atrofia causada por agentes continuados, como a redução gradual do suprimento sanguíneo, ela pode 
progredir até o ponto na qual as células são irreversivelmente lesadas e então morrem (apoptose). 
Mecanismo da Atrofia: 
→ Atrofia = diminuição da síntese proteica (atividade metabólica reduzida) ou; 
→ Atrofia = aumento da degradação das proteínas celulares. 
 Via ubiquitina-proteossomo → tanto a deficiência de nutrientes quanto o desuso podem 
ativar ligases de ubiquitina, que vão ligá-las a proteínas celulares, e isso faz com que as 
proteínas fiquem marcadas para degradação nos proteossomos. 
→ Em muitos casos a atrofia é acompanhada de autofagia (células privadas de alimento digerem 
seus próprios componentes para reduzir a demanda nutricional). 
 
METAPLASIA 
É uma alteração reversível na qual um tipo celular 
diferenciado (epitelial ou mesenquimal) é substituído por 
outro tipo celular. 
Normalmente é uma resposta adaptativa em que um tipo de 
célula sensível a um estímulo nocivo é substituído por 
outro tipo de célula, mais capaz de suportar o ambiente 
adverso. 
A mais comum é a metaplasia epitelial colunar para escamosa: 
→ EX1: fumante habitual → células epiteliais colunares e ciliadas da traqueia e dos brônquios são 
frequentemente substituídas por células epiteliais escamosas estratificadas. 
→ O epitélio escamoso estratificado é mais resistente e mais capaz de sobreviver em circunstâncias 
que o colunar especializado, mais frágil, não resistiria. 
 Isso parece incrível né? Mas não se engane não! O tecido original da traqueia e dos 
brônquios possuía importantes mecanismos de proteção contra infecções (como 
secreção de muco e movimento ciliar). Com essa metaplasia, essa proteção é perdida, ou 
seja, o indivíduo adquire uma alteração não desejada. 
 Ainda, as influências que predispõem a metaplasia, quando persistem, podem iniciar uma 
transformação maligna no epitélio metaplásico, resultando em câncer. 
→ EX2: em meninas no período inicial de menstruação → as células escamosas novas são sítios 
comuns para o vírus do HPV, e por isso são feitas as campanhas de vacinação para elas. 
Metaplasia do tipo escamoso para colunar: 
→ EX1: Esôfago de Barret → epitélio escamoso do esôfago é substituído pelo epitélio colunar 
intestinal, pela influência do refluxo gastroesofágico. É um potencial causador de 
adenocarcinoma (câncer de tecido glandular). 
Mecanismo da Metaplasia: 
→ A metaplasia é o resultado de uma reprogramação de células-tronco que existem nos tecidos 
normais, ou de células mesenquimais indiferenciadas presentes no tecido conjuntivo. 
→ A diferenciação de células-tronco para uma linhagem específica é provocada por sinais gerados 
por citocinas, fatores de crescimento e componentes da matriz extracelular, que causam 
expressão de genes que dirigem as células para uma via de diferenciação específica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LESÃO E MORTE CELULAR 
VISÃO GERAL 
Lesão Celular ocorre quando as células são estimuladas tão intensamente que não conseguem mais se 
adaptar, ou quando são expostas a agentes naturalmente nocivos, ou quando são prejudicadas por 
anormalidades intrínsecas. Elas podem progredir para um estágio irreversível e acabar em morte 
celular. 
o Lesão Celular Reversível → nos estágios iniciais ou formas leves da lesão as alterações podem 
ser reversíveis se o estímulo nocivo for removido. Os principais marcos da lesão reversível são 
redução da fosforilação oxidativa (depleção de ATP) e tumefação celular (influxo de água por 
diferença na [íons]). 
A Morte Celular ocorre quando o dano persiste até que a lesão se torne irreversível. Como não pode se 
recuperar, ela morre. Existem dois tipos principais de morte celular: 
1. Necrose → forma acidental e desregulada de morte celular causada por danos às membranas 
celulares e perda de homeostase de íons. 
VAMOS FIXAR? 
Hipertrofia: aumento do tamanho das células e órgãos. Induzida por fatores de crescimento produzidas em 
resposta ao esforço mecânico ou outros estímulos. Ocorre em tecidos que as células não se dividem. 
