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MARIANA AFONSO COSTA FARMACOLOGIA E SINALIZADORES CELULARES – AULAS 01 E 02 Formação Da Urina e Diuréticos CASO CLÍNICO Uma mulher de 64 anos, com história pregressa de doença arterial coronariana – infarto ou angina, hipertensão arterial e insuficiência cardíaca congestiva (ICC) apresenta dispneia em repouso e com esforço, ortopneia, edema de membros inferior e corrosão. Sua radiografia de tórax, nível pró Peptídeo Natriurético Cerebral (PNC) – peptídeo relacionado com o controle da pressão arterial – e ecocardiograma confirmam a suspeita clínica de exacerbação da ICC com edema pulmonar. Ela já está na terapia clínica máxima com um inibidor da ECA (iECA), betabloqueador, estatina e ácido acetilsalicílico. A paciente está adequadamente colocada em oxigênio e recebe intravenosa. : antidiurético. FISIOLOGIA RENAL ANATOMIA DO RIM O rim possui uma região periférica chamada de córtex, e, a parte interna, chamada de medula. O córtex possui diversas estruturas chamadas néfrons – sistema de condução: um tubo formando a cápsula de Bowman, inicialmente se enovela (túbulo contorcido proximal) depois forma uma alça que desce (alça de Henle) e sobe se contorcendo (túbulo contorcido distal) e ligando-se a outro canal (ducto coletor). NÉFRONS : envolve os glomérulos, onde acontece a filtração. : onde acontece a secreção tubular. : em alguns néfrons vão até a medula do rim e voltam (ficam na junção do córtex com a medula). : conduz o conteúdo do néfron para o ureter. : nome dado aos capilares sanguíneos que passam pelo túbulo proximal e pela alça de Henle. No hilo renal – abertura por onde passam a artéria e veia renais, vasos linfáticos, suprimento nervoso e o ureter – a artéria renal se ramifica até chegar na capsula de Bowman, onde forma o glomérulo – vários capilares – e, em seguida forma uma arteríola que se propaga pelo resto do néfron conduzindo o sangue para fora da estrutura. Cada néfron contém um grupo de capilares glomerulares chamado glomérulo, pelo qual grandes quantidades de líquido são filtradas do sangue. O líquido filtrado dos capilares glomerulares flui para o interior da cápsula de Bowman e daí para o interior do túbulo proximal que se situa na zona cortical renal. A partir do túbulo proximal, o líquido flui para o interior da alça de Henle, que mergulha no interior da medula renal. Depois de passar pela alça de Henle, o líquido entra no túbulo distal que, como o túbulo proximal, se situa no córtex renal. O túbulo distal é seguido pelo túbulo coletor que leva o líquido para o ducto coletor, que conduz o conteúdo para o ureter e a urina formada é armazenada na bexiga. Os néfrons e os vasos sanguíneos ficam muito próximos, sendo separados por um tecido conjuntivo frouxo – o parênquima renal – o que facilita a troca de moléculas entre eles. FORMAÇÃO DA URINA A urina é formada pelas moléculas absorvidas durante a filtração e a secreção menos as moléculas que sofreram reabsorção. FILTRAÇÃO A filtração é quando as moléculas saem do sangue e entram nos néfrons. Ela acontece na capsula de Bowman, onde o glomérulo contém rede de capilares glomerulares que se unificam e que, comparados a outros capilares, têm pressão hidrostática alta, o que força as moléculas a saírem do sangue e entrarem no néfron. Em contrapartida, há uma resistência a essa entrada: a pressão oncótica – diferença de concentração entre o plasma e o néfron – faz com que a água tenda a voltar para o sangue; e pressão capsular – pressão mecânica que o glomérulo é capaz de aguentar. A pressão hidrostática deve ser maior que a soma das pressões oncótica e capsular para que ocorra a filtração glomerular. A pressão hidrostática pode ser diminuída em qualquer situação em que a pressão arterial seja diminuída (desidratação, diminuição do débito cardíaco, hemorragia, etc.) Quando há a lesão de muitas células ao mesmo tempo (politraumatismos), pode