Hiperplasia: aumento do número de células em resposta a hormônios e outros fatores de crescimento. Ocorre 
em tecidos que as células podem se dividir ou contenham muitas células-tronco teciduais. 
Atrofia: redução do tamanho das células e órgãos por desuso ou falta de nutrientes. Causa degradação celular. 
Metaplasia: substituição de um tecido por outro que se adapta melhor àquela condição adversa. É uma 
alteração fenotípica! Normalmente induzida por alterações na via de diferenciação das células-tronco do tecido. 
Aumenta a propensão para malignidade. 
→ Com lesão grave das membranas, as enzimas lisossômicas entram no citoplasma e 
digerem a célula (necrose). Junto a isso, conteúdos celulares são perdidos pela parte 
lesada da membrana e despertam uma reação de inflamação no hospedeiro. 
→ Necrose é encontrada em: isquemia, exposição a substâncias tóxicas, diversas infecções e 
trauma. 
→ É sempre patológico. 
2. Apoptose → quando o DNA ou proteínas celulares se lesam de forma irreparável. É um processo 
altamente regulado por uma série de vias genéticas. Pode ser chamado de “morte celular 
programada”. 
→ Na apoptose acontece dissolução nuclear, fragmentação da célula sem perda completa da 
integridade da membrana e rápida remoção dos restos celulares, antes que o conteúdo 
seja liberado no meio. As células destinadas a morrer ativam enzimas (capases) que 
degradam seu próprio DNA e proteínas citoplasmáticas. 
→ O conteúdo celular não é perdido. Logo, não há inflamação. 
→ Auxilia muitas funções normais do organismo, ou seja, não necessariamente é patológico. 
Serve fisiologicamente para eliminar células velhas, indesejáveis ou potencialmente 
prejudiciais ao organismo. 
→ EX1 (fisiológico): morte de neutrófilos depois que cumpriram seu papel na resposta 
inflamatória aguda. 
→ EX2 (fisiológico): eliminação de linfócitos autorreativos, para que eles não apresentem 
reação contra o próprio organismo. 
 
 
LESÃO CELULAR 
Causas: 
1. Hipóxia → causa importante e comum, ocorre pela deficiência de oxigênio, seja por redução do 
fluxo sanguíneo (isquemia), por oxigenação inadequada do sangue (insuficiência 
cardiorrespiratória), pela redução da capacidade do sangue de transportar esse oxigênio 
(anemia) ou após grave perda sanguínea. Dependendo do estado hipóxico as células podem se 
adaptar, lesionar ou morrer. 
2. Agentes Físicos → trauma, extremos de temperatura, mudança brusca de pressão atmosférica 
e choque elétrico. 
3. Agentes químicos → ex: sal ou glicose hipertônicos, ou oxigênio em altas concentrações 
(tóxico). 
4. Agentes Infecciosos → vírus, bactérias, fungos e parasitas. 
5. Reações Imunológicas → tanto doenças autoimunes podem lesionar a célula quanto a resposta 
imune/inflamatória prolongada (discutido em imuno). 
6. Defeitos Genéticos → causam lesão celular devido à deficiência de proteínas funcionais. 
7. Desequilíbrios Nutricionais → tanto para mais (excesso de colesterol) quanto para menos 
(deficiência proteico-calórica). 
Alterações Morfológicas: 
o Há um período de tempo entre o estímulo e as alterações 
morfológicas da lesão e morte celulares. Esse tempo pode 
variar com os métodos usados para detectar essas alterações. 
o Alterações podem ser vistas em minutos ou horas após a lesão, 
e até mesmo dias (para ser visto em microscopia óptica). 
o Lesão Reversível → caracterizada por tumefação generalizada 
da célula, formação de bolhas na MP, destacamento de 
ribossomos do RE e agregação da cromatina nuclear (tudo isso 
é associado a diminuição de ATP, perda de integridade da membrana, deficiência de síntese de 
proteínas e danos ao DNA). 
 Havendo agressão persistente, a célula ultrapassa 
o “ponto de não retorno” e evolui para lesão 
irreversível e morte celular. 
 Tumefaçãocelular e degeneração gordurosa são 
seus dois processos que podem ser visíveis em 
microscopia eletrônica. 
 Tumefação → primeira manifestação de quase 
todas as formas de agressão às células. Ocorre 
quando as células não conseguem manter a 
homeostase hidroeletrolítica e é resultante da 
falência das bombas de íon dependentes de ATP. 
 Degeneração gordurosa → surgimento de vacúolos lipídicos no citoplasma. Observada 
principalmente em células dependentes do metabolismo de gorduras. 
Mecanismos: 
o A resposta celular ao estímulo nocivo depende do tipo de agressão, tempo de exposição e 
intensidade. Já as consequências de uma lesão dependem do tipo do estado e do quanto a célula 
agredida consegue se adaptar. 
o A lesão celular é resultante de diferentes mecanismos bioquímicos que agem em vários 
componentes celulares essenciais: 
1. Depleção de ATP → redução dos níveis de ATP é a causa fundamental de morte celular por necrose. 
Causa alguns efeitos graves: 
→ A falha na bomba de sódio e potássio resulta em acúmulo 
de sódio intracelular e potássio extra. O ganho final de 
soluto acompanha ganho isosmótico de água, causando 
tumefação. 
→ Rápido esvaziamento das reservas de glicogênio, que 
precisam ser usadas na glicólise anaeróbica. Esta ainda 
causa acúmulo de ácido lático e fosfatos inorgânicos que 
diminuem o pH intracelular, prejudicando ações 
enzimáticas. 
→ Sem oxigênio ou glicose, as proteínas ficam 
anormalmente dobradas e o acúmulo delas no RE 
ocasiona a resposta de proteína não dobrada, que causa 
lesão/morte celular. 
→ Causa dano irreversível em mitocôndrias e membranas de lisossomos = necrose. 
2. Danos Mitocondriais → são elas que produzem ATP. São sensíveis à 
maioria dos estímulos nocivos. Causa algumas 
consequências: 
→ Forma um canal de alta condutância na 
membrana chamada poro de transição de 
permeabilidade mitocondrial. A abertura dele 
causa, no fim das contas, depleção de ATP, que 
vai resultar em necrose. 
→ Fosforilação oxidativa anormal causa 
formação de espécies reativas de oxigênio 
(ERO). 
→ Aumento da permeabilidade da membrana 
mitocondrial pode liberar proteínas que 
ativam enzimas indutoras de apoptose 
(caspases), causando morte por apoptose. 
3. Influxo de Cálcio → a diminuição do cálcio protege as células de lesões induzidas por uma variedade 
de estímulos nocivos. Porém, a isquemia e algumas substâncias tóxicas causam aumento de 
concentração de cálcio no citosol e intracelular. Na célula, causa lesão por vários mecanismos: 
→ Acúmulo de cálcio nas mitocôndrias causa abertura de poros de permeabilidade na 
membrana, que vai falir a geração de ATP. Também pode induzir apoptose por ativação das 
enzimas caspases e aumento da permeabilidade mitocondrial. 
→ Aumento de cálcio citosólico ativa enzimas de efeito deletério, como fosfolipase (dano em 
membranas), proteases (clivam proteínas de membrana/citoesqueleto), endonucleases 
(fragmenta cromatina e DNA) e ATPase (acelera esgotamento de ATP). 
4. Acúmulo de Radicais Livres → espécies químicas que possuem um elétron altamente reativo. A 
lesão celular induzida por eles é um importante mecanismo de dano celular em várias condições 
patológicas, como lesão por radiação, de isquemia-perfusão, envelhecimento celular e morte de 
microrganismos por fagócitos. 
→ ERO é um tipo de radical livre produzido no metabolismo normal da célula, mas que é 
rapidamente destruído. Um defeito nessa degradação provoca seu excesso, que vai causar o 
que chamamos de estresse oxidativo. 
5. Danos ao DNA e às proteínas → as células possuem um mecanismo de reparo aos danos do DNA. 
No entanto, e o dano é muito grave, a célula inicia um programa de suicídio por apoptose. 
 
MORTE CELULAR 
Alterações Morfológicas da Necrose: 
→ Resultado da desnaturação de proteínas intracelulares e da digestão enzimática da célula lesada 
letalmente. 
→ Enzimas que digerem a célula necrótica derivam dos lisossomos das próprias células, ou de 
leucócitos que são recrutados na resposta inflamatória. 
→ A digestão e resposta do hospedeiro podem levar horas. 
→ EX: necrose miocárdica → primeira evidência histológica só aparece de 4 a 12h depois do IAM. 
Porém, por causa da perda de enzimas e proteínas pela MP, elas podem ser detectadas no sangue 
2h depois da necrose celular miocárdica. 