haver o aumento da pressão osmótica, tornando o sangue mais concentrado. SECREÇÃO As moléculas do sangue que não conseguem ser filtradas – devido ao tamanho, etc. – continuam no capilar e seguem para os capilares peritubulares, onde entram no túbulo proximal caracterizando a secreção tubular. REABSORÇÃO Algumas moléculas, absorvidas durante a filtração e/ou secreção, voltam para o vaso sanguíneo em qualquer parte do néfron, caracterizando a reabsorção. Por exemplo, a glicose, aminoácidos e eletrólitos são reabsorvidos ao longo do néfron, aproveitando para nutrir e dar energia ao parênquima renal. Assim, para manter a sobrevivência do parênquima, o rim precisa funcionar normalmente. SISTEMA CONTRA-CORRENTE No córtex renal, a pressão osmótica é menor que na medula, assim, à medida que sai do córtex e chega na medula, o meio externo fica mais concentrado, o que acontece devido a maior concentração de transportadores eletrólitos (sódio, ureia, cloreto, etc.) na parte interna da medula. E, essa diferença de pressão induz a difusão do néfron para os vasos sanguíneos. A porção descendente da alça de Henle é permeável a água e a porção ascendente não, sendo importante para gerar a diferença de concentração entre o néfron e a medula possibilitando a passagem da agua do néfron para o vaso sanguíneo. Carreador do tipo anti-porte (ao mesmo tempo que transporta uma molécula em um sentindo, transporta outra em outro sentido): o trocador sódio próton leva o Na+ para os vasos sanguíneos e prótons H+ para o néfron. Dessa forma há o controle do pH sanguíneo. A liberação de H+ diminui a acidez do plasma e ocorre acoplada à reabsorção de Na+ que gera a reabsorção de água. APARELHO JUSTAGLOMERULAR As células da arteríola aferente se comunicam com as células do túbulo distal por meio de moléculas específicas a fim de gerar uma resposta na pressão arterial. O que o torna um mecanismo de regulação da pressão arterial. Quanto maior a pressão arterial, maior a pressão hidrostática e mais filtração ocorre; quanto maior a pressão mais sódio vai ser filtrado. O organismo detecta alteração nos níveis de sódio do sangue utilizando o túbulo contorcido distal. Quando a concentração de sódio está baixo na macula densa e/ou no próprio capilar aferente, são liberadas moléculas que induzem o aumento da pressão arterial, e quando isso acontece o SNA simpático é ativado para também aumentar a pressão arterial. Dessa maneira há 3 mecanismos importantes que tem por consequência o aumento da pressão arterial: Baixa concentração de sódio na mácula densa; Baixa pressão arterial nos vasos pré-glomerulares (arteríola aferente); Ativação dos receptores B1 adrenérgicos nas células justa glomerulares. As células justa glomerulares da arteríola aferente se comunica com as células da mácula densa do túbulo contorcido distal através da secreção de moléculas que atuam uma sobre as outras, e, quando acontece uma ativação adrenérgica – baixa pressão arterial – as células justa glomerulares liberam moléculas que atuam sobre a renina que secretam moléculas que atuam sobre elas mesma. E, quando os receptores na mácula densa percebem uma baixa quantidade de sódio, as células da macula densa secretam moléculas que atuam sobre as células justa glomerulares. Quando há ativação de uma resposta simpática adrenérgica e/ou a preção tiver baixa as células JG liberam renina na circulação, que transforma o angiotensinogenio em angiotensina I, que é transformada em angiotensina II pela ECA. A angiotensina II na circulação induz na glândula suprarrenal a produzir a aldosterona (responsável pela reabsorção de sódio no túbulo coletor) = sistema renina angiotensina aldosterona, quando ativado gera o aumento da pressão arterial (aumenta reabsorção de na, agua e aumenta a volemia gerando o aumento da pressão arterial) As prostaglandinas são secretadas pelas células da mácula densa, que induz a célula justaglomerular a