→ Um IAM é a necrose de uma porção do coração causada pela morte de muitas células 
miocárdicas. O tecido fica necrótico. 
→ Essa necrose possui padrões morfológicos distintos, mas que fornecem pistas sobre sua causa 
básica. Por exemplo: 
 Necrose Coagulativa → ex: infarto. É localizado e não há proteólise das células mortas. 
 Necrose Liquefativa → a destruição das células mortas transforma o tecido em uma massa viscosa 
líquida (pus). Ex: infecções bacterianas. 
 Necrose Gangrenosa → quando acomete um membro (+perna) que sofre necrose em vários 
tecidos. 
 Necrose Caseosa → ex: tuberculose. Foco de inflamação chamado de granuloma. 
 Necrose Gordurosa → ex: pancreatite aguda. Não é exatamente uma necrose. As enzimas 
pancreáticas escapam pela MP das células acinares e liquefazem as membranas dos adipócitos, 
quebrando os triacilgliceróis dessas células. Os ácidos graxos liberados se combinam com cálcio, 
produzindo áreas calcárias brancas (calcificação distrófica), que ajudam a identificar a lesão, que 
ainda fica circundada por reação inflamatória. 
 Necrose Fibrinoide → em reações imunes que envolvem os vasos. 
 
ACÚMULOS INTRACELULARES 
Uma das causas de alteração metabólica das células é o acúmulo de quantidades anormais de diversas 
substâncias inofensivas ou associadas a diferentes graus de lesão. Essas substâncias podem estar no 
citoplasma, dentro de organelas (lisossomos, na maioria das vezes) ou no núcleo). Pode ser sintetizada 
tanto pela célula afetada quanto por outros locais. 
Existem 4 mecanismos principais que geram acúmulos intracelulares anormais: 
1. Remoção inadequada de uma substância secundária normal, 
por defeitos metabólicos. 
→ EX1: Esteatose Hepática 
 É o acúmulo anormal de triglicerídeos dentro das 
células parenquimatosas. Acomete mais o 
fígado por ele ser o principal órgão envolvido 
no metabolismo dos lipídeos (também pode acometer coração, músculos e rins). 
 Possui diversas causas, como por exemplo diabetes, obesidade, 
desnutrição proteica, acúmulo lipídico e uso de álcool (intoxicação). 
 Na foto ao lado podemos ver como fica um fígado gorduroso: o núcleo bem 
preservado é deslocado para a periferia junto do citoplasma, ficando ao redor do 
vacúolo de gordura. 
→ EX2: Colesterolose 
 Acúmulos focais de macrófagos cheios de colesterol na lâmina 
própria da vesícula biliar. Na foto ao lado, é a célula que possui 
uma seta, meio espumada. 
→ EX3: Acúmulo de Proteínas 
 Aparece como gotículas, vacúolos ou agregados arredondados de eosinófilos no 
citoplasma. 
 Na foto ao lado, temos gotículas de reabsorção de proteínas nos túbulos renais, 
observado em doenças renais associadas à proteinúria. A proteína aparece como 
gotículas hialinas róseas dentro do citoplasma da célula tubular. 
 
 
2. Acúmulo de substância endógena anormal por causa de defeitos 
genéticos, ou por defeitos adquiridos em seu dobramento, 
acondicionamento, transporte ou secreção. 
3. Falha para degradar um metabólito por falta de enzimas (doença de 
depósito – hereditário). 
4. Acúmulo de substância exógena anormal ao mesmo tempo 
em que a célula não tem enzimas suficientes para degradá-las 
ou capacidade de transportar para outro local. 
→ EX1: acúmulo de partículas de carbono ou sílica 
 Causa antracnose (coloração negra do tecido 
pulmonar) 
→ EX2: tatuagem (pigmento exógeno) 
 Os pigmentos são fagocitados por macrófagos da derme. Eles vão virar histoícitos, que é 
um tipo de macrófago que permanece em repouso. Por isso o pigmento fica para sempre 
naquele lugar. 
→ EX3: Lipofuscina (pigmento endógeno) 
 Pigmentoinsolúvel que denuncia lesão por radicais livres e peroxidação lipídica. 
 Facilmente encontrado em células que sofrem alterações 
regressivas lentas, como o as células miocárdicas de um 
idoso. 
 Possui coloração castanho-amarelado.

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