secretar a renina que vai para o sangue para ativar o sistema renina angiotensina aldosterona. Além disso a ativação simpática faz com que a catecolaminas se liguem aos receptor beta1 nas células justa glomerular que aumenta o AMPc e estimula a produção de renina aumentando a pressão arterial via sistema renina angiotensina aldosterona. Para não haver a pressão alta constante, a adenosina possui receptor nas células justa glomerulares que inibe a secreção de renina assim como o atp quando liga nos receptores aumenta o cálcio na célula e esse aumento de cálcio na célula inibe a produção de renina. A angiotensina também inibe a secreção de renina = feedback negativo. A liberação de renina pelas células justaglomerulares é estimulada pelas prostaglandinas secretadas pela mácula densa e pela ativação simpática. Porém, a inibição da liberação de renina ocorre a partir de adenosina ATP e Angiotensina II. DIURÉTICOS LEI DA PRESSÃO NATRIURESE A natriurese é a excreção de sódio = quanto maior a pressão arterial, maior a pressão hidrostática = maior a excreção de sódio. Uma variação na pressão arterial provoca uma alteração da quantidade de agua no organismo devido a alteração na quantidade de sódio. TIPOS DE DIURÉTICOS A situação clínica do paciente direciona como deve ser a escolha do diurético. DIURÉTICOS OSMÓTICOS Atuam diretamente na capsula de Bowman na filtração. : Aumento da osmolaridade do plasma e do filtrado glomerular, puxando mais líquido para dentro do sangue, que é filtrado e eliminado na urina. : Manitol: Polissacarídeo que atravessa os glomérulos, por suas fenestrações, carregando água. : Edema cerebral (trauma ou AVC isquêmico); Insuficiência Renal Aguda (choque sobre DC); Síndrome de desequilíbrio de dialise; Glaucoma (diminuição da pressão) : Hipervolemia (momentânea, choque);Hipocalemia (K+) – ou hipopotassemia : Insuficiência cardíaca descompensada (na icc o coração já não tem tanta força para bombear, e o remédio pode aumentar o trabalho cardíaco) Insuficiência renal crônica (pode não liberar o manitol levando a hipervolemia = crise hipertensiva) DIURÉTICOS DE ALÇA Atuam na alça de Henle. : Inibição da reabsorção de Na+/K+/Cl-. : Furosemida; bumetanida; ácido etacrínico. : Insuficiência Cardíaca; Insuficiência Renal; Edema Agudo de Pulmão; Cirrose hepática complicada com ascite; Síndrome Nefrótica (proteinúria, etc.); Lesão renal por hipertensão; HAS refratária; etc. : Hipocalemia (diminuição de K+);Hiponatremia; Hipotensão; Hiperuricemia (aumento de ac. Úrico); Hiperglicemia; alergia; etc. DIURÉTICOS POUPADORES DE POTÁSSIO Atuam nos canais de sódio do tubo coletor. : Inibir a ação e a degradação dos canais de Na+ (reabsorção de Na+). Também pode inibir a ação da aldosterona (hormônio responsável pelo aumento dos canais de sódio no tubo coletor) Mais K+ no sangue = menos Na+ no organismo. São os únicos diuréticos que não exigem acesso ao lúmen tubular para induzir a diurese. : Amirolida1 e Triateno1 : Insuficiência Cardíaca; Hipertensão Arterial.; etc. : Ginecomastia, diminuição da libido, impotência e irregularidades menstruais, hiperpotassemia. DIURÉTICOS TIAZÍDICOS Atua no contorcido distal. No contorcido distal, a maior parte do sódio já foi reabsorvida, assim possui pouca atuação diurética quando usado isoladamente. : Inibição da reabsorção de Na+/Cl- no contorcido distal (quando secretado o fármaco se liga ao transportador de sódio e cloreto, inibindo a reabsorção) : Hidroclorotiazida; Clortalidona; Indapamida; Xipamida. : Edemas; Hipertensão arterial (+ Diurético de alça); edema resistente (+ diurético de alça). : Diminuição da volemia (usado com diuréticos de alça); Queda da resistência vascular periférica (vasodilatação). : Hipocalemia baixa; Hiperuricemia (contraindicado em gota); Hiperglicemia (inibição da liberação de insulina); Hipercolesterolemia; Reações alérgicas, etc.
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